Todo conflito tem uma causa primeira. Se dá por interesses; e todo
interesse tem que ter um fundamento; e este se faz pelo conhecimento. Logo, os
conflitos fundam-se e mantêm-se pelo conhecimento. O bem e o mal são conceitos
físico-metafísicos. Para a filosofia contemporânea são apenas entidades
místicas criadas pela filosofia maniqueísta, inspiradas no Zoroastro pérsico
Mané. Com Santo Agostinho, maniqueísta convertido ao cristianismo platônico, o
mal é apenas a ausência do bem. Porém, o bem e o mal materializados na
sociedade não confirmam a filosofia maniqueísta como sendo apenas entidades do
pensamento, são realidades antagônicas que se materializam na maldade e bondade
entre as pessoas. Logo, existem entidades metafísicas que estão além das
criações de nossos pensamentos; assim sendo, podemos ser enganados por nossos
próprios pensamentos ou seja, a razão engana a si mesma.
O conflito entre o bem e o mal, ao longo da história da humanidade
sofreu várias configurações epistemológicas, isto é, na medida em que o
conhecimento avança, os fundamentos dessa intriga se molda segundo a vontade
daqueles que fundamentam o conflito. A fundamentação é criação da razão, mas o
conflito e as entidades metafísicas interessadas nesse conflito estão acima da
razão, são, na verdade, inspiradoras dessas razões acima da razão comum. Logo,
os grandes pensadores não falam por si, são instrumentos de entidades metafísicas
que querem promover o bem e o mal na Terra. Assim, entendemos que nesse
conflito há hierarquias epistemológicas; estas são, primeiro: teses acadêmicas, se bem fundamentadas, são
conhecimento científico, e como tal chega à todas as pessoas. O caminho
epistemológico, seja do bem ou do mal, se sustentam atualmente via universidades
e é espalhado a todos via universitários, os noviços que acatam tudo como sendo
verdades inquestionáveis que se espalham via escolas e igrejas através dos
professores e religiosos modificando todo comportamento da sociedade, seja para
o bem ou para o mal.
Não nos enganemos e nem deixemos enganar-nos, o bem e o mal não são
criaturas da razão humana como querem os pensadores, especialmente os
filósofos. São entidades metafísicas, que, se deixarmos nos levar, fazem de nós
instrumentos para promover o bem ou o mal na Terra. Segundo a bíblia, o Bem é
Deus, e o Mal é Satanás. Essas duas entidades, se desejarmos fazer sua vontade,
seremos seus instrumentos nessa guerra como idealizadores de teses ou como
meros seguidores dessas teses. Logo, ninguém vive isento dessas influências,
seja através do conhecimento ou da ignorância. Por isso todos nós corremos o
risco de perder a salvação oferecida por Deus e de ser instrumento do mal que
promove a perdição que Satanás deseja dar a todos. Por isso disse escritores bíblicos: “Sede sóbrios e vigilantes, pois o Diabo anda bramindo como leão
buscando a quem possa tragar”. “Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará”.
Nietzsche, Freud & Marx
Para esses três pensadores, na
interpretação de Michel Foucault, a razão é a grande responsável para criar
signos primeiros, ou verdades absolutas, no contexto em questão, os escritores
bíblicos são os responsáveis em manter esse engodo por tanto tempo. Para
Nietzsche, a consciência racional é apenas a ponta do iceberg. A grande razão
que precisa ser ouvida é nosso corpo e suas pulsões. A vida verdadeira é esta
vida terrestre, por isso devemos vive-la intensamente, dando vazão às pulsões e
desejos que afloram em nosso organismo. Não existe vida além desta, vida porvir
é uma ilusão religiosa.
Com Freud, o Ego, o Id e o Superego são estruturas animadas que nos falam
a todo tempo, mas nunca fora compreendida pelos pensadores anteriores a ele. O
Ego é aquela parte que demonstramos aos outros pela razão, o Ego está preso
entre os desejos do Id. O id é o responsável pelos nossos impulsos mais
primitivos: as paixões, a libido e a agressividade, o Id está conosco desde que
nascemos e é norteado pelo princípio do prazer, mas seus desejos são frequentemente
reprimidos. O Superego, também chamado de “ideal
do Ego” tem a função de conter os impulsos do Id. Suas regras sociais e morais
não nascem com a gente, temos que aprendê-la com a sociedade para que possamos
conviver nela corretamente. Para Freud o consciente nasce do inconsciente. O Ego
consciente criou propositadamente verdades absolutas, princípios originais para
controlar as pessoas por meio da fé e da moral. Para Freud, a grande razão
ignorada é o inconsciente, e todos nós somos controlados pelo inconsciente que
é composto de nervos, músculos, ossos e outros órgãos, deste conjunto orgânico
nascem os sentimentos, desejos, causa de enfermidades, alegrias e lapsos de
consciência. Logo, a proposta de Freud é que ignoremos a razão consciente, pois
esta, é a raiz de todos os erros epistemológico do passado.
