CETICISMO
Pirro (365 – 270 a. C.), da cidade Élida, foi quem criou o novo verbo
“cético”, dando condições a um novo modo de pensar e nova atitude espiritual
aos ocidentais. Para os estoicos, a piedade, a compaixão e a misericórdia são
paixões e por assim ser, os estoicos deve extirpá-las de si, como se lê neste
testemunho: “A misericórdia é parte dos defeitos e vícios da alma:
misericordioso é o homem estulto (bobo, besta) e leviano. (...) O sábio não se
comove em favor de quem quer que seja; não condena ninguém por uma culpa cometida.
Não é próprio dos fortes deixar-se vencer pelas imprecações e afastar-se da
justa severidade”.
Para Pirro tudo é apenas aparência. As coisas naturais são em si mesmas,
indiferentes, incomensuráveis e indiscerníveis; e que, em “consequência disso”,
os sentidos e opiniões não podem dizer nem o verdadeiro nem o falso. Em suma,
são as coisas que, como se disse, tornam os sentidos e a razão incapazes de
verdade e falsidade e não o contrário. Assim, Pirro negou o ser e os princípios
do ser e resumiu tudo na aparência. Os céticos posteriores transformou o
“fenômeno aparência” como sendo aparência de algo que está além do aparecer,
uma “coisa em si”. Um fragmento de Timon nos revela que a posição de Pirro era
mais complexa: “Ora, direi como me parece ser: que eterna é a natureza do
divino e do bem, dos quais deriva para o homem a vida mais igual”. As coisas,
segundo Pirro, acabam sendo mera aparência. Para Cícero (106-43 a. C.),
político, filósofo e orador romano, Pirro e Ariston nunca foram céticos, mas
sim os mais rigorosos dos estoicos. Além da posição de Cícero temos a posição de Enesídemo: “Um seguidor de Pirro, Numênio, tenha afirmado que Pirro ‘também
dogmatizava”, ou seja, tinha “alguma certeza”. Pois, aqueles que se dizem
céticos não devem emitir opiniões, abster-se de julgar, pois, opinar é julgar,
logo, deve viver sem nenhuma inclinação, ou seja, não se deixar comover por
algo, isto é, permanecer indiferente. Pirro foi estimado e honrado em sua terra
a ponto de ser eleito sacerdote: e Tímon, seu principal discípulo chegou a
contá-lo como “semelhante a um Deus”.
Carnéades (III-II a. C.) foi maior representante da academia cética,
segundo ele, não existe nenhum critério de verdade. Carnéades opôs-se não só
aos estoicos, mas a todos os filósofos que o precederam dizendo que todas as
coisas nos enganam. Só que essa de que
todas as coisas nos enganam já era uma máxima filosófica. Faltando um
critério absoluto e geral de verdade, desaparece também toda possibilidade de
encontrar qualquer verdade particular.
Ecletismo:
Ecletismo (termo derivado do grego ek-léghein, que significa: “escolher e
reunir”, tomando de várias partes), que visava reunir e fundir o melhor (ou
que era considerado tal) das várias escolas.
As causas que produziram esse
fenômeno são numerosas: a) a exaustão da vitalidade das escolas singulares; b) a
polarização unilateral de sua problemática; c) a erosão de muitas barreiras
teóricas operada pelo ceticismo; d) o probabilismo difundido da Academia; e) a
influência do espírito prático romano e a valorização do senso comum.
O ecletismo foi introduzido
oficialmente na Academia por Filon de Larissa por volta de 87 a. C.. Ecletismo
é, de certo modo, um ceticismo. O cético não pode dizer “a verdade existe, eu é
que não a conheço”, mas só pode dizer “não sei se a verdade existe; sou eu, em
todo caso, quem não a conheço”.
Palavras de Filon que Cícero faz suas: “não é necessário suprimir
totalmente a verdade, mas é necessário admitir a distinção entre verdadeiro e
falso; todavia, não temos um critério que nos leve a esta verdade e, assim, à
certeza, mas temos somente aparências, que conduzem à probabilidade. Não
chegamos à percepção certa da verdade objetiva, mas nos avizinhamos dela com
evidência do provável”.
Consolidação do ecletismo:
Filon e Antíoco foram os principais representantes do ecletismo na
Grécia e Cícero foi o mais característico representante do ecletismo em Roma.
Segundo C. Marchesi: “Cícero não deu
novas ideias ao mundo (...). O seu mundo interior é pobre pelo fato de dar
ouvidos a todas as vozes.” A sua maior contribuição reside, pois, na difusão e
divulgação da cultura grega e, neste âmbuto, é verdadeiramente uma figura
essencial na história espiritual do Ocidente. Continua Marchesi: “Também aqui
se manifesta a força divulgadora e animadora do engenho latino, porque nenhum
grego teria sido capaz de difundir o pensamento grego pelo mundo como fez
Cícero.”
