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domingo, 20 de abril de 2014

FILOSOFIA: CÍRCULO FECHADO EM SI MESMO


     Além da definição clássica, amor ao conhecimento, filosofia é sistematização do antropocentrismo. Para que o idealismo filosófico desse certo, por princípio, tudo que fosse de outra origem epistemológica teria que ser descartada como verdade ou validade filosófica. Isto é, qualquer argumentação e fundamentação teria que ser filosófica, se assim não for não serve como filosofia e nem como crítica à filosofia. Essa estratégia era necessária porque a filosofia nascera para impor novo conhecimento à humanidade, para tanto, a verdade e/ou validade teria que estar fechada em um só idealismo. Isso era necessário porque a epistemologia teocêntrica e mitológica que sustentava todo discurso até o nascimento da filosofia teria que ser inutilizado. Passados dois séculos após o nascimento do antropocentrismo filosófico, isto é, após os Pré-Socráticos, os filósofos clássicos, perceberam que a mitologia já era criação antropocêntrica, frutos das inspirações dos antigos poetas, assim, decidiram continuar fazendo uso dos mitos para ilustrar alguma possível verdade filosófica. Sobrou como oposição ao discurso filosófico a fé dos judeus que acreditavam na existência de um Deus criador e mantenedor de todo o universo segundo os relatos bíblicos, e assim, até hoje, a filosofia continua com seu idealismo primeiro: anular a fé no Deus bíblico em nome da razão, ou do racionalismo-antropocêntrico.
Filosofia após Jesus:
     Nos seis primeiros séculos que antecederam o nascimento do prometido salvador Jesus Cristo, segundo as profecias bíblicas, o discurso filosófico conseguiu impor-se à fé dos judeus ofuscando sua esperança a tal ponto que os judeus preferisse um líder que os libertassem do jugo romano, que um salvador que morresse pelos seus pecados; por isso, em comum acordo com os líderes romanos consentiram matar o Filho de Deus segundo profetizara Isaías e outros profetas. A partir desses acontecimentos históricos a filosofia se viu vitoriosa por conseguir de algum modo frustrar a fé dos judeus e de outros que aguardavam o Salvador. Era a razão se impondo e anulando a fé. Com a morte de Cristo, Sua ressurreição e volta ao céu a história política, as estratégias filosóficas e religiosa tiveram que mudar de perspectiva, pois algo muito significativo acontecera que as coisas não podiam mais continuar como era antes. Um novo espírito religioso surgiu na história, em consequência, a política teve que ter novas atitudes em frente ao movimento religioso que nascera, e os filósofos, como idealistas de uma nova epistemologia, tiveram que fazer alguma coisa junto aos políticos para minar a força religiosa que surgira com a presença do filho de Deus neste planeta.
Posição política:
     Roma Pagã continuou com o mesmo espírito que tivera para com o filho de Deus: matar quem quer que fosse que não andasse segundo as leis romanas. Foi esta a posição de Roma, matar os seguidores de Cristo. Os cristãos tinham que fugir constantemente, pois, se pegos, eram jogados aos leões e outras feras, servindo como espetáculo nas arenas aos romanos. Todos os discípulos foram mortos pela política romana, se não me engano, apenas João que escreveu o Apocalipse, apesar de ser jogado dentro de um tambor de óleo fervendo, mas saindo ileso foi deportado para ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse, lembro-me ter lido que ele saiu da ilha, mas não sei como foi que ele morreu; todos os conversos que eram capturados tinham a mesma sorte, a morte. Essa perseguição durou enquanto Roma Pagã governava o mundo de então. Mais ou menos trezentos anos após o assassinato de Cristo.
Estratégia filosófica:
     Várias escolas filosóficas com diferentes filosofias de vida influenciava aquela sociedade. Para a filosofia, o ideal de homem-cidadão segundo os atenienses já não fazia mais parte de seus discursos, predominava, independente da escola, o ideal de indivíduo-cidadão. Paralelo a essas escolas, a filosofia de Platão, especialmente o “mundo das ideias”, estava passando por uma readaptação, isto é, sua filosofia estava tomando o status de teologia, com essa estratégia, os filósofos vestiram-se de religiosos e dominaram o discurso cristão. Assim ficou fácil, para eles adulterar os escritos bíblicos, redirecionado a fé do povo a qualquer outra coisa que não fosse o Deus bíblico que enviara Seu filho para salvar aqueles que O aceitasse como seu Salvador.
O judeu Filon, que nasceu em Alexandria entre 10 e 15 a. C., desenvolvendo suas atividades na primeira metade do século I d. C., pode ser considerado o precursor dos padres, pelo menos em certa medida. Dentre suas numerosas obras, destaca-se a série de tratados que constituem um comentário alegórico do Pentateuco (devemos recordar, sobretudo, A criação do mundo, As alegorias das leis, O herdeiro das coisas divinas, A migração de Abraão e a mutação dos nomes, que estão entre os mais belos).
