Muitos foram os pesadores que se levantaram para direcionar os povos
dentro de outros parâmetros políticos – filosóficos – religiosos – epistemológicos
posteriores a Idade Média. O conhecimento e como se conhece foi a preocupação principal
dos pensadores. Após o medievalismo houve separação entre políticas,
filosofias, religiões e ciências. Corriam separados, porém, unidos pelas
necessidades e dependências pela visão do todo. A política, a religião, a
filosofia, o conhecimento e o individualismo teriam que ser respeitados, pois,
querendo ou não, somos um corpo inserido entre vários corpos com interesses
diferentes, e são o respeito às diferenças que dão legitimidade a
individualidade. Assim sendo, o preconceito gratuito, sem fundamento, é um mal
que pode pôr o desenvolvimento individual em risco. Por outro lado, o
conhecimento exige que todas as práticas individuais ou de grupos passem pelo
crivo crítico, evitando assim, que toda sociedade seja enganada por
espertalhões que, em nome de sua liberdade faça com que todos sigam suas ideias
como sendo a verdade. Lembremos que foi esse o mal que imperou na Idade Média.
Immanuel Kant (1724-1804)
Kant chegou ao posto de reitor da
universidade de Königsberg, Alemanha, onde foi estudante e professor. Segundo Kant,
Hume o fez despertar do sonho dogmático, “fazendo dele” o precursor da
filosofia contemporânea. A filosofia de Kant é um esforço para provar que a
razão está acima das paixões, que os sentimentos são controlados pela razão que
investiga e apreende as coisas que estão no mundo, compreendendo e
transformando-as. Logo, o ser humano é um composto físico metafísico, onde os
sentimentos, as paixões, a vontade e a razão faz do ser humano um ente
diferenciado das outras criaturas. A luta pelo domínio entre sentimentos,
paixões, vontade e razão não se dá entre essas características do ser humano,
mas são nossas discussões ideológicas que nos passam a ideia de que há essa
luta. Por isso, dependendo de cada um agir livremente, uns se tornam presas das
paixões, outros dos sentimentos, outros da vontade e outros da razão sem nenhum
equilíbrio de sua própria composição como ser humano. Assim, se somos um
composto, há momentos que somos sentimentais, outros apaixonados, outros
volitivos e racionais, mas, segundo Kant, a razão é aquela qualidade que nos
faz diferentes dos animais irracionais e dos homens arracionais, como diz David
Hume. Logo, se somos racionais, a razão deve direcionar nossas práticas com
sabedoria e não como dogma.
Arthur Schopenhauer (1788-1860)
Schopenhauer foi contemporâneo de
Hegel. Foi um dos raros casos de
precocidade filosófica; aos 31 anos de idade publicou a exposição completa de
seu sistema (O Mundo como Vontade e Representação). Como filósofo Schopenhauer
tinha dois objetivos:
Completar a filosofia de Kant e destruir a de Hegel. Hegel era o
protótipo do argumentador capcioso que faz o falso passar por verdadeiro e o
verdadeiro por falso, a dialética só podia ser incorporação do espirito da
mentira. Daí que, para Schopenhauer, só existem dois métodos de pensar: a
lógica, caminho rigoroso da demonstração da verdade, e a dialética, arte de
argumentar independentemente da verdade. (Arthur Schopenhauer. Como vencer um Debate sem Precisar Ter
Razão. P. 28/53)
Apenas uma observação àqueles que não conhece a linguagem filosófica: a
coisa-em-si elaborada por Kant é uma referência a Deus, e, como tal, é
inacessível, como inacessível, nada podemos, empírica e cientificamente,
deduzir Dele. Logo, Deus só é compreensível através da revelação bíblica, em
suma, pela fé. Continua Schopenhauer:
A diferença, a única diferença substancial, entre Kant e Schopenhauer é
que o primeiro nada diz sobre a coisa-em-si, ao passo que o segundo deduz, da
sua incognoscibilidade mesma, a sua total irracionalidade – uma conclusão que
Kant não quis tirar, mas que se segue inapelavelmente das suas premissas. De
fato, se a lógica é apenas o esquema da razão humana, que se ergue na ponta do
processo de manifestação cósmica da coisa-em-si sem poder retroagir para
abarcar cognitivamente a causa que a criou, a coisa-em-si está eternamente fora
do alcance de todo conhecimento racional, é portanto irracional, a-racional ou
pré-racional. Tal como os sentidos, a razão é uma das formas do mundo da
representação, a casa das formas do mundo da representação, a casca de
aparências que encobre a misteriosa vontade universal. [...] Pois a consciência
e a razão estão ainda mais afastadas da origem do que o está a natureza, e,
para conhecer essa origem teriam de primeiro abdicar de si mesmas,
dissolvendo-se na obscuridade ainda mais funda da arbitrária vontade universal. (Ibid. p, 68/69)
Para Shopenhauer a vontade é superior a razão, é um poder universal,
isto é, domina todos os animais, inclusive os dotados de razão.
