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sábado, 28 de dezembro de 2013

O HOMEM, A MULHER E SUAS DIFERENÇAS


     Muitos homens deduzem que são mais racionais que as mulheres; acham eles que pensam a partir da mente (cérebro) e elas através do coração; assim concordam muitos homens e não todas as mulheres, que essa é a causa delas serem mais emotivas que eles. Não me parece bem fundamentados e informados os que assim pensam. Biologicamente, nossas diferenças são apenas em gênero. Tanto o coração como o cérebro de ambos cumprem as mesmas funções: o coração bambeia o sangue para irrigar todo o organismo mantendo-o em condição de cada órgão cumprir sua função vital; o cérebro, órgão irrigado pelo coração, é o centro nervoso que controla todas as funções orgânicas, sejam elas físicas, emocionais e psíquicas. É por meio de comandos e ligações neurônicas contidas no cérebro que pensamos, agimos, planejamos, aprendemos, organizamos o pensamento e temos consciência de que somos conscientes. Mas a questão é, por que grande parte da população, independente de grau de formação ainda acham que o coração é o centro das emoções? Penso que isso se dá devido às alterações na frequência cardíaca diante de certas situações psicossomáticas que enfrentamos no dia a dia. O coração é o único órgão autônomo, que tem sua frequência funcional alterada diante das diversidades da vida, e, por essas alterações serem mensuradas facilmente, deduz-se, erroneamente, que ele seja o centro das emoções, meio pelo qual expressamos nosso amor, ódio e tudo o mais que somos. Pois, o coração, além bombear o sangue para nos manter vivos, é também o indicador de que algo está errado no corpo, como ele é o responsável para manter o corpo com vida e saúde, nada mais lógico que deduzir seja ele o responsável direto por nossas emoções. Mas, com os avançados estudos no corpo humano, incluindo as emoções e processos cognitivos, está provado cientificamente que o cérebro, casa da mente, é o órgão que processa e controla todo o organismo. Nossa vontade controla muito pouco das funções orgânicas. A consciência é uma pequena parte do universo cerebral, muitas de suas funções dão-se independentemente da consciência do indivíduo. Por exemplo: O pensamento, ele aparece para mim quando eu quero, ou não depende do meu querer? Ele aparece por meio dos sentidos, depois, conscientemente posso querer ou não pensar sobre o que apareceu à consciência. Então, dialogar com o outro formulando sentenças gramaticais utilizando-se dos conceitos coração e alma, para nós brasileiros é uma questão cultural, e como tal, não será em pouco tempo que vamos nos livrar dessa cultura, mesmo estando consciente desse aprendizado “falacioso”.
     Tanto os homens como a mulheres são racionais, pensão e organizam tudo por meio da razão ou cérebro. Achar que o homem é mais racional que sua companheira é um equívoco que precisa ser superado por grande parte da humanidade. A capacidade intelectual de ambos são iguais; Além da justificativa acima, a cultura machista e patriarcal têm colaborado para a manutenção desse equívoco milenar. Outra possibilidade para pensar assim pode ter sua causa nas divisões de tarefas, até pouco tempo atrás o homem era o responsável para providenciar o sustento da família, e, à mulher, cabia-lhe, cuidar dos deveres da casa e da educação dos filhos, assim, “deduziam os homens”, que as mulheres não precisavam pensar, uma vez que eles eram quem tinham que pensar o que fazer para providenciar o sustento. Pode haver outras possibilidades de causas para muitos ainda pensarem assim, mas, as apresentadas são suficientes para deduzirmos que nossas diferenças são apenas em gêneros, e não intelectuais.
     As literaturas antigas, de modo geral, priorizam o coração e não a mente como a raiz de todos os sentimentos bons e ruins, tanto é que os apelos são feitos para as pessoas entregar-se de todo o coração e alma. Ambos, coração e alma, são conceitos elevados às funções destacadas pela tradição cultural e filosófica, porém, nem por isso faz deles verdades inquestionáveis, livres de erros. Quanto ao coração, já vimos sua diferença com relação ao cérebro; a alma, além do corpo, não existe; é apenas uma teoria filosófica elaborada por Platão que o cristianismo medieval adotou como verdade para justificar a imortalidade da alma em relação à mortalidade do corpo, dando assim base para a teologia espiritualista da reencarnação; levando as pessoas a crerem nessa hipótese filosófica como se fosse uma verdade bíblica. Muitos podem questionar: Se Jesus é o mestre dos mestres por excelência, por que Ele também apelava ao coração e não à mente? Simples: Porque Ele também nasceu inserido em uma cultura como qualquer um de nós. Mas os questionamentos podem continuar: Se a bíblia é a verdade revelada, por que Deus não corrigiu esses equívocos por meio das revelações dadas aos profetas? Simples: Porque Deus respeita as diferenças culturais da humanidade, provando assim, que a bíblia é um livro de origem divino-humano.  
