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domingo, 28 de dezembro de 2014

FILHOS DE DEUS E FILHOS DOS HOMENS


     Caim, após matar seu irmão Abel, teve um diálogo com Deus que, prometera que ninguém o mataria por vingança; saindo da presença do senhor foi para a banda do oriente do jardim do Éden, habitando a terra de Node, conheceu sua mulher e teve um filho que o chamou Enoque e construiu uma cidade com o nome de seu filho. Os filhos de Caim passaram a ser chamados de filhos dos homens porque eles viveram ignorando as instruções de Deus. Assim, alguns homens passaram a ter mais de uma mulher, instituindo a bigamia e a poligamia; outros, tornaram-se nômades criadores de gados; uns, artífices em inventar instrumentos de som; alguns, peritos em fabricar ferramentas e armas cortantes de ferro e cobre, outros, a exemplo de Caim, eram briguentos e assassinos.
     Adão e Eva tiveram outro filho à semelhança de Abel que fora assassinado e chamou-o Sete. E Sete teve um filho de nome Enos. Nesse tempo começaram a invocar o nome do Senhor. Adão viveu novecentos e trinta anos e gerou filhos e filhas. Os descendentes de Sete representavam os filhos de Deus, aqueles que acreditavam na promessa de que Deus, salvaria os que cressem em Sua palavra. Nesse período, os filhos dos homens e os filhos de Deus se aproximaram: vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, deram-se em casamentos. Assim, a corrupção sensual tornou-se generalizada sobre a terra de tal modo que, todos casavam-se davam-se em casamentos, isto é, a fidelidade não fazia mais sentido; a moral e o temor a Deus “acabaram”; a poligamia, o homossexualismo e a violência eram práticas comuns, tudo se corrompera. Quando Noé nasceu, segundo a genealogia bíblica, havia se passado aproximadamente mil anos. Então, deduz-se, que Adão e outros homens de fé vivenciaram a degeneração da fé do povo. Quando Noé tinha quinhentos anos Deus achou-o justo, um homem temente ao criador. Noé foi o único que continuou temente a Deus naqueles dias; por isso, Deus comunicou-lhe que havia se arrependido de ter criado o homem e ia destruir tudo o que criara; deu cento e vinte anos de graça para Noé convencer o povo que chegara o fim e porquê Deus decidira pôr fim àquela geração. Mas Deus estava disposto a dar mais uma oportunidade recomeçando tudo novamente, caso alguém cresse, era só, no dia determinado, entrar no barco que ele começara a construir. Aos quinhentos anos de idade Noé e sua esposa começaram ter seus filhos Sem, Cão e Jafé. Quando ele tinha seiscentos anos aconteceu o dilúvio, catástrofe que se deu no final da primeira metade do século dezessete após a criação. Porém, ninguém, além da família de Noé, aceitou o convite para entrar no barco, o dia determinado era sete dias antes do dilúvio. Os animais, segundo Deus orientara e especificara a Noé, entraram. Quem não entrou pereceu nas águas do dilúvio que, além de matar, deformara a beleza primeira que era o planeta Terra, beleza composta de pedras preciosas que estavam expostas sobre a terra, as quais foram escondidas nas profundezas de seu seio. Os belos vales e planos verdejantes que embelezavam o planeta foram substituídos por depressões bruscas, altos picos e montanhas, que, à ação das chuvas, ainda hoje, matam através dos deslizamentos de suas encostas, violentos rios e mares que, além de fornecer alimento, tragam muitas vidas que aventuram enfrentá-los. Com o soterramento de todo composto orgânico de maneira brusca, temos hoje as grandes minas de energia fóssil, as petrolíferas espalhada por todo o planeta. O planeta que habitamos hoje é o pós-diluviano. Se fizermos uma análise social da atualidade, perceberemos facilmente que estamos chegando à mesma degradação moral, ética, política e religiosa dos antediluvianos.
O Velho e o Novo mundo
     O reinício deu-se com quatro casais: Noé, sua esposa e seus filhos com suas companheiras. Essa família tinha muitas histórias para contar aos seus descendentes. O velho mundo que acabara de ser destruído estava vivo em suas mentes. Sabiam que Deus contava com eles para que o novo mundo não descambasse tão cedo para a infidelidade; a família tinha que ser educadora para que o propósito de Deus fosse alcançado. Assim que a terra secou, Noé construiu um altar e ofereceu um sacrifício em gratidão pela salvação de sua família. Terminando o sacrifício, Deus fez-lhe uma promessa: “Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer. Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”. Em seguida plantou Noé uma vinha. Quando o vinhedo produziu ele fez vinho, contente, bebeu tanto que embebedou-se ao ponto de ficar nu dentro de sua tenda; Cão, seu filho mais moço, viu a situação do pai e contou a seus irmãos. Assim que Noé ficou sóbrio soube do ocorrido, por isso amaldiçoou Cão dizendo que sua descendência seria serviçal das descendências de seus irmãos Sem e Jafé. Dos filhos desses quatro casais e sua descendência todo o planeta foi habitado. Quanto mais distante estavam da catástrofe diluviana e das testemunhas oculares, mais difícil ficava para continuar crendo que as coisas ocorreram como contavam, por isso, alguns começaram planejar meios para sobreviver caso ocorresse outra.  Dessa desconfiança, a fé em Deus começou a minar; embora Deus houvesse prometido que jamais destruiria a terra com novos dilúvios, alguém ousou duvidar, a partir dessa dúvida planejaram construir uma torre tão alta que servisse de abrigo caso outro dilúvio ocorresse. Assim, todos os povos de várias partes se juntaram para a construção. Quando já estava adiantada a obra, Deus interferiu, pois esta, era um símbolo da descrença; Deus dividiu o único idioma existente até então, criando outros entre os construtores. Com a confusão causada pela falta de entendimento a obra foi interrompida. Assim, os que se entendiam, juntaram-se e formaram povos diferenciados pelo idioma. Eis a origem da diversidade de línguas estrangeiras no planeta.

