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domingo, 8 de junho de 2014

LINGUAGEM E FILOSOFIA ANALÍTICA I



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     LINGUAGEM E FILOSOFIA ANALÍTICA I
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     São estes os principais filósofos analíticos: Frege, Gottlob (1848-1925); Russell, Bertrand (1872-1970); Wittgenstein, Ludwig (1889-1951), inspirador do Círculo de Viena (1922-1936) ou positivismo lógico, e mestre reconhecido do movimento analítico linguístico hoje conhecido como Cambridge-Oxford-Philosofhy. São estes os principais responsáveis pela fundamentação da linguagem e filosofia analítica em sua primeira fase. As principais contribuições de Frege foi fazer a distinção entre sentido e referência, e valor de verdade; cálculo de predicado e proposicional e o projeto lógico (ideia de reduzir a aritmética às leis lógicas). Área de contribuição: Semântica, ou, sentido do significado na teoria da linguagem. Foi Frege quem fez a primeira reforma da lógica após Aristóteles.
     Segundo Russel, “O atomismo lógico pretendia ser uma filosofia emergente da simbiose entre um empirismo radical e uma lógica perspicaz: a lógica oferecendo as formas-padrão do raciocínio correto e o empirismo, as premissas, que são proposições atômicas ou proposições complexas, construídas a partir das primeiras”. Para Russell, Atomismo lógico são átomos lógicos e não átomos físicos. A proposição atômica descreve um fato, afirma que uma coisa tem certa qualidade ou que determinadas coisas têm certas relações. Um fato atômico é o que torna verdadeira ou falsa uma proposição atômica. Exemplo: “Sócrates é ateniense” é uma proposição atômica, que expressa o fato de Sócrates ser cidadão ateniense. “Sócrates é ateniense e marido de Santipa” é proposição complexa ou molecular. Wittgenstein retomou essas ideias de Russell no Tractatus lógico-fhilosophicus. O grande mestre da arte do raciocínio que influenciou Russell foi José Peano.
Russell e Frege consideram que a matemática pode ser reduzida a um ramo da lógica; que “a matemática pura é a classe de todas as proposições da forma ‘p implica q’; que não existem conceitos típicos da matemática que não possam ser reduzidos a conceitos lógicos (de lógica das classes) e que, com maior razão, não existem procedimentos de cálculo e de derivação dentro da matemática que não possam ser resumidos em derivações de caráter puramente formal. (REALE\ANTISERI p. 646)
     Frege em seu programa lógico, Russell, em sua reação ao idealismo, também está de acordo com frege ao sustentar o realismo platônico para os objetos da matemática: os números, as classes, as relações etc., tem existência independente do sujeito e da experiência. Uma relação como “Se A = B e B = C, então A = C” existe independentemente do sujeito que a pensa: existe e é sempre verdadeira. O afastamento de Russel de frege deu-se por causa da teoria das descrições (1905), onde Frege diz: “a estrela da manhã” e a “estrela vespertina”, embora indicando o mesmo planeta Vênus, dizem coisas diferentes. As duas expressões têm o mesmo significado ou a mesma denotação, ou seja, indicam o mesmo objeto literal, ao passo que o seu sentido ou conotação (relação mútua entre duas coisas), isto é, o que dizem desse objeto, é diferente.
     Russell sempre teve consciência dos limites do empirismo. O empirismo pode ser definido assim: “todo conhecimento sintético é baseado na experiência”. Mas esse princípio não se baseia na experiência. Consequentemente, o empirismo é uma teoria que mostra suas inadequações. Diferente do que pensava Russell sobre a segundo Wittgenstein, a filosofia analítica se preocupa com as palavras precisamente porque a filosofia analítica está atenta para uma relação não enevoada ou ilusória entre as palavras e as coisas, ou melhor, entre as palavras e a vida.
