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quinta-feira, 25 de maio de 2017

FILOSOFIA É CIÊNCIA?



     Segundo Manuel Garcia Morente, filosofia não se define, se faz; logo, como todas as ciências, filosofia é vivência, assim sendo, só se sabe o que é filosofia quando se é realmente filósofo. Isto quer dizer que a filosofia, mais do que qualquer outa disciplina, necessita ser vivida. Vivência significa o que temos realmente em nosso psíquico; o que real e verdadeiramente estamos sentindo.
Vivência não é conhecer o nome dos filósofos e seus conceitos abstratos. Para vivê-la é indispensável entrar nela como se entra numa selva, entrar nela para explorá-la.
É possível reduzir os sistemas filosóficos de alguns grandes filósofos a uma ou duas fórmulas muito densas, muito bem elaboradas, mas, que dizem essas fórmulas para quem não caminhou ao longo das páginas dos livros desses filósofos? “Todo racional é real e todo real é racional” (Hegel). “O homem é o lobo do homem” (Thomas Hobbes). “Penso, logo existo”. (Descartes), etc. Assim sendo, precisa conhecer para ter vivência filosófica o que se adquire estudando os desdobramentos do pensamento explícito do filósofo.

Sentido da palavra filosofia

     Do grego, philos e sopfia, que significam “amor à sabedoria”. Filósofo é o amante da sabedoria. Mas essa definição durara pouco tempo na história; em Heródoto, em Tucídides, talvez nos Pré-Socráticos uma ou outra vez durante pouco tempo. Passando a significar a própria sabedoria.
Se a filosofia é o saber. Que classe de saber é o saber filosófico? Porque há muitas classes de saber: há o saber que todos temos sem ter aprendido nem refletido sobre nada; e há outro saber, que é o que adquirimos quando o procuramos. Há um saber, pois, que temos sem tê-lo procurado, como Pascal encontrava a Deus sem procurá-lo; mas há outro saber que não temos se não o procuramos, e que, se não o procuramos não o temos. (Morente, Manuel Garcia. Fundamentos Preliminares de Filosofia. p. 26, 1964)

Filosofia Antiga
     Com Platão a palavra saber corresponde à distinção entre a simples opinião (doxa); o conhecimento racionalmente bem fundado (epistéme); e a opinião que se afasta da opinião corrente (paradoxo). A partir dessas distinções, Platão desenvolveu sua filosofia. O método da filosofia no sentido do saber reflexivo que encontramos depois de tê-lo procurado propositadamente, é a dialética. Quer dizer que quando não sabemos nada, ou o que sabemos, o sabemos sem tê-lo procurado, como a opinião, é um saber que não vale nada; quando nada sabemos, mas queremos saber; quando queremos aproximar-nos ou chegar a essa epistéme, a este saber racional e reflexivo, temos que aplicar o método para encontrá-lo, esse método Platão chama de dialética. Isto é, antecipar o saber que procuramos, mas logo depois negar e discutir essa tese ou essa afirmação que fizemos e depurá-la em discussão. A dialética em Platão é a autodiscussão, porque é uma espécie de diálogo consigo mesmo. Chegando assim ao saber filosófico, à sabedoria autêntica, a epistéme, como chama Platão, a ciência.

Aristóteles
     E desde Aristóteles continua empregando-se a apalavra “filosofia” na história da cultura humana com o sentido de totalidade do conhecimento humano. Na filosofia, então, distingue-se diferentes partes. Na época de Aristóteles a distinção ou distribuição corrente das partes da filosofia era: lógica, física, metafísica e ética.
Lógica, na época de Aristóteles estudava os meios de adquirir o conhecimento do ser das coisas.
Física designava a segunda parte da filosofia, era o conjunto de nosso saber acerca de todas as coisas, fossem quais fossem. Todas as coisas e a alma humana estavam dentro da física. Por isso a psicologia formava parte da física, e a física, por sua vez, era a segunda parte da filosofia.
Ética refere-se aos nossos conhecimentos acerca das atividades do homem: o que o homem é; o que o homem produz; produz o que não está na natureza, por isso que é parte da física, mas ante é feito pelo homem. O homem, por exemplo: faz o Estado, vai à guerra, tem família, é músico, poeta, pintor, escultor. Sobretudo é escultor para os gregos. Tudo isso para Aristóteles compreendia sob o nome de ética, uma de cuja subpartes era a política.

Sociedade atual

     Os estudantes brasileiros (as) das escolas públicas a bem pouco tempo começaram estudar filosofia, no entanto, já falam em suspender a disciplina do currículo. Os políticos e “educadores” precisam entender que é necessário que os estudantes aprendam regras de convivência segundo a visão filosófica. É uma disciplina tão importante como as ciências exatas e das linguagens, não sendo menos importantes que qualquer outra. Pelo contrário, para melhor conviver e compreender o outro (a) neste mundo que vai de mal a pior, não vejo nada melhor que conhecer a ciência da convivência a partir dos fundamentos da lógica, física e ética de Aristóteles. Uma nação sem educação formal é pior que os animais irracionais.