GRAMATOLOGIA COMO CIÊNCIA POSITIVA

     Neste trabalho de conclusão da disciplina, “Seminários Avançados de Estudos Pós-Graduados”, analisarei a problemática que é, para a filosofia da linguagem, encontrar a origem da fala, dos alfabetos e dos sons fonéticos; elaborando assim, uma escritura filosófico-científica sobre suas origens, sem interferência do logocentrismo e do próprio conceito de ciência que está inserido na história linear apresentado nas escrituras bíblicas. Este projeto de pesquisa está limitado ao capítulo: “Da Gramatologia Como Ciência Positiva”, do livro, GRAMATOLOGIA, de Jaques Derrida.   
A gramatologia como ciência positiva abala dois conceitos: o logocentrismo e o de ciência, pois, ambos coincidem com o linear histórico. Então, em que condições a gramatologia é possível? Sob a condição de saber o que é a escritura e como se regula a plurivocidade deste conceito. Onde começa a escritura? Quando começa a escritura? Onde e quando o rastro, escritura em geral, raiz comum da fala e da escritura se comprimem como “escritura” no sentido corrente? Onde e quando se passa de uma escritura a outra, da escritura em geral à escritura em sentido estrito, do rastro à grafia, depois, de um sistema gráfico a outro, e, no campo de um código gráfico, de um discurso gráfico a outro, etc.? (DERRIDA p. 91)
Onde e quando começa?
     Ora, que não haja origem simples, pois esta, conduz a uma metafísica da presença, há um logocentrismo. As questões devem ser postas de outro modo. “Onde” e “quando” pode-se abrir questões empíricas como: quais são os lugares e os momentos determinados dos primeiros fenômenos de escritura, na história e no mundo? As respostas às questões devem superar o logocentrismo e a ciência da história linear, focando nas pesquisas dos fatos. Isto é, a que foi praticada até hoje por quase todos os arqueólogos, epigrafistas e pré-historiadores que interrogam as escrituras do mundo. (Ibid. p. 92)
O que é o rastro?
     O rastro não é nada, não é um ente e nem uma essência. Excede a questão: o que é? E a possibilidade de ser uma metafísica, uma ontologia e transcendentais. A escritura histórica tem um interesse científico pela escritura que tenha sempre a forma de uma história da escritura que descreva apenas os fatos que tenham sentido.¹
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¹ O trabalho crítico progride por etapas e pode-se reconstituir posteriormente a sua estratégia. Vence inicialmente o preconceito “teológico”: é assim que Fréret qualifica o mito de uma escritura primitiva e natural dada por Deus, tal como a escritura hebraica para Blaise de Vigenére; em seu traité des chifres ou secretes manières d’escrire (1586), diz que tais caracteres são “os mais antigos de todos, e mesmo formados pelo próprio dedo do Soberano Deus”. Sob todas as suas formas, quer sejam manifestas ou sorrateiras, esse teologismo, que na verdade não é preconceito e é mais do que isto, constituiu o obstáculo maior a toda gramatologia. Nenhuma história da escritura podia conciliar-se com ele.
Para que esse projeto fosse realizado os alfabetos hebreu e grego que influenciara os ocidentais teriam que ser descartados. “Não se aceita a história do alfabeto antes de se reconhecer a multiplicidade dos sistemas de escrituras e de se lhes designar uma história, quer se esteja ou não capacitado a determina-la cientificamente”. (Ibid. p.94)
Os interessados nesse projeto científico de escritura viram na escritura chinesa uma possibilidade de universalizar toda escritura. Se foi possível, pensão eles, a universalização da matemática, por que não, também, a escritura? “Todos os projetos filosóficos de escritura e de linguagem universais, pasilalia, poligrafia, pasigrafia, chamados por Descartes, esboçados pelo padre Kicher, wikins, Leibniz, etc., encorajaram a ver na escritura chinesa, que então era descoberta, um modelo de língua filosófica assim subtraído à história”. Descartes apoiou com ressalvas a praticidade desse projeto e até a impossibilidade uma gramática universal.
Logocentrismo absoluto
     Esse projeto científico de escritura filosófica será possível se, na prática, anular o logocentrismo ou o absoluto Deus que está implicado em toda história cultural do Ocidente e de outras regiões do planeta. Caso isso não seja possível, procurar outros caminhos para anular Deus do subconsciente dos diferentes povos. Sendo isso possível, o caminho estará livre para a escritura filosófica se estabelecer como ciência arqueológica pura, impondo, assim, a todos os povos essa nova visão das origens da fala e dos alfabetos que representam, nas diversas formas de escrituras, suas falas.² Ainda hoje há grupos que se comunicam através da fala, porém, ainda não desenvolveram uma escritura ou alfabeto para registrar suas falas culturais.
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² Pois se para as palavras primitivas cada um se servir das de sua língua, é verdade que não terá muito trabalho, mas em compensação será entendido apenas por seus conterrâneos, a não ser que o faça por escrito, quando quem desejar entende-lo terá o trabalho de procurar todas as palavras o dicionário, o que é por demais enfadonho para se esperar que se faça usual ... Portanto, toda utilidade que vejo poder sair dessa invenção é para a escritura: a saber, que ele fizesse imprimir um grosso dicionário em todas as línguas em que desejasse ser entendido, e para cada palavra primitiva pusesse caracteres comuns, que respondessem ao sentido e não às sílabas, como um mesmo caráter para amar, amare; e quem tivesse esse dicionário e soubesse a sua gramática poderia, procurando um por um, todos esses caracteres, interpretar em sua língua o que estaria escrito. Mas isto seria bom apenas para ler mistérios e revelações; pois, para outras coisas, seria necessário que não se tivesse quase o que fazer, para se dar o trabalho de procurar todas as palavras num dicionário, e assim não vejo muito uso para isto. Mas pode ser que me engane. DESCARTES (Ibid. p. 95)
Conclusão
     Os primeiros trabalhos arqueológicos ainda buscavam uma confirmação teológica, tinham uma teleologia; algo que se encontra sem precisar cavar tão fundo. Mas, para o projeto científico de escritura filosófica que se pretende, as escavações têm que ultrapassar a história linear, logocêntrica e etnocêntricas que estão nas primeiras camadas geológicas, é preciso chegar ao antes de se ter estabelecido o logocentrismo ou o Deus que criou todas as coisas por sua palavra; para isso, a que se cavar bem mais fundo, talvez precise de novas técnicas de escavações para acelerar o trabalho que precisa ultrapassar as camadas arqueológicas que estão próximas à crosta para ir além do que se conheceu até hoje. Então, entende-se, que as questões postas, e, não respondidas neste trabalho se dê em virtude das escavações profundas ainda não terem concluídas.  Enquanto essas escavações avançam, se é que elas existem e as pesquisas espaciais continuem em busca do elemento originador da vida, os escritos bíblicos vão sendo postos em descredito por cientistas, filósofos e religiosos; Para eles, independente do meio utilizado, o Deus explícito nos escritos bíblicos, tem que ser eliminado do consciente e subconsciente da humanidade. Uma vez feito isso, o caminho para se estabelecer a versão humana sobre as origens estará livre.
O Papa Francisco com suas declarações se posiciona mais a favor da ciência que das escrituras bíblica: "A ciência da evolução está em harmonia com a bíblia". "A história sobre Adão e Eva não é verdadeira". Então, entende-se, que, para o Papa, Deus é apenas um conceito que deu certo para a arte de dominar as massas para a escravidão, a ignorância e o engano. A história da igreja não nega suas pretensões.

Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA. Capítulos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Imprensa Bíblica Brasileira
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Ed. Perspectiva – São Paulo, 2013


 


