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sábado, 31 de maio de 2014

"FUNÇÃO DO VESTIR-SE"



     Segundo a bíblia, antes do homem pecar suas vestes era de “luz” (Gênesis 3: 7 e 21). Com o pecado toda a natureza e o tempo foram alterados, o mal que Satanás causara aos anjos no céu, chegara ao planeta Terra, e o homem, semelhante aos anjos caídos, passaram a conhecer também o mal. Não sei o que era, mas, além de cobrir a nudez, havia algo nas vestes que diferenciava o homem da mulher. A nudez do homem e da mulher, segundo a bíblia, não pode ser exposta pelos adoradores. “Também não subirás ao meu altar por degraus, para que não seja ali exposta a tua nudez” (Êxodo 20: 26). No vestir-se, também, é um meio de identificar o sexo oposto. Não sei como e nem porque, mas é, segundo a bíblia, abominação ao senhor não cuidar-se de como vestir-se. “Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem vestido de mulher, porque quem faz isto é abominação ao Senhor teu Deus” (Deuteronômio 22: 5).
     Cada cultura veste-se segundo sua tradição. Mas há tribos, onde todos, homens e mulheres andam nus. As vestimentas dos dias de Cristo, também, apesar de haver semelhanças, havia algo que diferenciava o homem da mulher. Mas todos concordam que o principal propósito do vestir-se é cobrir a nudez e proteger o corpo das intempéries dos climas. Cristo vestiu-se segundo a cultura dos judeus e trajou-se como homem. O vestir-se até os dias de Cristo tinha como função principal cobrir a nudez e não expor a sensualidade, por isso, homens e mulheres vestia-se de túnicas. Mas havia algo que diferenciava os gêneros, talvez a tonalidade ou algum outro adereço.
     O argumento atual defende que a cultura mudou, ou evoluiu, e o vestir-se tem outras funções além de cobrir a nudez e proteger o corpo. Atualmente a função principal do vestir-se é expor a sensualidade, e, tanto os homens como as mulheres buscam expor sua nudez através do vestir-se. Independente de estar usando uma calça ou um vestido, o que queremos é expor a sensualidade, mostrar as formas de nosso corpo para atrair o outro ou simplesmente para mostrar-se. Mas, segundo a bíblia os adoradores não devem expor sua nudez. Mas, se o viver do cristão é ser semelhante a cristo, há algo de errado com essas novas teses quanto ao vestir-se para honra e glória de Deus. Para a mulher cristã da atualidade, o vestir-se com trajes “masculinos” é normal, e muitas fundamentam suas teses em Cristo que se vestia de túnicas semelhante as das mulheres, embora sendo homem. E assim, as mulheres trocaram seus lindos vestidos pelo modelo masculino, e todas, independentemente de sua religião acostumaram em não levar em conta o conselho divino; mas a intenção dessa tese é que a calça, embora cubra e proteja todo o corpo, ela veste melhor, mas o que querem mesmo é expor melhor a sensualidade. Só falta agora os homens começarem achar normal e começar a trajar-se de vetes femininas, achando que Deus não está preocupado com o modo de vestir-se de seus seguidores. Já pensou no escândalo que seria se os pastores e cantores começassem a pregar vestidos com trajes femininos? Podes crer, há um fermento estranho controlando os novos trajes das mulheres e homens “cristãos”.
Um ponto sobre o qual cumpre instruir os que abraçam a fé é o vestuário – assunto que deve ser cuidadosamente considerado da parte dos recém-conversos. Revelam vaidade no tocante à roupa? Acariciam o orgulho do coração? A idolatria praticada em matéria de vestuário é enfermidade moral; não deve ser introduzida na nova vida. Na maioria dos casos a submissão às reivindicações do evangelho requer uma mudança decisiva em matéria de vestuário.
As palavras das Escrituras Sagradas, referentes a vestidos, devem ser bem meditadas. Importa compreender o que seja agradável ao Senhor até em matéria de vestuário. Todos os que sinceramente buscam a graça de Cristo, hão de atender a essas preciosas instruções da palavra divinamente inspirada. O próprio feito da roupa há de comprovar a veracidade do evangelho. (White p. 393 e 394)
O modo de ser revala o grau de conversão.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: WHITE, G. Ellen. Testemunhos Seletos V. II. Ed. Casa Publicadora Brasileira – Santo André – São Paulo – 1985.

