O movimento protestante do período moderno
mudou a arquitetura de seus templos e tiraram as imagens de esculturas, mas,
como os romanos pagãos e igreja medieval, continuaram santificando o domingo e
não o sábado segundo o explícito na Bíblia, o mesmo acontecendo como movimento
evangélico do século XVII que alcançou seu auge no século XVIII - XIX. Nessa altura da
história, no auge do capitalismo, muitos presbíteros deixaram de serem membros
para ser dono de uma igreja pentecostal, causando a decadência dos protestantes e evangélicos
tradicionais. Mas todos os religiosos, até início do período contemporâneo, independentemente de teologia defendida, já estavam alinhados com os objetivos do ateísmo filosófico que Platão e Mane ou mané, elaborador da filosofia maniqueísta que nega a literalidade de Deus e Lúcifer à simples forças do bem e do mal, que o filósofo Agostinho de Hipona convertido ao catolicismo, deu à igreja católica que fez toda sociedade medieval e moderna aceitar os ideais filosóficos como sendo teologia bíblica. Só não podemos esquecer que Deus, mesmo parecendo ser
silêncio, tem um tempo determinado para interferir na história política e
religiosa dos povos, alertando-os que Ele está no controle e vai se levantar
para executar o juízo fazendo justiça, salvando aqueles que optaram seguir Suas
orientações contidas na bíblia e não os ideais filosóficos e religiosos
contrários aos escritos bíblicos. Então, queira ou não os religiosos atuais, as
leis de Deus e o livre-arbítrio continuam sendo as bases fundamentais para Deus
julgar e fazer justiça a todas as pessoas de diferentes épocas. Por causa dessa
hipocrisia religiosa católica-protestante, concluiu o ateu e filósofo alemão
Friedrich W. Nietzsche: “Deus está morto”
e as promessas e profecias bíblicas caíram no “nada ou
niilismo”; pois, para Nietzsche: “Ser
cristão é ser como Cristo foi”.
A religião que em nosso tempo
prevalece não é de caráter puro e santo que assinalou a fé cristã nos dias de
Cristo e seus apóstolos. É unicamente por causa do espírito de transigência com
o pecado, por serem as grandes verdades da palavra de Deus tão indiferentemente
consideradas, por haver tão pouca piedade vital na igreja, que o cristianismo,
é aparentemente tão popular no mundo. Haja um reavivamento da fé e poder da
igreja primitiva, e o espírito de opressão reviverá, reacendendo as fogueiras
da perseguição. (WHITE, G. Ellen. O Grande
Conflito, p. 48)
Isso acontece porque a maioria dos cristãos, como os ateus, têm a
filosofia da imortalidade da alma de Platão, o domingo, dia santo dos pagãos
adorarem o sol como dia santo no lugar do sábado instituído por Deus, comem
carnes classificadas como imundas como se fossem boas para a alimentação,
enfim, a palavra de Deus nada significa para os cristãos nominais. Logo, na
prática, católicos, protestantes, evangélicos, espiritualistas e outros, como
os ateus, negam Deus em nome do próprio Deus ao preferir acreditar em
ideologias filosóficas que na palavra de Deus.
Mesmo antes do estabelecimento do
papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido atenção e exercido
influência na igreja. Muitos que se diziam conversos ainda se apegavam aos
dogmas de sua filosofia pagã, e não somente continuaram no estudo desta, mas,
encareciam-no a outros como meio de estenderem sua influência entre os pagãos.