domingo, 14 de dezembro de 2014

A VERDADE E O CAOS


     É comum ouvirmos a afirmação: “a verdade não existe”.  Mas como isso é possível se a filosofia, desde os gregos até o fim da Idade Média sempre estiveram em busca da verdade? Temos também a afirmação “científica-filosófica” sobre a origem da vida e do universo baseadas em algumas hipóteses cosmológicas aparentemente indubitáveis. Ah! Não posso esquecer dos pastores, padres e outros religiosos que, de pronto se lembram de uma citação bíblica dizendo: Está escrito no livro M, capítulo N, versículo P, isto é isto e aquilo é aquilo, é a palavra de Deus, confirmada pelos profetas e apóstolos, assim, não podemos duvidar, é a verdade! Outros mais cuidadosos fundamentam suas falas, está escrito no livro X do Dr. Y que a verdade sobre as origens se deu assim e assado, segundo a teoria defendida pelo pesquisador X ou Y. Mas mesmo diante de todos esses detentores da verdade, o povo em geral demonstra não confiar mais nas conclusões desses defensores, dizendo em alto e bom som: “A verdade não existe”. Nas últimas décadas, para o senso comum e estudantes graduandos que reproduzem as falas de seus professores sem nenhum questionamento, esse jargão está se firmando como verdade absoluta. A questão é, por que essa dúvida só acontece com o conceito “verdade”? Vamos desfazer esse mito ou ditado de que a verdade não existe refletindo e pondo-a em questão. Primeiro, para todo existir conceitual, tem que haver seu opositor, seu amigo/inimigo antagônico; então, se não existe a verdade, a mentira também não existe. No entanto, a mentira existe. Logo, se a mentira existe, é necessário que a verdade exista. Assim sendo, a verdade existe. A segunda questão para entendermos a origem deste problema é perguntar, de que verdade estamos falando? Este é o X da questão. A verdade é um conceito que abrange todos os mundos. Tanto o mundo natural, este que existe independente da vontade humana, quanto o mundo estabelecido pelos homens e animais irracionais. Então, o conceito de verdade não é um conceito simples, mas composto, e, como tal, é complexo. Quando uma pessoa é honesta, ela diz a verdade. Porém, se alguém duvida da verdade dita por essa pessoa, é possível, por meio de investigações, comprovar se essa pessoa disse ou não a verdade; uma vez confirmada a veracidade do dito, a verdade existe. Então, entende-se que a verdade com relação ao mundo estabelecido, é passível de ser verificada, comprovando-a ou negando-a. Logo, tanto a verdade como a mentira existem, como existem também a pessoa verdadeira e a mentirosa.
     As causas do problema sobre a verdade são as generalizações, isto é, quando generalizamos, não separamos os alhos dos bugalhos; aí, saímos falando besteiras, posando de intelectual, quando, na verdade, a ignorância reina em nosso modo de pensar. Esse jargão, “a verdade não existe”, é uma conclusão precipitada sobre as origens da vida no planeta Terra e do cosmos (ordem universal). Por ser muito antiga essa intriga das origens entre religiosos e opositores, o povo, por generalização, prefere viver sem a expectativa sobre essa verdade. Pois, todas as hipóteses levantadas para investiga-la, e os bilhões de dólares investidos sem nenhuma conclusão, induz-nos todos a duvidar da capacidade do homem e seus meios para dizer-nos a verdade sobre, principalmente, a origem das diversas formas vida na Terra. Por isso, o ditado popular, “a verdade não existe”. Assim, mantém-se até hoje a intriga sobre as afirmações bíblicas de que tudo fora criado e é mantido por um Deus Onipotente, Onisciente e Onipresente e as afirmações do poeta Hesíodo (VIII a.C.) que afirmara em seu mito Caos, que este, o próprio Caos, é o originador de tudo. A filosofia, a ciência e as artes, partem da premissa de que o Mito de Hesíodo seja o fundamento verdadeiro para justificar tantos investimentos financeiros, intelectuais, científicos e filosóficos em busca da verdade cosmológica. Como já afirmei a cima, esses três mil anos é muito tempo para questionar e investigar sem chegar a nenhuma conclusão ratificada pelo racionalismo. Por isso esse descrédito na capacidade do homem desprovido de fé chegar à verdade das origens. Logo, entende-se, que a verdade sobre as origens existe. E ela existe porque a existência de tudo é patente aos nossos sentidos. Assim, até o presente, crentes e ateus agem pela fé; a diferença está no axioma que fundamentam suas premissas, em um Deus Criador ou em um mito.
 Daniel, Nabucodonosor e seus sonhos
     No capítulo dois do livro de Daniel temos o sonho que sonhara Nabucodonosor e no capítulo oito registra um dos sonhos de Daniel. Ambos os sonhos têm o mesmo significado. Segundo a bíblia, são sonhos dados por Deus para revelar aos habitantes do planeta Terra a sucessão de reinos de Babilônia até a segunda volta de Cristo. Os sonhos impressionaram tanto o rei Nabucodonosor quanto o cativo Daniel, ambos ficaram atônitos diante ao que sonharam e os dois buscaram entender aqueles aparentes enigmas. Pela fé, através da oração, Daniel buscara respostas em Deus e Este O atendeu confortando o rei e ele. A estátua presente no sonho de Nabucodonosor estava dividida em, cabeça de ouro que representava o reino de Babilônia; o peito e os braços de prata simbolizavam o futuro reino dos Medos e Persas; o ventre e as coxas de bronze eram uma alusão ao reino da Grécia conquistado pelo macedônio Alexandre Magno; as pernas de ferro refere-se ao poderio de Rama Pagã; e os pés em parte de barro e parte de ferro representa Roma Cristã e o fim do absolutismo medieval que impunham seus ideais ao mundo, desfazendo-se em nações independentes e democráticas; a pedra cortada sem auxílio de mãos ferindo os pés da estátua e quebrando-a em pedaços todos os metais, é uma referência a segunda vinda de Cristo para pôr fim à história do pecado, fundando seu reino eterno!
     Daniel sonhara com um carneiro que tinha dois chifres, (o carneiro representava o reino e os chifres os reis Dario e Ciro) um dos chifres era mais alto que o outro, ele dava marradas para o ocidente, para o norte e para o sul onde nenhum animal podia lhe resistir e livrar-se de seu poder, ele fazia o que tinha vontade e se engrandecia. Enquanto considerava sobre o poder do carneiro, viu um bode vindo do ocidente sobre a face de toda Terra, mas ele não tocava no chão e ele tinha um chifre notável entre os olhos. O bode dirigiu-se ao carneiro e a briga começou, furioso o bode quebrou os dois chifres do carneiro ferindo-o até a morte. O bode engrandeceu-se, estando ele confiante em si, aquele grande chifre entre seus olhos foi quebrado, nascendo em seu lugar quatro chifres também notáveis que apontavam para os quatro cantos da Terra. (O bode é uma representação do reinado da Grécia, o chifre entre os olhos é uma referência ao principal rei, Alexandre Magno; o arrancar do chifre refere-se a sua morte e os quatro chifres que surgiram em seu lugar aponta os generais que dividiriam seu reino) De um daqueles quatro chifres saiu um chifre pequeno que cresceu muito para o sul, para o oriente e para a terra formosa, engrandecendo-se até o exército do céu lançando por terra algumas das estrelas desse exército, e as pisou; engrandeceu-se até o príncipe do exército tirando-lhe o holocausto contínuo, e o lugar de seu santuário foi deitado abaixo.
     Segundo Flavio Josefo, historiador judeu, após a morte de Alexandre, seu reino foi dividido entre seus generais, ficando configurado, no início, assim: Antígono governou a Ásia Menor; Seleuco a Babilônia e nações vizinhas; Lisímaco, o Helesponto; Cassandro a Macedônia e Ptolomeu, o Egito; Como de cinco reduziu-se a quatro? Antígono era General sátrapa ou governador, com a morte de Alexandre ele fez-se rei tornando-se inimigo dos outros, governou por dezoito anos a Ásia Menor. Os quatro generais, Seleuco, Cassandro, Lisímaco e Ptolomeu se uniram e destronaram Antígono, fazendo Lisímaco rei da Ásia Menor. (JOSEFO, p. 385)
Porém, diz a profecia: de um desses chifres surgiria um pequeno chifre que cresceria para o sul, para o oriente e para a terra formosa. Ou seja, de uma daquelas regiões que estavam em constantes guerras, desenvolveria um outro chifre, pequeno no início, mas, com o passar do tempo se engrandeceria subjugando todos os outros quatros. Esse novo chifre começou desenvolver-se no século VIII a.C. era a Itália, futura Roma Pagã, Cristã e Papal (atual Vaticano) que se desenvolvia em baixo do nariz de Cassandro da Macedônia, rei da região ocidental que não percebera que um de seus dominados tinham outra estratégia de conquistar que agradava aqueles que eles conquistavam, os italianos ou romanos não subjugavam seus conquistados como era costume grego, pelo contrário, assimilavam suas culturas e fazia deles soldados aliados, concedendo-lhes alguns direitos, assim, pela “benevolência” conseguira conquistar a todos. (CAMPOS/CLARO, p. 129) Os que deram mais trabalho foram os de Cartago, que precisou de três batalhas para conquista-los; depois, conquistou a Macedônia assimilando sua cultura politeísta e filosófica, a Pérsia babilônica, o Egito, Jerusalém e todos que tentavam resistir seu avanço. Assim, Roma se colocara como dona da verdade, senhora do mundo político, científico, filosófico, religioso e das artes; era o Ocidente, na linguagem de Jacques Derrida, abrindo um grande guarda-chuva para proteger todos que se curvassem ao seu discurso solipsista. Isto é, um Ocidente desprovido de alteridade, que não considera o outro, semelhante ou diferente, vendo-os apenas como inimigos a serem combatidos. A data escolhida para o início do império romano pagão foi 168 a.C., esse imperialismo pagão estendeu-se até 476 d.C.; quando foi substituída por Roma Cristã, que, como igreja Católica Apostólica Romana se tornara senhora da religião e do Estado, período conhecido como Idade Média. Atualmente o Vaticano representa esse espírito solipsista, onde, continua se achando representante de Deus e dona da verdade. Aos poucos, em outros textos, analisarei o que esse poder fez aos que tentaram rasgar o guarda-chuva que a cultura ocidental elaborara como verdade absoluta para impor ao mundo.
Segundo a profecia de Daniel, Roma era entendida em enigmas; grande será seu poder, mas esse poder não vem de si mesma fazendo com que destrua os poderosos e o povo santo; (reis, judeus e cristãos) se levantará contra o príncipe dos príncipes (matando Jesus Cristo), mas será quebrado sem intervir mão de homem. (Ressurreição de Cristo pelo anjo enviado do céu). E o lugar do santuário foi deitado abaixo. (Destruição do templo de Jerusalém no ano setenta pelo General Tito)
Lançará as verdades bíblicas por terra. (Alterou os dez mandamentos bíblicos autorizando a adoração de imagens de esculturas e mudando a santidade do sábado para o domingo) e Roma Cristã 476 – 1500 (período medieval) deu continuidade aos ideais de Roma Pagã, perseguindo aqueles que tentassem rasgar seu guarda-chuva, fosse em nome de seguir princípios bíblicos ou de um novo ideal filosófico.
Quanto as duas mil e trezentas tardes e manhãs disse o anjo: cerra a visão, porque se refere a dias mui distantes. Daniel adoeceu, sarou e foi tratar dos negócios do rei, pois não havia quem entendesse a visão das duas mil trezentas tardes e manhãs.
Filosofia Clássica e Deus
     O Deus bíblico fez-se presente na antiguidade através dos Hebreus-Israel-e-Judá. Ele, pelo seu poder impressionou reis de tal forma que não tiveram outra saída a não ser confirmar Sua existência metafísica. O próprio Alexandre Magno Também O reconheceu como o Deus do universo.¹
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¹ Então os judeus reuniram-se em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte e felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes, que o acompanhavam ficaram surpresos, de tal espanto que julgaram que ele tinha perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo o mundo, adorava o grão-Sacrificador dos judeus. Não é a ele, respondeu Alexandre, ao Grão-Sacrificador, que eu adoro, mas é a Deus de quem ele é ministro. [...] antes desse encontro, segundo o próprio Alexandre, também tivera um sonho da parte de Deus que o animara a continuar em suas conquistas. (JOSEFO, p. 380)
     Como os filósofos da natureza não chegaram e nenhuma conclusão sobre as origens pelas hipóteses propostas na época, a própria filosofia viu-se obrigada a mudar de estratégia para continuar questionando o Deus bíblico. Foi esse o motivo que levaram Sócrates, Platão e Aristóteles elegerem uma forma conceitual de deus para fechar a lógica de seus ideais filosóficos.
     Para Sócrates, mestre em definir, pela maiêutica, um conceito, isolando-o de seus atributos e adjetivos; Deus era uma Inteligência superior, estava acima do politeísmo grego; por isso Sócrates falava contra os deuses gregos, corrompendo, assim, a juventude. Tentou moralizar os políticos de Atenas, cobrando deles postura ética, justiça ao tratar com o outro e com os negócios da Polis. Por esse zelo moralizante em nome desse Deus, foi condenado a morte, o que se concretizou ao tomar cicuta.
     Para Platão, discípulo de Sócrates, Deus era o demiurgo, aquele que cria através da manipulação da matéria existente, não por meio do Logos, Sua palavra. Após a morte de Sócrates Platão fugiu de Atenas temendo a mesma condenação. Fugindo, passou pelo Ocidente e chegando ao Oriente, conheceu o espiritualismo desenvolvido através da imortalidade da alma em relação à morte do corpo que os pitagóricos acreditavam; após doze anos voltou para Atenas, fundou sua Academia e filosofou através das ideias místicas dos pitagóricos; para isso ele criou o mundo das ideias, mundo das formas perfeitas, das quais, nosso mundo é uma cópia. Para Platão, o mundo das ideias é o lugar para onde as almas vão após a morte, lá, elas passam mil anos e depois reencarnam em outro corpo, meio pelo qual a alma faz o novo corpo relembrar o que há no mundo das formas perfeitas, por isso, para Platão, aprender é relembrar (reminiscência). Assim, por meio de Platão, a filosofia oriental chegou ao ocidente, foi adaptada ao cristianismo e muitos crentes católicos espíritas e protestantes acreditam que a imortalidade da alma é uma doutrina bíblica ou religiosa, mas, são apenas ideias filosóficas orientais adaptadas ao cristianismo.
     Aristóteles, discípulo de Platão, não concordou com o mundo das ideias desenvolvido por seu mestre, ele preferiu repensar a filosofia da natureza que representava a realidade que se iludir com ideais místicos. Mesmo assim, racionalizou o conceito de alma platônico defendendo que existe a alma vegetal, a irracional e a racional. Para Aristóteles Deus é um motor imóvel. Isto é, um Ser que colocou tudo em movimento, assim que acabara, abandonou-o à estabilidade das leis naturais. Logo, Deus é um motor imóvel que moveu tudo sem se mover. Aristóteles preferiu continuar na análise do mundo elaborando o método científico, que, como seu mestre, ficar preso à metafísica filosófica-religiosa. O que precisamos ter consciência é, que, os filósofos clássicos, apesar de admitir a existência de Deus, não significa que eles tinham fé nesse Deus, era apenas um conceito para fechar o raciocínio lógico, não fugindo da máxima que influenciava as massas e os governantes da época. Em nome de Deus, a filosofia desenvolveu sua metafísica fundamentando-a em um conceito de “Ser ontológico”; não é por acaso que a metafísica é o maior período filosófico, estendo dos clássicos até René Descartes; quando ela abandona a Deus e se volta para o sujeito que pode conhecer independente desse Deus, Ser supremo apresentado na bíblia.
     A literatura bíblica, principalmente a profética, é a prova incontestável de que Deus é Onisciente. Para os que a estudam, é a luz que guia entre as trevas espirituais, morais, políticas, filosóficas e religiosas de todas as épocas. Por isso, “Não havendo profecia, o povo se corrompe”.  Os filósofos e cientistas que se gabam de defender a verdade baseados na visão do todo ou pela empiria, se eles não conhecem as profecias bíblicas, o porquê e para quê delas, jamais concluirão suas hipóteses, confirmando ou negando as verdades sobre as origens. Logo, terão, necessariamente, que eleger um filósofo ou cientista para admira-lo e defender seus pontos de vistas, sendo, como os religiosos, apenas um cordeiro de rebanho. E os religiosos que não fazem questão de estudar para compreender o mundo, achando que a fé cega é o caminho da salvação, correm o mesmo risco; pois, tanto o que conhece como o ignorante que não quer conhecer se fecha em si, desenvolvendo um solilóquio, discurso próprio, como se ele fosse a própria verdade; impossibilitando assim, até mesmo a ação do Espírito Santo em sua mente.
Nada é fácil e simples neste mundo de pecado. “Se ficar, o bicho pega; se correr, o bicho come”. Então, seja um sábio!            