Em o Jardim das Aflições escreveu schopenhauer a respeito da filosofia
de Hegel:
Uma certa desonestidade aparece já nas bases mesmas de sua metafísica,
onde ele proclama que o conceito de ser, enquanto indeterminado, equivale a
nada – conferindo sub-repticiamente validade ontológica absoluta a esse juízo
que só tem sentido gnosiológico, isto é, confundindo a ordem do ser com a ordem
do conhecer, o que, num homem de sua habilidade lógica verdadeiramente
virtuosística, não pode ser um erro involuntário, mas um truque proposital.
Novamente O Jardim das Aflições, Hegel que se declarava fiel protestante
e nunca foi membro de qualquer grupo esotérico ou sociedade secreta, recebia no
entanto dinheiro de agremiações maçônicas interessadas em promover a ideia de
uma religião de Estado para se substituir à Igreja cristã (católica ou
reformada). Com requintada habilidade sofística, o autor da filosofia da
história argumenta, de fato, em favor do cristianismo, mas sublinhando que,
como o Estado moderno incorpora e realiza em suas leis a essência perfeita do
cristianismo, a Igreja se tornou desnecessária e o Estado vem a ser a suprema
autoridade religiosa. Isso não faz de Hegel um intelectual de aluguel, pois a
opinião que ele aí expressa não é só de quem lhe paga, mas também a sua
própria. Mas até que ponto o prêmio financeiro não ajudou a cegar o filósofo para inconsistências que de outro modo
ele teria percebido? Pois se de um lado não há como duvidar da sinceridade com
que ele defende a liberdade da consciência individual, de outro lado é fato
que, ao fazer do Estado moderno a condição necessária e suficiente dessa
liberdade (omitindo-se de defende-la contra o Estado mesmo –, ele acaba se
colocando, meio as tontas, a serviço da causa que mais nitidamente caracteriza
a política do Anticristo sobre a terra: investir o Estado de autoridade
espiritual, restaurar o culto de Cesar, banir deste mundo a liberdade interior
que é o reino de Cristo. (Ibid.
p, 50, 51 e 52 (rodapé))
Schopenhauer faz de parte das críticas de Hume ao empirismo, em especial
a vontade, fazendo desta a essência humana que controla todos os nossos
desejos, e, não a razão defendida por Kant. Continua Schopenhauer:
Consciência é mera superfície de nossa mente, da qual, como da terra,
não conhecemos o interior mas apenas a crosta. Sob o intelecto consciente está
a vontade consciente ou inconsciente, uma força vital esforçada e persistente,
uma atividade espontânea, uma fonte de desejo imperioso. Pode, as vezes,
parecer que o intelecto dirige a vontade, mas apenas como um guia dirige seu
amo; a vontade é o “cego robusto que carrega em seus ombros o coxo que vê”. Não
queremos uma coisa porque encontramos razões para isso, encontramos razões para
isso porque a queremos; podemos até elaborar filosofias e teologias para cobrir
nossos desejos. Daí Schopenhauer chama o homem de “animal metafísico”; os
outros animais desejam sem metafísica. “Nada é mais irritante do que discutir
com um homem, usar argumentos e explicações para convencê-lo, e no fim
descobrir que ele não quer compreender, que estamos lidando com sua vontade”.
Daí a inutilidade da lógica; ninguém nunca convenceu alguém pela lógica; e até
mesmo os cultores da lógica a utilizam apenas como fonte de renda. Para
convencer um homem, é necessário apelar para seus interesses próprios, seus
desejos, sua vontade. Observem como durante muito tempo nós nos recordamos de
nossas vitórias e como depressa nos esquecemos de nossas derrotas; a memória é
serva da vontade. “Ao fazermos conta é muito mais frequente fazermos erros a
nosso favor do que contra nós e isso sem a menor intensão de desonestidade”.
