Muitos homens deduzem que são mais racionais que as mulheres; acham eles
que pensam a partir da mente (cérebro) e elas através do coração; assim
concordam muitos homens e não todas as mulheres, que essa é a causa delas serem
mais emotivas que eles. Não me parece bem fundamentados e informados os que
assim pensam. Biologicamente, nossas diferenças são apenas em gênero. Tanto o
coração como o cérebro de ambos cumprem as mesmas funções: o coração bambeia o
sangue para irrigar todo o organismo mantendo-o em condição de cada órgão cumprir
sua função vital; o cérebro, órgão irrigado pelo coração, é o centro nervoso que
controla todas as funções orgânicas, sejam elas físicas, emocionais e
psíquicas. É por meio de comandos e ligações neurônicas contidas no cérebro que
pensamos, agimos, planejamos, aprendemos, organizamos o pensamento e temos
consciência de que somos conscientes. Mas a questão é, por que grande parte da
população, independente de grau de formação ainda acham que o coração é o
centro das emoções? Penso que isso se dá devido às alterações na frequência
cardíaca diante de certas situações psicossomáticas que enfrentamos no dia a
dia. O coração é o único órgão autônomo, que tem sua frequência funcional
alterada diante das diversidades da vida, e, por essas alterações serem
mensuradas facilmente, deduz-se, erroneamente, que ele seja o centro das
emoções, meio pelo qual expressamos nosso amor, ódio e tudo o mais que somos. Pois,
o coração, além bombear o sangue para nos manter vivos, é também o indicador de
que algo está errado no corpo, como ele é o responsável para manter o corpo com
vida e saúde, nada mais lógico que deduzir seja ele o responsável direto por
nossas emoções. Mas, com os avançados estudos no corpo humano, incluindo as
emoções e processos cognitivos, está provado cientificamente que o cérebro,
casa da mente, é o órgão que processa e controla todo o organismo. Nossa
vontade controla muito pouco das funções orgânicas. A consciência é uma pequena
parte do universo cerebral, muitas de suas funções dão-se independentemente da
consciência do indivíduo. Por exemplo: O pensamento, ele aparece para mim
quando eu quero, ou não depende do meu querer? Ele aparece por meio dos
sentidos, depois, conscientemente posso querer ou não pensar sobre o que
apareceu à consciência. Então, dialogar com o outro formulando sentenças gramaticais
utilizando-se dos conceitos coração e alma, para nós brasileiros é uma questão
cultural, e como tal, não será em pouco tempo que vamos nos livrar dessa
cultura, mesmo estando consciente desse aprendizado “falacioso”.
Tanto os homens como a mulheres são racionais, pensão e organizam tudo
por meio da razão ou cérebro. Achar que o homem é mais racional que sua
companheira é um equívoco que precisa ser superado por grande parte da
humanidade. A capacidade intelectual de ambos são iguais; Além da justificativa
acima, a cultura machista e patriarcal têm colaborado para a manutenção desse
equívoco milenar. Outra possibilidade para pensar assim pode ter sua causa nas
divisões de tarefas, até pouco tempo atrás o homem era o responsável para
providenciar o sustento da família, e, à mulher, cabia-lhe, cuidar dos deveres
da casa e da educação dos filhos, assim, “deduziam os homens”, que as mulheres
não precisavam pensar, uma vez que eles eram quem tinham que pensar o que fazer
para providenciar o sustento. Pode haver outras possibilidades de causas para
muitos ainda pensarem assim, mas, as apresentadas são suficientes para
deduzirmos que nossas diferenças são apenas em gêneros, e não intelectuais.
As literaturas antigas, de modo geral, priorizam o coração e não a mente
como a raiz de todos os sentimentos bons e ruins, tanto é que os apelos são
feitos para as pessoas entregar-se de todo o coração e alma. Ambos, coração e
alma, são conceitos elevados às funções destacadas pela tradição cultural e
filosófica, porém, nem por isso faz deles verdades inquestionáveis, livres de
erros. Quanto ao coração, já vimos sua diferença com relação ao cérebro; a alma,
além do corpo, não existe; é apenas uma teoria filosófica elaborada por Platão
que o cristianismo medieval adotou como verdade para justificar a imortalidade
da alma em relação à mortalidade do corpo, dando assim base para a teologia
espiritualista da reencarnação; levando as pessoas a crerem nessa hipótese
filosófica como se fosse uma verdade bíblica. Muitos podem questionar: Se Jesus
é o mestre dos mestres por excelência, por que Ele também apelava ao coração e
não à mente? Simples: Porque Ele também nasceu inserido em uma cultura como qualquer
um de nós. Mas os questionamentos podem continuar: Se a bíblia é a verdade
revelada, por que Deus não corrigiu esses equívocos por meio das revelações dadas
aos profetas? Simples: Porque Deus respeita as diferenças culturais da
humanidade, provando assim, que a bíblia é um livro de origem divino-humano.