Erros graves foram assim introduzidos na fé cristã. Destaca-se, entre outros, o
da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência na morte. Essa
doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma estabeleceu a invocação dos
santos e a adoração da Virgem Maria. Disso também proveio a heresia do tormento
eterno para os que morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à
fé papal. (Idem, p. 58)
A
grande tradição filosófica alemã entre os séculos XVIII e XIX nada mais é do
que a continuação leiga da teologia protestante: ela é ainda mais hipócrita, na
medida, que esconde o vício secreto, a fraqueza fundamental da qual nasce. Por
isto, Nietzsche afirma que é preciso ser mais inflexível com os protestantes do
que com os católicos e define o filósofo como “o criminoso dos criminosos”. (NIETZSCHE, W. Friedrich. O Anticristo Maldição do Cristianismo. p.15)
Oséias já profetizara
O meu povo foi destruído porque lhe
faltou conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, também Eu te
rejeitarei, visto que esquecestes a lei do teu Deus, também Eu me esquecerei de
teus filhos. (Oséias,
4:6)
A história do povo de Deus durante os
séculos de trevas que se seguiram à supremacia de Roma está escrita no céu, mas
pouco espaço ocupa nos registros humanos. Poucos traços de sua existência podem
encontrar, a não ser nas acusações de seus perseguidores. Foi tática de Roma
apagar todo vestígio de dissidência de suas doutrinas ou decretos. Tudo que
fosse herético quer pessoas ou escritos, procurava ela destruir.
(WHITE. G. Ellen. O Grande Conflito p.
61)
Não era isso simples ameaça. Guerra,
intriga e engano foram empregados contra as testemunhas de uma fé bíblica até
que as igrejas da Bretanha foram destruídas ou obrigadas a submeter-se à
autoridade do papa. (Idem. p, 63)
Mas um povo permaneceu fiel a Deus fora
das cidades e conseguiu obter uma tradução da bíblia, sendo uma luz a denunciar
as práticas falaciosas da igreja romana.
Os valdenses foram os primeiros dentre
os povos da Europa a obter a tradução das sagradas escrituras. Centenas de anos
antes da Reforma possuíam a bíblia em manuscrito, na língua materna. Tinham a
verdade incontaminada e isso tornava objeto especial de ódio e perseguição. –
Durante séculos de trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses que
negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens como idolatria e
guardavam o verdadeiro sábado. Sob as mais atrozes tempestades da oposição
conservaram a fé. Embora perseguidos pela espada dos saboianos (França) e
queimados pela fogueira romana, mantiveram-se sem hesitação ao lado da palavra
de Deus e de Sua honra. Por trás dos
elevados baluartes das montanhas – em todos os tempos refúgio dos perseguidos e
oprimidos – os valdenses encontraram esconderijo. Ali, conservou-se a luz da
verdade a arder por entre as trevas da Idade Média. Ali, durante mil anos,
testemunhas da verdade mantiveram a antiga fé. – Pois, semelhantes a lobos à
caça da presa, os inimigos da verdade perseguiram os que ousavam pedir liberdade
para a fé religiosa.
(Ibid.
p, 65, 66 e 67)
A bíblia é um livro escrito por homens,
por isso precisa ser analisada por aqueles que se dizem detentores de todo
saber. Sua leitura é simples, são descrições históricas, contém as primeiras
afirmações de como tudo que há no mundo, seja físico ou metafísico, veio à
existência. Há livros poéticos e proféticos, pois os profetas também
colaboraram em sua escritura. Para desafiar as grandes mentes, há profecias
simbólicas que são compreendidas pelos investigadores que desejam compreender
o-todo físico-metafísico, a esses o Espírito Santo ajuda. As mais intricadas
filosofias perdem de longe para o simbolismo das profecias bíblicas, com uma
diferença, a Bíblia contém todas as chaves para a sua interpretação, enquanto
que muitas filosofias não passam de falatórios (retóricas) do autor consigo
mesmo, quando muito, consegue falar alguma coisa para seus contemporâneos que
as interpreta às futuras gerações de filósofos e universitários que as fazem
chegar ao povo como sendo verdade aplicáveis ao modo de viver.
Assim como tem a mina ricos veios de
ouro e prata ocultos por sob a superfície, de maneira que todos os que desejam
descobrir os preciosos depósitos devem cavar, assim as Escrituras Sagradas têm
tesouros de verdade que são revelados unicamente ao ardoroso, humilde e devoto
pesquisador. – O estudo das escrituras é o meio divinamente ordenado para levar
o homem a mais íntima comunhão com seu Criador e dar-lhe mais claro
conhecimento de sua vontade. É o meio de comunicação entre Deus e o homem.