terça-feira, 20 de maio de 2014

PADRES, PASTORES E LÍDERES RELIGIOSOS VESTEM-SE DE FILÓSOFOS PARA ENGANAR


     O homem é finito. O universo é infinito. O homem, apesar de sua finitude é um organismo vivo no planeta terra, que está inserido no universo e além de tudo é inteligente, em meio a outras formas de vidas sem inteligência semelhante. A Terra é um pequeno planeta do infinito universo. Até onde conseguimos chegar com nossa finita epistemologia (conhecimento), não conseguimos ter certezas de outras formas de vida no universo. Por isso, a milenar indagação: De onde viemos? Continua atual. No planeta Terra tem vida e até onde sabemos, não há, nos outros planetas de nossa galáxia nenhuma forma de vida. Então, apesar de haver no infinito universo uma ordem cosmológica, não é esta ordem que tem vida em si mesmo. E, por que só no planeta Terra há condições para o nascimento, desenvolvimento, reprodução das diversas formas e espécies de vida? Então, ordem “natural”, orgânica, física, matemática, geométrica e cósmica, sem um Ordenador Superior, não são, por si só, capazes de gênese alguma, pelo contrário, cada um (a) cumpre com a finalidade que fora idealizado pelo Ordenador Superior. Por isso, ignorar verdades absolutas em um universo infinito e eterno, onde tudo que há continuam eternamente seguindo as determinações traçadas pelo Ordenador de tudo, não é uma sábia conclusão e muito menos lógica, mas apenas delírios subjetivos. A bíblia é a única fonte de verdades absolutas dadas à humanidade, porém, esta se firmou como verdade absoluta no Ocidente, no entanto, há outras fontes de verdades absolutas em outras regiões do planeta. Os discursos científico e filosófico são fontes de conclusões subjetivas; quando opiniões subjetivas são justificadas e fundamentadas passam a ser conhecimento, caso contrário não vão além de opiniões. Entende-se por verdade subjetiva a verdade do sujeito. Logo, são apenas verdades temporais, e, como tais são incapazes de anular o que é absoluto; são uteis para esta vida, porém, inúteis à eternidade e como adquiri-la.  Para quem conhece filosofia e a bíblia é simples concluir que este embate nem sempre ficou no mundo das ideias. Pelo contrário, não poucas vezes, na história da humanidade, houve muito derramamento de sangue por causa dessa intensão de anular a influência bíblica no comportamento humano. Isso se deu no mundo antigo antes de Cristo, no início do cristianismo, ao longo da Idade Média, Moderna e Pós-moderna, e está profetizado no Apocalipse que se dará no futuro.
Bíblia:
     A bíblia é um livro de leitura simples. Relata a história de como tudo veio existir, a entrada do mal e a formação de seu império na Terra; mostra também como livrar-se das amarras desse império que quer ter todas as pessoas como súditas. A estratégia para esse império se concretizar é fazer com que o conhecimento da verdade absoluta não alcance as pessoas, levando-as a duvidarem, e, se possível, negarem seu propósito para a humanidade. Pois, somente assim o império do mal sairá vitorioso na estratégia de enganar as pessoas, ofuscando o caminho de retorno ao Éden original que o império do mal destruiu temporariamente. A bíblia é o livro que demorou mais tempo para ser concluído. Começou por volta de 1500 a. C. terminando no ano 100 d. C.. Grande parte de seus escritos foram revelados aos profetas. A narrativa que marca as páginas bíblicas é a história literal e espiritual dos Hebreus-Israel-e-Judeus e a passagem do Cristo que veio mostrar o amor de Deus à humanidade; com Seu sacrifício, ressurreição e retorno ao céu abriu a porta do caminho de retorno ao Éden. Há significativas profecias, são estas que nos garante que o livro é de origem divina. Seus quarenta autores de diferentes culturas e níveis sociais foram instrumentos divinos para escrever as verdades absolutas do Criador do universo. É o livro mais vendido e lido do planeta. Logo, não é por acaso que os autores das verdades subjetivas e temporais já fizeram de tudo para inutilizar sua influência à humanidade. Os mais profundos pensadores do antropocentrismo sempre se inspiraram nos conceitos bíblicos, distorcendo-os com o intuito de destruí-la, a maioria deles se utilizam do conceito Deus para eliminar sua influência entre os homens. Mas todos aqueles que se levantaram como pessoa ou instituição para enganar utilizando-se dos escritos bíblicos seu sucesso é apenas temporal, e, sem sobra de dúvidas cairão para nunca mais se levantar, até porque, toda a história do pecado chegará, muito em breve, ao fim. Por isso, todo parecido sucesso antropocêntrico são temporais, passageiros. A longanimidade divina permite todos esses abusos para que não haja desculpas no dia do julgamento. A salvação oferecida na bíblia é para todos, e, não existe pecado que através de um arrependimento honesto não seja alcançado pelo amor de Deus. O único problema é que Deus não se deixa enganar e nem escarnecer, por isso, todo aquele que nasce para o reino de Deus têm prazer de viver segundo as orientações bíblicas, pois, somente assim pode ser moldado para a salvação e vida eterna. Qualquer leitor mediano que queira alcançar a salvação oferecida na bíblia é capaz de compreendê-la, pois, o mesmo Espírito que inspirou seus autores ajudará em sua compreensão. Deus em sua grande misericórdia disponibilizou aos estudiosos da bíblia da Idade Contemporânea o Espírito de Profecia para lançar mais luz entre as trevas que o racionalismo científico-filosófico lançara aos seus escritos. Então, àqueles que queiram realmente entendê-la, está à disposição de todos os escritos da profetisa Ellen G. White (1827-1915). É uma luz menor para iluminar a mente de quem deseja compreender a grande luz contida na bíblia
Filosofia:
     Os questionamentos filosóficos começaram no século VI a. C.. Os filósofos da natureza eram ateus declarados. Queriam eles provar através da natureza que o Deus bíblico e os deuses mitológicos dos gregos não eram a melhor coisa que poderia existir como fundamento de todo acontecimento e conhecimento da época. Por isso resolveu-se criar um novo tipo de conhecimento, o antropocêntrico e/ou subjetivo. Nessa nova epistemologia em formação, Deus e os deuses não eram bem vindos. A razão seria seu fundamento e não os deuses.
Reflexão sobre Verdade absoluta e verdade subjetiva:
     Nesse primeiro embate a filosofia ainda não existia. Ele se deu entre a fé de Abel na verdade absoluta e o racionalismo subjetivo de seu irmão Caim. Naquele momento nascia o culto à natureza como a grande provedora de tudo. Abel creu segundo seus pais lhe ensinaram. (Perdemos o direito de viver no Jardim do Éden, só podemos contempla-lo, mas, se seguirmos conforme Deus nos orientou, poderemos voltar de novo ao Éden). Por hora, para não esquecermos que haverá um libertador da parte de Deus, temos que manter vivo entre nós a Sua promessa, e, para que isso seja possível temos que matar um cordeiro todos os dias, esse sacrifício mostrar-nos-á as consequências e a única solução para o pecado. Logo, os sacrifícios do Antigo Testamento era uma didática divina que preparava a humanidade para reconhecer O Salvador que viria morrer para salvar aqueles que nele crescem. Por meio dessa prática a graça divina salvara todos os que creram na promessa e salvará os que crerem no sacrifício do filho da promessa feito na cruz do calvário! Quando Caim questionou seu irmão Abel porque trouxera a oferta sacrifical segundo as orientações divinas e ele, segundo o seu entendimento trouxera frutos da natureza, sentira um vazio, Deus desaprovou sua atitude ante Suas orientações; Caim voluntariosamente rejeitara o convite divino de repensar sua atitude e arrepender-se, preferindo continuar em sua rebeldia, assim, matou seu irmão Abel. Após o assassinato abandonou o convívio entre sua família que fazia a vontade de Deus para criar outra família segundo sua vontade pessoal; Sem Deus em sua mente, caíra no vazio, esse niilismo levou-o a criar deuses para si e sua descendência para preencher o vazio que o pecado causara. É o nascimento do politeísmo, Caim criou deuses segundo as formas da natureza e dos astros celestes, buscando preencher as lacunas que sua desobediência provocara.


Não desejando conservar a Deus em seu conhecimento, logo vieram a negar Sua existência. Adoravam a Natureza em lugar do Deus da Natureza. Glorificavam o Gênio humano, adoravam as obras de suas próprias mãos, e ensinavam seus filhos a curvar ante as imagens de escultura.
Nos campos verdejantes, e à sombra das esplêndidas árvores, erigiam os altares de seus ídolos. Bosques extensos, que conservavam a folhagem durante o ano todo, eram dedicados ao culto dos deuses falsos. [...] (WHITE, G. Ellen. Patriarcas e Profetas, P. 88 – O Dilúvio)
 

Com o entardecer da história, entre outros acontecimentos significativos para a humanidade, o racionalismo politeísta se aperfeiçoou na idolatria; por volta do século doze antes de Cristo, os deuses, com os gregos, por meio dos poetas alcançaram forma humana e um conto ou mito; as epopeias de Homero é o maior exemplo. Para alguns estudiosos, Homero nunca existiu, é apenas como mito. E, no século oito a. C., com Hesíodo, os deuses ganharam uma origem (teogonia) e templos. Era a instituição da mitologia grega.

