Pesquisar este blog

domingo, 28 de dezembro de 2014

FILHOS DE DEUS E FILHOS DOS HOMENS


     Caim, após matar seu irmão Abel, teve um diálogo com Deus que, prometera que ninguém o mataria por vingança; saindo da presença do senhor foi para a banda do oriente do jardim do Éden, habitando a terra de Node, conheceu sua mulher e teve um filho que o chamou Enoque e construiu uma cidade com o nome de seu filho. Os filhos de Caim passaram a ser chamados de filhos dos homens porque eles viveram ignorando as instruções de Deus. Assim, alguns homens passaram a ter mais de uma mulher, instituindo a bigamia e a poligamia; outros, tornaram-se nômades criadores de gados; uns, artífices em inventar instrumentos de som; alguns, peritos em fabricar ferramentas e armas cortantes de ferro e cobre, outros, a exemplo de Caim, eram briguentos e assassinos.
     Adão e Eva tiveram outro filho à semelhança de Abel que fora assassinado e chamou-o Sete. E Sete teve um filho de nome Enos. Nesse tempo começaram a invocar o nome do Senhor. Adão viveu novecentos e trinta anos e gerou filhos e filhas. Os descendentes de Sete representavam os filhos de Deus, aqueles que acreditavam na promessa de que Deus, salvaria os que cressem em Sua palavra. Nesse período, os filhos dos homens e os filhos de Deus se aproximaram: vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, deram-se em casamentos. Assim, a corrupção sensual tornou-se generalizada sobre a terra de tal modo que, todos casavam-se davam-se em casamentos, isto é, a fidelidade não fazia mais sentido; a moral e o temor a Deus “acabaram”; a poligamia, o homossexualismo e a violência eram práticas comuns, tudo se corrompera. Quando Noé nasceu, segundo a genealogia bíblica, havia se passado aproximadamente mil anos. Então, deduz-se, que Adão e outros homens de fé vivenciaram a degeneração da fé do povo. Quando Noé tinha quinhentos anos Deus achou-o justo, um homem temente ao criador. Noé foi o único que continuou temente a Deus naqueles dias; por isso, Deus comunicou-lhe que havia se arrependido de ter criado o homem e ia destruir tudo o que criara; deu cento e vinte anos de graça para Noé convencer o povo que chegara o fim e porquê Deus decidira pôr fim àquela geração. Mas Deus estava disposto a dar mais uma oportunidade recomeçando tudo novamente, caso alguém cresse, era só, no dia determinado, entrar no barco que ele começara a construir. Aos quinhentos anos de idade Noé e sua esposa começaram ter seus filhos Sem, Cão e Jafé. Quando ele tinha seiscentos anos aconteceu o dilúvio, catástrofe que se deu no final da primeira metade do século dezessete após a criação. Porém, ninguém, além da família de Noé, aceitou o convite para entrar no barco, o dia determinado era sete dias antes do dilúvio. Os animais, segundo Deus orientara e especificara a Noé, entraram. Quem não entrou pereceu nas águas do dilúvio que, além de matar, deformara a beleza primeira que era o planeta Terra, beleza composta de pedras preciosas que estavam expostas sobre a terra, as quais foram escondidas nas profundezas de seu seio. Os belos vales e planos verdejantes que embelezavam o planeta foram substituídos por depressões bruscas, altos picos e montanhas, que, à ação das chuvas, ainda hoje, matam através dos deslizamentos de suas encostas, violentos rios e mares que, além de fornecer alimento, tragam muitas vidas que aventuram enfrentá-los. Com o soterramento de todo composto orgânico de maneira brusca, temos hoje as grandes minas de energia fóssil, as petrolíferas espalhada por todo o planeta. O planeta que habitamos hoje é o pós-diluviano. Se fizermos uma análise social da atualidade, perceberemos facilmente que estamos chegando à mesma degradação moral, ética, política e religiosa dos antediluvianos.
O Velho e o Novo mundo
     O reinício deu-se com quatro casais: Noé, sua esposa e seus filhos com suas companheiras. Essa família tinha muitas histórias para contar aos seus descendentes. O velho mundo que acabara de ser destruído estava vivo em suas mentes. Sabiam que Deus contava com eles para que o novo mundo não descambasse tão cedo para a infidelidade; a família tinha que ser educadora para que o propósito de Deus fosse alcançado. Assim que a terra secou, Noé construiu um altar e ofereceu um sacrifício em gratidão pela salvação de sua família. Terminando o sacrifício, Deus fez-lhe uma promessa: “Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer. Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”. Em seguida plantou Noé uma vinha. Quando o vinhedo produziu ele fez vinho, contente, bebeu tanto que embebedou-se ao ponto de ficar nu dentro de sua tenda; Cão, seu filho mais moço, viu a situação do pai e contou a seus irmãos. Assim que Noé ficou sóbrio soube do ocorrido, por isso amaldiçoou Cão dizendo que sua descendência seria serviçal das descendências de seus irmãos Sem e Jafé. Dos filhos desses quatro casais e sua descendência todo o planeta foi habitado. Quanto mais distante estavam da catástrofe diluviana e das testemunhas oculares, mais difícil ficava para continuar crendo que as coisas ocorreram como contavam, por isso, alguns começaram planejar meios para sobreviver caso ocorresse outra.  Dessa desconfiança, a fé em Deus começou a minar; embora Deus houvesse prometido que jamais destruiria a terra com novos dilúvios, alguém ousou duvidar, a partir dessa dúvida planejaram construir uma torre tão alta que servisse de abrigo caso outro dilúvio ocorresse. Assim, todos os povos de várias partes se juntaram para a construção. Quando já estava adiantada a obra, Deus interferiu, pois esta, era um símbolo da descrença; Deus dividiu o único idioma existente até então, criando outros entre os construtores. Com a confusão causada pela falta de entendimento a obra foi interrompida. Assim, os que se entendiam, juntaram-se e formaram povos diferenciados pelo idioma. Eis a origem da diversidade de línguas estrangeiras no planeta.

