Os grandes filósofos naturalistas ou Pré-socráticos (VII-V a. C.) como:
Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Pitágoras de
Samos, Heráclito de Éfeso, Parmênides de Eléia, Zenão de Eléia, entre outros,
tinham como objetivo criticar e provar a seus contemporâneos que o Deus criador
que os Judeus acreditavam não existia como afirmavam, não passando de mais um
mito entre tantos. Por dois séculos se incumbiram dessa missão, porém, não
conseguiram ir além de suas hipóteses. Deduziram que fazemos parte do cosmo, e,
que o planeta Terra, embora inserido nesse movimento cósmico, originador e
mantenedor de si e de tudo o que há, mantém também o movimento finito dos
organismos vivos do globo terrestre.
Descrente dessa conclusão naturalista, os filósofos humanistas priorizaram
a volta à ontologia de Parmênides, fazendo do logos, *(palavra) o meio para estabelecer a verdade do *Ser fundamentada na inteligência, no
raciocínio. O discurso abstrato *(dialética)
fora a ferramenta utilizada para estabelecer o ser ideal, revalorizar a
mitologia, o misticismo e a possibilidade de um criador segundo o judaísmo. É o
início da argumentação filosófica, para estabelecer uma verdade fundamentada na
validade do discurso, no logos, ou simplesmente na palavra bem articulada, estabelecendo
o “Ser idealizado” como realidade
além da natureza e o *não-Ser como
negação do ser. Platão era
espiritualista segundo o espiritualismo pitagórico. Antes da filosofia, o Deus
dos judeus sempre tivera como opositores os adoradores das imagens de
esculturas (politeístas) e aqueles que reverenciavam os deuses míticos como
divindades dignas de culto e de oferendas. A filosofia platônica se especializara
em harmonizar os credos antagônicos, assim, pôs todos sob uma só bandeira
espiritual, fundando, um novo conhecimento, o antropocêntrico, criando uma nova
epistemologia que seria capaz de destruir os antagônicos por uma renovada
epistemologia filosófica que agradasse a todos: cientistas, filósofos,
mitológicos e místicos em geral. Assim, Platão tornou-se filósofo universal: racional-místico-mítico,
crente num criador *demiurgo (aquele
que é capaz de criar a partir da matéria existente e não do nada como o Deus dos
judeus).
Platão, por meio dos diálogos, estabeleceu bases “seguras” à sua
filosofia ideal. A realidade para Platão é o que está na mente, no que se pensa,
e não no que se capta pelos sentidos. Estes, só nos enganam, são ilusões. A
interrogação que faço é: O que é que pode estar em nossa mente que não seja
captado pelos sentidos? Nada. Logo, Platão enganou e continua enganando a
todos. Ninguém questionou Platão em seus dias porque os fundamentos de sua
filosofia não foram tão simples como acabo de apresentar, ele foi mais astuto,
percorreu caminhos epistemológicos que se aproximava dos pitagóricos e do senso
comum. Apresentou aquilo que a maioria queria ouvir como verdade pragmática,
que resolvia seus problemas em vida e pós-morte, algo bem próximo de todas as
religiões místicas, mítico-politeístas, monoteísta e que fosse algo racional
como exigia a ciência Pré-Socrática.
Os diálogos de Platão: quer formar de preferência a informar.
Todo discurso deve ser constituído como um ser vivo: ter um corpo próprio, de
modo a não ser nem sem cabeça nem sem
pés, mas a ter um meio e extremidades que sejam escritos de maneira a serem
convenientes entre si e o todo. (GOLDSCHIDT,
Victor. Os Diálogos de Platão – Estrutura e Método Dialético. P. 1 e 2, Ed. Loyola.
