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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

“RELIGIÕES: SÃO INVENÇÕES HUMANAS”? - I


          A filosofia, a sociologia, a história e outras ciências, são unânimes em afirmar que as religiões são criações humanas, e estas foram inventadas nos diferentes continentes para estabelecer o comportamento prático e emocional baseados no temor dos deuses. A ética, segundo a filosofia, é a ciência que estuda esses costumes comportamentais. Neste e nos próximos dois ou três artigos mostrarei à luz da filosofia e da religião bíblica que nem tudo é criação dos homens, mas que há uma religião revelada em vigor ainda hoje apesar dos ataques das ciências e "teologias antropocêntricas".
          A primeira e mais ilustre das invenções humanas foi o pensamento filosófico, a filosofia. E esta nasceu com propósitos definidos: eliminar do consciente da humanidade a inutilidade do conhecimento mítico, místico e revelado, isto é, a mitologia, a transcendência mística baseadas em rituais religiosos e a verdade revelada defendida pelos hebreus, israelitas e por último os judeus. Então, quando se fala em religiões e quem fala tem que saber diferenciar a religião das religiões, pois nem tudo que é parecido é igual e verdadeiro.
          Quando surgiram os primeiros filósofos na Grécia antiga (VII a. C.) o propósito deles era criar um conhecimento antropocêntrico, eliminando as três fontes citadas acima. Para isso eles começaram analisar o Cosmo (ordem universal) e a natureza, essa análise era baseada na sensibilidade, isto é, nos sentidos, visão, tato, audição etc. por isso, ciência sensível. Logo, todo conhecimento que fosse comprovado dentro dessa lógica era o verdadeiro conhecimento. O primeiro desafio deles era comprovar que o universo tinha outra causa, e Deus, o criador era apenas uma invenção hebraica, de Moisés. Por duzentos anos analisaram os elementos da natureza em busca de um ou alguns deles que fossem a causa do Cosmo e da vida. Não encontraram. Deduziram por meio de Heráclito (V-IV a. C.) que o Movimento Natural, geração e corrupção ou nascimento e morte, é, por si só o causador de tudo, ou melhor, a natureza, independente de Deus ou deuses é autogeradora e mantenedora de tudo. Esse primeiro período filosófico chama-se Pré-Socrático, ou naturalista. Então, dessa primeira investida antropocêntrica não foi possível eliminar os deuses, o Deus dos judeus, mas acrescentar mais um deus, a natureza.
          O conhecimento filosófico sempre busca a visão do todo, do universo, está em busca da verdade, seja ela qual for e doa a quem doer; os filósofos têm essa prioridade, a verdade. Sócrates, o primeiro filósofo Pós-Naturalistas, desviou o foco da natureza e focou no homem e seu comportamento ético. Como não foi possível encontrar um elemento causador de tudo, Sócrates admitiu a origem do Cosmo em alguém ou algo além desse mundo e esse algo é para ele uma Inteligência Superior a do homem. Então, deduz-se que o deus de Sócrates é apenas um conceito, uma Inteligência Superior. Assim, podemos inferir também que Sócrates era Monoteísta. Ele criticou o politeísmo grego, as injustiças políticas cometidas em Atenas e estava redirecionando, corrompendo a juventude com sua filosofia e era também defensor da verdadeira democracia, isto é, o povo teria que participar do governo, [...] por essas e outras foi condenado à morte; teve a oportunidade de fugir, porém, para ser coerente aos princípios democráticos defendidos por ele preferiu morrer que ser incoerente. E assim, segundo a ordem da justiça, tomou o copo de Cicuta, bebeu-o lentamente e morreu.
          Platão, discípulo de Sócrates, descendia de família política e estava sendo preparado para ser político, vendo o que acontecera a seu mestre, temendo a mesma sorte fugiu de Atenas e por doze anos ficou no Oriente pesquisando outras constituições para, se preciso fosse, aplicá-la à Atenas. Nesse período chegou a ser vendido como escravo; teve contato com os discípulos de Pitágoras, os pitagóricos, aprendendo as teorias místicas e outras formas de cultos ocultos, logo, Platão foi um filósofo mítico-místico racionalista, não é por acaso que foi o filósofo que criou filosofias e místicas antagônicas à bíblica que foram introduzidas no cristianismo, que são, ainda hoje, a base de todos os espiritualistas católicos, espíritas e protestantes da atualidade. Vamos analisar a jogada filosófico-religiosa de Platão para entendermos a quem servimos, cultuamos em nosso dia a dia.
