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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O MUNDO EXISTENTE E O MUNDO ESTABELECIDO



     Entende-se por mundo existente, o mundo dado. Este, é conhecido também como natureza (Physis) e/ou cosmos (ordem universal). Logo, as árvores, os insetos, a terra, as pedras, os animais, as aves, os peixes, os fungos, o homem, a mulher, a água, as estrelas, os planetas e seus satélites, as nuvens, o céu e tudo o mais que fora criado no princípio compõem o mundo existente.
     O mundo estabelecido está dentro do existente, é um mundo paralelo, cuja origem depende dos seres animados que fora dado na existência. Logo, sem o mundo existente é impossível o mundo estabelecido. O que é estabelecido, é criação dos mais diversos instintos animalescos e da inteligência humana. A casa do pássaro João de Barro faz parte do mundo estabelecido pelos irracionais, pois, sem a existência do João de Barro não haveria o estabelecimento de sua casa. E os ninhos dos pássaros, o casulo da lagarta, a teia de aranha, a casa de cupim, o buraco do tatu, a colmeia das abelhas e tudo mais que os irracionais constroem pertencem ao mundo estabelecido. Bom, já deu para compreender que todos os irracionais, por instinto, constroem um novo mundo paralelo, dentro do mundo existente. As casas e edifícios, os trens, os carros, a TV, o rádio, o celular, o lápis, a borracha, a coca cola, os deuses, a arte, a cultura, os livros e as ciências particulares, são ordens estabelecidas que compõem o mundo dos racionais dentro do mundo existente, o dado. Fazendo um juízo de valor, conclui-se que, o mundo estabelecido depende do mundo existente, logo, o mundo existente é superior ao estabelecido.
     Refletindo seriamente sobre as origens desses mundos, é sábia a conclusão que, o João de Barro nunca passou pelo estágio de ser uma minhoca, muito menos um fungo, ou um unicelular qualquer. Do mesmo modo, o jacaré nunca foi um sapo. Nem a galinha um pato ou avestruz. Mas será que a vaca e o boi já foram um bode e uma cabra, ou outros mamíferos, ou ainda, um réptil? E o homem, já fora um chimpanzé? Se nos parece impossível esses elos evolutivos, deduz-se que, a ordem existente não é produto de evoluções. Os que assim entendem e ensinam, deliram. Há Filósofos que, seguindo o raciocínio das evoluções das espécies propostas por Darwin, acreditam que a linguagem humana evoluiu de gritos e urros que exprimiam dores, chamamentos e outras expressões que tinham por objetivo dizer alguma coisa ao outro; mas a linguagem é, para o homem, o que é o cantar do calo e o mugido da vaca para eles; pertencem ao mundo existente. Logo, a ordem existente continua como fora dada no princípio. As grandes catástrofes naturais, embora tenham extinguindo grandes animais, não são fenômenos capazes de alterar o princípio genético dos seres animados.
Bíblia
     Os escritos bíblicos defendem a ordem existente, revela sua origem e seu originador. Defende que essa ordem passou a existir por vontade de um Deus que a trouxe à existência. Logo, há um Deus criador de tudo o que existe na Terra e no universo.
Filosofia
     O filósofo “sempre” foi um criador de conceitos, e os conceitos são, para os filósofos, os fundamentos das ordens cognitivas estabelecidas pelos homens e mulheres. Logo, o filósofo é aquele que busca, através dos conceitos, criar e manter o mundo estabelecido numa certa ordem lógica, mas, sem deixar de ser crítico à origem do mundo existente segundo as revelações bíblicas. Assim sendo, a filosofia cria o mundo das ilusões, da reflexão, da contemplação, das crenças, do rigor lógico e outros possíveis. Em seu afã pelo questionar, faz do rigor lógico uma arma epistemologia para negar a origem do mundo existente e seu originador. Sua única arma nessa guerra é o conceito, creem eles que o conceito é o responsável pela morte de Deus, mas o conceito não passa de uma palavra que quer negar o mundo existente. Assim sendo, o filósofo engajado nessa guerra contra a origem do mundo existente, quando ele “cria conceitos” torna-se um enganador, um falseador, aquele que, por excelência, se acha no direito de estar acima da ordem do existir tentando passar a ideia de que tudo, inclusive o mundo da existência, não vai além da existência conceitual. (nomear tudo foi a primeira tarefa de Adão e Eva assim que foram criados) Logo, o filósofo engajado é um exímio negador de Deus como O Criador do mundo existente, mesmo quando aparenta defender alguma teologia em nome desse Deus. Por isso, o que mais se vê nas mais diversas denominações e instituições religiosas (católica, protestantes e evangélicos) são teólogos que, com a bíblia em punhos, passivamente ou aos berros, negam a validade dos mandamentos e outros princípios bíblicos como sendo aplicáveis à prática cristã na atualidade, na verdade eles são discípulos dessa filosofia que não reconhece o Deus bíblico como digno de ser adorado e reconhecido como o Criador que trouxe toda natureza à existência. 
