A filosofia, a sociologia, a história
e outras ciências, são unânimes em afirmar que as religiões são criações
humanas, e estas foram inventadas nos diferentes continentes para estabelecer o comportamento prático e emocional baseados no temor dos deuses. A ética, segundo a
filosofia, é a ciência que estuda esses costumes comportamentais. Neste e nos próximos dois
ou três artigos mostrarei à luz da filosofia e da religião bíblica que nem tudo
é criação dos homens, mas que há uma religião revelada em vigor ainda hoje apesar dos ataques das ciências e "teologias antropocêntricas".
A primeira e mais ilustre das
invenções humanas foi o pensamento filosófico, a filosofia. E esta nasceu com
propósitos definidos: eliminar do consciente da humanidade a inutilidade do
conhecimento mítico, místico e revelado, isto é, a mitologia, a transcendência
mística baseadas em rituais religiosos e a verdade revelada defendida pelos hebreus,
israelitas e por último os judeus. Então, quando se fala em religiões e quem fala
tem que saber diferenciar a religião das religiões, pois nem tudo que é
parecido é igual e verdadeiro.
Quando surgiram os primeiros
filósofos na Grécia antiga (VII a. C.) o propósito deles era criar um
conhecimento antropocêntrico, eliminando as três fontes citadas acima. Para
isso eles começaram analisar o Cosmo (ordem universal) e a natureza, essa
análise era baseada na sensibilidade, isto é, nos sentidos, visão, tato,
audição etc. por isso, ciência sensível. Logo, todo conhecimento que fosse
comprovado dentro dessa lógica era o verdadeiro conhecimento. O primeiro
desafio deles era comprovar que o universo tinha outra causa, e Deus, o criador
era apenas uma invenção hebraica, de Moisés. Por duzentos anos analisaram os
elementos da natureza em busca de um ou alguns deles que fossem a causa do
Cosmo e da vida. Não encontraram. Deduziram por meio de Heráclito (V-IV a. C.)
que o Movimento Natural, geração e corrupção ou nascimento e morte, é, por si
só o causador de tudo, ou melhor, a natureza, independente de Deus ou deuses é
autogeradora e mantenedora de tudo. Esse primeiro período filosófico chama-se
Pré-Socrático, ou naturalista. Então, dessa primeira investida antropocêntrica
não foi possível eliminar os deuses, o Deus dos judeus, mas acrescentar mais um
deus, a natureza.
O conhecimento filosófico sempre
busca a visão do todo, do universo, está em busca da verdade, seja ela qual for
e doa a quem doer; os filósofos têm essa prioridade, a verdade. Sócrates, o
primeiro filósofo Pós-Naturalistas, desviou o foco da natureza e focou no homem
e seu comportamento ético. Como não foi possível encontrar um elemento causador
de tudo, Sócrates admitiu a origem do Cosmo em alguém ou algo além desse mundo
e esse algo é para ele uma Inteligência Superior a do homem.
Então, deduz-se que o deus de Sócrates é apenas um conceito, uma Inteligência
Superior. Assim, podemos inferir também que Sócrates era Monoteísta. Ele
criticou o politeísmo grego, as injustiças políticas cometidas em Atenas e
estava redirecionando, corrompendo a juventude com sua filosofia e era também defensor
da verdadeira democracia, isto é, o povo teria que participar do governo, [...]
por essas e outras foi condenado à morte; teve a oportunidade de fugir, porém,
para ser coerente aos princípios democráticos defendidos por ele preferiu
morrer que ser incoerente. E assim, segundo a ordem da justiça, tomou o copo de
Cicuta, bebeu-o lentamente e morreu.
Platão, discípulo de Sócrates,
descendia de família política e estava sendo preparado para ser político, vendo
o que acontecera a seu mestre, temendo a mesma sorte fugiu de Atenas e por doze
anos ficou no Oriente pesquisando outras constituições para, se preciso fosse, aplicá-la
à Atenas. Nesse período chegou a ser vendido como escravo; teve contato com os
discípulos de Pitágoras, os pitagóricos, aprendendo as teorias místicas e outras
formas de cultos ocultos, logo, Platão foi um filósofo mítico-místico
racionalista, não é por acaso que foi o filósofo que criou filosofias e
místicas antagônicas à bíblica que foram introduzidas no cristianismo, que são,
ainda hoje, a base de todos os espiritualistas católicos, espíritas e
protestantes da atualidade. Vamos analisar a jogada filosófico-religiosa de
Platão para entendermos a quem servimos, cultuamos em nosso dia a dia.
Platão, voltando para Atenas
fundou a sua escola, a Academia. Seguindo a mesma lógica de seu mestre Sócrates,
admitiu também que a ordem Universal tem sua causa fora de nosso planeta. Para
não ser diferente do mestre, criou a ideia de seu deus, o demiurgo, deus
plasmador, isto é, aquele que cria a partir da matéria, sendo apenas um
modelador, ele não cria nada a partir do nada, ele precisa da matéria
pré-existente, então, demiurgo é o conceito do deus platônico. Ao viajar o
mundo oriental quando fugia, Platão percebera que os mitos e as místicas eram
criações humanas, e o que fazia a diferença nessa babilônia religiosa eram os judeus
com sua religião revelada, sua religiosidade era racional, seu livro, a bíblia,
não tinha um autor homem, estava sendo composta, escrita por diferentes
personagens históricos baseados em revelações, e a ação desse povo era coerente
às orientações escrita-reveladas. Mas, como a filosofia precisava derrubar
todas as formas de religiosidade, o ataque teria que ser certeiro, se não minar
a religião bíblica em vão será nossa luta contra a origem e o originador do
Universo. Então, filosofia sempre foi e é antagônica aos escritos bíblicos em
especial.
