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terça-feira, 4 de novembro de 2014

O CONFLITO ENTRE O BEM E O MAL FUNDAM-SE NO CONHECIMENTO


     Todo conflito tem uma causa primeira. Se dá por interesses; e todo interesse tem que ter um fundamento; e este se faz pelo conhecimento. Logo, os conflitos fundam-se e mantêm-se pelo conhecimento. O bem e o mal são conceitos físico-metafísicos. Para a filosofia contemporânea são apenas entidades místicas criadas pela filosofia maniqueísta, inspiradas no Zoroastro pérsico Mané. Com Santo Agostinho, maniqueísta convertido ao cristianismo platônico, o mal é apenas a ausência do bem. Porém, o bem e o mal materializados na sociedade não confirmam a filosofia maniqueísta como sendo apenas entidades do pensamento, são realidades antagônicas que se materializam na maldade e bondade entre as pessoas. Logo, existem entidades metafísicas que estão além das criações de nossos pensamentos; assim sendo, podemos ser enganados por nossos próprios pensamentos ou seja, a razão engana a si mesma.
     O conflito entre o bem e o mal, ao longo da história da humanidade sofreu várias configurações epistemológicas, isto é, na medida em que o conhecimento avança, os fundamentos dessa intriga se molda segundo a vontade daqueles que fundamentam o conflito. A fundamentação é criação da razão, mas o conflito e as entidades metafísicas interessadas nesse conflito estão acima da razão, são, na verdade, inspiradoras dessas razões acima da razão comum. Logo, os grandes pensadores não falam por si, são instrumentos de entidades metafísicas que querem promover o bem e o mal na Terra. Assim, entendemos que nesse conflito há hierarquias epistemológicas; estas são, primeiro:  teses acadêmicas, se bem fundamentadas, são conhecimento científico, e como tal chega à todas as pessoas. O caminho epistemológico, seja do bem ou do mal, se sustentam atualmente via universidades e é espalhado a todos via universitários, os noviços que acatam tudo como sendo verdades inquestionáveis que se espalham via escolas e igrejas através dos professores e religiosos modificando todo comportamento da sociedade, seja para o bem ou para o mal.
     Não nos enganemos e nem deixemos enganar-nos, o bem e o mal não são criaturas da razão humana como querem os pensadores, especialmente os filósofos. São entidades metafísicas, que, se deixarmos nos levar, fazem de nós instrumentos para promover o bem ou o mal na Terra. Segundo a bíblia, o Bem é Deus, e o Mal é Satanás. Essas duas entidades, se desejarmos fazer sua vontade, seremos seus instrumentos nessa guerra como idealizadores de teses ou como meros seguidores dessas teses. Logo, ninguém vive isento dessas influências, seja através do conhecimento ou da ignorância. Por isso todos nós corremos o risco de perder a salvação oferecida por Deus e de ser instrumento do mal que promove a perdição que Satanás deseja dar a todos. Por isso disse escritores bíblicos: “Sede sóbrios e vigilantes, pois o Diabo anda bramindo como leão buscando a quem possa tragar”. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Nietzsche, Freud & Marx
     Para esses três pensadores, na interpretação de Michel Foucault, a razão é a grande responsável para criar signos primeiros, ou verdades absolutas, no contexto em questão, os escritores bíblicos são os responsáveis em manter esse engodo por tanto tempo. Para Nietzsche, a consciência racional é apenas a ponta do iceberg. A grande razão que precisa ser ouvida é nosso corpo e suas pulsões. A vida verdadeira é esta vida terrestre, por isso devemos vive-la intensamente, dando vazão às pulsões e desejos que afloram em nosso organismo. Não existe vida além desta, vida porvir é uma ilusão religiosa.
     Com Freud, o Ego, o Id e o Superego são estruturas animadas que nos falam a todo tempo, mas nunca fora compreendida pelos pensadores anteriores a ele. O Ego é aquela parte que demonstramos aos outros pela razão, o Ego está preso entre os desejos do Id. O id é o responsável pelos nossos impulsos mais primitivos: as paixões, a libido e a agressividade, o Id está conosco desde que nascemos e é norteado pelo princípio do prazer, mas seus desejos são frequentemente reprimidos. O Superego, também chamado de “ideal do Ego” tem a função de conter os impulsos do Id. Suas regras sociais e morais não nascem com a gente, temos que aprendê-la com a sociedade para que possamos conviver nela corretamente. Para Freud o consciente nasce do inconsciente. O Ego consciente criou propositadamente verdades absolutas, princípios originais para controlar as pessoas por meio da fé e da moral. Para Freud, a grande razão ignorada é o inconsciente, e todos nós somos controlados pelo inconsciente que é composto de nervos, músculos, ossos e outros órgãos, deste conjunto orgânico nascem os sentimentos, desejos, causa de enfermidades, alegrias e lapsos de consciência. Logo, a proposta de Freud é que ignoremos a razão consciente, pois esta, é a raiz de todos os erros epistemológico do passado.