     A finalidade última da filosofia, segundo o que está explícito e implícito nas filosofias de todas as épocas é, eliminar o Deus bíblico do consciente das pessoas. Para a filosofia contemporânea, o velho Deus, como eles chamam o criador da ordem existente, morreu! Para a filosofia cosmológica, seguindo a máxima de Hesíodo, o Caos é a Gênese de tudo, por isso, para os filósofos, Deus é apenas um conceito, e, como tal, está morto. Isto é, as revelações bíblicas e seus códigos não influencia mais as pessoas a reverenciá-Lo como criador do código moral e dos bons princípios. Não será essa a causa de tanta imoralidade, crescimento da criminalidade e condutas antiéticas daqueles que detém o poder político-científico-filosófico-religioso-e-geral da sociedade contemporânea?
     Como eu havia prometido no último texto postado neste blog, vou traçar um paralelo entre a bíblia e a filosofia mostrando como, ao longo da história, a filosofia tentou eliminar Deus do consciente humano, tentando matá-Lo através da argumentação conceitual, de teorias cosmológicas com fundamentos aparentemente científicos.
White ¹
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“A história que o grande EU SOU assinalou em sua palavra, unindo-se cada elo aos demais na cadeia profética, desde a eternidade no passado até à eternidade no futuro, diz-nos onde estamos hoje, no prosseguimento dos séculos, e o que se poderá esperar no tempo vindouro. Tudo que a profecia predisse como devendo acontecer, até a presente época, tem-se traçado nas páginas da história, e podemos estar certos de que tudo que ainda deve vir se cumprirá em sua ordem”. (ASSOCIAÇÃO GERAL, P. 209)
O Rei Nabucodonosor e o Deus bíblico
     Com o declínio do poderio Assírio devido a revolta dos povos dominados, fundou-se o império babilônico (605 a 539). Foi a Assíria que destruiu o reino de Israel. Segundo Flávio Josefo, após cento e trinta anos do fim das tribos de Israel, Judá que era composto por duas tribos; devido seu afastamento das ordenanças de Deus, o Império babilônico, através de Nabucodonosor, segundo profetizara o profeta Jeremias, destruiu o templo de Jerusalém, queimou a cidade e levou-os como cativos para babilônia, alguns jovens judeus foram separados para serem educados nos costumes e leis de Babilônia. “De modo que a Judéia, Jerusalém e o templo ficaram desertos durante setenta anos e passaram-se cento e trinta anos, seis meses e dez dias, desde o cativeiro das dez tribos, que formavam o reino de Israel e o das duas outras, que formavam o de Judá”. (JOSEFO, p. 279)
Os jovens que foram levados para serem educados em Babilônia foram Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Chegando à corte do rei receberam outros nomes; lá, decidiram não se contaminar com as iguarias oferecidas aos educandos, pois, dos alimentos servidos, para os judeus, era pecado comer. Segundo Josefo, as iguarias do rei era a causa dos homens ficarem efeminados, logo, iguarias acompanhadas de bebidas alcoólicas e luxúrias, pode despertar o gosto pelo homossexualismo. (Ibid., p. 281) Assim, eles dirigiram-se ao responsável pela alimentação que lhes permitisse alimentar segundo a orientação de Deus. Propuseram um teste por dez dias, no final, se eles não fossem achados mais capacitados que os outros eles se submeteriam às iguarias oferecidas. O pacto foi firmado, e, no final do período eles foram interrogados pelo rei que os achou dez vezes mais sábios que todos de seu reino, assim, passaram a ser assistente diante de Nabucodonosor.