MUNDO DAS IDEIAS
Platão criou o mundo das ideias,
mundo ilusório. Porém, para ele, o verdadeiro mundo, a realidade, é o que está
em nossa mente aquilo que criamos a partir da imaginação; e ilusório é o mundo
no qual vivemos e tiramos nosso sustento, enfim, a realidade mundana. Percebeu
a primeira jogada filosófica de Platão? ele fez a inversão da realidade: a
realidade é aquilo que está em nossa mente e a concretude real do mundo em que vivemos é uma ilusão. E a segunda jogada foi mais
audaciosa, magistral. Atacou diretamente o ensino bíblico, prova com isso que a
filosofia tem como prioridade, destruir o que Deus criara e dissera ser a
verdade.
Platão faz sua segunda jogada
filosófica a partir do conceito de alma; Segundo a bíblia a pessoa é uma alma
vivente, ele não tem uma alma, ela é uma alma, um ente racional semelhante ao
seu criador, capaz de pensar e executar o pensado, de falar e criar estruturas
cognitivas, expor seus pensamentos, logo, racional tal qual o Deus criador. O
que fez Platão? Dividiu a indivisível pessoa, em corpo mortal e alma
imortal. Morrendo a pessoa, o corpo, segundo a bíblia e Platão, vai para a
sepultura; e a alma, segundo a bíblia, que é o sopro divino continua com Ele, Deus,
pois a Ele pertence; segundo Platão, a alma vai para o mundo das ideias, o
Hiperurânio, mundo das formas perfeitas e por lá fica mil anos se purificando,
passados os mil anos, ao voltar para se reencarnar, banha-se no rio ou lago
do esquecimento e esquece tudo que vira, reencarnada, passa a ensinar a nova
pessoa sobre o que vira no mundo das ideias, esse ensinamento dá-se pela
reminiscência (lembrança do que vira). Como se dá esse ensinamento? Pela anamnese
(relembrar), à medida que a criança vai contemplando as coisas nesse mundo ela
vai relembrando o que a alma vira no mundo das formas perfeitas, o Hiperurânio;
segundo Platão, de cada coisa natural que há aqui, há uma mostra perfeita e eterna
naquele mundo, e o período que alma passa lá é justamente para isso, aprender
contemplando as formas perfeitas, então, aprender para Platão é relembrar, se
isso fosse verdade, para que uma academia, escolas. Só para fechar o
raciocínio, Aristóteles, discípulo de Platão, discordou do mundo das ideias do
mestre e defendeu que a verdadeira realidade está presente em nosso planeta e é
por aqui que devemos focar nossas pesquisas acadêmicas, porém, Aristóteles deu
também sua contribuição para acabar de vez com o pensamento bíblico, segundo
ele, não apenas as pessoas têm alma, os animais irracionais e os vegetais
também a possuem, e que sem esta, a alma, as próprias pesquisas, o conhecimento estaria comprometido, o comportamento instintovo dos animais não existiria e as vegetais não produziriam. Então, a alma é o que faz a ligação entre todos, é uma extensão que se completa, divergindo
apenas em graus a sua presença, tendo o homem a intelectiva, racional;
os irracionais a sensitiva e os vegetais a vegetativa. Aristóteles, a exemplo
dos dois clássicos anteriores, Sócrates e Platão, também inventou seu deus
conceitual, o Motor imóvel que move todas as coisas sem se mover, que causou tudo sem ser causado. Esses três
filósofos são unânimes em admitir que tudo o que existe no Universo só pode ter
vindo de alguém superior aos homens, eles só não admitem que esse alguém seja o
Deus bíblico, por isso criaram seus deuses, um conceito, para compor suas filosofias.
O Mundo das Ideias de Platão foi muito
bem elaborado que Santo Agostinho (IV d. C.) aplicou-o ao cristianismo
primitivo, deturpando-o, Sendo, daquele momento em diante a base teológica de
todos os credos que creem na imortalidade da alma e na reencarnação da mesma, é
esse cristianismo platônico que todos os filósofos que estão em busca da
verdade condenam; mas temos que admitir que, independentemente das críticas
filosóficas, a religião bíblica foi abalada, mas não exterminada e dá para
mostrar àqueles que desejam a salvação em Cristo, que é possível separar
teologia bíblica de teologia filosófica e servir ao Deus criador em pleno
século XXI.
Vou seguir com nesse raciocínio filosófico nos
próximos artigos, mostrando que a bíblia é a verdade absoluta e esta fará a
diferença na atualidade, defendendo a fé verdadeira e a salvação em Cristo
Jesus!
Filósofo e professor Isaías
Correia Ribas.