1° Embate entre crenças e filosofia:
     Os primeiros filósofos eram ateus declarados. Seu espírito era o mesmo de Caim: duvidar do Deus dos hebreus e dos deuses gregos, a essa altura da história os homens já se achavam capazes de provar de algum modo racional a não existência de um Deus criador segundo ensinava os judeus e dos próprios deuses e mitos gregos. Como Caim, na natureza deveria conter resposta para todas as dúvidas. Nascem nesse momento as teses hipotéticas, é o homem em busca de suas verdades para anular de uma vez por todas a verdade absoluta segundo ensina a bíblia. Por dois séculos várias hipóteses foram levantadas pelos Pré-Socráticos, mas, mais uma vez as pretensões de verdades subjetivas caem por terra. A única certeza que eles concluíram é que tudo no universo está em movimento.
2° Embate:
     Estamos no período Clássico da filosofia (IV a. C.). O espírito filosófico se reorganiza para a batalha. Já que não se pode vencer pela rivalidade declarada, vamos minar por dentro, isto é, vamos destruir as crenças e a fé em Deus fingindo crer em Deus segundo os judeus. Quanto à mitologia, tudo bem, ela já é uma criação antropocêntrica, logo, nossa aliada. Vamos focar nosso embate contra os princípios bíblicos dos judeus, se conseguirmos anulá-los, o mundo será nosso. Então, agora entendemos porque Sócrates elegeu pra si um deus e se denominou propagador desse deus “Inteligência Superior”. Platão denominou o seu deus “Demiurgo” de o manipulador, aquele que é capaz de manipular a matéria e criar a partir dela. E Aristóteles chamou seu deus de “Motor Imóvel” movimentador de tudo sem se movimentar. O deus da filosofia clássica é apena um conceito para preencher a lógica do discurso metafísico, isto é, se existe um deus, nossa filosofia será facilmente aceita. Platão foi o mais ousado com sua filosofia mística. Platão, além do conceito “deus demiurgo”, filosofou através do conceito alma que apreendera dos pitagóricos, segundo eles, a alma é uma entidade imortal que habita o corpo ou, o corpo é apenas o sepulcro da alma; a partir dessa visão ele criou o seu mundo ideal. Com Platão os ocidentais assimilaram o espiritualismo oriental, onde, o homem é constituído de um corpo mortal e uma alma imortal, após a morte o corpo se decompõe, mas a alma vai para outro mundo, no caso, ao mundo das ideias ou mundo das formas perfeitas, denominado por Platão de Hiperurânio. Após passar mil anos naquele mundo contemplando as formas perfeitas que lá existem como modelo de tudo que há na Terra a alma volta para reencarnar, reencarnada, na medida em que o novo ser vai desenvolvendo vai lembrando através da alma o que vira no mundo das formas perfeitas, por isso, para Platão aprender é reminiscência (relembrar).
3° Embate:
     Durante o período helenístico e da Patrística (escola dos padres) a filosofia de Platão tomou o status de teologia e foi assimilada pelo cristianismo, e, na Idade Média por meio igreja Católica Apostólica Romana tornou-se doutrina cristã.
O cenário idealizado pela filosofia estava pronto para dar o golpe “fatal nos escritos bíblicos”, imaginavam eles. Porém, antes citarei duas passagens filosóficas que serão uteis para a compreensão do que estava ocorrendo. O primeiro é sobre o filósofo Filon de Alexandria, ele era judeu, mas habitava no Egito (século I da era cristã). Para ele, e somente ele “defendeu” essa ideia de que os escritos bíblicos eram contos míticos. O segundo é sobre os fundamentos da filosofia dos maniqueístas:
O judeu Filon, que nasceu em Alexandria entre 10 e 15 a. C., desenvolvendo suas atividades na primeira metade do século I d. C., pode ser considerado o precursor dos padres, pelo menos em certa medida. Dentre suas numerosas obras, destaca-se a série de tratados que constituem um comentário alegórico do Pentateuco (devemos recordar, sobretudo, A criação do mundo, As alegorias das leis, O herdeiro das coisas divinas, A migração de Abraão e a mutação dos nomes, que estão entre os mais belos).
O mérito histórico de Filon está em ter tentado pela primeira vez na história uma fusão entre filosofia grega e teologia mosaica, criando uma “filosofia mosaica”. O método com qual Filon operou a mediação foi o da “alegorese”. Ele sustenta que a bíblia tem a) um significado literal, que, no entanto, não é o mais importante, e b) um significado oculto segundo o qual os personagens e eventos bíblicos são símbolos de conceitos de verdades morais, espirituais e metafísicas. Essas verdades subjacentes (que se colocam em diferentes níveis) requerem particular disposição de espírito (quando não, até mesmo, a verdadeira inspiração) para que se possa captá-las. A interpretação alegórica iria alcançar grande êxito, tornando-se um verdadeiro método de leitura da bíblia para a maioria dos padres da igreja e transformando-se assim por longo tempo numa constante na história da patrística. (REALE/ANTISERI, p. 402)
Para os maniqueístas Cristo foi revestido somente de carne aparente e, portanto, também foram aparentes a sua morte e ressurreição. Moisés não foi inspirado por Deus, sendo um dos príncipes das trevas, razão pela qual se devia rejeitar o antigo testamento. A promessa do Espírito Santo feita por Cristo ter-se-ia realizado em Mani (fundador do maniqueísmo). Em seu dualismo extremo, os maniqueístas chegavam até a não atribuir o pecado ao livre-arbítrio do homem, mas sim ao princípio universal do mal que atua também em nós. (REALE/ANTISERI, p. 430)
    Está aí o fundamento pelo qual os cristãos negam o Velho Testamento. Não foi cristo como querem eles que anulou os antigos escritos bíblicos, se Ele fizesse isso Ele não seria o enviado, muito menos o filho de Deus; Ele veio para cumprir o que estava profetizado sobre Ele, e isso se cumpriu segundo ensinou a bíblia pelos rituais didáticos praticados pelos representantes de Deus no antigo Testamento. Os maniqueístas são os autores desse falso ensinamento. O Catolicismo Medieval de mãos dadas com o maniqueísmo que Santo Agostinho era adepto, alteraram os dez mandamentos da lei de Deus, alterando-os segundo a vontade dos autores das verdades subjetivas. O único meio pelo qual podemos eliminar a validade de um reinado é alterando sua constituição, e foi isso que a filosofia fez através da igreja Católica no século IV d. C.. Como no século V ela assumiu o poder político ocidental, ficou fácil para concretizar a imposição de suas falsas teologias: (em nome de Deus reinstituiu o politeísmo criado por Caim, não abriu mão da mitologia grega e se autodenominou representante de Deus na Terra, era a filosofia vestida de padres, bispos, cardeais e papa enganando a todos).
4° Embate:
     A filosofia de Platão que estava no Oriente em poder dos árabes, com a vinda deste para o Ocidente, através dos Filósofos Avicena (980-1037), Avicebrón ou Ibn Gabirol (1020-1070) e Averróis ou Averroes (1126-1198), nascido em Córdoba, Espanha, foi o mais célebre dos filósofos árabes da Idade Média. Seus comentários sobre as obras de Aristóteles exerce considerável influência nos pensadores medievais e, até mesmo em alguns renascentistas. A escolástica ou escolas de doutrinamentos em filosofia e teologia ministradas nas escolas eclesiásticas e universidades na Europa, durante o período medieval, sobretudo entre os séculos IX e XVII. A escolástica caracteriza-se principalmente pela tentativa de conciliar às verdades reveladas nas escrituras sagradas com as doutrinas filosóficas clássicas, destacando-se o platonismo e o aristotelismo. O primeiro período da escolástica é marcado pela influência do pensamento de Santo Agostinho e do platonismo; o segundo, ou período áureo, corresponde ao da influência da filosofia de Aristóteles que São Tomás de Aquino (1221-1274) estudou e introduziu nas universidades, provocando a queda do medievalismo e consequentemente o renascimento, a modernidade e a reforma protestante (século XV e XVI).
Não há mais que um Deus e esse Deus é o ser: essa é a pedra angular da filosofia cristã – e não foi erigida por Platão nem por Aristóteles, mas por Moisés” (E Gilson). Deus é o ser supremo e perfeito, o ser verdadeiro. Todo o resto é fruto do seu ato criativo, livre e consciente. [...] Para Tomás, quando (...) uma proposição filosófica obtida através do raciocínio contradiz uma afirmação de fé, pode-se sem dúvida concluir que o erro está do lado da filosofia. (REALE/ANTISERI P. 570)
5° Embate:
     Na Idade Moderna, com o nascimento do protestantismo contra os dogmas católicos, pareceu que a verdade absoluta triunfaria sobre as verdades subjetivas. Algumas verdades absolutas foram recuperadas pelas igrejas protestantes, mas nem todas as verdades bíblicas foram incorporadas à teologia protestante. Os grandes teólogos e filósofos da época não conseguiram reparar todas as brechas que o catolicismo e o espiritualismo causaram às verdades absolutas. Pelo contrário, incentivaram o capitalismo moderno em detrimento da valorização da pobreza feita pelo catolicismo. A cúpula católica eliminou muitos reformadores, porém, seus seguidores se institucionalizaram e, através de seus líderes e filósofos, continuaram a transgredir a lei de Deus e outros ensinamentos bíblicos. Agora, filósofos trajados de padres, pastores e espiritualistas continuaram na arte de enganar em nome de Deus.
6° Embate:
     A partir de 1844, após o movimento que Guilherme Miller provocara em toda cristandade protestante que aguardavam a segunda volta de Cristo para (22/10/1844); o protestantismo caiu de vez no niilismo, no nada, segundo o conceito que Nietzsche cunhara para criticar toda esperança bíblica. Doravante, como nunca antes, a religião passou a ser um mero comércio em nome de Deus. Católicos, protestantes e espiritualistas ainda hoje continuam com esta exploração. E, apesar dessas instituições religiosas serem as maiores detentoras das redes de ensino da pré-escola – universidades, elas dependem da ignorância da população para apenas venderem educação a quem possa pagar. Atualmente, semelhante aos ideais do passado medievalismo, os atuais políticos e religiosos unem-se contra um Brasil com educação de qualidade, pois, somente assim a escravidão, a ignorância e a barbárie, seus bens preciosos, podem ser eternizadas.
Mas, em meio às decepções de 1844 é também o início de um novo movimento religioso. Este nasce segundo a profecia do Apocalipse que: (nos últimos dias da história do pecado um autêntico movimento religioso surgiria para reparar todas as brechas que o racionalismo científico-filosófico-religioso causara na lei e outros princípios bíblicos). Esse movimento, segundo o Apocalipse teria um (a) profeta para ajuda-los na compreensão de toda verdade bíblica; isso se cumpre através do ministério e escritos de Ellen G. White (1827-1915). Esse movimento Adventista do Sétimo Dia é a igreja de Laodicéia de apocalipse 3: 14-22. O dom profético de Ellen White está profetizado em Apocalipse 19: 10. O catolicismo, o protestantismo apostatado e o espiritualismo que são contra os princípios bíblicos é o cumprimento da profecia de Apocalipse 16: 13 e 14. Esse último embate entre verdade absoluta e verdade subjetiva será crescente até a segunda volta literal de Cristo. Quem encabeça os embates contra as verdades absolutas, segundo o Apocalipse, é o Dragão, Satanás, a antiga serpente do Éden que enganou Adão e Eva.
Mas Laodicéia, ou Adventistas do Sétimo Dia, não estão sem reprovação da parte de Deus, pelo contrário, não há nenhum elogio bíblico à igreja, O Dragão investe pesado contra esses que exaltam os princípios bíblicos. Satanás sabe como enganar a todos de modos diferentes, e engana; Os “sábios” são enganados através do racionalismo introduzido nas escolas e universidades, estas, os Adventistas têm muitas. O resto da população ele pega pela ignorância. As escolas, principalmente as universidades, tidas como as superestruturas de uma nação é a formadora de desafiadores de normas estabelecidas pelo Estado e pela bíblia. E os adventistas não estão isentos dessa formação de pessoal com estas características. Pior, é crescente esse movimento dentro da própria igreja que se diz reparadora de brechas. A salvação, graças a Deus, não depende de estar ligado à denominação religiosa alguma, mas sim, comprometido em fazer a vontade de Deus segundo os ensinamentos bíblicos. Porém, a que ressaltar que estar ligado à instituições religiosas não é sinônimo de perdição, às vezes pode até ajudar, é um meio de comunhão mútua. Mas nunca esquecer que seremos julgados pelo Onisciente Deus.