Marx, em “O Capital”, o valor é apenas valor de troca, que, equivocadamente
tem-se transferido esse valor como valor moral e religioso. Karl Marx, judeu
ateu, relacionou o valor capital, a Mais Valia ou lucro do patrão, são valores
que têm valor de troca até mesmo no contexto moral. Tudo está relacionado à
troca, inclusive no âmbito da religião que construíra verdades originais para
manter o engano através da moral religiosa. Segundo ele e seus cumplices
pensadores, as verdades ditas originais contidas na bíblia, são criações da
razão, construídas afim de controlar a sociedade em nome de Deus e das
religiões.
Gilles Deleuze (1925-1995)
Deleuze em “Diferença e Repetição”
e “Lógica do Sentido”, segundo comentários de Foucault, supera os três
quando define tudo como sendo apenas interpretações do pensamento. Não há signo
original, verdade primeira; até mesmo essas verdades aparentemente primeiras
são produtos de interpretações. Tudo fora construído com propósitos em mente:
controlar tudo e todos por meios de signos que significam aparentemente algo
real. Logo, tudo é interpretação, construções antropocêntricas para o controle
de todos mesmo que seja em nome de seres metafísicos (Deus e o Diabo). Nada vai
além de simulacros, das aparências. ¹
___________________
¹ A metafísica não é um ilusório como uma espécie
dentro de um gênero; é a ilusão que é uma metafísica, o produto de uma certa
metafísica que marcou a sua cisão entre o simulacro, por um lado, e o original
e a boa cópia, pelo outro. Houve uma crítica cuja função consistia em designar
a ilusão metafísica e fundamentar a sua necessidade; a metafísica de Deleuze
empreende a crítica necessária para desiludir os fantasmas. [...] FOUCAULT, p. 52
O império do
mal
A maldade que controla a atual sociedade mundial tem causa. Nada é por
acaso. Se não há uma moral original, nem princípios originários em um Deus
criador e mantenedor de tudo, a humanidade está livre para dar vazão às suas
volúpias mais vis. E as autoridades que seguem as interpretações desses ditos
sábios, nada fazem para reprimir a maldade, a imoralidade e o espírito
antiético que domina a sociedade contemporânea. A filosofia nasceu para
eliminar Deus do consciente da humanidade, depois de quase três mil anos de
luta epistemológica seus anseios estão se concretizando; Deus não faz mais
sentido para a sociedade do século XXI. Até mesmo os religiosos não se sente
mais livres para falar sobre a existência e validade de códigos morais para
nortear a sociedade. A religião em vez de atacar, busca conciliar religião e
ciência, como se aquela dependesse desta. Assim, fica fácil para a filosofia
achar-se a detentora de todo saber, se até mesmo o atual Papa crê mais na
ciência e no saber filosófico que no poder de um Deus que criou todas as coisas
através do *logos e deu leis
imutáveis para o bem da sociedade. Se as autoridades civis e eclesiásticas
assumem as interpretações filosóficas como sendo verdade inquestionáveis,
imagine a sociedade como um todo? Como diz o ditado popular: “o mundo está do
jeito que o Diabo gosta”!
Noé e nós
O próprio Cristo disse: Assim como
aconteceu nos dias de Noé, acontecerá nos dias próximo a minha volta. Nos dias
de Noé, Deus não era mais reconhecido como o criador de todas as coisas, por
isso aquela sociedade vivia segundo as pulsões de suas paixões corporais,
carnais. Não é esta a situação da sociedade do século XXI? Por isso tudo, eu
creio no breve retorno de Cristo para intervir nos negócios da humanidade,
salvando aqueles que continuam acreditando apesar de toda epistemologia-científico-filosófica
dizer o contrário!
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Michel Foucault. NIETZSCHE, FREUD
& MARX – THEATRUM PHILOSOFICUM. Ed. Princípio, São Paulo, 1997
Filósofo Isaías Correia Ribas