GRAMATOLOGIA COMO CIÊNCIA POSITIVA

     Neste trabalho de conclusão da disciplina, “Seminários Avançados de Estudos Pós-Graduados”, analisarei a problemática que é, para a filosofia da linguagem, encontrar a origem da fala, dos alfabetos e dos sons fonéticos; elaborando assim, uma escritura filosófico-científica sobre suas origens, sem interferência do logocentrismo e do próprio conceito de ciência que está inserido na história linear apresentado nas escrituras bíblicas. Este projeto de pesquisa está limitado ao capítulo: “Da Gramatologia Como Ciência Positiva”, do livro, GRAMATOLOGIA, de Jaques Derrida.   
A gramatologia como ciência positiva abala dois conceitos: o logocentrismo e o de ciência, pois, ambos coincidem com o linear histórico. Então, em que condições a gramatologia é possível? Sob a condição de saber o que é a escritura e como se regula a plurivocidade deste conceito. Onde começa a escritura? Quando começa a escritura? Onde e quando o rastro, escritura em geral, raiz comum da fala e da escritura se comprimem como “escritura” no sentido corrente? Onde e quando se passa de uma escritura a outra, da escritura em geral à escritura em sentido estrito, do rastro à grafia, depois, de um sistema gráfico a outro, e, no campo de um código gráfico, de um discurso gráfico a outro, etc.? (DERRIDA p. 91)
Onde e quando começa?
     Ora, que não haja origem simples, pois esta, conduz a uma metafísica da presença, há um logocentrismo. As questões devem ser postas de outro modo. “Onde” e “quando” pode-se abrir questões empíricas como: quais são os lugares e os momentos determinados dos primeiros fenômenos de escritura, na história e no mundo? As respostas às questões devem superar o logocentrismo e a ciência da história linear, focando nas pesquisas dos fatos. Isto é, a que foi praticada até hoje por quase todos os arqueólogos, epigrafistas e pré-historiadores que interrogam as escrituras do mundo. (Ibid. p. 92)
O que é o rastro?
     O rastro não é nada, não é um ente e nem uma essência. Excede a questão: o que é? E a possibilidade de ser uma metafísica, uma ontologia e transcendentais. A escritura histórica tem um interesse científico pela escritura que tenha sempre a forma de uma história da escritura que descreva apenas os fatos que tenham sentido.¹
_______________
¹ O trabalho crítico progride por etapas e pode-se reconstituir posteriormente a sua estratégia. Vence inicialmente o preconceito “teológico”: é assim que Fréret qualifica o mito de uma escritura primitiva e natural dada por Deus, tal como a escritura hebraica para Blaise de Vigenére; em seu traité des chifres ou secretes manières d’escrire (1586), diz que tais caracteres são “os mais antigos de todos, e mesmo formados pelo próprio dedo do Soberano Deus”. Sob todas as suas formas, quer sejam manifestas ou sorrateiras, esse teologismo, que na verdade não é preconceito e é mais do que isto, constituiu o obstáculo maior a toda gramatologia. Nenhuma história da escritura podia conciliar-se com ele.
Para que esse projeto fosse realizado os alfabetos hebreu e grego que influenciara os ocidentais teriam que ser descartados. “Não se aceita a história do alfabeto antes de se reconhecer a multiplicidade dos sistemas de escrituras e de se lhes designar uma história, quer se esteja ou não capacitado a determina-la cientificamente”. (Ibid. p.94)
Os interessados nesse projeto científico de escritura viram na escritura chinesa uma possibilidade de universalizar toda escritura. Se foi possível, pensão eles, a universalização da matemática, por que não, também, a escritura? “Todos os projetos filosóficos de escritura e de linguagem universais, pasilalia, poligrafia, pasigrafia, chamados por Descartes, esboçados pelo padre Kicher, wikins, Leibniz, etc., encorajaram a ver na escritura chinesa, que então era descoberta, um modelo de língua filosófica assim subtraído à história”. Descartes apoiou com ressalvas a praticidade desse projeto e até a impossibilidade uma gramática universal.