Um sonho perturbador    
     Nabucodonosor teve um sonho e sua interpretação da parte de Deus, mas esqueceu-os e isso o perturbou muito. Para contar-lhe o sonho e sua interpretação foram chamados todos os magos e antigos sábios de Babilônia, e, caso os mistérios não fossem desvendados todos seriam mortos. Segundo os antigos sábios nunca rei algum exigira tal coisa; mas o rei queria saber do que se tratava as perturbadoras revelações. Como os magos e sábios não foram capazes de atender as exigências do rei, foi decretado a morte de todos. Nessa, os quatro judeus também morreriam; quando Daniel soube o que estava acontecendo e o porquê de tanto alvoroço no reino, pediu um prazo ao capitão para que desse as respostas ao rei. Daniel foi para casa e contou o que acontecia a seus companheiros e convidou-os a orarem a Deus para que os ajudassem naquele negócio. Deus, em sonho, revelou a Daniel o que o rei sonhara e o que significava tudo aquilo. Daniel voltou a Arioc, o capitão, e disse estar pronto para atender o rei. Daniel foi levado até a presença do rei e contou-lhe o sonho e deu sua interpretação; assim o rei foi confortado após ser reavivado em sua mente o que sonhara e ficara feliz por Deus haver-lhe usado para revelar ao mundo o que aconteceria no futuro! Disse o rei a Daniel: “Verdadeiramente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério”. Daquele momento em diante Daniel passou a ser governador da província de Babilônia e chefe de todos os sábios, e seus amigos passaram a ser superintendentes dos negócios do rei na província.
     Passado a euforia por saber que dentre os reinos futuros ele era o principal por ser a cabeça de ouro da estátua, mandou fundir uma grande estátua de sua imagem para que todos os povos o reconhecessem como o grande rei; assim, ao som da música todos os súditos deveriam prostrar-se diante da estátua em homenagem ao rei. Foi decretado que quem não se curvasse seria morto queimado em uma fornalha. Chegou o dia D! A fornalha fora acesa e a música sou aos ouvidos de todos os presentes, os quais prostraram-se. Não demorou muito informaram ao rei que alguns judeus não obedeceram o decreto; furioso, mandou trazer os desobedientes, mesmo constatando que tratava-se dos amigos do governador Daniel, mandou aquecer sete vezes mais a fornalha, caso eles não obedecessem morreriam queimados. Disseram os jovens: “Eis que o nosso Deus a quem servimos, pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei”.
Assim, tocou-se a música mais uma vez e todos os súditos curvaram-se, porém, os jovens judeus permaneceram de pé; ao fim do som, foram lançados na fornalha; os que os lançaram morreram por causa do calor; quando o rei olhou para dentro da fornalha viu quatro pessoas passeando no meio do fogo; atônito! Disse: “Nenhum dano eles sofrem; e o aspecto do quarto homem é semelhante a um filho dos deuses”. Então, clamou o rei! “Sadraque, Mesaque e abednego, servos do Deus altíssimo, saí e vinde”! E eles saíram ilesos. Diante desse milagre, Nabucodonosor faz um novo decreto: “Que todo o povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar dessa maneira”. Em Daniel 4: 27 há um conselho de Daniel ao rei Nabucodonosor para que ele reconheça na pratica política a existência de um Deus que é Rei do universo, e, como tal, ama a todos e quer salvá-los. “Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e as tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, se, porventura, se prolongar a tua tranquilidade”.
     Com a morte de Nabucodonosor, seu filho/neto Belsazar assumiu o trono. Como qualquer pessoa que assume o poder político, ele achou-se no direito de zombar dos judeus bebendo vinho nas taças sagradas que seu pai/avô trouxera de Jerusalém. Entre aquela urgia que ele promovera, o Deus que tem existência-em-si, visitou-o como fizera a seu avô escrevendo em língua estranha o fim do reinado de Babilônia. “MENE, MENE, TEQUEL, URFARSIM. Tradução feita por Daniel ao rei que estava espantado com a escrita na parede do palácio. MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou; TEQUEL: pesado foste na balança, e foste achado em falta; UFARSIM/PERES: dividido está o teu reino e entregue aos Medos e Persas. Após sete anos findou o Império babilônico, os Medos e Persas derrubaram o reinado de Belsazar. E Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e dois anos de idade.