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BÍBLIA, João Ferreira de Almeida, Ed. Imprensa Bíblica Brasileira. Daniel capítulos 2 e 8
FLAVIO JOSEFO, HISTÓRIA DOS HEBREUS. V. III, Ed. Das Américas – São Paulo, 1956
FLAVIO DE CAMPOS E REGINA CLARO. A Escrita da História V I. Ed. Escala – São Paulo 2010

       

     

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O MUNDO EXISTENTE E O MUNDO ESTABELECIDO



     Entende-se por mundo existente, o mundo dado. Este, é conhecido também como natureza (Physis) e/ou cosmos (ordem universal). Logo, as árvores, os insetos, a terra, as pedras, os animais, as aves, os peixes, os fungos, o homem, a mulher, a água, as estrelas, os planetas e seus satélites, as nuvens, o céu e tudo o mais que fora criado no princípio compõem o mundo existente.
     O mundo estabelecido está dentro do existente, é um mundo paralelo, cuja origem depende dos seres animados que fora dado na existência. Logo, sem o mundo existente é impossível o mundo estabelecido. O que é estabelecido, é criação dos mais diversos instintos animalescos e da inteligência humana. A casa do pássaro João de Barro faz parte do mundo estabelecido pelos irracionais, pois, sem a existência do João de Barro não haveria o estabelecimento de sua casa. E os ninhos dos pássaros, o casulo da lagarta, a teia de aranha, a casa de cupim, o buraco do tatu, a colmeia das abelhas e tudo mais que os irracionais constroem pertencem ao mundo estabelecido. Bom, já deu para compreender que todos os irracionais, por instinto, constroem um novo mundo paralelo, dentro do mundo existente. As casas e edifícios, os trens, os carros, a TV, o rádio, o celular, o lápis, a borracha, a coca cola, os deuses, a arte, a cultura, os livros e as ciências particulares, são ordens estabelecidas que compõem o mundo dos racionais dentro do mundo existente, o dado. Fazendo um juízo de valor, conclui-se que, o mundo estabelecido depende do mundo existente, logo, o mundo existente é superior ao estabelecido.
     Refletindo seriamente sobre as origens desses mundos, é sábia a conclusão que, o João de Barro nunca passou pelo estágio de ser uma minhoca, muito menos um fungo, ou um unicelular qualquer. Do mesmo modo, o jacaré nunca foi um sapo. Nem a galinha um pato ou avestruz. Mas será que a vaca e o boi já foram um bode e uma cabra, ou outros mamíferos, ou ainda, um réptil? E o homem, já fora um chimpanzé? Se nos parece impossível esses elos evolutivos, deduz-se que, a ordem existente não é produto de evoluções. Os que assim entendem e ensinam, deliram. Há Filósofos que, seguindo o raciocínio das evoluções das espécies propostas por Darwin, acreditam que a linguagem humana evoluiu de gritos e urros que exprimiam dores, chamamentos e outras expressões que tinham por objetivo dizer alguma coisa ao outro; mas a linguagem é, para o homem, o que é o cantar do calo e o mugido da vaca para eles; pertencem ao mundo existente. Logo, a ordem existente continua como fora dada no princípio. As grandes catástrofes naturais, embora tenham extinguindo grandes animais, não são fenômenos capazes de alterar o princípio genético dos seres animados.
Bíblia
     Os escritos bíblicos defendem a ordem existente, revela sua origem e seu originador. Defende que essa ordem passou a existir por vontade de um Deus que a trouxe à existência. Logo, há um Deus criador de tudo o que existe na Terra e no universo.
Filosofia
     O filósofo “sempre” foi um criador de conceitos, e os conceitos são, para os filósofos, os fundamentos das ordens cognitivas estabelecidas pelos homens e mulheres. Logo, o filósofo é aquele que busca, através dos conceitos, criar e manter o mundo estabelecido numa certa ordem lógica, mas, sem deixar de ser crítico à origem do mundo existente segundo as revelações bíblicas. Assim sendo, a filosofia cria o mundo das ilusões, da reflexão, da contemplação, das crenças, do rigor lógico e outros possíveis. Em seu afã pelo questionar, faz do rigor lógico uma arma epistemologia para negar a origem do mundo existente e seu originador. Sua única arma nessa guerra é o conceito, creem eles que o conceito é o responsável pela morte de Deus, mas o conceito não passa de uma palavra que quer negar o mundo existente. Assim sendo, o filósofo engajado nessa guerra contra a origem do mundo existente, quando ele “cria conceitos” torna-se um enganador, um falseador, aquele que, por excelência, se acha no direito de estar acima da ordem do existir tentando passar a ideia de que tudo, inclusive o mundo da existência, não vai além da existência conceitual. (nomear tudo foi a primeira tarefa de Adão e Eva assim que foram criados) Logo, o filósofo engajado é um exímio negador de Deus como O Criador do mundo existente, mesmo quando aparenta defender alguma teologia em nome desse Deus. Por isso, o que mais se vê nas mais diversas denominações e instituições religiosas (católica, protestantes e evangélicos) são teólogos que, com a bíblia em punhos, passivamente ou aos berros, negam a validade dos mandamentos e outros princípios bíblicos como sendo aplicáveis à prática cristã na atualidade, na verdade eles são discípulos dessa filosofia que não reconhece o Deus bíblico como digno de ser adorado e reconhecido como o Criador que trouxe toda natureza à existência. 
     A finalidade última da filosofia, segundo o que está explícito e implícito nas filosofias de todas as épocas é, eliminar o Deus bíblico do consciente das pessoas. Para a filosofia contemporânea, o velho Deus, como eles chamam o criador da ordem existente, morreu! Para a filosofia cosmológica, seguindo a máxima de Hesíodo, o Caos é a Gênese de tudo, por isso, para os filósofos, Deus é apenas um conceito, e, como tal, está morto. Isto é, as revelações bíblicas e seus códigos não influencia mais as pessoas a reverenciá-Lo como criador do código moral e dos bons princípios. Não será essa a causa de tanta imoralidade, crescimento da criminalidade e condutas antiéticas daqueles que detém o poder político-científico-filosófico-religioso-e-geral da sociedade contemporânea?
     Como eu havia prometido no último texto postado neste blog, vou traçar um paralelo entre a bíblia e a filosofia mostrando como, ao longo da história, a filosofia tentou eliminar Deus do consciente humano, tentando matá-Lo através da argumentação conceitual, de teorias cosmológicas com fundamentos aparentemente científicos.
White ¹
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“A história que o grande EU SOU assinalou em sua palavra, unindo-se cada elo aos demais na cadeia profética, desde a eternidade no passado até à eternidade no futuro, diz-nos onde estamos hoje, no prosseguimento dos séculos, e o que se poderá esperar no tempo vindouro. Tudo que a profecia predisse como devendo acontecer, até a presente época, tem-se traçado nas páginas da história, e podemos estar certos de que tudo que ainda deve vir se cumprirá em sua ordem”. (ASSOCIAÇÃO GERAL, P. 209)
O Rei Nabucodonosor e o Deus bíblico
     Com o declínio do poderio Assírio devido a revolta dos povos dominados, fundou-se o império babilônico (605 a 539). Foi a Assíria que destruiu o reino de Israel. Segundo Flávio Josefo, após cento e trinta anos do fim das tribos de Israel, Judá que era composto por duas tribos; devido seu afastamento das ordenanças de Deus, o Império babilônico, através de Nabucodonosor, segundo profetizara o profeta Jeremias, destruiu o templo de Jerusalém, queimou a cidade e levou-os como cativos para babilônia, alguns jovens judeus foram separados para serem educados nos costumes e leis de Babilônia. “De modo que a Judéia, Jerusalém e o templo ficaram desertos durante setenta anos e passaram-se cento e trinta anos, seis meses e dez dias, desde o cativeiro das dez tribos, que formavam o reino de Israel e o das duas outras, que formavam o de Judá”. (JOSEFO, p. 279)
Os jovens que foram levados para serem educados em Babilônia foram Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Chegando à corte do rei receberam outros nomes; lá, decidiram não se contaminar com as iguarias oferecidas aos educandos, pois, dos alimentos servidos, para os judeus, era pecado comer. Segundo Josefo, as iguarias do rei era a causa dos homens ficarem efeminados, logo, iguarias acompanhadas de bebidas alcoólicas e luxúrias, pode despertar o gosto pelo homossexualismo. (Ibid., p. 281) Assim, eles dirigiram-se ao responsável pela alimentação que lhes permitisse alimentar segundo a orientação de Deus. Propuseram um teste por dez dias, no final, se eles não fossem achados mais capacitados que os outros eles se submeteriam às iguarias oferecidas. O pacto foi firmado, e, no final do período eles foram interrogados pelo rei que os achou dez vezes mais sábios que todos de seu reino, assim, passaram a ser assistente diante de Nabucodonosor.
Um sonho perturbador    
     Nabucodonosor teve um sonho e sua interpretação da parte de Deus, mas esqueceu-os e isso o perturbou muito. Para contar-lhe o sonho e sua interpretação foram chamados todos os magos e antigos sábios de Babilônia, e, caso os mistérios não fossem desvendados todos seriam mortos. Segundo os antigos sábios nunca rei algum exigira tal coisa; mas o rei queria saber do que se tratava as perturbadoras revelações. Como os magos e sábios não foram capazes de atender as exigências do rei, foi decretado a morte de todos. Nessa, os quatro judeus também morreriam; quando Daniel soube o que estava acontecendo e o porquê de tanto alvoroço no reino, pediu um prazo ao capitão para que desse as respostas ao rei. Daniel foi para casa e contou o que acontecia a seus companheiros e convidou-os a orarem a Deus para que os ajudassem naquele negócio. Deus, em sonho, revelou a Daniel o que o rei sonhara e o que significava tudo aquilo. Daniel voltou a Arioc, o capitão, e disse estar pronto para atender o rei. Daniel foi levado até a presença do rei e contou-lhe o sonho e deu sua interpretação; assim o rei foi confortado após ser reavivado em sua mente o que sonhara e ficara feliz por Deus haver-lhe usado para revelar ao mundo o que aconteceria no futuro! Disse o rei a Daniel: “Verdadeiramente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério”. Daquele momento em diante Daniel passou a ser governador da província de Babilônia e chefe de todos os sábios, e seus amigos passaram a ser superintendentes dos negócios do rei na província.
     Passado a euforia por saber que dentre os reinos futuros ele era o principal por ser a cabeça de ouro da estátua, mandou fundir uma grande estátua de sua imagem para que todos os povos o reconhecessem como o grande rei; assim, ao som da música todos os súditos deveriam prostrar-se diante da estátua em homenagem ao rei. Foi decretado que quem não se curvasse seria morto queimado em uma fornalha. Chegou o dia D! A fornalha fora acesa e a música sou aos ouvidos de todos os presentes, os quais prostraram-se. Não demorou muito informaram ao rei que alguns judeus não obedeceram o decreto; furioso, mandou trazer os desobedientes, mesmo constatando que tratava-se dos amigos do governador Daniel, mandou aquecer sete vezes mais a fornalha, caso eles não obedecessem morreriam queimados. Disseram os jovens: “Eis que o nosso Deus a quem servimos, pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei”.