Filósofo Isaías Coreia Ribas






domingo, 11 de maio de 2014

O FÍSICO E O METAFÍSICO


A maior expressão dessa dualidade conceitual em um único corpo encontra-se no ser humano, em cada um de nós esse “mistério” está expresso. Assim sendo, ignorar a metafísica como querem os atuais filósofos e os cientistas, dá a entender que há algo no universo que eles fazem questão de não entender, optando analisar somente o que é possível empiricamente como faz a ciência; e, indo um pouco além, por meio da filosofia da linguagem e da lógica, preocupando-se apenas com as análises sintéticas das expressões faladas e escritas; assim, filosofia também não vai além das ciências empíricas.¹
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¹“As correntes empiristas ocupam um lugar especial na filosofia contemporânea. O que as relacionam entre si não é determinado conteúdo doutrinário, mas sim a recusa de todo e qualquer tipo de metafísica. Nesse contexto, a expressão “metafísica” deve ser entendida num sentido muito amplo, significando não apenas uma doutrinas dos objetos suprassensíveis, mas toda filosofia que pretenda, aprioristicamente, fazer afirmações sobre a realidade ou estabelecer normas. Se quiséssemos resumir numa sentença a convicção fundamental dos empiristas, poderíamos dizer o seguinte: é impossível conhecer a constituição e as leis do mundo real através de pura reflexão e sem qualquer controle empírico (pela observação). Todo conhecimento científico pertence às ciências formais (lógica e matemática) ou às ciências empíricas do real, de modo que não há lugar para uma filosofia que venha a concorrer com as ciências particulares ou  que pretenda ir além delas.
     Uma vez que não há ciência não empírica do real, as investigações filosóficas têm de se limitar à lógica, à epistemologia, à teoria das ciências e às questões de fundamento. A filosofia abandona a pretensão de tornar-se rainha das ciências e passa a ser uma serva dos conhecimentos particulares. O objeto da pesquisa filosófica não é mais as coisas e as ocorrências do mundo real ou ideal, mas enunciados e conceitos científicos, consistindo a função de uma investigação teórico-científica, sobretudo em tornar claros os conceitos fundamentais e os procedimentos das ciências particulares. Destarte, colocam-se à disposição destas últimas, instrumentos lógicos e linguísticos adequados à construção de teorias, evitando-se o perigo de que, graças aos surgimentos de pseudoproblemas, a energia do pesquisador venha, inutilmente, tomar falsa direção. CARNAP, p. 257
     A filosofia, desde o seu nascimento, VI a. C., surgiu com a preocupação de encontrar respostas sobre a origem da existência do ser humano e de tudo que há no planeta Terra e do universo astral; o problema posto pela filosofia era ontológico, logo, metafísico. Esse problema durou até Descartes (1596-1650) que colocou outro problema, o epistemológico, direcionando o foco para, se é possível conhecer o ser. Nesses poucos mais de dois mil anos, nem metafísica filosófica e nem as ciências empíricas deram respostas conclusivas sobre a origem do ser, dos entes e nem do universo astral; todas as hipóteses levantadas não passaram de hipóteses. Por isso René Descartes colocou outro problema (já que não temos certezas científicas e filosóficas sobre as origens, vamos investigar a possibilidade de conhecer o ser, os entes e as coisas). Ao homem é possível conhecer empiricamente o objeto, as coisas, o movimento astral e a metafísica matemática, mas as origens continuam como mistérios à filosofia e à ciência. Na Idade Contemporânea, ciência e filosofia se unem para abandonar a metafísica das origens; concentrando-se nas ciências empíricas e nas análises da linguagem, negando assim toda metafísica original. É o nascimento formal e legal do ceticismo contemporâneo, onde a moral, a religião e as leis que limitam o comportamento do indivíduo têm que ser questionadas e anuladas, liberando a humanidade a expressar, na prática, todos os seus desejos. Então, não é por acaso que as barbaridades comportamentais vistas na crescente criminalidade atual em todos os seguimentos sociais, percebidas em todos os países do mundo, não tenham origem legal. (No caso do Brasil, a menoridade é o caso clássico, onde os legisladores preferem dar liberdade aos menores matar sem ser responsabilizados por seus crimes). Enquanto a humanidade, teoricamente, estava em busca das origens, havia um equilíbrio entre o comportamento (temor) e o objeto analisado. Uma vez que os pensadores que influenciava o comportamento negaram toda a metafísica das origens, um novo espírito apossou-se do comportamento humano, levando-o a agir sem o temor de Deus, a caminho de um tipo de autodestruição legalizada. Neste contexto, se analisarmos a própria religião que, pela fé, continuam professando crer em um Deus Criador e mantenedor de tudo, ela própria, como instituição, nega crer na legalidade de uma lei universal dada pelo próprio Deus, quando prefere seguir e ensinar a ilegalidade dos dez mandamentos escrita pelo próprio Deus segundo a bíblia que eles professam crer; negando a lei de Deus, esse novo espírito contrário a Deus, os fazem crer na imortalidade da alma, esse espírito maligno está enganando a todos, crentes e descrentes.
Física:
Entende-se por física toda a natureza, tudo que existe e podemos, além de ver, tocar e alterar cientificamente de diversos modos. Com essa capacidade de alterar a natureza o homem consegue adaptá-la à suas necessidades. A isso denominamos progresso científico.
Metafísica:
Por metafísica entendemos o que está além da física. Principalmente Deus e o conceito alma, ao que não se têm acesso pela visão e nem pelo tato. Mas, além de Deus e a alma, há outras metafísicas: a matemática, a física e a geometria são metafísicas criadas pelo homem que podem ser compreendidas e aplicadas. As leis (legislações) também são criações metafísicas aplicadas. Mas o indivíduo humano é um conjunto físico-metafísico. O corpo é físico; o pensamento é metafísico. A questão é: Como um conjunto físico gera o metafísico, além de gerá-lo, faz ciência, filosofia e religiões que questionam a si mesmo? Como o homem é um conjunto físico-metafísico, sua origem só pode vir de um Ser-Físico-Metafísico, pensar o contrário é contraditório. Mas onde está este Ser? Para a ciência, a filosofia e religiões, Ele não existe como criador e mantenedor de tudo, existe apenas como conceito, e esse conceito, dentro desse contexto só pode ser falacioso. O atual comportamento da humanidade está fundamentado nessa conclusão falaciosa da ciência, da filosofia e das religiões que negam o Deus criador e mantenedor segundo ensina os escritos bíblicos. A grande questão que deve ser posta é: Onde está a verdade, com as ciências humanas ou com os escritos bíblicos?
Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Filosofia Contemporânea, Capítulo IX. O Moderno Empirismo: Rudolf Carnap e o Círculo de Viena.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