O mérito histórico de Filon está em ter tentado pela primeira vez na história uma fusão entre filosofia grega e teologia mosaica, criando uma “filosofia mosaica”. O método com qual Filon operou a mediação foi o da “alegorese”. Ele sustenta que a bíblia tem a) um significado literal, que, no entanto, não é o mais importante, e b) um significado oculto segundo o qual os personagens e eventos bíblicos são símbolos de conceitos de verdades morais, espirituais e metafísicas. Essas verdades subjacentes (que se colocam em diferentes níveis) requerem particular disposição de espírito (quando não, até mesmo, a verdadeira inspiração) para que se possa captá-las. A interpretação alegórica iria alcançar grande êxito, tornando-se um verdadeiro método de leitura da bíblia para a maioria dos padres da igreja e transformando-se assim por longo tempo numa constante na história da patrística. (REALE/ANTISERI, p. 402)
     Outro filósofo que se tornara cristão foi Aurélio Agostinho (354-430) de Tagasta, pequena cidade da Numídia, Africa. Aurélio Agostinho, após sua conversão tornou-se Santo Agostinho; antes de se converter era maniqueísta. Segundo os maniqueístas, encontram-se no mundo duas forças: a do bem ou da luz, e a do mal, ou da escuridão, consideradas princípios absolutos, em permanente e eterno confronto.
Para os maniqueístas Cristo foi revestido somente de carne aparente e, portanto, também foram aparentes a sua morte e ressurreição. Moisés não foi inspirado por Deus, sendo um dos príncipes das trevas, razão pela qual se devia rejeitar o antigo testamento. A promessa do Espírito Santo feita por Cristo ter-se-ia realizado em Mani (fundador do maniqueísmo). Em seu dualismo extremo, os maniqueístas chegavam até a não atribuir o pecado ao livre-arbítrio do homem, mas sim ao princípio universal do mal que atua também em nós. (REALE/ANTISERI, p. 430)
     O catolicismo cristão defende que Santo Agostinho, principal padre filósofo da patrística, abandonou a filosofia maniqueísta, sua postura diante dos escritos bíblicos nega esse discurso da igreja. Pois, o principal ataque da igreja é contra os escritos de Moisés, principalmente aos dez mandamentos da lei de Deus escritos por Ele no monte Sinai e dado a Moisés que o levaria à humanidade através da nação de Israel.
Citarei os dez mandamentos segundo a bíblia e segundo o catolicismo para que o leitor tenha consciência das alterações feitas, e reflita sobre quem seguir: se os filósofos trajados de religiosos e políticos, ou, o que Deus revelara através de seus profetas:
Dez mandamentos segundo a bíblia:
1° - Não terás outros deuses diante de mim.
2° - Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que vizito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira geração e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.
3° - Não tomarás o nome do senhor teu Deus em vão; porque o senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.
4° - Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e no sétimo dia descansou; por isso o senhor abençoou o dia do sábado e o santificou.
5° - Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o senhor teu Deus te dá.
6° - Não matarás.
7° - Não adulterarás.
8° - Não furtarás.
9° - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
10° - Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. (Êxodo 20: 3-17)
Dez mandamentos segundo o catecismo católico:
1° - Amar a Deus sobre todas as coisas
2° - Não tomar o seu santo nome em vão
3° - Guardar domingos e festas
4° - Honrar pai e mãe
5° - Não matar
6° - Não pecar contra a castidade
7° - Não furtar
8° - Não levantar falso testemunho
9° - Não desejar a mulher do próximo
10° - Não cobiçar as coisas alheias.
(Princípios, p. 217)

As alterações feitas demonstram que o catolicismo filosófico continua com o mesmo ideal da filosofia grega: eliminar do consciente da humanidade a existência de um Deus criador e mantenedor do universo segundo ensina a bíblia. O quarto mandamento que pede que os homens honrem e reconheçam a Deus cultuando-O no dia de sábado, foi mudado para guardar domingos e festas. Há outras mudanças que o amigo pode perceber facilmente, concluindo que, queiramos ou não, há neste mundo uma guerra entre o bem (Deus) e o mal (Satanás), e ambos estão interessados na humanidade, Deus quer salvar-nos através do sacrifício de Seu filho Jesus Cristo. E Satanás quer levar-nos juntamente com ele para a morte eterna, para isso usa de todos os meios epistemológicos e a própria ignorância para enganar o maior número possível de pessoas.
RETERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bíblia.
PRINCÍPIOS DE VIDA. CASA PUBLICADORA BRASILEIRA. Tatuí, São Paulo, 1988.
REALE, Geovanni/ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Antiguidade e Idade Média. V. I, Ed. Paulus. São Paulo, 8° edição 2003.
Filósofo Isaías Correia Ribas