Assim, tocou-se a música mais uma vez e todos os súditos curvaram-se, porém, os jovens judeus permaneceram de pé; ao fim do som, foram lançados na fornalha; os que os lançaram morreram por causa do calor; quando o rei olhou para dentro da fornalha viu quatro pessoas passeando no meio do fogo; atônito! Disse: “Nenhum dano eles sofrem; e o aspecto do quarto homem é semelhante a um filho dos deuses”. Então, clamou o rei! “Sadraque, Mesaque e abednego, servos do Deus altíssimo, saí e vinde”! E eles saíram ilesos. Diante desse milagre, Nabucodonosor faz um novo decreto: “Que todo o povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar dessa maneira”. Em Daniel 4: 27 há um conselho de Daniel ao rei Nabucodonosor para que ele reconheça na pratica política a existência de um Deus que é Rei do universo, e, como tal, ama a todos e quer salvá-los. “Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e as tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, se, porventura, se prolongar a tua tranquilidade”.
     Com a morte de Nabucodonosor, seu filho/neto Belsazar assumiu o trono. Como qualquer pessoa que assume o poder político, ele achou-se no direito de zombar dos judeus bebendo vinho nas taças sagradas que seu pai/avô trouxera de Jerusalém. Entre aquela urgia que ele promovera, o Deus que tem existência-em-si, visitou-o como fizera a seu avô escrevendo em língua estranha o fim do reinado de Babilônia. “MENE, MENE, TEQUEL, URFARSIM. Tradução feita por Daniel ao rei que estava espantado com a escrita na parede do palácio. MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou; TEQUEL: pesado foste na balança, e foste achado em falta; UFARSIM/PERES: dividido está o teu reino e entregue aos Medos e Persas. Após sete anos findou o Império babilônico, os Medos e Persas derrubaram o reinado de Belsazar. E Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e dois anos de idade.
     No reinado de Dario, cento e vinte sátrapas foram eleitos para que estivesse sobre todo o reino e três presidentes sobre eles, Daniel era um dos três presidentes. Mas Daniel destacava entre os três por sua sabedoria, foi então que os liderados bolaram um plano para que Daniel fosse morto. Sem que Daniel soubesse conseguiram fazer com que o rei decretasse que, qualquer pessoa que fizesse algum pedido a outro Deus que não ao rei, esse fosse lançado na cova dos leões. O decreto foi feito, Daniel foi pego orando ao seu Deus, e, como o decreto do rei não podia ser quebrado, com pesar, Dario fez cumprir o decreto lançando Daniel na cova dos leões dizendo o seguinte: “O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará”.  Triste o rei foi para seu palácio, lá, jejuou e orou para que o Deus de Daniel o livrasse! No dia seguinte, logo bem cedo, Dario foi à cova e chamou por Daniel e ele respondeu: “Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum; porque foi achado em mim inocência diante dele e também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum”. Então, o rei deu ordem para que fossem laçados os acusadores, suas mulheres e filhos na cova dos leões e todos foram mortos. Assim, o rei fez mais um decreto para todo o seu domínio que, “os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará até o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões”. “Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa”.
Filosofia da natureza
     Enquanto no palácio do domínio persa, o rei, governos, sátrapas e assistentes, estavam sendo conscientizados, que há um rei soberano que está acima da vida e do universo; nas ilhas gregas, surgia os primeiros questionadores desse Deus do universo. É o nascimento da filosofia; para a filosofia, Deus e os deuses são a mesma coisa, criações conceituais dos homens, componentes cognitivos do mundo estabelecido. O objetivo da filosofia da natureza é construir um novo conhecimento sem a intervenção cognitiva de Deus dos deuses, um conhecimento estritamente antropocêntrico. Um conhecimento cuja verdade esteja centralizada na verificação sensível. Isto é, a verdade tinha que ser percebida, vista, apalpada, comprovada. O que está além disso é efêmero, ilusão. Esse espírito filosófico está presente em todas as filosofias, mesmo quando os filósofos falam em nome de um Deus ou dos deuses. Logo, não é por acaso que os grandes filósofos são, também, grandes teólogos. Porém, especificamente, os filósofos da natureza são essencialmente ateus. Eles não tinham razão alguma para crer em Deus e muito menos em deuses, eles perceberam a batalha travada entre o Deus de Daniel e os deuses babilônicos, não tinham outra saída, tinham que ser ateus se quisessem encontrar um lugar à sombra no mundo que se estabelecia naquela época. E assim, a filosofia começou sua caminhada epistemológica, questionando, forçando para abrir caminhos nessa guerra entre o que existe e o que é estabelecido. A ferramenta da filosofia é a argumentação coesa, fechada conceituadamente, só assim ela poderia impor-se como dona da razão através da argumentação lógica.
     Os primeiros filósofos lançaram a base fundamental da pesquisa científica, as hipóteses. Muitas de suas questões hipotéticas continuam como hipótese até hoje, isso se dá porque elas são questões que levantaram problemas cosmológicos, como por exemplo: De onde surgiu a vida? Ainda hoje, sobre a origem da vida e do universo, a ciência e a filosofia continuam sem respostas antropocêntricas à humanidade.
Primeiras hipóteses filosóficas
     Os filósofos Pré-Socráticos, em oposição aos relatos bíblicos, partem da premissa de que o Mito de Hesíodo (Caos) expressa a realidade que deve ser investigada. Tales de Mileto (625/4-558 a, C.), foi o primeiro filósofo que surgiu no Ocidente, ele investiga a origem da vida a partir da água ou da umidade. Sua hipótese foi concluída e negada por seu discípulo Anaximandro. (Pré-Socráticos, p. 5)
     Anaximandro de Mileto (610-570 a. C.). Foi discípulo de Tales, geógrafo, matemático, astrônomo e político. Para ele, o ápeiron, (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas existentes. “Diz que este não é a água nem algum dos chamados elementos das coisas existentes, mas alguma natureza diferente, ilimitada, e dela nasce os céus e os mundos neles contidos”. [...] Anaximandro, nega a hipótese de seu mestre Tales e se aproxima mais de Hesíodo. (Ibid., p. 15)
     Anaxímenes de Mileto (585-528/5 a. C.), discípulo e continuador de Anaximandro – Dedicou-se à meteorologia, foi o primeiro a afirmar que a lua recebe luz do sol, é considerado a figura principal da escola de Mileto. Para ele, ilimitado é o ar. E ar e espírito são a mesma coisa. Para ele tudo é a mesma coisa; a diferença está no processo: ora é rarefação, ora condensação. “Rarefazendo-se, torna-se fogo; condensando-se, vento, depois, nuvem, e ainda mais, água, depois terra, e as demais coisas provém desta. (Ibid., p. 51) Então, segundo Anaxímenes, o ápeiron de seu mestre Anaximandro é o ar. Anaxímenes quer nos convencer de que o mito de Hesíodo seja uma premissa verdadeira e as revelações bíblicas, premissas falaciosas.
     Os pitagóricos de Samos, são os primeiros a desfocar a filosofia da natureza, focando-a nas palavras, fazendo da dialética um fundamento filosófico. Suas doutrinas filosóficas são obscuras. Para compreendê-las é preciso partir do pensamento da escola de Eléia. “Como é possível uma pluralidade? Pelo fato de o não-ser ter um ser. Portanto, identificam o não-ser ao Àpeiron de Anaximandro, ao absolutamente indeterminado, aquilo que não tem nenhuma qualidade; a isso opõe-se o absolutamente Determinado, o péras. Mas ambos compõem o Uno, do qual se pode dizer que é par e ímpar, delimitado e ilimitado, inqualificado e qualificado”. [...] Todo esse jogo de palavras por parte dos pitagóricos, tinha a intensão de dizer que o número é a essência própria das coisas. (Ibid., p. 55) Para os eleatas: “Nela vemos o pensamento tornar-se ele mesmo livre para si mesmo – Nisto que os eleatas enunciam como o ser absoluto, captando para si o pensamento e o movimento do pensamento em conceitos. Encontramos aqui o começo da dialética, isto é, o começo do puro movimento do pensamento em conceitos; e com isto a oposição do pensamento e parecer ou do ser sensível” – [...] O esforço filosófico aqui apresentado, tem a intenção de passar a ideia de que o Deus bíblico é apenas um verbo que pode ser conjugado em todos os tempos, tanto no singular como no plural, que esse Deus não vai além de um conceito; que Deus não é um ser de existência em si, capaz de criar alguma coisa, a vida, o universo e mantê-los pelo com Seu poder. O movimento conceitual é defendido por Heráclito: Tudo é movimento, são e não são concomitantemente, ele não está falando dos seres que existem nos mundos da existência e do estabelecido, mas do pensamento que tem essa capacidade de articulação, de criar a partir do pensamento expresso em palavras. Será que a filosofia não está perdida em seus pensamentos? As palavras compõem signos e os signos têm que remeter a uma realidade do mundo existente ou do estabelecido, se isso não for possível, para nada servem as palavras, fica impossível a comunicação; assim sendo, ainda hoje o mundo é entendido por semelhança. Isto é, as palavras compõem os signos que remetem aos mundos que os representam. Logo, nem tudo é conceito, conceitos são apenas as palavras, e estas não têm o poder de anular os mundos; muito menos o Ser Em Si que trouxe tudo à existência.
     Para Epicuro (341-270 a.C.), "nada existe a não ser os átomos e o vazio na qual se movem; a alma, como tudo o que existe, é formada de átomos materiais; tudo o que acontece no mundo deve-se às ações e interações mecânicas dos átomos". 
     Parmênides de Eléia se opõe a Heráclito de Éfeso filosofando assim: O ser é. O não ser não é e não poder ser. Se ambos fossem concomitantemente seria uma contradição. Logo, a filosofia conceitual e da linguagem, não tem o poder de anular os mundos, nem os deuses do mundo estabelecido, muito menos o Deus revelado na bíblia, como querem os filósofos antigos e contemporâneos.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia. Tradução: João Ferreira de Almeida. Ed. Imprensa Bíblica Brasileira. Daniel, capítulos: 1; 2; 3; 4; 5 e 6
FLAVIO JOSEFO. História dos Hebreus V. II E III. Ed. Das Américas - São Paulo
NIETZSCHE. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. 1978
OS PRÉ-SOCRÁTICOS. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. 1978
PRINCÍPIOS DE VIDA. Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Ed. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí – São Paulo. 1988