SÓ A SINCERIDADE NÃO SALVARÁ


    A fé em uma mentira não terá influência santificadora sobre a vida ou o caráter. Nenhum erro é verdade, nem pode tornar-se verdade pela repetição, ou por fé nele. A sinceridade nunca salvará a alma das consequências de crer num erro. Sem sinceridade não há genuína religião, mas a sinceridade numa religião falsa jamais salvará o homem. Posso ser perfeitamente sincera em seguir um caminho errado, mas isso não torna o caminho certo, nem levará ao lugar que eu desejava chegar. O Senhor não quer que tenhamos cega credulidade, e chamemos isto fé que santifica. A verdade é o princípio santificador, portanto, cabe-nos conhecer o que é a verdade. Precisamos comparar as coisas espirituais com as espirituais. Precisamos provar tudo, mas reter somente aquilo que é bom, aquilo que apresenta as credenciais divinas, que põe diante de nós os verdadeiros motivos e princípios que nos prontificam à ação. (WHITE, P. 56)
Nietzsche foi contemporâneo de Ellen G. White, o conceito niilismo (“nada”) que Nietzsche cunhou para dizer que as esperanças cristãs caem no niilismo vem da experiência frustrante dos cristãos que aguardavam a segunda volta de Cristo em 1844 segundo as interpretações de Guilherme Miller da profecia de Daniel 8: 14. Ellen G. White estava entre esses cristãos. No texto abaixo Nietzsche também trata sobre verdade mentira.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
WHITE. Mensagens Escolhidas, V. II. Ed. Casa Publicadora Brasileira – Tatuí – São Paulo, 1986.