Ludwig Wittgenstein:
Filósofo de Viena que, com o tratctatus, inspirou o neopositivismo e posteriormente, na década de trinta, foi o maior representante da “filosofia da linguagem”. Para Wittgenstein “O sentido da proposição é a sua concordância ou discordância com as possibilidades da existência e não existência dos fatos atômicos”, ao passo que “a veracidade ou falsidade da representação consiste na concordância ou discordância do seu sentido com a realidade”. E a realidade representável pelas proposições parece se reduzir à realidade empírica. Com base nisso, então, torna-se compreensível o ataque wittgensteiniano à metafísica. Mais tarde, com a teoria dos jogos de linguagem Wittgenstein vai além do atomismo: “Com efeito, se eu digo, indicando uma pessoa ou um objeto, “este é Mário” ou “isto é vermelho”, haverá sempre para quem me escuta certa ambiguidade, já que não sabe a que propriedade da pessoa ou do objeto eu me referi”. “Dizendo ‘cada palavra desta linguagem designa alguma coisa’, não dizemos absolutamente nada”. “Pensa-se que aprender a linguagem consiste em denominar objetos, isto é, homens, formas, cores, dores, estado de espírito, números etc.. Que a denominação é semelhante a pendurar em uma coisa um cartãozinho com um nome”. “Ao contrário, com as nossas proposições, fazemos as coisas mais diversas”. Basta pensar nas exclamações, com as suas funções tão diferentes: Água! Fora! Ai! Socorro! Lindo! Não! Então, ainda estás disposto a chamar essas palavras de ‘denominação de objetos’? Com a linguagem fazemos as coisas mais variadas. Os jogos linguísticos são inumeráveis:
São inumeráveis os tipos diferentes de emprego de tudo o que chamamos ‘sinais’, ‘palavras’, ‘proposições’. E essa multiplicidade não é algo fixo ou algo dado uma vez por todas: novos tipos de linguagens, novos jogos linguísticos, como poderíamos dizer, surgem continuamente, enquanto outros envelhecem e são esquecidos (uma imagem aproximada disso poderia ser dada pelas mudanças da matemática). Aqui, ‘jogos linguísticos’ está destinada a evidenciar o fato de que o falar uma linguagem faz parte de uma atividade ou de uma forma de vida. (REALE/ANTISERI p. 664)
     Com a linguagem ordenamos, descrevemos, construímos, desenhamos a partir da descrição, relatamos, fazemos conjecturas, elaboramos hipóteses, representamos através de diagramas, inventamos uma história, representamos através do teatro, cantamos cantigas de rodas, adivinhamos, criamos piadas e contamos, resolvemos problemas de matemática, traduzimos de uma língua para outra, pedimos, agradecemos, saudamos e rezamos. Logo, falar uma linguagem faz parte de uma atividade ou de uma forma de vida. Assim, Wittgenstein, despedaça e rejeita o modelo reducionista do atomismo lógico, e, juntos se vão o mentalismo e o essencialismo, isto é, quando se coloca um espírito onde não há um corpo físico, sem deixar de fora o rigor das proposições lógicas.
“Não busqueis o significado, buscai o uso”:
Os problemas filosóficos surgem (...) quando falta a linguagem. E esses problemas se resolvem dissolvendo-os. Quando os filósofos usam uma palavra – ‘saber’, ‘ser’, ‘objeto’, ‘eu’, ‘proposição’, ‘nome’ – e tentam captar a essência da coisa, devemos sempre perguntar: essa palavra é efetivamente usada assim na linguagem, na qual em a sua pátria?
Nós utilizamos as palavras, no seu emprego metafísico, na trilha de seu emprego cotidiano. E isso porque a linguagem faz parte de nossa história natural, como o caminhar, o comer, o beber, o brincar. A linguagem opera sobre o fundo de necessidades humanas, na determinação de ambiente humano. E, como “o significado de uma palavra é seu uso na linguagem”, a função da filosofia é puramente descritiva. Como na psicanálise, a diagnose é a terapia: “o filósofo trata uma questão como doença”. (Ibid p. 667)
Lógica. Anotações das aulas expositivas do professor Dr. Sávio Perez:
     A lógica é uma ferramenta que ninguém sabe sobre o que está falando, nem se é verdadeiro ou falso, válido ou inválido, pois, todas as conclusões seguem das premissas. E o raciocínio deve ser fundamentado no princípio de não contradição. E este deve ser exclusivo e inclusivo. Exclusivo: isso ou aquilo; inclusivo: isso e aquilo.
Definição de enunciados compostos: “são enunciados que contém outros enunciados como seu componente”. Exemplo: Se Deus é bom, então, não pode nos enganar.
Enunciados:
1)      Deus é bom
2)      Deus não pode nos enganar.
“Se chove e faz frio, então, se permanece em casa”.