     Independentemente de gênero, o ‘EU’ feminino e masculino impera em nosso egoísmo fazendo com que nos sintamos autos suficientes, aptos a questionar qualquer coisa que queira mudar ou redirecionar nossa visão de mundo, seja política e/ou religiosidade. Está em nós o querer ser segundo o ‘EU’, a minha vontade. Eva, no Éden, foi escolhida por Satanás para ser tentada e enganada; após um pequeno diálogo ela decidiu querer ser igual a Deus sem se aconselhar com seu companheiro Adão. Assim, o pecado entrou no planeta Terra. Adão, após estar consciente do pecado da esposa, conscientemente decidiu selar seu ‘EU’ ao ‘EU’ de sua companheira, e assim, ambos pecaram. Atualmente as mulheres estão conquistando seus justos direitos de serem iguais aos homens com relação a empregos, salários, direitos políticos e eclesiásticos. E assim, suas visões de mundo, semelhante a dos homens, vão sendo impostas às mais diferentes instituições político-religiosas, incrementando-as para o bem ou ao mal comum. Tanto os homens como as mulheres que querem ser representantes de comunidades político-religiosas, devem cuidar-se para não ser ditador (a) de sua visão de mundo aos demais membros de sua comunidade que os veem como exemplos.
     “Todas as pessoas”, independentemente de cultura e posição social priorizam o ‘EU’ acima de qualquer outra coisa; o ‘EU’ pode vir a ser uma verdade acima de tudo, se o ‘EU’ “sempre estiver com a razão”, e todos nós somos culturalmente inclinados, quando se trata de tomar decisões, priorizar o ‘EU’, sua particular visão de mundo em detrimento de tudo o que envolve outras pessoas e sentimentos alheios; isso tem nome, chama-se: “verdade subjetiva”, ou, verdade do sujeito. Porém, é esta verdade a causa de todas as desavenças nos lares, nas famílias, nas comunidades politico-religiosas, dos extermínios étnicos e das guerras entre os povos e nações de todas as épocas. A verdade nunca está no e com o sujeito, mas no entendimento comum, onde todos se unem para um bem comum, e esse bem comum é sustentado por um regimento áureo denominado lei, esta sim, está acima de toda subjetividade, pois, ela promove a justiça a todos independentemente dos sujeitos, e assim, bem aventurados e livres são aqueles que agem segundo os ditames da lei, e aos que agem contrários às regras legais, a perda da liberdade e as penalidades da lei. Então, pergunto: O que é e onde estão a liberdade e a verdade? Para o Estado e qualquer comunidade organizada, com e na lei.
     Todo o cosmo (ordem universal) é regido por leis invariáveis, são elas que mantêm a estabilidade astral e a vida no universo. E não é diferente quanto à manutenção da ordem moral no universo; Deus estabeleceu Sua lei eterna para garantir a paz, a liberdade e a harmonia entre todos os seres criados que desfrutam e desfrutarão desses bens divinos. A bíblia é a carta de Deus à humanidade. Nela está explícita toda a vontade de Deus para com os homens e mulheres que desejam a eternidade e a verdadeira liberdade.
     Analisando o comportamento dos atuais religiosos (as) que encabeçam a liderança dos ritos e “pregação do evangelho”, nota-se, que, está em perspectiva à possibilidade de, em pouco tempo, grandes mudanças comportamentais entre as comunidades religiosas quanto às regras bíblicas sobre o modo de agir dos cristãos, em breve não haverá mais divisão entre religiosos e ateus, dificultando diferenciar o que é servir a Deus das teorias e filosofias de homens e mulheres que exaltam seu ‘Eu’ em nome de Deus. Se, no Estado e comunidades de ordens comuns a subjetividade é o mal maior, no reino de Cristo não é diferente, a subjetividade imposta ou não, é pecado. Por isso o convite de Cristo: “Filho meu, dá-me o teu coração”, o teu ‘EU’, a tua subjetividade, a tua razão e vontade para que Eu possa muda-los para honra e glória de Deus, fazendo de ti um cidadão do reino dos céus. Ninguém será salvo sem provar desse milagre divino; o egoísmo e minha vontade mundana hão de morrer por Cristo para que eu possa alcançar a eternidade, o reino de paz e harmonia. O Espírito Santo que habita entre nós é o responsável por fazer essa cirurgia assim que o meu ‘EU’ permitir.   
Para pensar: Como o nosso ‘EU’ está colaborando para a pregação do verdadeiro evangelho por meio de sua igreja e diferentes comunidades que influenciamos?     

Filósofo Isaías Correia Ribas