“Por outro lado, a compreensão do homem mais imbecil torna-se muito aguda
quando se trata de assuntos que afetam de perto seus desejos”. Em geral, o
intelecto é desenvolvido pelo perigo, como na raposa, ou pela necessidade, como
no criminoso. Mas parece sempre estar subordinado ao desejo e lhe servir de
instrumento; quando tenta suplantar a vontade, segue-se a confusão. Ninguém é
mais passível de erros do que aquele que age só por reflexão. [...] O intelecto
é meramente ministro das relações exteriores; ... a natureza o produziu para
prestar serviço à vontade individual. [...] O caráter está na vontade e não no
intelecto; o caráter também é continuidade de objetivo e de atitude que
constitui a vontade. A linguagem popular está certa ao preferir o “coração” à
“cabeça”; ela sabe (porque não raciocinou a respeito disso) que a “boa vontade”
é mais profunda e de mais confiança do que a mente clara. E quando chama um
homem de “astuto”, “sabido” ou “esperto” insinua suas suspeitas e desagrado.
“Brilhantes qualidades mentais despertam a admiração mas nunca a afeição”; e
todas as religiões prometem recompensa... mas os méritos da vontade ou do
coração, não para as qualidades do cérebro ou da inteligência”. (SCHPENHAUER. A Filosofia de Schopenhauer. P. 41-44)
Em suas argumentações contra a razão, Schopenhauer deixa claro seu
ceticismo: O intelecto é meramente ministro das relações exteriores; ... a
natureza o produziu para prestar serviço à vontade individual”. Logo, somos
produtos da natureza e não entes criados por um Deus que nos fez à sua
semelhança. É a filosofia de Hume levada às últimas consequências pelos céticos
posteriores, admiradores e cúmplices na arte filosófica de negar os escritos
bíblicos. Entendo, que a relação entre a substância que compõem nosso físico
com todos os órgãos, cérebro, coração, e outros tantos que há, mais a
sensibilidade física e a metafísica vontade, alegria, ira, orgulho, empatia,
antipatia, simpatia e outros sentimentos, somados aos pensamentos, são
inseparáveis, são atributos físicos e metafísicos que define o ser humano como
superior às outras criaturas; nós as dominamos porque Deus disse que as
dominaríamos. Logo, não há qualidade superior ou inferior, pelo contrário, é um
composto harmônico que nos capacita a sermos o que somos independentemente de
formação filosófica. O que faz a diferença entre um indivíduo que quer
compreender e o que não quer é a preguiça em usar o cérebro, a vontade de não
fazer nada o domina, daí, prefere-se acreditar que pesquisar. Por isso entendo
que o conhecimento escolar e universitário é necessário para capacitar-nos a
compreender nossa composição e o mundo, aí sim, cientes de nossa harmônica
composição, conscientemente venceremos a preguiça, crescendo rumo ao saber sem
decompor-nos, pois, é nossa composição que nos define como indivíduos. Logo, o
homem racional e consciente é capaz de controlar todos os seus desejos, paixões
e vontades selecionando-as entre maus e bons. Daí, deduz-se, que, no afã de
negar a existência de um Deus criador e mantenedor de tudo o que há, os
filósofos e outros céticos, defendem ideias falaciosas e até contraditórias à
nossa própria composição físico-metafísica e de como usá-las.
Friedrich W. Nietzsche (1844-1900)
A filosofia de Schopenhauer, como a de Hume, influenciou diretamente
Nietzsche. Com o filósofo, a vontade recebe atenção especial e um
aprofundamento conceitual: a vontade universal não é somente a essência, mas
uma necessidade, é Vontade de Potência (VP) é uma lei originária. A vontade de
potência não é algo criado, ela advém da própria realidade das coisas. “Esse
mundo é vontade de potência”.
Nietzsche era filho e neto de pastores protestantes, aos quatorze anos
também queria ser pastor. Mas em contato com filósofos na universidade, transformou-se
no maior dos céticos. O inimigo número um do cristianismo. Para Nietzsche a
razão é serva das paixões, dos sentimentos e da vontade.
O seu ateísmo é portanto o mais radical do que se possa imaginar, pois
tem a ver com o próprio conceito de Deus: “Negamos Deus enquanto Deus... Se nos
demostrassem este Deus dos cristãos, só poderíamos acreditar menos ainda” O
Deus original dos hebreus era a expressão de um poder natural do povo hebraico:
e era portanto concebido antropomorficamente como pai e rei, poderoso e
vingativo. Quando este poder começou a faltar, em lugar de abandonarem o seu
símbolo, os sacerdotes hebreus deram início a um processo de moralização e
purificação do conceito de Deus que encontrou seu coroamento no cristianismo.