sexta-feira, 2 de maio de 2014

FILOSOFIA DA LINGUAGEM EM NIETZSCHE


     Em toda filosofia, independente do período e do problema filosófico, o dualismo se faz necessário à comunicação, às relações e aprendizados: branco e preto, bem e mal, certo e errado, alto e baixo, gordo e magro, bonito e feio, físico e metafísico, natural e sobrenatural, grande e pequeno, enfim, sem as dualidades fica difícil para estabelecer relações entre imagens e objetos, para que, efetivamente, o conhecimento cresça surgindo novas visões de mundo, desencadeando assim, o alargamento epistemológico-cognitivo dos indivíduos.
     A filosofia sempre fez uso da linguagem para propor e resolver problemas, porém, somente na idade contemporânea a linguagem se “impôs” como filosofia; isso se deu afim responder aos questionamentos científicos positivistas que afirmavam que: filosofia não era mais necessária, pois, a “verdade empírica” não dependia mais de argumentações a priori, e sim, de comprovações empíricas, e esta, a verdade, somente a ciência era capaz de fornecer com segurança indubitável. Esquecera a ciência que a filosofia é a mãe de todo antropocentrismo filosófico, científico e religioso? Que a filosofia, por opção, preferiu analisar as validades dos argumentos que as verdades empíricas, liberando o empirismo científico como “parceiros” e não como opositores, preferindo a retaguarda a priori, fazendo a humanidade crer da necessidade científica para estabelecer “verdades empíricas”? E, que o ceticismo científico não se sustenta sem o discurso filosófico que lhe dá base, pois, os céticos duvidam sobre “o que não se podem colocar questões”?¹
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¹ O ceticismo não é irrefutável, mas é manifestante desprovido de sentido (consinning), querendo duvidar sobre o que não se pode colocar questões. Granger (1989 apud Wittgenstein, Tractatus, 6. 51) 
     A existência de Deus e de outras metafísicas não dependem das limitações científicas (empíricas), pois, nem tudo o que existe no mundo físico é percebido pelos sentidos, exceto seus fenômenos.
Nietzsche, W. Friedrich e o dualismo verdade e mentira:
     Esse dualismo verdade e mentira, filosoficamente falando, do ponto de vista lógico, não são facilmente percebidos por leitores que não têm conhecimento da literatura filosófica. Por isso, ainda hoje, apesar dos milhares de livros filosóficos e teológicos editados todos os anos, a dúvida ainda perdura quando se tratam de verdades e mentiras filosóficas, políticas e religiosas. O problema se dá, porque, economicamente falando, verdades e mentiras camufladas, além de vender muito, mantém-se o engano milenar sobre a política, a religião e a ciência. Nietzsche, ciente desse mal e inspirado em outros filósofos alemães não populares, a partir dessa dualidade, como nenhum outro, dá ao mundo uma filosofia reveladora das causas das crescentes mentiras tidas como verdades entre os povos; tanto é, que, em vida, não foi reconhecido pela academia, pois sua postura filosófica estava contra os ideais das academias de sua época, no entanto, a partir dos anos cinquenta do século passado, sua filosofia, a do martelo, após muita análise foi reconhecida como obra filosófica merecedora de atenção e útil para um mundo que se perde entre essa dualidade: “verdade e mentira” que “enganam” em nome da verdade.
     Nesse trabalho de conclusão da disciplina “Linguagem e Pós-Modernidade”, analisarei os conceitos verdade e mentira segundo os escritos de Nietzsche em: Os Pensadores; as anotações das aulas expositivas do professor Dr. Eduardo Nasser; Além do Bem e do Mal e O Anticristo – maldição do Cristianismo.
Anotações das aulas expositivas
     Linguagem é metáfora; linguagem e a verdade dos objetos não são compreensões denotativas (significação, simbolização). O caráter próprio da linguagem é a retórica. Cursos apresentados pelo jovem Nietzsche: “Da origem da linguagem” 1896, edição em inglês. “Apresentação da retórica” 1872 edição em francês.    
Regras de leitura dos textos nietzscheanos:
Nietzsche antes de ser filósofo era filólogo, logo, a leitura de seus textos deve ser filológica, leitura interpretativa.
a)      Assim, a hermenêutica psicológica deve ser aplicada, isto é, deve-se buscar perceber as intenções do autor.
b)      Filológica: limita-se a escutar o texto.
Leitura interpretativa no caso dos aforismos: a) escapa do texto; b) se projeta intuitivamente nas intenções do autor.
Hermenêutica para Nietzsche: interpretação é criação, isto é, falsificar o que está chegando através da leitura (NIETZSCHE, p. 175 - 176).
O filósofo serve-se de máscaras. Ele não revela sua verdadeira filosofia; revela apenas o superficial. Sua verdadeira filosofia somente aos iniciados.
Um eremita não crê que um filósofo – supondo que todo filósofo tenha sido antes um eremita – alguma vez tenha expresso num livro suas opiniões genuínas e últimas: não se escrevem livros para esconder precisamente o que traz dentro de si? – ele duvidará inclusive que um filósofo possa ter opiniões “verdadeiras e últimas”, e que nele não haja, não tenha de haver, uma caverna ainda mais profunda por trás de cada caverna – um mundo mais amplo, mais rico, mais estranho além da superfície, um abismo atrás de cada chão, cada razão, por baixo de toda “fundamentação”. – Toda  filosofia é uma filosofia-de-fachada – eis um juízo-de-eremita: “Existe algo de arbitrário no fato de eles se deter aqui, de olhar para trás e em volta, de não cavar mais fundo aqui e pôr de lado a pá – há também algo de suspeito nisso”. Toda filosofia também esconde uma filosofia, toda opinião é também um esconderijo, toda palavra também uma máscara. Todo pensador profundo tem mais receio de ser compreendido que de ser mal compreendido. Nesse caso talvez sofra sua vaidade; mas naquele sofrerá seu coração, sua simpatia que sempre diz: “Oh, por que desejam passar também por essas coisas?” (NIETZSCHE, P. 175 E 176)
     Nietzsche não foi o precursor da filosofia da linguagem. O primeiro a propor uma filosofia da linguagem foi o alemão naturalista Heder. (1789) Na época, duas teorias eram apresentadas quanto à origem da linguagem: Heder X Süssmlich. Para Heder, se os homens fossem deixados com suas faculdades naturais ele inventaria a linguagem, pois, por meio dos instintos, os gritos e gemidos, num certo momento passariam a designar alguma coisa que seria a palavra, que se tornaria na linguagem. Já, para Süssmlich, a linguagem é um dom divino. Segundo Aristóteles e outros filósofos o homem é um animal político, social, logo, a linguagem está ligada à sociedade, sem esta, pra quê linguagem? A única certeza que temos filosoficamente falando é que a origem da linguagem é uma aporia, isto é, até o momento não há certeza filológica de como ela surgiu como instrumento de comunicação. 
     Humboldt (1795) ilustra a linguagem com o “Ato e Potência” de Aristóteles. Potência: pensamento, tipo de matéria disforme. Ato: linguagem. Logo, Pensamento sem linguagem é inconcebível. Linguagem e pensamento são dois extremos; pensamento sem linguagem é o pensamento que não pensa. Ou pensamento vazio. Então, diante dessas teorias, pode-se perguntar: qual a origem da linguagem? Resposta: impossível do ponto de vista antropocêntrico filosófico e científico. Mas, tanto a linguagem, como os pensamentos existem como expressão de certos sentimentos. E, ideias são resíduos da linguagem. – Palavras não são ideias divinas. Mas a linguagem não consegue expressar aquilo que realmente se pensou. Ela fixa o devir (movimento) do pensamento. Por isso, Parmênides disse: “O ser é, e o não ser não é”. Então, se o pensamento é movimento, fixa-lo é mata-lo. (grifo do autor)
Nietzsche desconfia da linguagem:
     Linguagem são signos que tenta atribuir estabilidade à mudança natural, isto é, ao devir. Crenças em coisas iguais herdadas dos unicelulares. “O ser é” não passa de uma visão empobrecida. O único ser que existe é a mudança. Parmênides pensa o mundo das amebas unicelulares. Esta é a inversão platônica de Nietzsche. A linguagem é a grande responsável por esse mundo em si. A linguagem é um mecanismo que influi nesse mundo que nada é, se fixe.
Estudo das fontes:
     Nietzsche como filólogo afirma contextualizando o mundo do conhecimento: O mundo influi a todos. Ninguém começa do zero, tudo estava inserido de algum modo no mundo, logo, o mundo do pensamento deve ser pensado criticamente. Assim sendo, liberdade de expressão é interpretação para manter o devir. Para o iluminismo a linguagem expressa ideias da razão (Locke, John). Fica assim o esquema: 1° ideias; 2° linguagem, ou: signos de ideias.
Para os filósofos da linguagem, é impossível o pensamento sem a linguagem. Fica assim o esquema para a filosofia da linguagem após sua inversão:
1° momento, não há razão sem linguagem; todos os conceitos, causas e efeitos e todos os outros são obtidos pela linguagem. Logo, só se pensa por meio da linguagem. (Herder/Humboldt)
2° momento, utilizando-se das categorias aristotélicas: pensamento é matéria; linguagem é ato. (Hamann, Johann Georg (1780)) A razão não é outra coisa senão a linguagem, e a linguagem é um fenômeno histórico.
Metafísica ao purismo da razão (1780):
Racionalidade e linguagem de Hamann X razão pura de Kant: A razão não é transcendental (Hamann). A priori é transcendental (Kant). Tempo para Kant: O tempo é uma das formas puras de sensibilidade, sendo, portanto, dado a priori, e constituindo uma das condições de possibilidade de nossa experiência do real: “tempo não é outra coisa que a forma do sentido interno, isto é, da intuição de nós mesmos e de nosso estado interior” (crítica da razão pura). Kant é uma readaptação do platonismo contra o empirismo, e ao mesmo tempo um anti-platonismo. Assim, Kant é Hume. A razão não ultrapassa o empirismo. Apenas a priori como categorias. Isto para Hamann não passa de palavras (substantivos), o que permanece na mudança são apenas palavras. A linguagem é som e mudanças de sons; há uma simultaneidade entre sensível e o inteligível. Razão e linguagem possuindo um caráter histórico demole o projeto transcendental de Kant, pois, o projeto do idealismo alemão é acabar com a coisa em si (metafísica ou Deus) de Kant.