(Ibid.
p, 69)
A igreja medieval, em posse do poder
político e religioso, ignorou as leis de Deus alterando-as e perseguiu os fieis
seguidores de Cristo e os escritos bíblicos interpretando-os a seu bel prazer;
elegendo em seu lugar suas tradições, e o Papa se autodenominando representante
de Deus na terra. Assim sendo, quem não busca compreender a bíblia como fonte
de conhecimento não tem a visão do-todo físico-metafísico-filosófico, da trama
que se desenvolve, tornando-se presa fácil de Satanás e seus representantes
céticos e religiosos.
Esse
documento revela claramente o espírito que o ditou. É o bramido do dragão, e
não a voz de Cristo que se ouve. Os dirigentes papais não queriam conformar seu
caráter com a grande norma da lei de Deus, mas criaram uma norma que lhes fosse
conveniente, e decidiram obrigar todos a se conformarem com ela porque Roma
assim o desejava. As mais horríveis tragédias foram encenadas. Sacerdotes e
papas corruptos e blasfemos estavam a fazer a obra que Satanás lhes designava.
A misericórdia não encontrava lugar em sua natureza. O mesmo espírito que
crucificou Cristo e matou os apóstolos, o mesmo que impulsionou o sanguinário
Nero contra os fiéis de seu tempo, estava em operação a fim de exterminar da
Terra os que eram amados de Deus. – Assim os valdenses testemunharam de Deus,
séculos antes do nascimento de Lutero. Dispersos em muitos países, plantaram a
semente da Reforma que se iniciou no tempo de Wycliffe, cresceu larga e
profundamente nos dias de Lutero, e deve ser levada avante até o final do tempo
por aqueles que também estão dispostos a sofrer todas as coisas pela “palavra
de Deus, e pelo Testemunho de Jesus Cristo”. (Ibid. p, 77/78)
John Wycliffe foi educado na filosofia
escolástica, nos cânones da igreja e na lei civil, especialmente a de seu
próprio país (Inglaterra). Conhecedor profundo da filosofia especulativa de seu
tempo o habilitou a expor os erros da igreja e, mediante os estudos das leis
civis e eclesiásticas preparara-se para entrar na grande luta pela liberdade
civil e religiosa. Ele sabia manejar bem a palavra de Deus, conhecia filosofia
e a tática dos teólogos escolásticos.
Wycliffe era perspicaz descobridor de
erros e atacou destemidamente muitos dos abusos sancionados pela autoridade de
Roma. Quando agia como capelão do rei, assumiu ousada atitude contra o
pagamento do tributo que o papa pretendia do monarca inglês e mostrou que a
pretensão papal de autoridade sobre os governantes seculares era contrária
tanto à razão como a revelação. As exigências do papa tinham excitado grande
indignação e os ensinos de Wycliffe exerceram influência sobre o espírito dos
dirigentes do país. O rei e os nobres uniram-se em negar as pretensões do
pontífice à autoridade temporal e na recusa do pagamento do tributo. Assim, um
golpe eficaz foi desferido contra a supremacia papal na Inglaterra. (Ibid. p, 82)
Wycliffe foi o primeiro a traduzir a
bíblia para os ingleses. O reformador não temia a prisão e nem a fogueira.
Dando o livro sagrado a seus compatriotas, estava mais interessado em quebrar
os grilhões da ignorância e do vício que continuar em uma guerra para enobrecer
seu país, o que já conseguira pelas mais brilhantes vitórias nos campos de
batalhas. A igreja de Roma tentou, mas não conseguiu queimá-lo vivo; no
entanto, após sua morte, retiraram seus ossos e os queimaram, anunciando o que
faria àqueles que ousassem desafiá-la. Outros dois grandes heróis que
antecederam Lutero foram João Huss e Jerônimo. Huss foi professor, reitor da universidade
de Praga e pregador na capela de Belém e Jerônimo de Praga seu assistente.