Moralidade e pureza tornam-se atributos de Deus como reação contra o fato dele
não ser mais real: o conceito moral de Deus fundamenta-se portanto na sua
morte: “O nada divinizado, a *vontade do nada santificada em Deus!”
O cristianismo, para Nietzsche, é apenas a continuação e a evolução do
hebraísmo. Paulo de Tarso e os primeiros cristãos, não podendo suportar a morte
de Jesus, distorcem seus ensinamentos em sentido moral, introduzindo a
perspectiva do pecado, da culpa, do além, que nada tinha ver com o Jesus histórico:
na base do cristianismo há portanto um ressentimento a respeito da realidade,
da vida e do ser, que justamente se manifesta na superfetação moral que o
distingue. O cristianismo é portanto a mais niilista de todas as religiões: a
sua origem está na tentativa de disfarçar a derrota histórica de Jesus, a sua
vergonhosa morte na cruz, para que pareça uma vitória, em algum mundo além. (NIETZSCHE. O Anticristo Maldição do
Cristianismo. P, 11)
Nietzsche nasceu num ano muito significativo para os protestantes.
Segundo as interpretações de uma das profecias bíblicas (Daniel 8:14) por
Guilherme Miller, Jesus Cristo voltaria no dia 22/10/1844. Porém, chegou a dada
predita e Cristo não apareceu. Certamente Nietzsche conviveu com a decepção de
seus pais e parentes. Como estudante perspicaz, não foi difícil de se
convencer, através de seus mestres de filosofia que os escritos bíblicos não
passavam de estratégias políticas dos hebreus, israelitas, judeus e cristãos. A
decepção dos protestantes em 1844 fora a inspiração para Nietzsche criar o
conceito niilismo, que significa, nada ou vácuo. Por isso sua conclusão: “O cristianismo é portanto a mais niilista de
todas as religiões”. A partir desta convicção, Nietzsche passa a
desconstruir todo e qualquer ideal político religioso do passado e do futuro.
Nietzsche
é portanto o filósofo de uma oposição forte, não das oposições fracas: é assim
que lhe parece o socialismo, o anarquismo, o feminismo... No entender dele,
estes movimentos representam apenas a continuação leiga da moral cristã, assim
como a filosofia é a continuação da teologia. Tudo prometem mais nada cumprem,
nascem e se desenvolve num estado profundo de mal estar em relação à realidade,
e transformam esta situação mórbida num privilégio e até mesmo de um dever;
estão desprovidos de uma força autônoma e só vivem de ressentimento, de
compaixão, de indignação; pretendem “direitos iguais” e desta forma eliminam de
saída as diferenças entre eles; são portanto movimentos de renúncia que se
contentam com promessas e esperanças, que têm em relação à vida uma atitude
projetiva, pois sempre colocam o essencial alhures, num futuro que nunca se
realizará. [...]
O pensamento nietzschiano recusa portanto de saída o conceito de
ideologia, de verdade prática, de teoria a serviço da nação. A ideia
tipicamente hebraica e cristã do livro que muda a vida, herdada e tipicamente
assimilada pelo socialismo (onde os intelectuais tomam o lugar dos padres)
baseia-se numa reviravolta completa da relação natural entre a experiência do
livro, entre a vida e a teoria: ela atribui sub-repticiamente ao livro e aos
intérpretes privilegiados a autoridade de tirar os leitores e seguidores do seu
presente e da sua realidade, impondo-lhes leis, preceitos e comportamentos
desprovidos de qualquer relação com suas exigências concretas. Nietzsche
contrapõe à bíblia o código de Manu, que lhe parece totalmente desprovido de
preocupações morais e pedagógicas: ao contrário do evangelho, ele não espera
sua realização no futuro e está, ele mesmo, intimamente ligado à realidade do
povo que o produziu. Os livros programáticos, parenéticos, ideológicos, por sua
vez, pedem ao futuro aquilo que não têm, procuram esconder a sua irrealidade
sugando a vida dos outros: são como “vampiros” que vivem do sangue de quem lhe
presta atenção. [...] (Ibid.
