Segundo a reportagem da revista
Abril, de abril de 2014: ele provavelmente existiu, mas não matou Golias e estava
mais para fora da lei do que monarca glorioso, sugere a arqueologia.
Antes de Saul e Davi serem
eleitos reis de Israel, a nação em desenvolvimento tinha um sistema de governo
teocêntrico, onde, os profetas escolhidos pelo Deus que libertara Israel da
escravidão egípcia, governavam a nação que precisava conquistar a região. Nesse
novo contexto político onde os homens escolhiam seus líderes, os profetas apenas
advertiam o povo e os reis para serem fieis às leis de Deus, mas os futuros
reis preferiram fazer alianças que expulsar seus “inimigos irmãos” daquelas
terras que, por promessa divina pertenceria aos descendentes fieis de Abraão.
Por isso a vontade de Deus nunca se realizou com os israelitas que preferiram
imitar os costumes e o sistema de governo descentralizados de Deus, centralizando-o
na visão do homem. Fazendo os israelitas peregrinos em suas próprias terras,
submetidos constantemente aos sucessivos impérios que se levantavam e os
submetiam às suas leis.
Samuel fez então reunir-se o povo em Masfa e assim falou-lhe: Eis
o que Deus me encarrega de dizer-vos, de sua parte: Quando gemíeis sob o jugo
dos egípcios, eu vos libertei da escravidão; libertei-vos também da tirania dos
reis, vossos vizinhos, que vos venceram tantas vezes. Agora, como gratidão
pelos meus benefícios, vós não quereis mais ter-me por vosso rei, não quereis
mais ser governados por aqueles que sendo infinitamente bom, somente vos pode
tornar felizes, sob seu governo; abandonais o vosso Deus, para elevar ao trono
um homem que usará do poder, que lhes dareis, para tratar-vos como animais,
segundo suas paixões e fantasias. Pois, como podem os homens ter tanto amor
pelos homens, como eu, de quem eles são obras? (Josefo, Flávio. História do
Hebreus. Vol. II, p, 183 e 184)
Os filisteus vieram atacar os israelitas. Um gigante que havia
entre eles, de nome Golias, propõe terminar essa guerra por um combate
singular, de um israelita contra ele. Ninguém responde ao desafio, mas Davi
aceita-o.
Davi nada respondeu a seu irmão mais velho Eliab por causa do
respeito que tinha por ele; mas disse a alguns soldados que não tinha medo de
aceitar o desafio daquele gigante. Foram contá-lo a Saul, que o mandou chamar e
perguntou-lhe se era verdade que ele assim havia falado. Sim, majestade,
respondeu ele, pois eu não tenho medo daquele filisteu, que parece tão temível:
se vossa majestade me permite, não somente destruirei sua ousadia, mas ainda o
tornarei desprezível quanto agora ele parece terrível e a glória de vossa
majestade e o exército terão, será tanto maior por que ele não foi vencido por
um homem robusto e experimentado na guerra, mas por um jovem soldado. (Ibid. p, 217)
Desse modo marchou contra Golias que sentiu tanto desprezo por
ele, que lhe perguntou, por zombaria, se o tomava por um cão, para vir a ele,
armado somente de pedras. Eu vos tomo, respondeu Davi, por menos ainda que um
cão. Essas palavras encolerizaram ainda mais o gigante, que jurou por seus
deuses que o esquartejaria em mil pedaços e daria sua carne para os animais e
os pássaros devorarem. Davi respondeu-lhe: Vós confiais em vosso dardo, em
vossa couraça e em vossa espada, e eu confio na força do Deus todo poderoso,
que quer se servir de meu braço para vos derribar e para dizimar todo o vosso
exército. Cortarei hoje mesmo vossa cabeça e darei o resto de vosso corpo como pasto
aos cães, aos quais, a vossa raiva torna semelhante. Então todos saberão que o Deus de Israelitas os protege; que sua providência os governa, que seu socorro os torna
invencíveis, que nenhuma força e nenhuma arma poderiam impedir a destruição
daqueles que o abandona. O altivo gigante, vendo-o tão jovem, e desarmado,
escutou estas palavras com maior desprezo ainda e marchou contra ele, a passo,
porque o peso de suas armas não lhe permitia andar mais depressa.
Davi, por quem Deus combatia de maneira invisível, avançou
corajosamente contra Golias, tirou uma pedra da sacola, colocou-a na funda e
lançou-a com tal rapidez, que tendo atingido o gigante no meio da testa,
penetrou-lhe dentro da cabeça e o fez cair morto, com rosto em terra. (Ibid. p, 219, 220 e 222)
Provas arqueológicas da existência de Davi
As pás desenterraram numerosos testemunhos da conquista e
edificação do reino sob Davi. O avanço assinalado por vestígios claros, entre
outros incêndios aniquiladores da planície de Jezrael. Não muito depois do ano 1000
a. C. Betsan foi arrasada juntamente com seus santuários de culto pagão. Os
arqueólogos da universidade de Pensilvânia desenterraram, nesse lugar de lutas
implacáveis, templos destruídos, grossas camadas de cinzas sobre muros
desmoronados, objetos de culto e vasilhas dos filisteus. A vingança de Davi com
um golpe arrasador a cidade em que tivera lugar o fim ignominioso do primeiro
rei de Israel, golpe esse de que ela não se recuperou durante longo tempo.