Ambos foram queimados vivos pela inquisição papal. Dentre esses
questionadores e reformadores, destaca-se o Dr. Martinho Lutero que defendia a
salvação pela fé e não pelas obras segundo ensinava a Igreja Católica.
Questionou a venda de indulgências (perdão
de pecados). No caso das indulgências o indivíduo podia comprar o perdão
pelos pecados cometidos e, se tivesse grana, poderia pagar pelos que eventualmente
poderia cometer.
Ninguém pode imaginar, escreveu ele,
que pecados e ações infames se cometem em Roma; precisam ser vistos e ouvidos
para serem cridos. Por isso costumam dizer: “Se há inferno, Roma está
construída sobre ele: é um abismo donde procede toda espécie de pecado”.
Por um decreto recente, fora prometida
pelo papa certa indulgência a todos os que subissem de joelhos a “escada de
Pilatos”, que se diz ter sido descida por nosso Salvador ao sair do tribunal
romano, e miraculosamente transportada de Jerusalém para Roma. Lutero estava
certo dia subindo devotamente esses degraus, quando de súbito uma voz
semelhante a de trovão
pareceu dizer-lhe: “O justo viverá da fé”. Rom. 1: 17. Ergueu-se de um salto e
saiu apressadamente do lugar, envergonhado e horrorizado. Esse texto nunca
perdeu a força sobre sua alma. Desde aquele tempo, viu mais claramente do que
nunca o engano de se confiar nas obras humanas para a salvação, e a necessidade
de fé nos méritos de Cristo. Seus olhos foram abertos, e nunca mais se iriam
fechar aos enganos do papado. Quando ele virou as costas a Roma, também dela
volveu o coração, e desde aquele tempo o afastamento se tornou cada vez maior,
até romper todo contato com a igreja papal. (Ibid. p. 125)
Felipe Melâncton
Felipe, jovem modesto e tímido nas
maneiras, mas de são discernimento, com seu extenso saber e convincente
eloquência, combinados com a pureza e retidão de caráter, conquistara estima e
admiração, tornando-se discípulo do evangelho e de Lutero. Em síntese, assim
nasceu os protestantes. Mas Roma, não admitindo a divisão passivamente,
estabeleceu a Contrarreforma. É o início da mortalidade generalizada a todos os
protestantes. A ordem católica que fora fundada para persegui-los foi a dos jesuítas.
Nesse tempo fora criada a ordem dos
jesuítas – o mais cruel, sem escrúpulos e poderosos de todos os defensores do
papado. Separados de laços terrestres e interesses humanos, insensíveis às
exigências das afeições naturais, tendo inteiramente silenciadas a razão e a
consciência, não conheciam regras nem restrições, além dos da própria ordem,
nenhum dever a não ser o de estender seu poderio. – Para combater essas forças,
o jesuitismo inspirou seus seguidores com um fanatismo que os habilitava a
suportar semelhantes perigos, e opor ao poder da verdade todas as armas do
engano. Não havia para eles crimes grandes demais para cometer, nenhum engano
demasiado vil para praticar, disfarce algum por demais difícil para assumir,
votados à pobreza e humildades perpétuas, era seu estudado objetivo conseguir
riqueza e poder para se dedicarem à subversão do protestantismo e o
restabelecimento da supremacia papal. – Era princípio fundamental da ordem que
os fins justificam os meios. Por esse código, a mentira, os roubos, o perjúrio,
o assassínio, não somente eram perdoáveis, mas recomendáveis, quando serviam
aos interesses da igreja. Sob vários disfarces, os jesuítas abriam caminho aos
cargos do governo, subindo até conselheiros dos reis e moldando a política das
nações. – Os jesuítas rapidamente se espalharam pela Europa e, onde quer que
iam, eram seguidos de uma revivificação do papado. (Ibid. p, 233/234)