p, 13)
Vou parar as citações, elas são pesadíssimas àqueles que de algum modo
ou de outro pautam suas perspectivas de vida na esperança religiosa e/ou nas
ideologias de políticas sociais. Nietzsche como filólogo e filósofo, com seu
martelo, destrói todas as arquiteturas filosóficas, políticas e religiosas do passado
e do futuro. O leitor que não tem a visão do todo, ao ler Nietzsche, será
afetado por seu realismo mundano. Para ele este mundo é nossa morada eterna,
não há vida no além, a não ser no mundo das ilusões. Por isso, Nietzsche
defende que devemos viver esta vida segundo nossos desejos e paixões
desprovidos de morais que tentam limitá-las. Negar as paixões, os desejos e a
vontade, é negar a própria vida.
Verdade em Nietzsche
O que é a verdade, portanto? Um batalhão
móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismo, enfim, uma soma de relações
humanas, que foram enfatizadas poéticas e retoricamente, transpostas,
enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e
obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que são, metáforas
que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efigie e
agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas. (NIETZSCHE. Os Pensadores. P, 48)
Movimentos sociais, políticos e religiosos, ao lerem Nietzsche, pensam
duas vezes para continuar com seus projetos idealistas. Mesmo sua interpretação
de mundo estando errada, Nietzsche é o pensador estudado e seguido nos centros
acadêmicos céticos e religiosos. É ele quem influenciou a filosofia do século
XX e continua influenciado o comportamento social do século XXI. A alta
sociedade acadêmica pauta-se pela leitura de Nietzsche, e assim, através da
alta sociedade, todas as classes sociais estão seguindo Nietzsche sem nunca
haver lido uma só frase de seus escritos. Isto se dá porque a sociedade quer
viver a vida destituídas de regras e morais limitantes; e Nietzsche, como um
maestro do engano, consegue embalar a todos com suas falácias
filológicas-filosóficas.
Em oposição a moral, Nietzsche se esforça para espiritualizar as paixões
valorizando-as, além do bem e do mal. O homem é um composto de sensações, de pulsões
hormonais. Assim sendo, viver a vida mundana é dar vasão à essas sensações e
pulsões, ignorando toda e qualquer moral limitante. Pois, somente assim,
viveremos vida autêntica. Quanto a razão diz Nietzsche:
O
corpo é a grande razão. Toda a luta no corpo é para “um a mais” de vida, para
mais força. Disso podemos compreender corpo como Vontade de Potência e a
filosofia de Nietzsche como altamente experimental, com valores que servem à
vida, o valor dos valores, vida enquanto referencial de todos os valores,
porque vida enquanto VP. Nesse sentido é que podemos superar a nós mesmos e
deixar de ser metafísicos, racionalistas, racistas alienados deste mundo em
nome de um mundo no além. Devemos construir nossos novos valores assentados em
nossas experiências vitais com relação ao corpo como a nossa maior riqueza, a
nossa própria vida terrena, a única que temos e livre de qualquer especulação
de ordem metafísica.
(SOUSA. Nietzsche, Viver Intensamente, tornar o que se é. P. 24)
Contrapondo os filósofos que defendem os sentimentos, a vontade e todo tipo de pulsões como sendo nossos guias para o bem suceder em detrimento da Razão, cito a mais antiga definição referente a este tema:
Contrapondo os filósofos que defendem os sentimentos, a vontade e todo tipo de pulsões como sendo nossos guias para o bem suceder em detrimento da Razão, cito a mais antiga definição referente a este tema:
Porventura
se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? E se não procederes
bem o pecado jaz à porta, e sobre ti serás o seu desejo; mas sobre ele tu deves
dominar. Gênesis, 5:7
Logo, se o homem se deixar dominar pelos
sentimentos, seja lá de que origem for, não os inibindo pela razão, todo tipo
de mal jaz à porta; desde uma simples ira ao assassinato. A vida de Caim e suas
gerações é o exemplo clássico do crescimento da maldade na Terra por deixar-se
guiar pelos sentimentos, não os inibindo pela reflexão racional.
Guilherme Miller (1782-1849)
Miller foi uma das grandes mentes capaz de
interpretar profecias bíblicas que estavam escritas em linguagem simbólica.