Platão, voltando para Atenas fundou a sua escola, a Academia. Seguindo a mesma lógica de seu mestre Sócrates, admitiu também que a ordem Universal tem sua causa fora de nosso planeta. Para não ser diferente do mestre, criou a ideia de seu deus, o demiurgo, deus plasmador, isto é, aquele que cria a partir da matéria, sendo apenas um modelador, ele não cria nada a partir do nada, ele precisa da matéria pré-existente, então, demiurgo é o conceito do deus platônico. Ao viajar o mundo oriental quando fugia, Platão percebera que os mitos e as místicas eram criações humanas, e o que fazia a diferença nessa babilônia religiosa eram os judeus com sua religião revelada, sua religiosidade era racional, seu livro, a bíblia, não tinha um autor homem, estava sendo composta, escrita por diferentes personagens históricos baseados em revelações, e a ação desse povo era coerente às orientações escrita-reveladas. Mas, como a filosofia precisava derrubar todas as formas de religiosidade, o ataque teria que ser certeiro, se não minar a religião bíblica em vão será nossa luta contra a origem e o originador do Universo. Então, filosofia sempre foi e é antagônica aos escritos bíblicos em especial.
MUNDO DAS IDEIAS
          Platão criou o mundo das ideias, mundo ilusório. Porém, para ele, o verdadeiro mundo, a realidade, é o que está em nossa mente aquilo que criamos a partir da imaginação; e ilusório é o mundo no qual vivemos e tiramos nosso sustento, enfim, a realidade mundana. Percebeu a primeira jogada filosófica de Platão? ele fez a inversão da realidade: a realidade é aquilo que está em nossa mente e a concretude real do mundo em que vivemos é uma ilusão. E a segunda jogada foi mais audaciosa, magistral. Atacou diretamente o ensino bíblico, prova com isso que a filosofia tem como prioridade, destruir o que Deus criara e dissera ser a verdade.  
Platão faz sua segunda jogada filosófica a partir do conceito de alma; Segundo a bíblia a pessoa é uma alma vivente, ele não tem uma alma, ela é uma alma, um ente racional semelhante ao seu criador, capaz de pensar e executar o pensado, de falar e criar estruturas cognitivas, expor seus pensamentos, logo, racional tal qual o Deus criador. O que fez Platão? Dividiu a indivisível pessoa, em corpo mortal e alma imortal. Morrendo a pessoa, o corpo, segundo a bíblia e Platão, vai para a sepultura; e a alma, segundo a bíblia, que é o sopro divino continua com Ele, Deus, pois a Ele pertence; segundo Platão, a alma vai para o mundo das ideias, o Hiperurânio, mundo das formas perfeitas e por lá fica mil anos se purificando, passados os mil anos, ao voltar para se reencarnar, banha-se no rio ou lago do esquecimento e esquece tudo que vira, reencarnada, passa a ensinar a nova pessoa sobre o que vira no mundo das ideias, esse ensinamento dá-se pela reminiscência (lembrança do que vira). Como se dá esse ensinamento? Pela anamnese (relembrar), à medida que a criança vai contemplando as coisas nesse mundo ela vai relembrando o que a alma vira no mundo das formas perfeitas, o Hiperurânio; segundo Platão, de cada coisa natural que há aqui, há uma mostra perfeita e eterna naquele mundo, e o período que alma passa lá é justamente para isso, aprender contemplando as formas perfeitas, então, aprender para Platão é relembrar, se isso fosse verdade, para que uma academia, escolas. Só para fechar o raciocínio, Aristóteles, discípulo de Platão, discordou do mundo das ideias do mestre e defendeu que a verdadeira realidade está presente em nosso planeta e é por aqui que devemos focar nossas pesquisas acadêmicas, porém, Aristóteles deu também sua contribuição para acabar de vez com o pensamento bíblico, segundo ele, não apenas as pessoas têm alma, os animais irracionais e os vegetais também a possuem, e que sem esta, a alma, as próprias pesquisas, o conhecimento estaria comprometido, o comportamento instintovo dos animais não existiria e as vegetais não produziriam. Então, a alma é o que faz a ligação entre todos, é uma extensão que se completa, divergindo apenas em graus a sua presença, tendo o homem a intelectiva, racional; os irracionais a sensitiva e os vegetais a vegetativa. Aristóteles, a exemplo dos dois clássicos anteriores, Sócrates e Platão, também inventou seu deus conceitual, o Motor imóvel que move todas as coisas sem se mover, que causou tudo sem ser causado. Esses três filósofos são unânimes em admitir que tudo o que existe no Universo só pode ter vindo de alguém superior aos homens, eles só não admitem que esse alguém seja o Deus bíblico, por isso criaram seus deuses, um conceito, para compor suas filosofias.
          O Mundo das Ideias de Platão foi muito bem elaborado que Santo Agostinho (IV d. C.) aplicou-o ao cristianismo primitivo, deturpando-o, Sendo, daquele momento em diante a base teológica de todos os credos que creem na imortalidade da alma e na reencarnação da mesma, é esse cristianismo platônico que todos os filósofos que estão em busca da verdade condenam; mas temos que admitir que, independentemente das críticas filosóficas, a religião bíblica foi abalada, mas não exterminada e dá para mostrar àqueles que desejam a salvação em Cristo, que é possível separar teologia bíblica de teologia filosófica e servir ao Deus criador em pleno século XXI.
 Vou seguir com nesse raciocínio filosófico nos próximos artigos, mostrando que a bíblia é a verdade absoluta e esta fará a diferença na atualidade, defendendo a fé verdadeira e a salvação em Cristo Jesus!

Filósofo e professor Isaías Correia Ribas.