Enunciados:
1) chove = C
2) faz frio = F
3) se permanece em casa = P
Forma lógica do enunciado: ( C e F) então P.
Para David Hume, todo enunciado tem que ser provado empiricamente, ele exige e leva as argumentações às últimas consequências. Para o enunciado acima ser verdadeiro é necessário que esteja chovendo e fazendo frio. Mas independente de chover e fazer frio ele é válido. Pois, a conclusão se dá das premissas.
Sentido e referência:
Jesus é o filho de Deus; filho do homem; de Nazaré; o salvador; o crucificado etc., o sentido é diferente, mas a referência é a mesma. No caso, Jesus é a referência.
O vencedor de Iena; o perdedor de Waterloo; referência: Napoleão Bonaparte.
A estrela da manhã e a estrela da tarde; dois sentidos e a mesma referência: planeta Vênus.
1+1=2. Qual o fundamento disso? Foi Hussel quem demonstrou logicamente que 1+1=2.
     Segundo Kant, juízo analítico é linguagem e expressa somente o que já se sabia sobre o objeto. Exemplos: O triângulo tem três lados. Deus é bom. O centauro é um animal mítico. O vermelho é uma cor. Essas proposições acima não se fundamentam na experiência, logo, são apenas palavras. Por isso elas são a priori. E como tais, não acrescentam nada ao conhecimento. Já, os juízos sintéticos, fundamentam-se na experiência. Exemplo: A lousa é verde. Mas como saber se lousa é ou não verde? Conferindo, logo, juízos sintéticos são a posteriori, isto é, precisam passar pela experiência para emitir juízo.
Razão pura:
     Razão pura é a faculdade de poder conceituar. Mas a razão consegue fundamentar alguma coisa? Ora, a matemática, a física e a geometria são metafísicas e elas são fundamentadas na razão pura. Logo, para Kant, sim. Só não é possível conhecer a coisa em si (Deus ou a substância). O resto, tudo é possível à razão. Só é preciso encontrar como; por isso ele indagou: “Como são possíveis juízos sintéticos a priori”? O grande problema enfrentado por Descartes foi justamente este, tentar provar racionalmente a existência da alma e de Deus.
Ciência:
     As verdades da geometria, matemática e física são necessárias e universais (é certo, nunca está errado, tem que ser assim). A ciência fundamenta-se nestes dois princípios. Para Kant, universal e necessário são absolutos. Mas para nós a ciência é mutável e o mutável não pode ser absoluto. Para Kant a ciência de Isaac Newton era absoluta, e esse foi seu grande erro, que o levou a achar possível criar filosofia fundamentada e justificada em juízos sintéticos a priori.  
     A filosofia analítica nega os juízos sintéticos a priori de Kant, ficando apenas com os juízos analíticos; e a ciência com a natureza que é passível de juízos sintéticos a posteriori, ou seja, com o empirismo, pois a ciência é baseada na experiência. Filosofia da linguagem é análise proposicional através da lógica formal, capaz de julgar toda e qualquer produção epistemológica, seja ela ciência, política, religião e o que for elaborado por escrito.
Epistemologia:
     Episteme é conhecimento fundamentado, disciplina filosófica. O que é possível conhecer, quais os limites, e como fundamentar o conhecimento. Doxa (opinião), tudo é relativo, não há conhecimento, só opiniões, apenas Técnica de convencimento independente de ser verdade, ou seja, discurso sem fundamento. Toda opinião fundamentada e justificada passa a ser conhecimento, sem fundamento não vai além de opinião. Logo, todo conhecimento têm que ser fundamentado e justificado.
Questões filosóficas:
1ª) Metafísica – O que é o ser?
2ª) Epistemologia – Como é possível conhecer o ser? Primeiro epistêmico: Descartes, René.
3ª) Semântico ou linguagem; a linguagem passa a ser morada do ser, ou ainda, “tudo é linguagem”.
Todo conhecimento tem que ser capaz de ser expresso, logo, sem linguagem não há conhecimento.
Sentido do enunciado e o valor de verdade:
     Todo enunciado para ser verdadeiro tem que ter sentido e valor de verdade. Sem sentido não é verdadeiro e nem falso. Não pode ser ambíguo, isto é, tem que ter um único sentido.
A lógica é a ciência do raciocínio claro; disciplina que investiga o argumento válido; a pesar de não haver um único conceito de lógica, todos estudam o raciocínio organizado.