Filósofo algum seria capaz desse feito, até porque, o trabalho do filósofo é
inventar conceitos, ideologias, enfim, o filósofo é o mestre do conhecimento antropocêntrico que quer negar a
realidade da existência de um Deus criador; assim sendo, se ele não partir da
premissa de que Deus existe, e pela fé crer e agir a favor desse Deus, jamais
ele estará em condições de ser iluminado pelo Espírito Santo. Já o homem comum,
pelas circunstâncias da vida, mesmo que tenha se tornado incrédulo, de igual
modo, pelas circunstâncias da vida, em sua sinceridade, querendo honestamente
se convencer para se converter, nestas circunstâncias, Deus o ilumina; mas
continua provando sua fé segundo a luz que lhe foi dada. É dentro deste
contexto que podemos compreender o capitão do exército americano se tornando no
grande capitão da fé para estabelecer o início do último período apocalíptico
da igreja fiel aos princípios bíblicos na Terra; que se estabeleceria para
fazer o último convite à humanidade, a reconhecer o único Deus verdadeiro que
tudo criou e, que virá outra vez para pôr fim ao mal, ao pecado, pecadores e o
originador do pecado, Satanás e sua hoste do mal.
O pai de Miller foi capitão do exército da revolução americana
(1776-1783). O filho, a exemplo do pai, alistou-se como voluntário na revolução
de 1812 e terminou como capitão em 1815. Influenciado pelo racionalismo,
tornou-se deísta, isto é, continuou crendo na existência de Deus, porém,
duvidava da autoridade bíblica, mas desejava sinceramente conhecer a verdade.
Miller possuía espírito independente, amava a liberdade e era ardente patriota.
Durante a revolução ocupou vários cargos civis e militares, logo, a porta das
riquezas e honras pareciam lhe abertas de par em par. Terminada a revolução
voltou à fazenda da família. Após doze anos como deísta, aos trinta e quatro
anos ficou impressionado com seu estado pecaminoso e não encontrava no deísmo
relação alguma com o além-túmulo, o futuro era lhe negro e tétrico. Refletindo
em sua experiência com o cristianismo quando estava junto de sua mãe, decidiu
pesquisar a bíblia em busca de respostas às suas dúvidas alimentadas pelo
deísmo. Foi este o homem que revolucionou o cristianismo protestante
contemporâneo ao interpretar a profecia de Daniel 8:14. Baseado em suas
pesquisas marcou a data para a segunda vinda de Cristo para 22/10/1844. A
família de Miller eram membros da igreja Batista. O resultado se suas pesquisas
foram apresentadas aos pastores de sua igreja, convencidos, deram-lhe licença
formal para pregar nas igrejas. Em pouco tempo toda cristandade americana,
europeia e outras partes do mundo foram impactadas com a interpretações
bíblicas do novo pregador. Todo protestantismo, independente dos diferentes
credos existentes esperaram, com Miller, a segunda volta de Cristo. Entre eles
estavam a família Gold Harmon, metodistas que se convencera, e, convicta convertera-se à esperança apresentada por Miller. Como o previsto por Miller
não aconteceu, “toda” cristandade, decepcionadas, voltaram ao cotidiano mundano
dispostos a desfrutarem do melhor que a vida lhes pudesse oferecer. Porém, um
pequeno grupo, entre eles Miller e a família Harmon, que estavam convictos da
correta interpretação bíblica, continuaram humildemente analisando a bíblia
para ver onde estava o erro, e assim, chegaram à conclusão de que erraram
quanto ao evento que não estava relacionado com a segunda volta de Cristo, e
sim com o início do juízo investigativo que começara nessa data, no céu. No
decorrer das investigações, a filha da família Harmon, aos dezessete anos
começou a receber visões. Antes, porém, dois outros jovens foram convidados por
Deus a ser o profeta dos últimos dias, mas eles recusaram. A mesma visão que