Logocentrismo absoluto
     Esse projeto científico de escritura filosófica será possível se, na prática, anular o logocentrismo ou o absoluto Deus que está implicado em toda história cultural do Ocidente e de outras regiões do planeta. Caso isso não seja possível, procurar outros caminhos para anular Deus do subconsciente dos diferentes povos. Sendo isso possível, o caminho estará livre para a escritura filosófica se estabelecer como ciência arqueológica pura, impondo, assim, a todos os povos essa nova visão das origens da fala e dos alfabetos que representam, nas diversas formas de escrituras, suas falas.² Ainda hoje há grupos que se comunicam através da fala, porém, ainda não desenvolveram uma escritura ou alfabeto para registrar suas falas culturais.
________________  
² Pois se para as palavras primitivas cada um se servir das de sua língua, é verdade que não terá muito trabalho, mas em compensação será entendido apenas por seus conterrâneos, a não ser que o faça por escrito, quando quem desejar entende-lo terá o trabalho de procurar todas as palavras o dicionário, o que é por demais enfadonho para se esperar que se faça usual ... Portanto, toda utilidade que vejo poder sair dessa invenção é para a escritura: a saber, que ele fizesse imprimir um grosso dicionário em todas as línguas em que desejasse ser entendido, e para cada palavra primitiva pusesse caracteres comuns, que respondessem ao sentido e não às sílabas, como um mesmo caráter para amar, amare; e quem tivesse esse dicionário e soubesse a sua gramática poderia, procurando um por um, todos esses caracteres, interpretar em sua língua o que estaria escrito. Mas isto seria bom apenas para ler mistérios e revelações; pois, para outras coisas, seria necessário que não se tivesse quase o que fazer, para se dar o trabalho de procurar todas as palavras num dicionário, e assim não vejo muito uso para isto. Mas pode ser que me engane. DESCARTES (Ibid. p. 95)
Conclusão
     Os primeiros trabalhos arqueológicos ainda buscavam uma confirmação teológica, tinham uma teleologia; algo que se encontra sem precisar cavar tão fundo. Mas, para o projeto científico de escritura filosófica que se pretende, as escavações têm que ultrapassar a história linear, logocêntrica e etnocêntricas que estão nas primeiras camadas geológicas, é preciso chegar ao antes de se ter estabelecido o logocentrismo ou o Deus que criou todas as coisas por sua palavra; para isso, a que se cavar bem mais fundo, talvez precise de novas técnicas de escavações para acelerar o trabalho que precisa ultrapassar as camadas arqueológicas que estão próximas à crosta para ir além do que se conheceu até hoje. Então, entende-se, que as questões postas, e, não respondidas neste trabalho se dê em virtude das escavações profundas ainda não terem concluídas.  Enquanto essas escavações avançam, se é que elas existem e as pesquisas espaciais continuem em busca do elemento originador da vida, os escritos bíblicos vão sendo postos em descredito por cientistas, filósofos e religiosos; Para eles, independente do meio utilizado, o Deus explícito nos escritos bíblicos, tem que ser eliminado do consciente e subconsciente da humanidade. Uma vez feito isso, o caminho para se estabelecer a versão humana sobre as origens estará livre.
O Papa Francisco com suas declarações se posiciona mais a favor da ciência que das escrituras bíblica: "A ciência da evolução está em harmonia com a bíblia". "A história sobre Adão e Eva não é verdadeira". Então, entende-se, que, para o Papa, Deus é apenas um conceito que deu certo para a arte de dominar as massas para a escravidão, a ignorância e o engano. A história da igreja não nega suas pretensões.

Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA. Capítulos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Imprensa Bíblica Brasileira
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Ed. Perspectiva – São Paulo, 2013