     A partir do século XIX, a lógica estuda as leis do pensamento verdadeiro, se preocupa com as normas do pensamento: “a lógica está para a verdade aproximadamente como a física está para o peso e o calor”. (FREGE) Aos discursos aplicam-se as tabelas de validade e verdade da lógica formal para analisá-los. Já, o psicologismo, estuda o pensar correto: como o homem se comporta; e a ética estuda a conduta humana. Logo, a lógica está para as leis do pensamento correto como a ética para a conduta e a física para o peso e o calor. Para o pensar correto não pode haver contradição, isto é, algo não pode ser e não ser. A lógica se preocupa com os objetos ideais. O que são objetos ideais? O pensamento.
Pensar é diferente de pensamento:
Pensar: é real, temporal e espacial, tem uma causalidade. Pensamento: é ideal, atemporal e aespacial, sem sujeito. Para Frege, o sentindo de um enunciado declarativo pode ser verdadeiro ou falso. As ordens, perguntas e exclamações não são nem verdadeiras e nem falsas.
O mesmo pensamento pode ser expresso de muitas maneiras. Exemplo: The table is Gray; a mesa é cinza.
Mesmo significado, pensamento diferente. Exemplo: Batman ama Robin; Robin é amado por Batmam.
O que é significado? Associação do som à imagem. Exemplo: Quando ouço o som ‘gato’, cria-se na mente a imagem mental segundo o som captado, no caso, a imagem semelhante a do gato real.
Verdadeiro e falso; válido e inválido:
     Verdadeiro e falso diz-se do pensamento, das proposições enunciadas. Válido e inválido refere-se ao argumento. Os enunciados podem ser verdadeiros ou falsos; o argumento só pode ser válido ou inválido. Definição de argumento válido: “aquele que não pode se dar o caso das premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa”.
Exemplo:
P¹) Todo homem é mortal. (V)
P²) Sócrates é ateniense. (V)
C) logo, Sócrates é mortal. (V)
Este argumento é falso porque a conclusão não se dá da ordem das premissas.
P¹) Todo homem é azul. (F)
P²) Este apagador é homem. (F)
C) Logo, o apagador é azul. (F)
Este argumento é válido porque a conclusão se dá da ordem das premissas, porém, não é verdadeiro.
Dedução e indução:
     Há dois tipos de raciocínios: enunciados universal, particular e singular, há casos em que o particular refere-se ao singular, logo, todo juízo particular pode ser singular, mas nem todo juízo singular é particular.
Todo raciocínio dedutivo se move do universal para o singular ou particular. Já, o raciocínio indutivo se move do singular ao universal.
Exemplo I:
Universal: todo;
Singular: Sócrates;
Singular será a conclusão.
Exemplo II:
Sócrates é mortal.
Kant é mortal.
Nietzsche é mortal.
Platão é mortal.
Logo, todos os filósofos são mortais.
Este argumento é indutivo, mas, não necessariamente a conclusão deva ser universal.
Observação: todo argumento sofista aparenta ser válido e inválido, o sofista quer convencer independente de estar dizendo a verdade, é a arte do discurso utilizada para enganar fazendo uso de premissas falaciosas.
Exemplo:
P¹) Todo avião têm asas.
P²) todo pássaro têm asas.
C) Logo, todo avião é um pássaro.
Erística é o nome que se dá à arte de convencer por meio de sofismas.
Lógica formal:
(P¹) Se P, então Q.
(P²) Não Q.
© Não P
Para a forma lógica não interessa o conteúdo. Por isso, a lógica formal é a ferramenta que a filosofia utiliza para averiguar e emitir juízo a todo e qualquer discurso independentemente do assunto tratado.
(P¹) Tudo o que tem F, tem G.
(P²) Não tem F.
© Logo, Não tem G.
Assim, a verdade é a forma lógica. Para aplicar a forma lógica existem os cognitivos que faz as relações entre as proposições. São símbolos invariáveis Para ‘e’, ‘ou’, ‘negação’, ‘se então’, ‘se e somente se’, ‘se A então B’, ‘não A’, ‘logo A’. No teclado de meu computador não há esses símbolos lógicos, por isso não posso anotá-los neste trabalho.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
REALE, Giovanni – ANTISERI, Dario. HISTÓRIA DA FILOSOFIA. V. III. Ed. Paulus, São Paulo, SP, 2007.