Segundo Manuel Garcia Morente, filosofia
não se define, se faz; logo, como todas as ciências, filosofia é vivência,
assim sendo, só se sabe o que é filosofia quando se é realmente filósofo. Isto
quer dizer que a filosofia, mais do que qualquer outa disciplina, necessita ser
vivida. Vivência significa o que temos realmente em nosso psíquico; o que real
e verdadeiramente estamos sentindo.
Vivência
não é conhecer o nome dos filósofos e seus conceitos abstratos. Para vivê-la é
indispensável entrar nela como se entra numa selva, entrar nela para
explorá-la.
É
possível reduzir os sistemas filosóficos de alguns grandes filósofos a uma ou
duas fórmulas muito densas, muito bem elaboradas, mas, que dizem essas fórmulas
para quem não caminhou ao longo das páginas dos livros desses filósofos? “Todo
racional é real e todo real é racional” (Hegel). “O homem é o lobo do homem”
(Thomas Hobbes). “Penso, logo existo”. (Descartes), etc. Assim sendo, precisa
conhecer para ter vivência filosófica o que se adquire estudando os
desdobramentos do pensamento explícito do filósofo.
Sentido da palavra filosofia
Do grego, philos
e sopfia, que significam “amor à
sabedoria”. Filósofo é o amante da sabedoria. Mas essa definição durara pouco
tempo na história; em Heródoto, em Tucídides, talvez nos Pré-Socráticos uma ou
outra vez durante pouco tempo. Passando a significar a própria sabedoria.
Se a filosofia é o saber.
Que classe de saber é o saber filosófico? Porque há muitas classes de saber: há
o saber que todos temos sem ter aprendido nem refletido sobre nada; e há outro saber,
que é o que adquirimos quando o procuramos. Há um saber, pois, que temos sem tê-lo
procurado, como Pascal encontrava a Deus sem procurá-lo; mas há outro saber que
não temos se não o procuramos, e que, se não o procuramos não o temos.
(Morente, Manuel Garcia. Fundamentos Preliminares de Filosofia. p. 26, 1964)
Filosofia Antiga
Com Platão a palavra saber corresponde à distinção entre a
simples opinião (doxa); o conhecimento
racionalmente bem fundado (epistéme);
e a opinião que se afasta da opinião corrente (paradoxo). A partir dessas distinções, Platão desenvolveu sua
filosofia. O método da filosofia no sentido do saber reflexivo que encontramos
depois de tê-lo procurado propositadamente, é a dialética. Quer dizer que
quando não sabemos nada, ou o que sabemos, o sabemos sem tê-lo procurado, como
a opinião, é um saber que não vale nada; quando nada sabemos, mas queremos
saber; quando queremos aproximar-nos ou chegar a essa epistéme, a este saber racional e reflexivo, temos que aplicar o
método para encontrá-lo, esse método Platão chama de dialética. Isto é, antecipar o saber que procuramos, mas logo
depois negar e discutir essa tese ou essa afirmação que fizemos e depurá-la em
discussão. A dialética em Platão é a autodiscussão, porque é uma espécie de
diálogo consigo mesmo. Chegando assim ao saber filosófico, à sabedoria autêntica,
a epistéme, como chama Platão, a
ciência.
Aristóteles
E desde Aristóteles continua empregando-se a apalavra “filosofia”
na história da cultura humana com o sentido de totalidade do conhecimento humano.
Na filosofia, então, distingue-se diferentes partes. Na época de Aristóteles a
distinção ou distribuição corrente das partes da filosofia era: lógica, física,
metafísica e ética.
Lógica, na época de
Aristóteles estudava os meios de adquirir o conhecimento do ser das coisas.
Física designava a segunda
parte da filosofia, era o conjunto de nosso saber acerca de todas as coisas,
fossem quais fossem. Todas as coisas e a alma humana estavam dentro da física. Por
isso a psicologia formava parte da física, e a física, por sua vez, era a
segunda parte da filosofia.
Ética refere-se aos nossos
conhecimentos acerca das atividades do homem: o que o homem é; o que o homem
produz; produz o que não está na natureza, por isso que é parte da física, mas
ante é feito pelo homem. O homem, por exemplo: faz o Estado, vai à guerra, tem
família, é músico, poeta, pintor, escultor. Sobretudo é escultor para os
gregos. Tudo isso para Aristóteles compreendia sob o nome de ética, uma de cuja
subpartes era a política.
Sociedade atual
Os estudantes brasileiros (as) das escolas
públicas a bem pouco tempo começaram estudar filosofia, no entanto, já falam em
suspender a disciplina do currículo. Os políticos e “educadores” precisam
entender que é necessário que os estudantes aprendam regras de convivência segundo
a visão filosófica. É uma disciplina tão importante como as ciências exatas e
das linguagens, não sendo menos importantes que qualquer outra. Pelo contrário,
para melhor conviver e compreender o outro (a) neste mundo que vai de mal a
pior, não vejo nada melhor que conhecer a ciência da convivência a partir dos
fundamentos da lógica, física e ética de Aristóteles. Uma nação sem educação
formal é pior que os animais irracionais.