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domingo, 19 de janeiro de 2014

CIÊNCIA E RELIGIÃO


     A filosofia como epistemologia (teoria do conhecimento), sempre se preocupou em compreender todo o cosmo e sua influência na vida terrestre. Assim sendo, a visão do todo e suas partes são fundamentais para deduzir o que é ciência, separando-a da ciência das ciências (*O Bem e O Mal); fundamentos de toda argumentação mística, mítica, teológica e filosófica das religiões. Da *ciência das ciências, a partir dos escritos bíblicos e dos da profetisa Ellen G. White (1827-1915), luz menor para iluminar as trevas que o racionalismo filosófico político medieval envolvera os escritos bíblicos, tratam do plano de salvação elaborado por Deus quando lançara os fundamentos para organizar a vida no planeta Terra; aos que rejeitam este plano de salvação, consequentemente sofrerá os danos da perdição eterna. Para os místicos filosóficos que não creem em salvação e perdição, há a hipótese filosófica platônica, popularmente conhecida como mundo das ideias, onde, a alma, após a morte, migra eternamente de um corpo para outro perpetuando a bondade e a maldade em plena ação no planeta Terra. A mitologia grega criou deuses e deusas antropomorfos com biotipos atléticos, dignos de admiração e culto, principalmente pelos racionalistas letrados. Antes da mitologia, o politeísmo, deuses criados pelos homens na forma de imagens de escultura que representavam astros celestes, animais e vegetais terrestres já fora inventado pelos homens que não aceitara o Deus bíblico como criador do universo. A mitologia grega é um simples avanço nessa arte de negar o monoteísmo bíblico por aqueles que não querem pacto nenhum com um Deus que está envolto em “silêncio”, longe do alcance da visão, do tato, e, que espera ser aceito pela fé segundo as orientações bíblicas. Assim, é possível deduzir que há espaço para o ateísmo mítico-místico-filosófico, que engloba todas as pessoas de aparente fé. Porém, fiquemos atentos, pois, apesar das muitas formas de se crer, há apenas dois caminhos a seguir que nos garante a salvação ou a perdição segundo a religiosidade bíblica.  
Ciência e o Fazer:
     A ciência funda-se num recorte que se faz no todo, por esse motivo, os cientistas são especialistas que sabem “muito do pouco”, mas é graças a esse saber especializado que a evolução tecnológica se dá, desenvolvendo técnicas que nos proporciona viver com mais saúde e outros tantos incontáveis benefícios para a vida de todo ecossistema. Cada recorte feito no todo tem que ter um objeto de estudo, sem o objeto específico não há ciência e se não a temos não há trabalho, e sem trabalho, o que fazer para ganharmos o pão de cada dia onde a terra pertence aos poucos latifundiários? A ciência é a responsável pelo avanço da criação de ofertas de empregos que exigem apenas mão de obra, alienando esses trabalhadores da possibilidade de ter conhecimento formal que os habilite à visão do todo, fazendo esses escravos assalariados pensarem que trabalhar para ter algo é tudo o que se precisa para ser feliz neste mundo, que o fazer é tudo. É óbvio que, sem os pensadores cientistas não haveria evolução técnica e mão de obra avançada, garantindo assim, principalmente, alta produção de alimentos para todas as pessoas do planeta, se muitos morrem de fome é por causa da ganância de uns poucos e não pela falta de produtos alimentícios. O problema que a evolução científica causa àqueles que só pensam no fazer é a alienação do trabalhador da existência de uma ciência superior: *ciência das ciências. Mantendo todos trabalhando para apenas comer e ter coisas, onde está  a real possibilidade de transpor a ignorância da visão limitada que a ciência do trabalho envolve a maioria das pessoas. Por isso, educação de qualidade pública é a saída para um mundo melhor, com cidadãos capazes, de, por si só, ser útil à família, à comunidade, ao estado, país e o mundo. A ciência limita-nos ao mundo do fazer e ter, enquanto que a ciência das ciências eleva-nos ao universo do ser e do saber.