     No reinado de Dario, cento e vinte sátrapas foram eleitos para que estivesse sobre todo o reino e três presidentes sobre eles, Daniel era um dos três presidentes. Mas Daniel destacava entre os três por sua sabedoria, foi então que os liderados bolaram um plano para que Daniel fosse morto. Sem que Daniel soubesse conseguiram fazer com que o rei decretasse que, qualquer pessoa que fizesse algum pedido a outro Deus que não ao rei, esse fosse lançado na cova dos leões. O decreto foi feito, Daniel foi pego orando ao seu Deus, e, como o decreto do rei não podia ser quebrado, com pesar, Dario fez cumprir o decreto lançando Daniel na cova dos leões dizendo o seguinte: “O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará”.  Triste o rei foi para seu palácio, lá, jejuou e orou para que o Deus de Daniel o livrasse! No dia seguinte, logo bem cedo, Dario foi à cova e chamou por Daniel e ele respondeu: “Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum; porque foi achado em mim inocência diante dele e também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum”. Então, o rei deu ordem para que fossem laçados os acusadores, suas mulheres e filhos na cova dos leões e todos foram mortos. Assim, o rei fez mais um decreto para todo o seu domínio que, “os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará até o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões”. “Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa”.
Filosofia da natureza
     Enquanto no palácio do domínio persa, o rei, governos, sátrapas e assistentes, estavam sendo conscientizados, que há um rei soberano que está acima da vida e do universo; nas ilhas gregas, surgia os primeiros questionadores desse Deus do universo. É o nascimento da filosofia; para a filosofia, Deus e os deuses são a mesma coisa, criações conceituais dos homens, componentes cognitivos do mundo estabelecido. O objetivo da filosofia da natureza é construir um novo conhecimento sem a intervenção cognitiva de Deus dos deuses, um conhecimento estritamente antropocêntrico. Um conhecimento cuja verdade esteja centralizada na verificação sensível. Isto é, a verdade tinha que ser percebida, vista, apalpada, comprovada. O que está além disso é efêmero, ilusão. Esse espírito filosófico está presente em todas as filosofias, mesmo quando os filósofos falam em nome de um Deus ou dos deuses. Logo, não é por acaso que os grandes filósofos são, também, grandes teólogos. Porém, especificamente, os filósofos da natureza são essencialmente ateus. Eles não tinham razão alguma para crer em Deus e muito menos em deuses, eles perceberam a batalha travada entre o Deus de Daniel e os deuses babilônicos, não tinham outra saída, tinham que ser ateus se quisessem encontrar um lugar à sombra no mundo que se estabelecia naquela época. E assim, a filosofia começou sua caminhada epistemológica, questionando, forçando para abrir caminhos nessa guerra entre o que existe e o que é estabelecido. A ferramenta da filosofia é a argumentação coesa, fechada conceituadamente, só assim ela poderia impor-se como dona da razão através da argumentação lógica.
     Os primeiros filósofos lançaram a base fundamental da pesquisa científica, as hipóteses. Muitas de suas questões hipotéticas continuam como hipótese até hoje, isso se dá porque elas são questões que levantaram problemas cosmológicos, como por exemplo: De onde surgiu a vida? Ainda hoje, sobre a origem da vida e do universo, a ciência e a filosofia continuam sem respostas antropocêntricas à humanidade.
Primeiras hipóteses filosóficas
     Os filósofos Pré-Socráticos, em oposição aos relatos bíblicos, partem da premissa de que o Mito de Hesíodo (Caos) expressa a realidade que deve ser investigada. Tales de Mileto (625/4-558 a, C.), foi o primeiro filósofo que surgiu no Ocidente, ele investiga a origem da vida a partir da água ou da umidade. Sua hipótese foi concluída e negada por seu discípulo Anaximandro. (Pré-Socráticos, p. 5)
     Anaximandro de Mileto (610-570 a. C.). Foi discípulo de Tales, geógrafo, matemático, astrônomo e político. Para ele, o ápeiron, (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas existentes. “Diz que este não é a água nem algum dos chamados elementos das coisas existentes, mas alguma natureza diferente, ilimitada, e dela nasce os céus e os mundos neles contidos”. [...] Anaximandro, nega a hipótese de seu mestre Tales e se aproxima mais de Hesíodo. (Ibid., p. 15)
     Anaxímenes de Mileto (585-528/5 a. C.), discípulo e continuador de Anaximandro – Dedicou-se à meteorologia, foi o primeiro a afirmar que a lua recebe luz do sol, é considerado a figura principal da escola de Mileto. Para ele, ilimitado é o ar. E ar e espírito são a mesma coisa. Para ele tudo é a mesma coisa; a diferença está no processo: ora é rarefação, ora condensação. “Rarefazendo-se, torna-se fogo; condensando-se, vento, depois, nuvem, e ainda mais, água, depois terra, e as demais coisas provém desta. (Ibid., p. 51) Então, segundo Anaxímenes, o ápeiron de seu mestre Anaximandro é o ar. Anaxímenes quer nos convencer de que o mito de Hesíodo seja uma premissa verdadeira e as revelações bíblicas, premissas falaciosas.