Filosofia contemporânea X Cientificismo natural:
     Com a arrogância do cientificismo natural, pensão ter chegado o fim da utilidade da filosofia. Entende-se por ciência natural a observação empírica. Para o materialismo vulgar não existe alma fora do corpo. Só existe o corpo. O caráter (humor) está ligado à alimentação, à medicina. Com a evolução do cientificismo, os cientistas se acharam no direito de indagar questionando: Para o que serve a filosofia, se filosofar é girar em torno de si mesmo, utilizando-se apenas das palavras? Isto se deu por causa da filosofia da natureza de Hegel, pois esta, não passa de delírios. Hegel disse ter descoberto um planeta apenas com a força do pensamento. Isso foi um prato cheio para os cientistas duvidar da utilidade da filosofia. Pois esta, a filosofia especulativa de Hegel, parecia pretender acabar com a própria filosofia.
Resposta da filosofia contemporânea à ciência:
     Não duvideis da utilidade da filosofia, pois, para acabar com o ceticismo científico basta dizermos que duvidais do que não tendes capacidade de comprovar empiricamente, isto é, Deus. Logo, o ateísmo está “fundamentado” em algum tipo de ignorância; diante dessa ameaça filosófica a ciência se conteve às suas limitações empíricas. E daí, é a filosofia uma ciência? A teoria do conhecimento e a lógica estão como resposta à questão.
Segundo Nietzsche, os filósofos do futuro serão criadores de valores, por isso não pode estar envolvidos com as ciências empíricas.
Nascimento da filosofia da linguagem:
      A filosofia da linguagem nasceu no século XVIII com o propósito de aprimorar essa resposta ao empirismo. Na segunda metade do século XIX a questão que surge é: Como filosofar diante do domínio empírico? Nessa época a ciência se aperfeiçoa descobrindo leis que conseguem dominar e transformar a natureza. Porém, o mundo interior não condiz com as ciências naturais. Nasce então, o psicologismo humano (mundo das intencionalidades) que não possui leis conectadas à natureza. O homem é livre. Aqui, hermenêutica é ciência; não se tem acesso à mente, mas pode-se compreendê-la. Logo, o psicologismo e a lógica, embora ajam diferenças no campo de atuação entre ambas, a lógica e a epistemologia são a saída para a filosofia não submeter-se ao empirismo. A hermenêutica passou a designar todo esforço de interpretação científica de um texto difícil que exige uma explicação. No séc. XIX Dilthey, Wilhelm (1833-1911), filósofo alemão, vinculou a “hermenêutica” à sua filosofia da “compreensão vital”: as formas da cultura, no curso da história, devem ser apreendidas através da experiência íntima de um sujeito; cada produção espiritual é somente um reflexo de uma cosmovisão (Weltanschauung) e toda filosofia é uma “filosofia de vida”.
Epistemologia:
     Epistemologia é teoria do conhecimento (estudo do pensamento com fundamentos), domínio que o empirismo não dá conta. Assim, a filosofia renasce com o espírito das ciências do neokantismo (Porta). Resgatar Kant é preciso: O pensamento, os conceitos e o interior. Os filósofos trabalham com elementos obscuros (Uma crítica à linguagem): Mas os termos filosóficos não passam de expressões linguísticas.
Distinção entre lógica e linguagem:
Lógicos: é perigoso reduzir pensamento à linguagem, se tudo fosse linguagem não seria possível as traduções. A linguagem é histórica, cada povo tem sua linguagem. Existe o mesmo conceito para diferentes palavras. Ex: Love em inglês é amor em português, por isso são possíveis traduções às mais diversas línguas. Fica assim: Lógica, são conceitos atemporais e linguagem são palavras temporais.
Mitologia da linguagem:
     Todos nós nos esquecemos das providências linguísticas das palavras (F. Müller). Todas as palavras têm como característica o esquecimento. Lógicos: cada cultura está inserida em sua cultura linguística. O juízo é uma cultura gramatical.
Curso de Nietzsche sobre a “Origem da Linguagem” (1896); lições sobre gramática latina. Recorte de Eduardo Van Hatman – Filosofia do inconsciente, e, “História da Ciência da Linguagem” (Theodor Benfey). Todos os nossos juízos filosóficos são variações das estruturas gramaticais. A linguagem tem sua origem no inconsciente. Segundo Husserl, Edmund (1859-1938) a razão e a linguagem são estruturas circulares, pois há uma interdependência entre ambas. Há linguagem naturalmente imposta pelo inconsciente de Husserl X gritos e gemidos de Herder.
Ensaio sobre a Origem da Linguagem (1772): Antes do pensamento consciente, há o pensamento inconsciente. Juízos e categorias têm sua origem na linguagem inconsciente. Pensamento inconsciente é linguagem; o plano instintivo já é a linguagem posta. Lógica é produto da linguagem. Por instinto, pensamento imediato, claro evidente, comportamento dos irracionais (instintivos), ordem dada sem razão. E, instinto natural, tem ideia universal de homem.
Linguagem em Nietzsche:
     O inconsciente é um tipo de conhecimento instintivo; a origem da linguagem deve ser buscada no instinto. Intuição: algo que se dá de imediato. O animal faz o que tem que fazer instintivamente, sem hesitação, avaliação e sem moral, tudo se dá de imediato. O inconsciente da linguagem é um tipo de metafísica. A constituição do inconsciente já acolhe a linguagem, assim, palavras e gestos se parecem. Linguagem e gestos são constituintes, naturais, cuja procedência é o inconsciente. O instinto é intrínseco do ser, mas, a civilização empobrece a linguagem. Para Nietzsche, cultura é diferente de civilização. Cultura é de natureza metafísica; a operação da linguagem se dá pela racionalidade, só os gritos e gemidos não são suficientes, é preciso de razão, mas esta, a razão, enfraquece a linguagem; logo, o instinto contém toda linguagem sem passar por gritos e gemidos, estes não são linguagens. Civilização é pensamento utilitário (sujeito que obedece as regras), e o pensamento consciente é a decadência da linguagem.
Segundo Schopenhauer, Arthur (1788-1860), “a vontade é desejo cego”. E segundo Hatmam: “A procedência da linguagem é irracional. A razão enfraquece a linguagem. A lógica é um resíduo da linguagem. A linguagem é superior a tudo, é a morada do ser”.
Nietzsche, Wagner e Schopenhauer:
     Nietzsche em sua juventude foi influenciado por Wagner e Shopenhauer, nesse primeiro Nietzsche sua filosofia é metafísica. A causa de Wagner era um projeto cultural anti-civilizatório e anti-racionalista, sua meta era a recuperação do mito através do teatro, propondo uma reeducação mítica do homem, contra os ideais positivistas e do historicismo. O mítico se dá pela representação (tribos), logo, sem história. Essa influência levou Nietzsche filosofar a partir de dois deuses míticos, Dionizio e Apolo. Dionizio representa a razão; e Apolo a paixão. Para Nietzsche, Sócrates foi quem deu início ao racionalismo científico; e as tragédias gregas encenadas nos teatros representa o culto às formas, lugar onde os gregos, influenciados pelos sons conseguiam encontrar forças para continuar lutando diante das perdas de seus muitos jovens que iam às guerras, através da morte “alcançava-se a imortalidade”, tornando-se semelhante aos deuses que eles cultuavam. O teatro grego, através das tragédias tinha essa função, confortar aquela sociedade mítica. Com Sócrates o discurso prevaleceu sobre o pensamento em detrimento dos sentimentos, foi o início da morte do trágico. Assim, Sócrates é o início da decadência; o pensamento ocidental é a história da decadência, perda do espírito apolínio, pois, Dionizio é o impulso natural à razão. Essa visão de Nietzsche e Schopenhariana.
Nietzsche antes de ser filósofo era filólogo, e a função da filologia é estudar os antigos escritos, para detectar fraudes dos copistas e confirmar a originalidade de autorias. Segundo os filólogos Homero é um mito, as Ilíadas e Odisseias, são escritos de diferentes poetas em diferentes épocas. Homero era apenas uma tradição mítica que guiava a cultura grega. O filólogo tem que ser cético, pois, eles são produtos de um presente que busca entender o passado; mas como entender o passado se quem fala é o presente? Através do ceticismo metodológico.
Segundo Friedrich, Albert Lange: precisamos da filosofia de Nietzsche. A metafísica fala do todo e a ciência do particular. A filosofia fala do pensamento e suas leis; já, o objeto da ciência é o externo e o particular. Por isso, segundo Zeller, autor de teatro, filosofia é teoria do conhecimento; e a filosofia não deve abandonar o conhecimento e nem a metafísica, ambas devem ser mantidas sem pretensões científicas, elas são imagéticas (imagem), pois, a coisa em si é apenas um conceito. Poesia conceitual é metafísica preservada fora do horizonte teórico, sua tarefa é inspirar. Nietzsche assimilou a posição de Lange adaptando a metafísica de Shopenhauer à poesia conceitual. Segundo os experimentos de Chladini, os sons provocam figuras, assim, as imagens são os elementos primeiros para o campo do conhecimento. As sensações produzem imagens, e quanto mais imagens, mais chances de se viver (darwinismo epistêmico). E o homem é apenas um tipo de animal sem privilégios.
Nietzsche adulto:
O Nietzsche adulto, ou o segundo Nietzsche, repensa sua primeira filosofia. A metafísica deve ser deixada fora das discussões teóricas da filosofia. Das sensações só percebemos seus efeitos e não das causas (teoria das sensações). Os efeitos das andas sonoras na areia produzem imagens. As sensações no cérebro produzem imagens; as imagens são primeiras e não os conceitos. Todo Nietzsche tardio está em verdade e mentira.