sábado, 22 de novembro de 2014

DEUS MORREU! OU É DELÍRIO FILOSÓFICO? I


“De fato, nós filósofos e “espíritos livres” sentimo-nos, a notícia de que o velho Deus está morto”, como que iluminados pelos raios de uma nova aurora; nosso coração transborda de gratidão, assombro, pressentimento, expectativa – eis que enfim o horizonte nos aparece livre outra vez, posto que não esteja claro, enfim podemos lançar outra vez ao largo nossos navios, navegar a todo perigo, toda ousadia do conhecedor é outra vez permitida, o mar, nosso mar, está outra vez aberto, talvez dantes houve tanto “mar aberto”. (NIETZSCHE, p, 212)
     As revelações contidas nos escritos bíblicos sempre foram problemas para o racionalismo antropocêntrico impor seu modo de interpretar o mundo à sociedade. Essa guerra epistemológica, iniciou com o poeta Hesíodo no final do século VIII e início do VII a.C. com o mito “Caos”:
“Do Caos surgiu Gaia, ou Géia (a Terra, elemento primordial), sozinha, deu origem a Urano (o céu). Em seguida, uniu-se a Urano, gerando os deuses e as divindades femininas. Um de seus filhos é Cronos (Tempo), que toma o poder do pai e é destronado pelo filho Zeus”.
     Essa foi a primeira tentativa do espírito antropocêntrico de lançar dúvidas epistemológicas às revelações bíblicas. Todas as hipóteses filosóficas e científicas quanto a origem da vida e do universo baseiam-se nas informações contidas nesse mito. O que deduzimos dessa intriga entre razão e fé é que ambas precisam de fé para aceitá-las. Ainda hoje, a origem da vida no planeta Terra e do próprio universo, é uma incógnita para o racionalismo científico-filosófico. Logo, afirmar que Deus morreu é anteceder as conclusões, são afirmações baseadas em hipóteses, assim sendo, Nietzsche, seus cúmplices e seguidores estão delirando, doentes.
Três mil anos de embate
     Segundo a cronologia bíblica, antes de Hesíodo criar seu mito, passaram-se dois mil e trezentos anos. Antes do racionalismo epistemológico lançar suas dúvidas às revelações bíblicas, já haviam pessoas que não seguiam os princípios e regras dadas por um Deus. Segundo a própria bíblia, Caim, filho de Adão foi o primeiro a duvidar quando ofereceu a Deus uma oferta segundo a sua visão de adoração em oposição a orientação divina. Dessa dúvida, gerou a intriga entre Caim e seu irmão Abel que culminou o primeiro assassinato, causando a separação entre seguidores e opositores às revelações de Deus.
     Essa guerra entre obedientes e desobedientes ultrapassa os limites do globo terrestre, é uma guerra que se estende ao mundo metafísico, isto é, Deus e o Diabo. Nessa trama há os interesses de Deus e de Satanás. Um quer nosso bem e felicidade eterna, o outro, nossa infelicidade e morte eterna. Deus é o criador de todas as coisas que há na Terra e no universo; Satanás é uma criatura divina que corrompeu-se por desejar ser igual a Deus; para isso se rebelou e espalhou a dúvida entre as criaturas que haviam no céu, com sua astúcia cognitiva conseguiu enganar a terça parte dos seres que habitavam o céu. Como Satanás e muitos dos anjos que o seguiam não aceitaram a graça divina para receber o perdão, caso voltassem atrás, foram expulsos do céu. Porém, a dúvida permanecera, por isso, Deus deu um tempo para suas criaturas inteligente tirar suas próprias conclusões quanto ao amor de Deus e a rebeldia de Satanás. É nesse contexto, segundo a bíblia, que todas as coisas boas e ruins acontecem no planeta Terra. Logo, nada acontece por acaso; esse planeta é um palco onde todos nós somos atores, ou melhor, guerreiros do bem ou do mal, representantes de Deus ou de Satanás, seja nas intrigas bélicas ou epistemológicas, religiosas ou ateístas. O pior é que não há espaço para elementos neutros, seja por causa da ignorância ou pelo excesso de saber.
Israel, o povo de Deus
     Por volta do ano dois mil antes de Cristo, Deus elegeu um povo como Seu representante na Terra. Era uma tentativa de, por meio da obediência de um homem de fé, formar uma nação politicamente organizada que O representasse por meio da fé. Abraão nasceu em 1948 a.C. e Sara, sua esposa, em 1938 a.C.; da descendência de Abraão nasceu Jesus Cristo. Os judeus são os semitas descendentes de Sem, filho de Noé.
     Jacó, filho de Abraão e sua descendência, quando houve fome em sua região, desceram até o Egito em busca de alimento. Nessa época um de seus filhos, José, havia sido vendido por seus irmãos aos ismaelitas que o venderam a faraó dos Hicso que governava o Egito, e, por sua fidelidade ao seu Deus, fora feito governador do Egito. Por influência de José todos os que desceram com Jacó gozaram de privilégios. Quando os Hicsos perderam o governo, e, com a morte de Jacó e José que o novo governo não conhecera, a descendência de Abraão fora escravizada pelo novo Faraó egípcio. Após quatrocentos anos de escravidão, os israelitas foram libertados por Moisés, um hebreu que fora criado e educado pela filha do Faraó. A partir do êxodo o povo de Israel volta a ficar em evidência entre todos os povos por causa dos feitos de Deus entre Seu povo livrando-os do poder de Faraó. Nessa época todos os primogênitos do reino de faraó foram mortos e seus guerreiro e carruagens foram destruídos pelas águas do rio vermelho quando eles tentavam alcançar os israelitas para vingá-los pelo o que acontecera aos egípcios. Durante a peregrinação pelo deserto de volta à terra prometida, Deus dá, por escrito os dez mandamentos de Sua santa lei, o código áureo de todo o universo. O povo hebreu deixou o Egito por volta de 1500 a.C.; O Estado de Israel era teocrático, isso significa que quem o governava era o próprio Deus através dos profetas e Sua lei dada no Sinai, porém, quando o povo se estabeleceu na terra prometida, viram que os outros povos tinham reis que os governavam, então, os israelitas pediram que fossem governados por um rei e não mais por Deus através dos profetas. Assim, Israel elegeu um rei para os governar, é o início da monarquia em Israel; seu primeiro rei foi Saul, o segundo foi Davi e o terceiro, Salomão. Com Saul iniciou a decadência, ou apostasia da nação. Após a morte de Salomão o reino de Israel foi dividido. Os israelitas eram divididos em doze tribos, essas representavam os doze filhos de Jacó. Por ocasião da divisão, dez tribos ficaram sendo Israel, parte norte; e as duas outras tribos, Judá, na parte sul. A capital de Judá era Jerusalém e a de Israel Siquém, posteriormente Samaria. Essa divisão ocorreu logo após a morte de Salomão que se deu por volta de 900 a.C.
Fim da tribo de Israel
     Passados dois séculos, a tribo de Israel, por causa de sua desobediência aos mandamentos e conselhos divinos dados através dos profetas, o reino foi atacado pelos assírios em 734 -732 a.C. fazendo os habitar entre seus povos, com a miscigenação entre Israelitas e assírios, acabou com a identidade dos israelitas, é o fim desse reino. Assim, Judá passa a ser o único representante de Deus na Terra.
VIII a.C.
     Com o fim de Israel, o poder e existência de um Deus como criador e mantenedor do universo é colocado em dúvida por Hesíodo. É nesse contexto que ele cria seu mito da origem da vida e do universo. Está decretada a batalha epistemológica entre antropocentrismo e teocentrismo. Essa guerra continua até hoje por meio da argumentação filosófica que não mede esforços para negar que a bíblia é um livro revelado. De mãos dadas com a filosofia temos hoje as ciências humanas e exatas tentando provar que Deus é um mito como o de Hesíodo. Para os atuais filósofos o velho “Deus morreu”. Com Hesíodo começou a batalha epistemológica entre os povos, dividindo-os entre os fiéis aos escritos bíblicos e aqueles que negam a veracidade desses escritos como sendo revelações de um Deus Criador e mantenedor do universo. Agora, diz Nietzsche, o mar está aberto para se navegar, livre para detonar Deus e seus seguidores. No século XX, por influência da filosofia de Nietzsche, todos os filósofos, cientistas, graduados, graduandos e o povo sem fé, seus seguidores, sentem-se livres para ousadamente zombar de Deus e daqueles que O seguem por meio dos escritos bíblicos. Mas nada está comprovado, tanto a filosofia quanto as ciências e acadêmicos que tratam da origem cosmológicas continuam questionando sem fundamento a-posteriori. Suas afirmações não têm nenhuma garantia, pois, estas continuam baseadas em hipóteses, e, como tais, são apenas posições a-priori, isto é, sem nenhuma conclusão definitiva. Logo, não passam de falácias. Então, assim sendo, a intriga entre racionalistas e teocráticos continua baseando-se apenas em crenças, uns no racionalismo antropocêntrico e outros nos escritos bíblicos. A saga continua rumo ao apogeu definitivo. Segundo os escritos bíblicos, o fim desse conflito dar-se-á com a segunda volta de Cristo!    
Propósito do autor
     Nos próximos textos postados nesse blog irei mostrar como a filosofia encabeçou ao longo desses quase três mil anos o propósito de eliminar o Deus bíblico do consciente da humanidade e as dificuldades que eles sempre encontraram na tentativa de ganhar essa guerra epistemológica

Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Nietzsche. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural – São Paulo. 1978



sábado, 15 de novembro de 2014

NIETZSCHE E A ORIGEM DO MAL


          Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), filósofo e músico, continua sendo o pensador mais influente da Idade Contemporânea. Isso se dá por causa de sua filosofia niilista. Para ele todo saber anterior caiu no niilismo, no vazio. Isto é, o homem sempre se enganou quanto a origem da vida, do universo, da religião bíblica, do mal e das forças que mantém as relações entre as pessoas. Para o filósofo alemão, “o mundo não é outra coisa que vontade de poder”. Não há sujeito em Nietzsche, as forças não são, então, algo. São ações, movimentos que só existem em relação a outros movimentos, a outras forças. Para Nietzsche não existe a coisa em si da metafísica e nem a força em si, já que só faz sentido tratarmos de força sempre em relação a outra força, pois na força em relação é que existe a vontade de potência. (SOUSA, p. 11) [...] Assim sendo, segundo pensa o filósofo, qualquer noção de causa e efeito fica anulada, já que não há causadores de forças e nem são elas as causadoras de alguma coisa, de algum efeito.
     Os pais e avós de Nietzsche foram pastores protestantes, como criança ele tinha vontade de seguir a tradição da família, ser pastor. Porém, aos treze anos, o problema da origem do mal o perseguia. “Nessa idade, quando se tem “metade de brinquedos de criança, metade Deus no coração”, dediquei meu primeiro brinquedo literário, meu primeiro exercício filosófico de escrita – e, no tocante à minha “solução” do problema daquela vez, dei a Deus, como é justo, a honra, e fiz dele o pai do mal”. (NIETZSCHE, p. 298) Toda filosofia do jovem Nietzsche é metafísica.
Falácias de Nietzsche
     A filosofia contemporânea nega a razão como sendo a essência do ser humano, esta, para eles, é a causa de todos os erros epistemológicos do passado Pré-Histórico, Histórico, Clássico, Medieval e Moderno. Para eles, a humanidade age segundo as pulsões orgânicas; a razão é apenas lapsos orgânicos que engana; assim, quando pensadores epistemológicos criaram a moral como condutor das pulsões que afloram naturalmente, eles inibiram o verdadeiro desenvolvimento do ser humano. Assim sendo, a proposta da filosofia contemporânea é que a humanidade viva como qualquer animal irracional. Isto é, sem moral, sem Deus, sem apresso ao outro; que o homem seja “o lobo do próprio homem”.
     Para Nietzsche, Deus é o pai do mal. Se Deus é o pai do mal, Deus existe. Se Deus existe, todo ateísmo defendido pelo Nietzsche jovem e maduro não passam de falácias.
     Segundo a tradição filosófica, o filósofo é aquele que ama o saber. Quando digo que sei alguma coisa, tenho que conhecer essa coisa, caso contrário, o verdadeiro espírito filosófico não está em mim. Quando o filósofo pega citações ou fatos fora de todo o contexto, ele deixa o espírito filosófico e passa a agir como um enganador, um divulgador de falácias.
Primeira conclusão niilista de Nietzsche
     Já tratei desse tema, por isso vou apenas pontuá-lo: O primeiro fato histórico que levou Nietzsche concluir que a esperança religiosa caiu no niilismo foi a decepção que passou os protestantes em 22/10/1844, quando Guilherme Miller e todas as religiões de então aguardarão a segunda volta de Cristo e Ele não veio. Para toda a cristandade e a família de Nietzsche foi uma grande decepção, por isso, desde criança ele resolveu acusar a Deus como o pai do mal. Esquecera ele que, como filósofo, tem que buscar conhecer as coisas como são e não, por suas decepções pessoais, passar a pregar falácias. O equívoco de Miller já fora profetizado no primeiro século do cristianismo por João no Apocalipse 10: 9 e 10. “E fui ter com o anjo e lhe pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o e come-o; ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como o mel. Tomei o livrinho da mão do anjo e o comi; e na minha boca era doce como o mel; mas depois que o comi, o meu ventre ficou amargo”.
O livrinho referido é o livro de Daniel que seria interpretado por Miller e outros fieis no fim dos tempos. O doce na boca como mel foi a interpretação de Daniel 8:14 que os levaram a concluir que no final das duas mil trezentas tardes e manhãs, seria o cumprimento da promessa de Cristo que viria buscar seus seguidores assim que preparasse-lhes lugar. O amargo na boca como fel foi a grande decepção que a interpretação estava errada, ou ainda, que Deus não existe e que as promessas bíblicas, são falácias. Mas o verso onze de Apocalipse 10, alerta: importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações e línguas e reis. Logo, a conclusão correta com respeito a decepção de 1844 é: o homem errou, mas a palavra de Deus não. Assim sendo, Nietzsche é um falacioso quando relaciona os escritos bíblicos como falaciosos baseando-se nesse equívoco de interpretação bíblica.
Segunda conclusão niilista de Nietzsche
     Para o filósofo, o grande nomeador do bom e do mal é a classe dos senhores, “que a origem da linguagem se deu com a exteriorização de potência dos dominantes: eles dizem “isto é isto e isto”, eles selam cada coisa e acontecimento com um som e, com isso, como que tomam posse dele”. (NIETZSCHE, p. 300) A elite dominante impõe e os escravos, a plebe, o rebanho ou como queira denominá-los valida as intenções da classe que domina. Em síntese, não existe empatia entre pobres e ricos, e sim domínio e exploração, qualquer coisa além disso é máscara. Por isso conclui o filósofo: “Com o medo ao homem perdemos também o amor a ele, a veneração por ele, a esperança nele, e até mesmo a vontade dele. A visão do homem agora cansa – o que é hoje niilismo, se não é isso?  . . . Estamos cansados do homem . . .  (NIETZSCHE, p. 303)
     Atualmente a humanidade busca livrar-se de toda e qualquer tipo de moral e leis que venha inibir a exteriorização de nossas pulsões, sejam elas boas ou ruins, por isso, até mesmo o judiciário está de mãos atadas para controlar a crescente criminalidade entre todas as classes sociais. Isso se dá por crer-se que os filósofos contemporâneos estão corretos nas leituras de mundo. Mas, a crescente maldade no mundo, indica que eles estão equivocados quando exaltam o homem e seus mitos em detrimento da existência de um Deus criador e mantenedor de universo.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Nietzsche: Viver intensamente, tornar o que se é – Sousa, Mauro Araujo de. Ed. Paulus. São Paulo, 2009.