São Paulo, 2010)
Para cada ser há três elementos que nos
permitem adquirir a ciência deles; o quarto é a própria ciência, vindo a ser o
quinto a coisa conhecida e verdadeiramente real. O primeiro é o nome; o
segundo, a definição; o terceiro, a imagem; e o quarto a ciência. Para melhor
compreensão do que acabo de expor, tomai um exemplo e depois aplicai-o aos
demais casos. Há o que se chama círculo, cujo nome é precisamente o que acabo
de pronunciar. Vem a seguir a definição, composta de substantivo e verbo: o que
tem sempre a mesma distância entre as extremidades e o centro; tal é a
definição do que denominamos redondo, circunferência, círculo. Em terceiro
lugar, vem a forma que se desenha e apaga, ou que se fabrica no torno e pode
ser destruída, enquanto o círculo em si mesmo, a que tudo isso se refere, nada
sofre por ser de todo em tudo diferente. O quarto é a ciência, a inteligência,
a opinião verdadeira relativa a esses mesmos objetos. É preciso arranjá-los
todos em um só grupo, pois eles não residem nem nos sons proferidos nem nas
figuras materiais, porém, nas almas do que se torna manifesto que é de natureza
diferente da do círculo em si mesmo e dos três modos indicados. De todos esses
elementos, o que mais se aproxima do quinto é a inteligência, por afinidade e
semelhança; os demais estão muitos afastados. (Ibid. p. 3 e 4)
Este é o principal argumento que Platão estabeleceu
para estruturar sua filosofia do mundo das ideias e a ciência. *Essência; definição escolástica: “o que
faz da coisa ser o que ela é”. Para Platão, essência é a coisa em si, a forma
perfeita de tudo o que existe, porém, através da razão, não se têm acesso à
coisa em si, pois esta está no mundo das formas perfeitas, no *hiperurânio (mundo das ideias), onde, a
alma, após a morte do corpo tem acesso para contemplar todas as formas
perfeitas, a coisa em si. Por isso a alma está mais próxima da inteligência, após
sua reencarnação em outro corpo é capaz de “instruir” por meio da *remeniscência (lembrança). Aqui cabe mais
um questionamento ao platonismo: Se é verdade que a alma existe à parte do
corpo como um ser imortal, tem acesso à coisa em si em outra dimensão e se
reencarna para instruir o novo indivíduo sobre o que há e somos, por que Platão
precisou fundar sua Academia e ainda hoje precisamos de escolas?
Com a
palavra nomeamos, definimos e criamos imagens dos objetos; por meio da
inteligência que está próxima à alma deduzimos opiniões verdadeiras, porém,
imperfeitas; assim são porque têm em comum o fato de serem exteriores ao
objeto, como tal, são apenas imagens diferentes da forma perfeita, da coisa em
si.
“Interrogar
e responder é próprio tanto da *erística
(arte de disputa que não visa a verdade)
como da dialética” (arte de argumentar);
por meio de ambas só podemos refutar aquilo que é externo ao objeto, e, parece
que a essência, ou a coisa em si, escapa tanto a uma como a outra.
Não temos muita esperança de encontrar
“o que a alma busca conhecer, a essência”. Os quatro modos de conhecimento
oferecem apenas reflexos mais ou menos “obscuros” e exercem influência sobre o
pensamento discursivo, que, quando procura tocar a essência, cai no ridículo. (Ibid. p. 7)
O mundo
das ideias de Platão envolve razão e misticismo, por isso, ao longo da história,
convivendo no mesmo ambiente entre judeus, e com o advento do cristianismo
adaptou se a ele e alcançou o status de teologia, como tal, foi adaptado ao
cristianismo medieval, ao espiritismo e ao protestantismo “apóstata”. Assim, Todos:
filósofos, religiosos, cientistas, ateus e agnósticos, conscientes ou não,
ensinam a imortalidade da alma segundo o platonismo. Todos, ainda hoje,
encontram dificuldade para formular frases que anule a teoria da imortalidade
da alma e a filosofia hipotética do mundo das ideias de Platão. Para mim,
Platão é o príncipe das falácias filosóficas e religiosas de todos os tempos, um
falsário universal. Todos os que defendem e comungam com sua filosofia são
mantenedores desse engodo filosófico-político-religioso universal. Essa
estrutura epistemológica platônica se mantém ainda hoje, graças às
universidades e centros acadêmicos de todo o mundo que continuam engessando
discípulos nessa forma absurda de pensar, dando-lhes títulos de especialistas, mestre
e doutores a custa de muitos milhões de dólares aos cofres públicos, impossibilitando
que os atuais pensadores construam novas epistemologias mais transparentes, sem
mentiras, para que possamos resolver os atuais problemas da humanidade que
essas falácias milenares têm causado. O que me aborrece é saber que os
filósofos estão conscientes de que a filosofia platônica é um absurdo para os
dias atuais, porém, preferem insistir no erro que propor novos caminhos; ou,
será que eles acreditam que Platão está correto? Se assim for, as universidades merecem o
prêmio Nobel da alienação. Como ele próprio disse: quem quiser refutar “cai no
ridículo”. Cai no ridículo porque a coisa em si e mundo das ideias são falácias,
não existem, e, se não existem, como e pra que refutá-las? É passada a hora de se
acabar com as mentiras filosóficas, políticas e religiosas, pois, se isso não
acontecer vai ser difícil controlar a massa popular que não suporta mais fingir
que são enganadas por essas arrogantes instituições.
Filósofo Isaías Correia Ribas