Independentemente de gênero, o ‘EU’ feminino e masculino impera em nosso
egoísmo fazendo com que nos sintamos autos suficientes, aptos a questionar
qualquer coisa que queira mudar ou redirecionar nossa visão de mundo, seja
política e/ou religiosidade. Está em nós o querer ser segundo o ‘EU’, a minha
vontade. Eva, no Éden, foi escolhida por Satanás para ser tentada e enganada;
após um pequeno diálogo ela decidiu querer ser igual a Deus sem se aconselhar
com seu companheiro Adão. Assim, o pecado entrou no planeta Terra. Adão, após
estar consciente do pecado da esposa, conscientemente decidiu selar seu ‘EU’ ao
‘EU’ de sua companheira, e assim, ambos pecaram. Atualmente as mulheres estão
conquistando seus justos direitos de serem iguais aos homens com relação a
empregos, salários, direitos políticos e eclesiásticos. E assim, suas visões de
mundo, semelhante a dos homens, vão sendo impostas às mais diferentes instituições
político-religiosas, incrementando-as para o bem ou ao mal comum. Tanto os
homens como as mulheres que querem ser representantes de comunidades
político-religiosas, devem cuidar-se para não ser ditador (a) de sua visão de
mundo aos demais membros de sua comunidade que os veem como exemplos.
“Todas as pessoas”, independentemente de cultura e posição social
priorizam o ‘EU’ acima de qualquer outra coisa; o ‘EU’ pode vir a ser uma
verdade acima de tudo, se o ‘EU’ “sempre estiver com a razão”, e todos nós
somos culturalmente inclinados, quando se trata de tomar decisões, priorizar o ‘EU’,
sua particular visão de mundo em detrimento de tudo o que envolve outras
pessoas e sentimentos alheios; isso tem nome, chama-se: “verdade subjetiva”, ou, verdade do sujeito. Porém, é esta verdade a
causa de todas as desavenças nos lares, nas famílias, nas comunidades
politico-religiosas, dos extermínios étnicos e das guerras entre os povos e
nações de todas as épocas. A verdade nunca está no e com o sujeito, mas no
entendimento comum, onde todos se unem para um bem comum, e esse bem comum é
sustentado por um regimento áureo denominado lei, esta sim, está acima de toda
subjetividade, pois, ela promove a justiça a todos independentemente dos
sujeitos, e assim, bem aventurados e livres são aqueles que agem segundo os
ditames da lei, e aos que agem contrários às regras legais, a perda da
liberdade e as penalidades da lei. Então, pergunto: O que é e onde estão a
liberdade e a verdade? Para o Estado e qualquer comunidade organizada, com e na
lei.
Todo o cosmo (ordem universal) é regido por leis invariáveis, são elas
que mantêm a estabilidade astral e a vida no universo. E não é diferente quanto
à manutenção da ordem moral no universo; Deus estabeleceu Sua lei eterna para
garantir a paz, a liberdade e a harmonia entre todos os seres criados que
desfrutam e desfrutarão desses bens divinos. A bíblia é a carta de Deus à
humanidade. Nela está explícita toda a vontade de Deus para com os homens e mulheres
que desejam a eternidade e a verdadeira liberdade.
Analisando o comportamento dos atuais religiosos (as) que encabeçam a
liderança dos ritos e “pregação do evangelho”, nota-se, que, está em
perspectiva à possibilidade de, em pouco tempo, grandes mudanças
comportamentais entre as comunidades religiosas quanto às regras bíblicas sobre
o modo de agir dos cristãos, em breve não haverá mais divisão entre religiosos
e ateus, dificultando diferenciar o que é servir a Deus das teorias e filosofias
de homens e mulheres que exaltam seu ‘Eu’ em nome de Deus. Se, no Estado e
comunidades de ordens comuns a subjetividade é o mal maior, no reino de Cristo não é diferente, a subjetividade
imposta ou não, é pecado. Por isso o convite de Cristo: “Filho meu, dá-me o teu coração”, o teu ‘EU’, a tua subjetividade,
a tua razão e vontade para que Eu possa muda-los para honra e glória de Deus,
fazendo de ti um cidadão do reino dos céus. Ninguém será salvo sem provar desse
milagre divino; o egoísmo e minha vontade mundana hão de morrer por Cristo para
que eu possa alcançar a eternidade, o reino de paz e harmonia. O Espírito Santo
que habita entre nós é o responsável por fazer essa cirurgia assim que o meu ‘EU’
permitir.
Para pensar: Como o nosso ‘EU’ está
colaborando para a pregação do verdadeiro evangelho por meio de sua igreja e
diferentes comunidades que influenciamos?
Filósofo Isaías Correia Ribas