     Marx, em “O Capital”, o valor é apenas valor de troca, que, equivocadamente tem-se transferido esse valor como valor moral e religioso. Karl Marx, judeu ateu, relacionou o valor capital, a Mais Valia ou lucro do patrão, são valores que têm valor de troca até mesmo no contexto moral. Tudo está relacionado à troca, inclusive no âmbito da religião que construíra verdades originais para manter o engano através da moral religiosa. Segundo ele e seus cumplices pensadores, as verdades ditas originais contidas na bíblia, são criações da razão, construídas afim de controlar a sociedade em nome de Deus e das religiões.
Gilles Deleuze (1925-1995)
     Deleuze em “Diferença e Repetição” e “Lógica do Sentido”, segundo comentários de Foucault, supera os três quando define tudo como sendo apenas interpretações do pensamento. Não há signo original, verdade primeira; até mesmo essas verdades aparentemente primeiras são produtos de interpretações. Tudo fora construído com propósitos em mente: controlar tudo e todos por meios de signos que significam aparentemente algo real. Logo, tudo é interpretação, construções antropocêntricas para o controle de todos mesmo que seja em nome de seres metafísicos (Deus e o Diabo). Nada vai além de simulacros, das aparências. ¹
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¹ A metafísica não é um ilusório como uma espécie dentro de um gênero; é a ilusão que é uma metafísica, o produto de uma certa metafísica que marcou a sua cisão entre o simulacro, por um lado, e o original e a boa cópia, pelo outro. Houve uma crítica cuja função consistia em designar a ilusão metafísica e fundamentar a sua necessidade; a metafísica de Deleuze empreende a crítica necessária para desiludir os fantasmas. [...] FOUCAULT, p. 52
O império do mal
     A maldade que controla a atual sociedade mundial tem causa. Nada é por acaso. Se não há uma moral original, nem princípios originários em um Deus criador e mantenedor de tudo, a humanidade está livre para dar vazão às suas volúpias mais vis. E as autoridades que seguem as interpretações desses ditos sábios, nada fazem para reprimir a maldade, a imoralidade e o espírito antiético que domina a sociedade contemporânea. A filosofia nasceu para eliminar Deus do consciente da humanidade, depois de quase três mil anos de luta epistemológica seus anseios estão se concretizando; Deus não faz mais sentido para a sociedade do século XXI. Até mesmo os religiosos não se sente mais livres para falar sobre a existência e validade de códigos morais para nortear a sociedade. A religião em vez de atacar, busca conciliar religião e ciência, como se aquela dependesse desta. Assim, fica fácil para a filosofia achar-se a detentora de todo saber, se até mesmo o atual Papa crê mais na ciência e no saber filosófico que no poder de um Deus que criou todas as coisas através do *logos e deu leis imutáveis para o bem da sociedade. Se as autoridades civis e eclesiásticas assumem as interpretações filosóficas como sendo verdade inquestionáveis, imagine a sociedade como um todo? Como diz o ditado popular: “o mundo está do jeito que o Diabo gosta”!
Noé e nós
     O próprio Cristo disse: Assim como aconteceu nos dias de Noé, acontecerá nos dias próximo a minha volta. Nos dias de Noé, Deus não era mais reconhecido como o criador de todas as coisas, por isso aquela sociedade vivia segundo as pulsões de suas paixões corporais, carnais. Não é esta a situação da sociedade do século XXI? Por isso tudo, eu creio no breve retorno de Cristo para intervir nos negócios da humanidade, salvando aqueles que continuam acreditando apesar de toda epistemologia-científico-filosófica dizer o contrário!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Michel Foucault. NIETZSCHE, FREUD & MARX – THEATRUM PHILOSOFICUM. Ed. Princípio, São Paulo, 1997

Filósofo Isaías Correia Ribas