Estamos inseridos no mundo das dualidades: verdade mentira, moral
imoral, feio bonito, alto baixo, homem mulher, gordo magro, certo errado, vivo
morto, etc. E assim, diante das dualidades nos posicionamos no mundo, certos de
que estamos certos. Tratando-se do conhecimento, há uma dualidade fundamental:
conhecimento revelado e conhecimento racional, este último construído pelo
homem. Em todas as dualidades há as variáveis medianas. Ex.: entre o alto e o
baixo, há os intermediários. Em relação à revelação e o racionalismo segue-se a
mesma lógica, isto é, não há somente os estremos. As inter-relações entre
revelação e racionalismo acabam afetando as certezas e incertezas de ambos os
lados, nascendo assim, dúvidas, descrenças e finalmente o ateísmo.
Entendo por revelação os escritos bíblicos, e, em oposição a eles o
racionalismo filosófico. Racionalismo é o uso da razão construindo teorias
racionais para a própria razão crer como verdade última. Isto é, o próprio
homem sendo fundamento de suas crenças religiosas e científicas. Em uma só
palavra: autocrença. A revelação bíblica nos diz que fomos criados por Deus, e
esse mesmo Deus é o mantenedor de todo o universo. O racionalismo filosófico
nega categoricamente os escritos revelados. Para isso, fazendo uso da própria
razão, fez-se autor de sua própria crença, logo, quando nego os escritos
bíblicos, sendo filósofo ou não, estou crendo no próprio homem como o supremo
fundador de todas as verdades religiosas ou não.
Antes da escrita, as palavras reveladas por Deus, o Criador, eram
eternizadas através da fala e do culto a esse Deus; do mesmo modo, os
contrários às revelações, mantinham o antagonismo por meio da cultura politeísta,
cultuando deuses de barro, pedra e madeiras construídos pelo próprio homem. Percebe-se
que, antes mesmo da escrita e do racionalismo filosófico o antagonismo se
instalara no planeta. A bíblia diz que logo depois da entrada do pecado esse
antagonismo e outras desgraças começou fazer-se presente no mundo. Com o
aumento demográfico e a evolução técnica, a escrita foi possível, e assim,
esses dois seguimentos foram se eternizando através das diferentes formas de registros.
Por volta do século X a. C. esses dois princípios antagônicos organizados como
nação de Israel e as Polis (cidades estados gregas romanas) se aproximaram
passando a trocar influências e ambas foram influenciados pelas diversas
culturas e religiosidades; no século V a. C., por causa dos conflitos bélicos,
os prisioneiros de guerra passaram a conviver juntos, isto é, a tribo de Judá e
Manásseis, logo, os judeus, foram cativos dos Babilônios, tornando-se escravos
deste. E, como cativos, por meio do profeta Daniel e seus companheiros de
prisão, começaram revelar a Nabucodonosor, rei de Babilônia, o poder de Seu
Deus, Aquele que revelara as escrituras bíblicas. Satanás, apreensivo pelo
progresso de seu antípoda, buscou também, por meio do conhecimento escrito
reformular seu modo de enganar, e assim, suscitou a reformulação da filosofia
da natureza (Physis), fazendo crescer o conhecimento
filosófico-científico-antropocêntrico, o racionalismo. Sabia ele, Satanás, que
para concorrer com a revelação, o racionalismo teria que ser muito bem
elaborado à vista dos homens, assim sendo, não é atoa que a escrita filosófica
encanta ao ponto de parecer à única verdade verídica, quase ofuscando-nos de
seus enganos contidos nas suas entrelinhas.
Sócrates, primeiro filósofo Pós-naturalista, apreensivo com a conclusão
dos primeiros filósofos que inferira, por meio de Heráclito que, de tudo o que
analisamos na natureza e no cosmos, no universo há apenas o *movimento, isto é, o vir-a-ser. Segundo
o próprio Heráclito, não podemos entrar num mesmo rio duas vezes, pois, aquele
que entramos pela primeira vez passou; do mesmo modo, o que sou agora já não
sou mais no próximo milésimo de segundo, logo, o movimento natural (vir-a-ser)
é um eterno ser-e-não-ser; e, isso se dá do nascimento à morte, tudo gera e
tudo se corrompe. Mas Parmênides questionou-o: só podemos apreender o ser se
ele for fixo, logo, o ser é ou não é. Assim, Sócrates diante da missão de
continuar filosofando exclamou: “Sei que nada sei”;! e para Platão, discípulo de Sócrates: o filosofar
começa com a “admiração” para Aristóteles, aluno de Platão: o filosofar dá-se
com o “espanto”.
Marilena Chauí:
A primeira característica da atitude
filosófica é negativa, isto é, um
dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às
ideias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os
comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o
porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e
não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações
fundamentais da atitude filosófica.
A fase negativa e a fase positiva da atitude filosófica constituem o que
chamamos de atitude crítica e pensamento
crítico.
A filosofia começa dizendo
não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo
que não sabemos o que imaginamos saber; por isso, o patrono da filosofia, o
grego Sócrates afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é
dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego
Platão, a filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o
filósofo Aristóteles, acreditava que a filosofia começa com o espanto.
Admiração e espanto significam: tomamos distância de nosso mundo
costumeiro, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos
visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e
outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se
estivéssemos acabado de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos
perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também
o que somos, porque somos e como somos. Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo. FILOSOFIA. Ed. NOVA. Apostila Para
Concursos Públicos. P. 33 e 34, 2013.