Ciência das Ciências:
     Ciência das ciências, seu grande problema é ontológico (o ser). Os grandes problemas filosóficos de todos os tempos é encontrar um objeto ontológico passível de análise; todas as tentativas, dos Pré-socráticos à contemporaneidade, são discutíveis, de “fácil refutação”. Isso se dá pelo fato de se confundir fenômeno do objeto com o objeto. Exemplos Pré-Socráticos, Pitágoras de Samos (580/78-497/6 a. C.) e sua escola: o homem é uma criatura; o *Ser em Si, segundo a bíblia o criou. Porém, dessa criatura emana muitos fenômenos: a capacidade de pensar, falar, raciocinar, comer para se alimentar, a própria digestão dos alimentos transformando-os em energia para a manutenção do organismo, a composição do próprio organismo em órgãos controlados pela vontade da criatura e outros autônomos, enfim, há centenas de milhares de fenômenos em uma única criatura. A esses fenômenos temos acesso, mas o fenômeno não é a coisa e muito menos o Ser em Si. Pitágoras se eternizou por causa de seus teoremas, fazendo uso da inteligência, fenômeno humano, conseguiu desenvolver teoremas capazes de medir a altura de uma árvore sem utilizar instrumentos de medidas, relacionando a sombra projetada com a exatidão da altura do objeto a medir, a largura de um rio, e outros tantos a partir das medidas de um triângulo, enfim, Pitágoras, fazendo uso do fenômeno manifestado em sua mente (cérebro), espantado com a exatidão das fórmulas, deduziu-se que, o Ser em Si originador do universo é uma correta combinação de números, “O número é a essência própria das coisas”. Combinados em fórmulas corretamente ordenadas em teoremas e tantas outras fórmulas possíveis, tudo surgiu e se mantém ordenadamente numa lógica matemática infalível. Pitágoras chegou a essa conclusão porque confundiu o fazer com o ser, a ciência com a ontologia.
     Heráclito (540-470 a. C.) também fez essa confusão: Não é possível entrar no mesmo rio mais que uma vez. Por que ele disse isso? Porque na medida em vamos entrando no rio as moléculas de água se passam e nunca mais volta a passar naquele mesmo lugar que coincida com a próxima vez que vou me banhar no mesmo rio, isso, sem dizer que, na medida em que vou pisando a areia vai se deslocando e sendo carregada pela força da corrente. Outra de suas teorias é com relação ao fogo que tudo se transforma à sua ação. Deduziu também que ações da vida passa por esse movimento, o que sou neste exato momento já não sou mais no momento seguinte porque toda a ação do meu corpo já é outra e que não coincide mais com o momento anterior. Daí, sua dedução: o ser é e não é concomitantemente, a existência está fundamentada nesse movimento antagônico/contraditório.
     Parmênides, desconfiado dessas deduções de seus contemporâneos, pôs fim afirmando que: o *Ser é, o *não-Ser não é e não pode ser. Definindo de uma vez por todas o que é ontologia (estudo do ser). Dessa dedução só restou à própria filosofia admitir a ciência das ciências como expressa nos ensinos bíblicos, o Bem sendo Deus, e o Mal, Satanás. Por isso a ciência das ciências não consegue encontrar um objeto para análise, e essa é a causa desses seres superiores serem qualificados pelos racionalistas como efêmeros, desobrigando-os de agir pela fé no que diz os escritos bíblicos.