     Os pitagóricos de Samos, são os primeiros a desfocar a filosofia da natureza, focando-a nas palavras, fazendo da dialética um fundamento filosófico. Suas doutrinas filosóficas são obscuras. Para compreendê-las é preciso partir do pensamento da escola de Eléia. “Como é possível uma pluralidade? Pelo fato de o não-ser ter um ser. Portanto, identificam o não-ser ao Àpeiron de Anaximandro, ao absolutamente indeterminado, aquilo que não tem nenhuma qualidade; a isso opõe-se o absolutamente Determinado, o péras. Mas ambos compõem o Uno, do qual se pode dizer que é par e ímpar, delimitado e ilimitado, inqualificado e qualificado”. [...] Todo esse jogo de palavras por parte dos pitagóricos, tinha a intensão de dizer que o número é a essência própria das coisas. (Ibid., p. 55) Para os eleatas: “Nela vemos o pensamento tornar-se ele mesmo livre para si mesmo – Nisto que os eleatas enunciam como o ser absoluto, captando para si o pensamento e o movimento do pensamento em conceitos. Encontramos aqui o começo da dialética, isto é, o começo do puro movimento do pensamento em conceitos; e com isto a oposição do pensamento e parecer ou do ser sensível” – [...] O esforço filosófico aqui apresentado, tem a intenção de passar a ideia de que o Deus bíblico é apenas um verbo que pode ser conjugado em todos os tempos, tanto no singular como no plural, que esse Deus não vai além de um conceito; que Deus não é um ser de existência em si, capaz de criar alguma coisa, a vida, o universo e mantê-los pelo com Seu poder. O movimento conceitual é defendido por Heráclito: Tudo é movimento, são e não são concomitantemente, ele não está falando dos seres que existem nos mundos da existência e do estabelecido, mas do pensamento que tem essa capacidade de articulação, de criar a partir do pensamento expresso em palavras. Será que a filosofia não está perdida em seus pensamentos? As palavras compõem signos e os signos têm que remeter a uma realidade do mundo existente ou do estabelecido, se isso não for possível, para nada servem as palavras, fica impossível a comunicação; assim sendo, ainda hoje o mundo é entendido por semelhança. Isto é, as palavras compõem os signos que remetem aos mundos que os representam. Logo, nem tudo é conceito, conceitos são apenas as palavras, e estas não têm o poder de anular os mundos; muito menos o Ser Em Si que trouxe tudo à existência.
     Para Epicuro (341-270 a.C.), "nada existe a não ser os átomos e o vazio na qual se movem; a alma, como tudo o que existe, é formada de átomos materiais; tudo o que acontece no mundo deve-se às ações e interações mecânicas dos átomos". 
     Parmênides de Eléia se opõe a Heráclito de Éfeso filosofando assim: O ser é. O não ser não é e não poder ser. Se ambos fossem concomitantemente seria uma contradição. Logo, a filosofia conceitual e da linguagem, não tem o poder de anular os mundos, nem os deuses do mundo estabelecido, muito menos o Deus revelado na bíblia, como querem os filósofos antigos e contemporâneos.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia. Tradução: João Ferreira de Almeida. Ed. Imprensa Bíblica Brasileira. Daniel, capítulos: 1; 2; 3; 4; 5 e 6
FLAVIO JOSEFO. História dos Hebreus V. II E III. Ed. Das Américas - São Paulo
NIETZSCHE. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. 1978
OS PRÉ-SOCRÁTICOS. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. 1978
PRINCÍPIOS DE VIDA. Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Ed. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí – São Paulo. 1988