Em
síntese, a filosofia ignorou tudo o que existia de conhecimento até aquele
momento para fundamentar o seu saber, como se fosse à criadora de tudo.
Sócrates admitiu a existência de um Deus Inteligência Superior, do qual disse
ser seu missionário. Era o filósofo das Ágoras (praças públicas), lutou por
moralizar a política, por cidadãos públicos mais justos; por isso foi condenado
à morte; com a consciência tranquila tomou o copo de cicuta segundo a ordem da
corte e morreu. Diante das injustiças feitas a seu professor, Platão fugiu de
Atenas por aproximadamente doze anos, por onde passou conheceu outras culturas.
Voltando à Atenas fundou sua Academia, influenciado pelos pitagóricos e seus
rituais místicos filosofou fundamentado no misticismo de Pitágoras.
Fundamentalmente o corpo e a alma são as dualidades de sua filosofia. Até
então, essa divisão não existia, segundo a bíblia a alma é a própria pessoa
que, diante da morte tudo se esvai, cai no esquecimento. Platão admitiu a morte
do corpo, mas eternizou a alma, mais que isso, fez dela a responsável pela cognição
humana. Construiu-lhe um mundo a parte, o Hiperurânio, mundo das formas
perfeitas, modelo de tudo o que há na Terra. Com o passar do tempo a filosofia
de Platão virou teologia anti-bíblica e, como tal, continua enganando a
humanidade. Deus para Platão é um plasmador, aquele que faz a partir da matéria
existente, Ele não cria através do logos, mas plasma, isto é, manuseia.
Aristóteles, discípulo de Platão, desvinculou-se da teologia ou
filosofia de seu mestre e passou a sistematizar a ciência, ou o conhecimento,
porém, como todo filósofo admitiu um causador de toda a ordem universal, o
cosmos. Raciocinando logicamente, é impossível a ordem cosmológica sem um
ordenador inteligente, mas, para ir contrário aos ensinamentos bíblicos dos
judeus, negou existência de um Deus Criador e mantenedor do universo, preferiu
ficar ao lado do Pré-Socrático Heráclito. Deus para Aristóteles é um motor
imóvel, aquele que move tudo sem se mover; é ato puro, no entanto:
Este Deus, pelo seu efetivo isolamento
do mundo, que ele não conhece, não cria, não governa, não está em condições de
se tornar objeto de religião, mais do que as transcendentes ideias platônicas.
E não fica nenhum outro objeto religioso. Também Aristóteles, como Platão, se
exclui filosoficamente o antropomorfismo, não exclui uma espécie de politeísmo,
e admite, ao lado do ato puro e a ele subordinado, os deuses astrais, isto é,
admite que os corpos celestes são animados por espíritos racionais. Entretanto,
esses seres divinos não parecem e não podem ter função religiosa e sem física.
Aristóteles não nega o vir-a-ser de Heráclito, nem o ser de Parmênides,
mas une-os em uma síntese conclusiva, já iniciada pelos últimos pré-socráticos e
grandemente aperfeiçoada por Demócrito e Platão. Segundo Aristóteles, a
mudança, que é intuitiva, pressupõe uma realidade imutável, que é de duas
espécies. Um substrato comum, elemento imutável da mudança, em que a mudança se
realiza; e as determinações que se realizam nesse substrato, a essência, a
natureza que ele assume. (...)
Não obstante esta concepção filosófica da divindade, Aristóteles admite
a religião positiva do povo, até sem correção alguma. Explica e justifica a
religião positiva, tradicional, mítica, como obra política para moralizar o
povo, e como fruto da tendência humana para as representações antropomórficas;
e não diz que ela teria um fundamento racional na verdade filosófica da
existência da divindade, a que o homem se teria facilmente elevado através do
espetáculo da ordem celeste. Ibid. p. 27 e 28
Toda metafísica filosófica, independente do filósofo, até os filósofos
cristãos, eles estão negando a revelação bíblica, fazem isso sob o pano de
fundo religioso. Não se engane; os filósofos são fiéis à filosofia,
pois, somente assim são considerados engajados na academia. Aristóteles admitiu
a religião ideológica, já sabia ele que a ideologia tem existência material e
não ideal, logo, as religiões ou instituições religiosas não passam de aparelhos
ideológicos do Estado. Por isso, aqueles que buscam a salvação segundo revelada
na bíblia têm que agir pela fé, caso faltem evidências para crer, aja pela fé
conforme fez Abraão. O verdadeiro cristão mostra-se verdadeiro pelo
comportamento e não pelas palavras, as palavras enganam o modo de ser e agir não,
logo, meu jeito de ser externado no mundo revela a verdade que está em mim. Diante de Deus, somos justificados pelos atos de fé, não por argumentos. Jesus "nada escreveu", a não ser as palavras: "Alguém te condenou? nem Eu , vais e não peques mais". Palavras registradas na terra à Maria Madalena e seus acusadores. Deus, comparado às argumentações filosóficas e teológicas, em se tratando de escrever, é "silêncio". Ele fez questão de escrever apenas os dez mandamentos universal (Êxodo) e aquelas palavras à Madalena. Quem muito fala ou escreve logicamente, quer se justificar ou, como diz o ditado: "dar milho a bode".
Filósofo Isaías Correia Ribas.