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sábado, 15 de novembro de 2014

NIETZSCHE E A ORIGEM DO MAL


          Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), filósofo e músico, continua sendo o pensador mais influente da Idade Contemporânea. Isso se dá por causa de sua filosofia niilista. Para ele todo saber anterior caiu no niilismo, no vazio. Isto é, o homem sempre se enganou quanto a origem da vida, do universo, da religião bíblica, do mal e das forças que mantém as relações entre as pessoas. Para o filósofo alemão, “o mundo não é outra coisa que vontade de poder”. Não há sujeito em Nietzsche, as forças não são, então, algo. São ações, movimentos que só existem em relação a outros movimentos, a outras forças. Para Nietzsche não existe a coisa em si da metafísica e nem a força em si, já que só faz sentido tratarmos de força sempre em relação a outra força, pois na força em relação é que existe a vontade de potência. (SOUSA, p. 11) [...] Assim sendo, segundo pensa o filósofo, qualquer noção de causa e efeito fica anulada, já que não há causadores de forças e nem são elas as causadoras de alguma coisa, de algum efeito.
     Os pais e avós de Nietzsche foram pastores protestantes, como criança ele tinha vontade de seguir a tradição da família, ser pastor. Porém, aos treze anos, o problema da origem do mal o perseguia. “Nessa idade, quando se tem “metade de brinquedos de criança, metade Deus no coração”, dediquei meu primeiro brinquedo literário, meu primeiro exercício filosófico de escrita – e, no tocante à minha “solução” do problema daquela vez, dei a Deus, como é justo, a honra, e fiz dele o pai do mal”. (NIETZSCHE, p. 298) Toda filosofia do jovem Nietzsche é metafísica.
Falácias de Nietzsche
     A filosofia contemporânea nega a razão como sendo a essência do ser humano, esta, para eles, é a causa de todos os erros epistemológicos do passado Pré-Histórico, Histórico, Clássico, Medieval e Moderno. Para eles, a humanidade age segundo as pulsões orgânicas; a razão é apenas lapsos orgânicos que engana; assim, quando pensadores epistemológicos criaram a moral como condutor das pulsões que afloram naturalmente, eles inibiram o verdadeiro desenvolvimento do ser humano. Assim sendo, a proposta da filosofia contemporânea é que a humanidade viva como qualquer animal irracional. Isto é, sem moral, sem Deus, sem apresso ao outro; que o homem seja “o lobo do próprio homem”.
     Para Nietzsche, Deus é o pai do mal. Se Deus é o pai do mal, Deus existe. Se Deus existe, todo ateísmo defendido pelo Nietzsche jovem e maduro não passam de falácias.
     Segundo a tradição filosófica, o filósofo é aquele que ama o saber. Quando digo que sei alguma coisa, tenho que conhecer essa coisa, caso contrário, o verdadeiro espírito filosófico não está em mim. Quando o filósofo pega citações ou fatos fora de todo o contexto, ele deixa o espírito filosófico e passa a agir como um enganador, um divulgador de falácias.
Primeira conclusão niilista de Nietzsche
     Já tratei desse tema, por isso vou apenas pontuá-lo: O primeiro fato histórico que levou Nietzsche concluir que a esperança religiosa caiu no niilismo foi a decepção que passou os protestantes em 22/10/1844, quando Guilherme Miller e todas as religiões de então aguardarão a segunda volta de Cristo e Ele não veio. Para toda a cristandade e a família de Nietzsche foi uma grande decepção, por isso, desde criança ele resolveu acusar a Deus como o pai do mal. Esquecera ele que, como filósofo, tem que buscar conhecer as coisas como são e não, por suas decepções pessoais, passar a pregar falácias. O equívoco de Miller já fora profetizado no primeiro século do cristianismo por João no Apocalipse 10: 9 e 10. “E fui ter com o anjo e lhe pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o e come-o; ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como o mel. Tomei o livrinho da mão do anjo e o comi; e na minha boca era doce como o mel; mas depois que o comi, o meu ventre ficou amargo”.
O livrinho referido é o livro de Daniel que seria interpretado por Miller e outros fieis no fim dos tempos. O doce na boca como mel foi a interpretação de Daniel 8:14 que os levaram a concluir que no final das duas mil trezentas tardes e manhãs, seria o cumprimento da promessa de Cristo que viria buscar seus seguidores assim que preparasse-lhes lugar. O amargo na boca como fel foi a grande decepção que a interpretação estava errada, ou ainda, que Deus não existe e que as promessas bíblicas, são falácias. Mas o verso onze de Apocalipse 10, alerta: importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações e línguas e reis. Logo, a conclusão correta com respeito a decepção de 1844 é: o homem errou, mas a palavra de Deus não. Assim sendo, Nietzsche é um falacioso quando relaciona os escritos bíblicos como falaciosos baseando-se nesse equívoco de interpretação bíblica.
Segunda conclusão niilista de Nietzsche
     Para o filósofo, o grande nomeador do bom e do mal é a classe dos senhores, “que a origem da linguagem se deu com a exteriorização de potência dos dominantes: eles dizem “isto é isto e isto”, eles selam cada coisa e acontecimento com um som e, com isso, como que tomam posse dele”. (NIETZSCHE, p. 300) A elite dominante impõe e os escravos, a plebe, o rebanho ou como queira denominá-los valida as intenções da classe que domina. Em síntese, não existe empatia entre pobres e ricos, e sim domínio e exploração, qualquer coisa além disso é máscara. Por isso conclui o filósofo: “Com o medo ao homem perdemos também o amor a ele, a veneração por ele, a esperança nele, e até mesmo a vontade dele. A visão do homem agora cansa – o que é hoje niilismo, se não é isso?  . . . Estamos cansados do homem . . .  (NIETZSCHE, p. 303)
     Atualmente a humanidade busca livrar-se de toda e qualquer tipo de moral e leis que venha inibir a exteriorização de nossas pulsões, sejam elas boas ou ruins, por isso, até mesmo o judiciário está de mãos atadas para controlar a crescente criminalidade entre todas as classes sociais. Isso se dá por crer-se que os filósofos contemporâneos estão corretos nas leituras de mundo. Mas, a crescente maldade no mundo, indica que eles estão equivocados quando exaltam o homem e seus mitos em detrimento da existência de um Deus criador e mantenedor de universo.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Nietzsche: Viver intensamente, tornar o que se é – Sousa, Mauro Araujo de. Ed. Paulus. São Paulo, 2009.

Nietzsche. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. São Paulo, 1978.