Deus lhes deu, deu-a também a Ellen Gold. Ellen, mesmo frágil aceitou o
desafio. Quando ela relatou seu chamado em público, os dois jovens (Willian
Ellis Foy (1818-1893) e Hazen Foss (?-1893), estavam presentes e confirmaram a
veracidade do chamado, pois eles tiveram a mesma visão e convite. Ellen, aos
dezenove anos casou-se com Tiago White, doravante, Ellen G. White, a profetisa
contemporânea. Desse grupo de remanescentes surgiu a igreja Adventista do
Sétimo Dia como detentora de todas as verdades bíblicas, pois, até então, desde
o nascimento do protestantismo, nenhuma das igrejas protestantes havia
conseguido aceitar toda a bíblia como norma a ser seguida pelos protestantes,
que não foram além de tirar as imagens de esculturas e outros costumes que a
igreja Católica colocara no lugar das verdades bíblicas que ela alterara. Logo,
o protestantismo que não reconhece toda a bíblia como norma a ser seguida,
embora proteste alguma coisa, continua sendo um braço que apoia a igreja
medieval, pois, com o catolicismo pagão e cristão continuam ignorando a lei de
Deus (os dez mandamentos) as leis sobre saúde (selecionando, conforma a bíblia,
as carnes imundas das limpas), enfim, a Igreja Adventistas do Sétimo Dia, como
instituição tem a bíblia como o único livro que fundamenta a fé cristã. A
profetisa Ellen G. White foi e é, através de seus escritos, uma conselheira que
insiste em manter os adventistas apegados ao assim diz o Senhor segundo está
escrito na bíblia. Mas também, devemos saber que a história do pecado continua,
e Satanás, certamente, fez e fará tudo que for possível para levar os
adventistas à apostasia. Ele usa tudo que for possível, membros da própria
igreja, “professores” e “pastores” para promover a apostasia na Igreja. Se
Satanás usa os de dentro, é inimaginável o que ele é capaz de fazer usando
elementos externos. Por isso advertência bíblica relatada em I Pedro, 5: 8: “Sede sóbrios, vigiai, o vosso adversário, o
Diabo, vosso inimigo anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa
tragar”. Sou especialista em filosofia por acaso. Quando pensei em fazer um
curso superior para ser professor, fiz uma pesquisa para saber o que fazer e
não ficar desempregado após a formação. Na época tive a informação que a filosofia,
em três anos, voltaria a compor o currículo do Ensino Médio. Sem pestanejar,
decidi, é a faculdade que vou fazer. Na verdade nem sabia o que significava
filosofia nem nunca tinha lido algo sobre algum filósofo, depois dessa decisão,
enquanto me preparava para os vestibulares e ENEM em busca de uma bolsa, li um
livro de Platão e outro de Schopenhauer, gostei de como eles escreviam bem, mas
pouco ou nada entendi o que estava por trás de suas filosofias. Quando consegui
a bolsa do PROUNI e comecei o curso comecei a descobrir qual era a finalidade
da filosofia; como eu conhecia a bíblia, pois, já havia lido umas doze vezes de
capa a capa e todos os escritos da profetisa White, então, ficou fácil para
perceber o que estava por trás da filosofia. Foi angustiante terminar o curso,
mas, mesmo graduado, ainda sentia que faltava algo para acabar de compreender
toda arquitetura filosófica, foi então que decidi fazer a Pós-Graduação em
“Filosofia da Linguagem na Filosofia Contemporânea” me tornando um especialista
em filosofia da linguagem. Hoje, me sinto capaz de ler filosofia e entender o
que está por trás de suas arrumadas, boas e coesas argumentações, os caras são
capazes de, através da escrita, dar realidade ao irreal e ao real a
irrealidade. Por isso entendo que, através das universidades, o mal, o bem, e
tudo mais que possa existir, na forma de conhecimento, verdadeiro e falacioso,
facilmente chega à todas as pessoas transformando-as em elemento úteis e
inúteis à sociedade cristã, política e céticos.