Sobre a camada de cinzas não há nada que indique qualquer estabelecimento
humano nos séculos seguintes.
Conservaram-se muitas construções dos primeiros tempos do reinado
de Davi, sobretudo fortificações em Judá, erigidas como defesa contra os
filisteus. Essas construções refletem claramente o modelo da fortaleza de Saul
em Gabaa. Soa o mesmo tipo tosco de casamata. Em Jerusalém, residência de Davi
nos últimos anos, distinguem-se perfeitamente os alicerces de uma torre e
grandes seções de um revestimento de muralha que são indubitavelmente obra de
Davi. “E Davi habitou na fortaleza, e chamou-a cidade de Davi; e levantou
edifícios em redor...”
A maneira estranha como caiu nas mãos de Davi a bem defendida
fortaleza de Jerusalém foi descoberta por acaso no século passado e graças a
sagacidade do capitão inglês Warren.
Na encosta oriental de Jerusalém, no vale de Cedron, existe uma
fonte chamada “Ain Sitti Maryam”, a “fonte da virgem Maria”. No antigo
testamento é chamada “Gion”, “borbotão” e constitui desde tempos imemoriais o
principal abastecimento de água dos habitantes. Passando junto aos restos de
uma mesquita, o caminho conduz a uma caverna. Trinta degraus que levam ao
fundo, onde há uma pequena bacia, que recebe água que brota do interior do
monte.
Em 1867 o capitão Warren visitou com um grupo de peregrinos a
famosa fonte, na qual, segundo uma lenda, Maria lavou outrora as fraudas do
menino Jesus. A visita teve lugar quase ao crepúsculo, mas, a pesar disso,
Warren notou um buraco escuro poucos metros acima do lugar onde brotava a
fonte. Tornou-se evidente que nunca ninguém o tinha notado antes, pois, quando
Warren indagou a respeito, ninguém lhe soube responder.
Curioso, no dia seguinte ele visitou de novo a fonte de Maria
munido de uma escada e uma corda. Ele não imaginava que tinha pela frente uma
exploração acidentada e bastante perigosa.
Acima da fonte começava um estreito túnel que subia verticalmente.
Warren era alpinista e perito em escalar chaminés. Cautelosamente foi subindo
pelo poço. Uns 13 metros acima esse terminou de repente. Apalpando na escuridão,
encontrou por fim uma passagem estreita e foi avançando por ela de gatinhas.
Nessa passagem havia diversos degraus cavados na rocha. Ao fim de bastante
tempo notou à sua frente uma luz difusa. Chegou a um poço abobadado contendo
apenas bilhas e garrafas de vidro empoeiradas. Por uma fenda Warren içou-se
para a liberdade... e encontrou-se na cidade com a fonte de Maria debaixo de
si, lá nas profundezas da terra!
Investigações mais minuciosas, levadas a efeito pelo inglês Parker
em 1910, por incumbência do Palestine Exploration Fund, revelaram que essa
notável passagem datava do segundo milênio a. C. Os habitantes da antiga
Jerusalém tinham aberto laboriosamente um túnel na rocha a fim de, quando
sitiados, poderem chegar sem perigo à fonte vital.
A curiosidade de Warren revelara a passagem que permitira a Davi
surpreender a fortaleza de Jerusalém perto de 3.000 anos atrás. Os informadores
de Davi deviam conhecer esse túnel secreto, como se percebe agora por uma
indicação da Bíblia, antes incompreensível. Diz Davi: “Quem ferir os Jebusita e
chegar à goteira...” (¹) (II Reis 5-8). O que Lutero traduziu por “goteira” é a
palavra hebraica “sinor”, que significa cano ou canal.
Com Davi começa no Antigo Testamento a precisa informação
histórica. “A tradição de Davi deve ser considerada histórica em sua maior
parte”. Escreve o exigente crítico Martin Noth, professor de teologia. A
crônica contemporânea se torna mais autêntica passo a passo com a formação
gradual duma potência política, que nasceu por obra de Davi, e que é uma coisa
nova completamente estranha para Israel. Um aglomerado frouxo de tribos
transformara-se em uma nação; uma terra de colonização tornou-se um grande
império ocupando territórios da Palestina e da Síria.
Davi criou para esse grande Estado uma administração civil, à
frente do qual se encontravam o chanceler e o “sopher”. “Sopher” significa
“escriba” (II Reis 8-16,17). Um escriba ocupando o segundo posto na hierarquia
do Estado. (Keller, Werner. E a Bíblia tinha Razão.
p. 165 e 166)
A Bíblia foi escrita por quarenta autores num período de 1.600 anos. Obviamente pessoas de diversas
culturas e posições sociais colaboraram na composição de seu conteúdo. Mas, por
trás desses escritores, estivessem eles conscientes ou não, havia um único
objetivo: revelar aos seres humanos a origem de tudo que há, inclusive a do mal;
e o meio pelo qual o mal chegará ao fim, estabelecendo novamente a paz
universal, a perfeição através da intervenção do próprio criador nos negócios
da humanidade.