Ciência e Religião na Atualidade:
     O mesmo erro que cometeu a filosofia comete os religiosos atuais: confundir o fazer ciência com o ser ontológico. Fazer dos fenômenos da religião um objeto de análise científico religioso criando hipóteses e métodos hermenêuticos que possa justificar o ser religioso sem se desligar dos costumes dos descrentes. Ir à igreja e participar de seus ritos está na área do fazer religioso, algo possível ao crente como ao descrente. Agora, submeter-se pela fé para fazer a vontade de Deus é o início do ser rumo à igualdade do criador, isto é, reconhecer que a bíblia é a cartilha que nos conduz à vida eterna e a fonte da felicidade enquanto esperamos que o plano divino para a felicidade eterna se desenvolva e concretize. As igrejas exigem de seus membros o fazer e não o ser segundo a vontade de Deus revelada nas escrituras, isso se dá porque o objetivo primeiro da igreja é a exploração financeira dos fiéis. O fazer religioso, aparentes cristãos, restringe-se às horas de comunhão nos dias de culto; quando tiro minha mascara mundana para pôr a cristã, assim, meu modo de ser cristão é uma contradição. Para cultuar não poso ir trajada de vestes masculinas, com pinturas e joias, mas, ao sair da igreja e em alguns outros programas religiosos posso parecer com os descrentes, repito, o seu modo de agir como cristão está fundamentada na contradição. O religioso pode fazer uso moderadamente de bebidas alcoólicas e outros alimentos proibidos pela bíblia. Segundo os ensinos bíblicos, não. Esse argumento também é contraditório. Pular, gritar, dançar, bater palmas ao som de ritmos populares para prestar louvores a Deus, o que achas? Deus se agrada dessas manifestações místicas e/ou populares como um culto de adoração? É essa a alegria cristã ensinada na bíblia?
E se me fizeres um altar de pedras, não o construirás de pedras lavradas; pois, se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás. Também não subiras ao meu altar por degraus, para que não seja ali exposta a tua nudez. Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher, porque qualquer que faz isto é abominação para o Senhor teu Deus. (Êxodo 20: 25 e 26; Deuteronômio 22: 5)
     Religião ontológica se expressa no ser igual a Deus: “Sede Santo porque Eu sou santo”. Então, pergunto: Se a ciência das ciências não tem um objeto de análise, como posso ter uma experiência com Deus? Deus é santo, justo, paciente, bom, amor (...). Então, se consigo definir e entender esses conceitos e apregoá-los para todo o mundo preenchendo essas exigências posso dizer que sou um autêntico cristão? Não. Ser cristão é ser santo, justo, paciente, bondoso, amoroso como é Deus e como foi Cristo quando por aqui passou. Logo, o cristão é o próprio objeto de análise do cristianismo pelos descrentes.
Devemos não somente publicar a teoria da verdade, mas também apresentar no caráter e vida uma ilustração prática da mesma. Nossos estabelecimentos de publicações devem estar perante o mundo como uma concretização dos princípios cristãos. Se nessas instituições se cumpre o propósito de Deus para com elas, o próprio Cristo Se encontra à testa dos obreiros. Santos anjos superintendem o trabalho em todas as seções. E tudo quanto é feito em qualquer ramo, deve levar o selo da aprovação do céu, para apresentar a excelência do caráter de Deus. [...] Ao escolher Deus homens e mulheres para seu serviço, Deus não indaga se possuem saber, eloquência ou riquezas mundanas. Pergunta: “Andam eles com tanta humildade, que Eu lhes possa ensinar os meus caminhos? Posso pôr-lhes nos lábios as Minhas palavras? Representar-Me-ão eles?
     Deus pode servir-Se de cada pessoa na proporção exata que Lhe é possível pôr o Seu Espírito no templo da alma. A obra que aceita, é aquela que Lhe reflete a imagem. Seus seguidores devem apresentar, como credenciais perante o mundo, os indeléveis característicos de Seus princípios imortais. (WHITE, G. Ellen. Testemunhos Seletos. Vol. III. P. 143-146. Ed. Casa Publicadora Brasileira, Santo André – São Paulo, 1985)
     Cristo nasceu como homem para apresentar-nos a caráter do pai, Sua vida é o exemplo a seguir por aqueles que almejam a vida eterna por meio da salvação apresentada na bíblia. Cristo: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao pai senão por mim”. Paulo teve a ousadia de dizer: “sedes meus imitadores como sou de Cristo”. E eu e você, que fazemos para representar nosso Salvador ao mundo sem compactuar com os costumes mundanos? Sendo imitadores de Cristo e não operários do fazer-se parecer cristãos.

Filósofo Isaías correia Ribas