Política mundial
A política mundial está se
reestruturando para continuar direcionando a humanidade para continuar
garantindo o enriquecimento dos ricos em detrimento e exploração dos pobres,
priorizando apenas a manutenção de sua ração diária, não permitindo que mais
pobres deixe sua classe social de mero trabalhador, de preferência braçal. A
maioria das economias que davam condições de pobres se enriquecerem chegou ao
fim, por isso essa nova reestruturação por imposição dos ricos, com apoio total
dos políticos e das instituições religiosas de todo o mundo. Vou citar o Brasil
como exemplo, pois, como professor do estado de São Paulo, estou vivenciando
esse processo. A câmara dos deputados federais aprovou, ontem, 22/04/2015 a PL
4330. Logo, se fossemos depender apenas deles todas as atividades fins das
empresas podem ser privatizadas, isto significa que de cara, o trabalhador
brasileiro vai perder perto de 30% de seu salário atual. E mais, após trêss anos
no mesmo emprego, o funcionário é dispensado ficando duzentos dias impedido de
trabalhar formalmente, isto é, não poderá arrumar outro emprego com carteira
assinada obrigando-o a sobreviver de subempregos, garantido assim que ele jamais consiga economizar para
ascender de classe social. Esse método está sendo testado com os professores do
estado de São Paulo, e dá certo, pois o camarada fica, pela necessidade de
sobrevivência, não fazer greve para reivindicar reajustes salariais e outros
direitos. O PSDB, PMDB apoiado pelo sindicalista Paulinho da força, estão encabeçando esse processo e a maioria dos
pequenos partidos estão apoiando. O ex-presidente Lula desaprova a aprovação
deste projeto de lei, mas, caso ele passe pelo Senado e a presidenta Dilma não o vete, entendemos que o
PT também está a favor da escravidão dos brasileiros. Caso esse projeto vire
lei, nós, cidadãos trabalhadores temos que partir pra cima desses ricos
empresários que, através dos políticos estão financiando a aprovação e
imposição dessa maldita lei, creio que temos que ir às últimas consequências, a
dificuldades que os professores de São Paulo estão tendo para ter seus direitos
constitucionais garantidos diante dos desmandos do governador do PSDB, Geraldo
Alckmin, é um exemplo que todas as classes trabalhadoras vão enfrentar. Mas
aprovando esta lei, nem forças para brigar vamos ter mais. Pois seremos uma China piorada. Já não bastava a
escravidão espiritual promovida pela igreja da Idade Média, teremos agora, é
claro, com o apoio do Papa, a escravidão física. Por isso, como filósofo,
continuo confiando que a bíblia é a palavra de Deus, e toda essa reestruturação e outros bárbaros acontecimentos que vivenciamos todos os dias estão
confirmando o que diz a bíblia, Deus irá intervir nos negócios da humanidade,
pois, conforme as profecias bíblicas, a taça de Sua paciência, amor, longanimidade e compreensão está à transbordar,
e jesus virá pela segunda vez para pôr fim à história do pecado! Povo brasileiro! Isto não é um sonho e nem somos atores do filme Matrix, é nossa liberdade como seres humanos que está em jogo, são os escravocratas voltando a ameaçar os pobres trabalhadores.
Epílogo
Vou terminar essa reflexão
bíblica-filosófica, que é também o final de um livro que acabo de escrever, e
que pretendo editá-lo no segundo semestre de 2015, citando parte de um
comentário de Ellen G. White sobre o capítulo dezoito de apocalipse:
Apesar
das trevas espirituais e afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que
constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo
encontra-se ainda em sua comunhão. Muitos deles, há, que nunca souberam das
verdades especiais para este tempo, Não poucos se acham descontentes com sua
atual condição e anelam mais clara luz. Debalde olham para a imagem de Cristo
nas igrejas a que estão ligados. Afastando-se estas corporações mais e mais das
verdades, e aliando-se mais intimamente com o mundo, a diferença entre as duas
classes aumentará, resultando, por fim, em separação. Tempo virá em que os que
amam a Deus acima de tudo, não mais poderão permanecer unidos aos que são “mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo a aparência de piedade mas
negando a eficácia dela.”
O capítulo 18 do apocalipse
indica o tempo em que, como resultado da rejeição da tríplice mensagem angélica
do capítulo 14, versos 6-12, a igreja terá atingindo completamente a condição
predita pelo segundo anjo, e o povo de Deus, ainda em Babilônia, será chamado a
separar-se de sua comunhão. Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e
cumprirá sua obra. Quando os que “não creram a verdade, antes tiveram prazer na
iniquidade” (II tessalonicenses, 2:12) forem abandonados para que recebam a operação
do erro e creiam a mentira, a luz da verdade brilhará então sobre todos os
corações (mentes) que se acham abertos para recebê-la, e os filhos do Senhor
que permanecem em Babilônia atenderão o chamado: “Sai dela, povo meu.”
Apocalipse, 18:4 (Esta
citação encontra-se no capítulo “A Causa da Degradação Atual do livro O grande
Conflito)
Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARTHUR SHOPENHAUER. Como Vencer um Debate sem Precisar Ter
Razão. Ed. TOPBOOKS. RJ, 1997
ELLEN G. WHITE. O Grande Conflito. Ed. Casa Publicadora
Brasileira. Tatuí, SP, 2014
MAURO ARAUJO DE SOUSA. Nietzsche: Viver Intensamente,
Tornar-se o que se é. Ed. PAULUS. SP, 2009
NIETZSCHE. O Anticristo Maldição do Cristianismo. Ed.
CLÁSSICOS ECONÔMICOS NEWTON. RJ, 1992
NIETZSCHE. Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. SP, 1978