Nietzsche. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. São Paulo, 1978.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O CONFLITO ENTRE O BEM E O MAL FUNDAM-SE NO CONHECIMENTO


     Todo conflito tem uma causa primeira. Se dá por interesses; e todo interesse tem que ter um fundamento; e este se faz pelo conhecimento. Logo, os conflitos fundam-se e mantêm-se pelo conhecimento. O bem e o mal são conceitos físico-metafísicos. Para a filosofia contemporânea são apenas entidades místicas criadas pela filosofia maniqueísta, inspiradas no Zoroastro pérsico Mané. Com Santo Agostinho, maniqueísta convertido ao cristianismo platônico, o mal é apenas a ausência do bem. Porém, o bem e o mal materializados na sociedade não confirmam a filosofia maniqueísta como sendo apenas entidades do pensamento, são realidades antagônicas que se materializam na maldade e bondade entre as pessoas. Logo, existem entidades metafísicas que estão além das criações de nossos pensamentos; assim sendo, podemos ser enganados por nossos próprios pensamentos ou seja, a razão engana a si mesma.
     O conflito entre o bem e o mal, ao longo da história da humanidade sofreu várias configurações epistemológicas, isto é, na medida em que o conhecimento avança, os fundamentos dessa intriga se molda segundo a vontade daqueles que fundamentam o conflito. A fundamentação é criação da razão, mas o conflito e as entidades metafísicas interessadas nesse conflito estão acima da razão, são, na verdade, inspiradoras dessas razões acima da razão comum. Logo, os grandes pensadores não falam por si, são instrumentos de entidades metafísicas que querem promover o bem e o mal na Terra. Assim, entendemos que nesse conflito há hierarquias epistemológicas; estas são, primeiro:  teses acadêmicas, se bem fundamentadas, são conhecimento científico, e como tal chega à todas as pessoas. O caminho epistemológico, seja do bem ou do mal, se sustentam atualmente via universidades e é espalhado a todos via universitários, os noviços que acatam tudo como sendo verdades inquestionáveis que se espalham via escolas e igrejas através dos professores e religiosos modificando todo comportamento da sociedade, seja para o bem ou para o mal.
     Não nos enganemos e nem deixemos enganar-nos, o bem e o mal não são criaturas da razão humana como querem os pensadores, especialmente os filósofos. São entidades metafísicas, que, se deixarmos nos levar, fazem de nós instrumentos para promover o bem ou o mal na Terra. Segundo a bíblia, o Bem é Deus, e o Mal é Satanás. Essas duas entidades, se desejarmos fazer sua vontade, seremos seus instrumentos nessa guerra como idealizadores de teses ou como meros seguidores dessas teses. Logo, ninguém vive isento dessas influências, seja através do conhecimento ou da ignorância. Por isso todos nós corremos o risco de perder a salvação oferecida por Deus e de ser instrumento do mal que promove a perdição que Satanás deseja dar a todos. Por isso disse escritores bíblicos: “Sede sóbrios e vigilantes, pois o Diabo anda bramindo como leão buscando a quem possa tragar”. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Nietzsche, Freud & Marx
     Para esses três pensadores, na interpretação de Michel Foucault, a razão é a grande responsável para criar signos primeiros, ou verdades absolutas, no contexto em questão, os escritores bíblicos são os responsáveis em manter esse engodo por tanto tempo. Para Nietzsche, a consciência racional é apenas a ponta do iceberg. A grande razão que precisa ser ouvida é nosso corpo e suas pulsões. A vida verdadeira é esta vida terrestre, por isso devemos vive-la intensamente, dando vazão às pulsões e desejos que afloram em nosso organismo. Não existe vida além desta, vida porvir é uma ilusão religiosa.
     Com Freud, o Ego, o Id e o Superego são estruturas animadas que nos falam a todo tempo, mas nunca fora compreendida pelos pensadores anteriores a ele. O Ego é aquela parte que demonstramos aos outros pela razão, o Ego está preso entre os desejos do Id. O id é o responsável pelos nossos impulsos mais primitivos: as paixões, a libido e a agressividade, o Id está conosco desde que nascemos e é norteado pelo princípio do prazer, mas seus desejos são frequentemente reprimidos. O Superego, também chamado de “ideal do Ego” tem a função de conter os impulsos do Id. Suas regras sociais e morais não nascem com a gente, temos que aprendê-la com a sociedade para que possamos conviver nela corretamente. Para Freud o consciente nasce do inconsciente. O Ego consciente criou propositadamente verdades absolutas, princípios originais para controlar as pessoas por meio da fé e da moral. Para Freud, a grande razão ignorada é o inconsciente, e todos nós somos controlados pelo inconsciente que é composto de nervos, músculos, ossos e outros órgãos, deste conjunto orgânico nascem os sentimentos, desejos, causa de enfermidades, alegrias e lapsos de consciência. Logo, a proposta de Freud é que ignoremos a razão consciente, pois esta, é a raiz de todos os erros epistemológico do passado.
     Marx, em “O Capital”, o valor é apenas valor de troca, que, equivocadamente tem-se transferido esse valor como valor moral e religioso. Karl Marx, judeu ateu, relacionou o valor capital, a Mais Valia ou lucro do patrão, são valores que têm valor de troca até mesmo no contexto moral. Tudo está relacionado à troca, inclusive no âmbito da religião que construíra verdades originais para manter o engano através da moral religiosa. Segundo ele e seus cumplices pensadores, as verdades ditas originais contidas na bíblia, são criações da razão, construídas afim de controlar a sociedade em nome de Deus e das religiões.
Gilles Deleuze (1925-1995)
     Deleuze em “Diferença e Repetição” e “Lógica do Sentido”, segundo comentários de Foucault, supera os três quando define tudo como sendo apenas interpretações do pensamento. Não há signo original, verdade primeira; até mesmo essas verdades aparentemente primeiras são produtos de interpretações. Tudo fora construído com propósitos em mente: controlar tudo e todos por meios de signos que significam aparentemente algo real. Logo, tudo é interpretação, construções antropocêntricas para o controle de todos mesmo que seja em nome de seres metafísicos (Deus e o Diabo). Nada vai além de simulacros, das aparências. ¹
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¹ A metafísica não é um ilusório como uma espécie dentro de um gênero; é a ilusão que é uma metafísica, o produto de uma certa metafísica que marcou a sua cisão entre o simulacro, por um lado, e o original e a boa cópia, pelo outro. Houve uma crítica cuja função consistia em designar a ilusão metafísica e fundamentar a sua necessidade; a metafísica de Deleuze empreende a crítica necessária para desiludir os fantasmas. [...] FOUCAULT, p. 52
O império do mal
     A maldade que controla a atual sociedade mundial tem causa. Nada é por acaso. Se não há uma moral original, nem princípios originários em um Deus criador e mantenedor de tudo, a humanidade está livre para dar vazão às suas volúpias mais vis. E as autoridades que seguem as interpretações desses ditos sábios, nada fazem para reprimir a maldade, a imoralidade e o espírito antiético que domina a sociedade contemporânea. A filosofia nasceu para eliminar Deus do consciente da humanidade, depois de quase três mil anos de luta epistemológica seus anseios estão se concretizando; Deus não faz mais sentido para a sociedade do século XXI. Até mesmo os religiosos não se sente mais livres para falar sobre a existência e validade de códigos morais para nortear a sociedade. A religião em vez de atacar, busca conciliar religião e ciência, como se aquela dependesse desta. Assim, fica fácil para a filosofia achar-se a detentora de todo saber, se até mesmo o atual Papa crê mais na ciência e no saber filosófico que no poder de um Deus que criou todas as coisas através do *logos e deu leis imutáveis para o bem da sociedade. Se as autoridades civis e eclesiásticas assumem as interpretações filosóficas como sendo verdade inquestionáveis, imagine a sociedade como um todo? Como diz o ditado popular: “o mundo está do jeito que o Diabo gosta”!
Noé e nós
     O próprio Cristo disse: Assim como aconteceu nos dias de Noé, acontecerá nos dias próximo a minha volta. Nos dias de Noé, Deus não era mais reconhecido como o criador de todas as coisas, por isso aquela sociedade vivia segundo as pulsões de suas paixões corporais, carnais. Não é esta a situação da sociedade do século XXI? Por isso tudo, eu creio no breve retorno de Cristo para intervir nos negócios da humanidade, salvando aqueles que continuam acreditando apesar de toda epistemologia-científico-filosófica dizer o contrário!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Michel Foucault. NIETZSCHE, FREUD & MARX – THEATRUM PHILOSOFICUM. Ed. Princípio, São Paulo, 1997

Filósofo Isaías Correia Ribas