Verdade e mentira em Nietzsche
     Uma obra filosófica editada em forma de aforismo não é fácil de esgotá-la, Nietzsche é um desses filósofos profundos, como filólogo, filósofo e conhecedor do cristianismo protestante herdado de seus pais e avós, seus escritos aforísticos têm sido um desafio para a academia cética. Ele mesmo se considerava extemporâneo, mas, como um tipo de profeta filósofo segundo Zaratustra, predissera que os futuros filósofos o entenderiam. Um dos conceitos cunhado por ele é o niilismo, este significa: nada, vácuo. E, segundo seu entendimento, toda fé cristã indubitavelmente cairia no niilismo. Nietzsche na sua hermenêutica diz que interpretar é criar, ir além do filósofo, portanto, fazendo uso de seu conselho, darei minha interpretação do contexto que levou Nietzsche a criar o conceito niilismo: Porém, antes quero trazer para nossa reflexão o que realmente é o protestantismo da Idade Moderna.
     O protestantismo nasceu como o próprio nome diz, por causa dos protestos de alguns padres doutores do catolicismo que não concordaram com algumas práticas da igreja católica. A rebelião desses doutores, entre eles Martim Lutero, mostrou a todo mundo o espírito do catolicismo àqueles que são contra seus dogmas; Esses protestantes modernos não tinham como meta instituir toda instrução bíblica como meio de fazer a vontade de Deus; eles eram contra apenas algumas barbárie religiosa que a igreja adotara. Por isso, apesar de protestantes continuaram parecidos quanto à obediência às instruções bíblicas. Na verdade, tornaram-se instituições exploradoras da fé em nome da religião semelhante ao medievalismo platônico, agora, separados, mas unidos às intensões filosóficas medievais, continuaram negando a veracidade da lei de Deus e de outras instruções bíblicas como regras de conduta cristã. Na verdade o protestantismo uniu-se ao espírito filosófico do renascimento escolástico criando a filosofia protestante; não é por acaso que os grandes filósofos modernos são oriundos do protestantismo. Agora, pastores e padres trajados de filósofos continuaram em nome da fé enganando o povo através de suas instituições que diz acreditar em Deus, embora, recusam fazer a vontade de Deus segundo expressa na bíblia. Vamos retomar o niilismo de Nietzsche:
     Nietzsche nasceu em 1844; essa década fora muito significativa para a fé cristã. Guilherme Miller foi um deísta que resolveu estudar a bíblia porque o deísmo não lhe dera respostas que fosse capaz de dar-lhe paz de espírito; seu estudo bíblico era metódico, isto é, só prosseguia na leitura quando o que lera estivesse claro em sua mente, e assim, com esse método interpretara uma das profecias do livro de Daniel 8, especificamente o verso 14. Após suas conclusões sobre a profecia apresentou-a aos pastores da igreja batista de seus pais, onde, principalmente sua mãe era sincera devota; convencidos da interpretação de Miller, a igreja deu-lhe autoridade para apresentar suas conclusões ao mundo. Miller entendera, segundo a profecia de Daniel que Cristo voltaria a Terra por volta de 1843 e 1844, chegando, coma ajuda de outros especificaram um dia. E toda a cristandade protestante com seus pastores, todos foram unânimes em afirmar que a interpretação estava correta e todos aguardaram o segundo retorno de Cristo para a data determinada; nos últimos dias que antecediam o evento as lojas foram fechadas e as ferramentas dos agricultores foram postas de lado, enfim, todo trabalho empreendido pelos fieis que acreditaram foram abandonados, pois chegara o Dia D da intervenção divina nos negócios da humanidade. Que grande decepção ocorreu aos cristãos protestantes, sua fé e esperança caíram no niilismo (no nada, no vácuo). Toda América e Europa cristã provaram desse fel; Era a confirmação da decadência do protestantismo religioso, doravante o protestantismo tornara-se protestante cético. Na verdade, tornaram-se instituições exploradoras da fé em nome da religião semelhante ao medievalismo platônico, agora, unidos às intensões filosóficas medievais, continuam negando a veracidade da lei de Deus e de outras instruções bíblicas como regras de conduta cristã. Porém, o equívoco de Miller já fora profetizado no Apocalipse que isso ocorreria para marcar o fim dos tempos; indicando que o último período das igrejas do Apocalipse iniciara; Começara a ação do período de Laodicéia, a última igreja que repararia as brechas que o próprio cristianismo fizera à lei de Deus e alertaria a humanidade quanto à proximidade da segunda volta de Cristo; esse último período teria um (a) profeta para lhe orientar segundo a vontade de Deus, isto se deu através do ministério da profetisa Ellen G. White (1827-11915). O niilismo de Nietzsche não é definitivo, ele se enganara como todos os filósofos racionalistas. Mas, parece que Nietzsche não demonstra, através de sua filosofia, tão ateu como os ateus querem que ele seja. “Cristianismo é platonismo”; o verdadeiro cristão morreu na cruz, a verdadeira religião não está no professar, mas no agir, ser como Ele, Jesus Cristo foi.
Eu condeno o cristianismo, levanto contra a igreja cristã a pior das acusações jamais pronunciada por um acusador. Para mim ele representa a forma mais corrupta já imaginada, ela quis a mais extrema forma possível de corrupção. A igreja cristã não deixou nada intocado com sua podridão, transformou todo valor em não-valor, toda verdade em mentira, toda forma de integridade em vilania de alma. (NIETZSCHE, p. 92)
O cristianismo é portanto a mais niilista de todas as religiões: a sua origem está na tentativa de disfarçar a derrota histórica de Jesus, a sua vergonhosa morte na cruz, para que pareça uma vitória, em algum mundo do “além”. (NIETZSCHE, p. 11)
Desde o século IV o cristianismo é a religião dos vencedores, do poder, do estado e é nesta perspectiva que Nietzsche o ataca. A oposição da moral e do cristianismo ao “mundo” e à política é uma pseudo-oposição que oculta uma básica conivência: a moral é o meio no qual os padres fundamentam o seu poder, “tiranizam as massas e arregimentam as manadas”. O projeto histórico do cristianismo consiste justamente numa gigantesca mistificação graças à qual os mais niilistas, os mais impotentes, os menos capazes de criação, tornam-se donos do mundo em nome de entidades transcendentais que eles mesmos gerem e administram. (NIETZSCHE, p. 12)
A grande tradição filosófica alemã entre os séculos XVIII e XIX nada mais é do que a continuação leiga da teologia protestante: ela é ainda mais hipócrita na medida que esconde o vício secreto, a fraqueza fundamental da qual nasce. Por isto, Nietzsche afirma que é preciso ser mais inflexível com os protestantes do que com os católicos e define o filósofo como “o criminoso dos criminosos”. (NIETZSCHE, p. 15)
Enquanto o padre ainda for tido como homem superior, esse negador, esse difamador envenenador profissional da vida, não existirá respostas para a pergunta: O que é a verdade? A verdade é colocada de cabeça para baixo quando o consciente advogado do nada e da negação passa pelo representante da “verdade”... (NIETZSCHE, p. 32)
Sabe-se, sobretudo, que não importa se algo é verdadeiro, pois o que conta é que se acredite que seja verdadeiro. A verdade é a crença de que algo seja verdadeiro. (NIETZSCHE, p. 44)
É falso até o absurdo ver uma “fé”, por exemplo, fé na redenção de Cristo, o emblema do cristão: somente a prática cristã, uma vida como a dele, que morreu na cruz, é cristã... Ainda hoje uma vida assim é possível, para alguns homens até necessária: o cristianismo verdadeiro, o original, será possível em todas as épocas... Não uma fé, mas um agir, sobretudo não-fazer-muitas-coisas, ser de outra forma... [...] (NIETZSCHE, p. 61)
     Então, não é difícil perceber que o cristianismo a partir do século IV – XIX, liderados por padres e pastores protestantes, são defensores de um mesmo cristianismo: o platônico. Onde a bíblia, como livro revelado, deve ser negada como palavra de Deus; exaltando em seu lugar o antropocentrismo teológico que nega a lei de Deus e o modo de ser cristão como o de Cristo. Porém, a que ressaltar que, após a grande decepção de 1844, se levantou os defensores dos escritos bíblicos como regra de fé e prática, logo, nem tudo está perdido como quer os filósofos seguidores de Nietzsche. O atual cristão tem que ser um investigador, caso contrário, será enganado pelas tradicionais filosofias cristãs que estão inseridas em todas as universidades cristãs, e, o objetivo é único: Mascarar o cristianismo, fazer deste um negócio em nome de Deus. A astúcia do inimigo de Deus é grande, enganam “sábios e ignorantes”, letrados ou não. Nesses últimos dois séculos da história da humanidade, apesar das falsidades religiosas, cada um de nós dizemos crer em Deus, mas independente de nossa crença, o que se quer é fazer um negócio em nome de Deus, e assim, nesse contexto surgem as pseudo-teologias contemporâneas conhecidas como teologia da libertação e teologia da prosperidade, ambas são estratégias para enganar o povo que busca a Deus para aliviar o crescente sofrimento entre os mais carentes e o desespero dos ricos que querem mais do que já têm. Termino esse trabalho de conclusão da disciplina Linguagem e Pós Modernidade citando um trecho dos escritos do Nietzsche tardio.
O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parece a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas. (NIETZSCHE, p. 48)
Filósofo Isaías Correia Ribas
REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Além do Bem e do Mal. Friedrich Nietzsche. Ed. SCHWARCZ LTDA, São Paulo, 2007.
Nietzsche, Os pensadores. Ed. Abril Cultural, São Paulo, 1978.
O Anticristo – Maldição do Cristianismo. NIETZSCHE. Clássicos Econômicos Newtin. Rio de Janeiro, 1996.