Desenvolvimento das ciências particulares:
As ciências particulares, ou especializações das diversas ciências se
deram em Alexandria. A construção dessa cidade iniciou-se em 332 a. C. porque
Alexandre desejara construir uma cidade dedicada a seu nome. Habitantes de
várias partes daquele mundo dirigiam-se àquela grande metrópole que pretendia
ser o centro cultural de pesquisa científica, a maioria de seus habitantes eram
judeus. Mas o elemento grego era dominante. Com a morte precoce de Alexandre,
Ptolomeu Lago recebeu o Egito e seus sucessores o mantiveram durante longo
tempo, conservando as tradicionais estruturas sociopolíticas que haviam
assegurado ao país uma cultura milenar. Assim, impediram a helenização do
Egito, com exceção de Alexandria. Atenas continuou o seu primado no campo da
filosofia, mas Alexandria tornou-se o grande centro da cultura científica, o
que houve de mais esplêndido foi sua biblioteca.
Ciências desenvolvidas na época:
filologia; as matemáticas de Euclides
e Apolônio; a mecânica de Arquimedes e Héron; Astronomia: geocentrismo
tradicional dos gregos, a tentativa heliocêntrica de Aristarco e a restauração
geocêntrica de Hiparco; A medicina helenística de Erófilo e Erasístrato e sua
posterior involução; a geografia de Eratóstenes. O pano de fundo que impedia a
evolução tecnológica eram as condições socioeconômicas da época que, baseava-se
na mão de obra escrava, por isso, não se investia na construção de máquinas
para aliviar a mão de obra escrava.
Influência do pensamento filosófico à religiosidade dos judeus:
Havia entre nós três seitas diversas,
relativas às ações humanas. A primeira, a dos fariseus: a segunda, a dos
saduceus e a terceira a dos essênios. Os fariseus atribuem certas coisas ao
destino, não, porém, todas e creem que as outras dependem de nossa liberdade,
de sorte que nós podemos fazê-las ou não fazê-las. Os essênios afirmam que tudo
geralmente depende do destino e de que nada nos acontece a não ser que ele
determina. Os saduceus, ao contrário, negam absolutamente o poder do destino,
dizem que ele é quimera e que nossas ações dependem tão absolutamente de nós,
que nós somos os únicos autores de todos os bens e males que nos acontecem, segundo
nós seguimos um bom ou mau conselho.
(JOSEFO, p. 137 e 138)
Percebemos por esse fragmento
aforístico que uma nação que fora fundada sob as orientações de um Deus criador
e mantenedor de tudo, que tinha como Seu mensageiro muitos profetas que estavam
acima dos reis e juízes; essa nação fora desviada de seu caminho teocêntrico
pelo poder do discurso filosófico que os gregos inventaram. Porém, é bom ressaltar
que, nos últimos quatrocentos anos que antecederam o nascimento de Cristo, não
houve profeta entre os judeus. Vemos aqui a força do antropocentrismo epistemológico
filosófico sujeitando todos os povos, eliminando do consciente da humanidade a
ideia de que tudo o que existe fora criado por um Deus que ainda mantem todas
as coisas do universo segundo a Sua vontade. Então, o que podemos deduzir disso
é: quando os homens negam sua fé nos escritos proféticos como sendo verdades
divinas, estão sujeitos as ideias antropocêntricas que, apesar de ser conclusões
de análises argumentativas e empíricas acadêmicas, o homem de fé, não deve
esquecer que acima de tudo isso há uma guerra que não vemos, mas o fato de não
a vermos não significa que ela não existe, logo, o mal não está em compreender
tudo o que há, mas ignorar que há um Deus que vai pôr fim a toda essa história
temporal fazendo valer Sua legislação universal.
Jesus Cristo nasceu nesse contexto
onde imperava todo tipo de antropocentrismo filosófico, político, científico e
religioso. Os judeus perderam de vista qual era o propósito do nascimento de
Cristo, eles esperavam um líder político judeu que os libertassem do jugo
romano, quando perceberam que Cristo convidava-os para um novo modo de vida e
que Ele viera para dar-lhes a possibilidade de vida eterna se O aceitassem como
O Salvador do mundo que caíra em pecado. Assim, os judeus em comum acordo com
os romanos preferiram mata-Lo que aceita-lo como Salvador do mundo. Cristo
viera para morrer, e certamente Satanás O mataria, mas não precisava ser como
foi. O que não podemos esquecer é: todo homem independente de que nação seja
depende de aceitar o plano de salvação providenciado por Deus para ganhar a
vida eterna que Cristo nos garantiu com Seu sacrifício na cruz do calvário.
Para isso, não é preciso ignorar o conhecimento antropocêntrico, até porque, é
conhecendo a origem de todo conhecimento que podemos escolher e entender todas
as tramas epistemológicas e seus propósitos. Pois, o conhecimento possibilita a refutação do que
está errado com fundamentação, mostrando ser um evangelizador que conhece,
possibilitando até mesmo um proselitismo de qualidade, evitando as apelações
grosseiras que se vê entre os evangélicos. Na história da filosofia essa
submissão ao pensamento filosófico de todos os povos, é conhecida como: “Submissão
da fé à razão.”
Deus se fez carne:
“O ver se fez carne a habitou entre nós,
(...) cheio de graça e de verdade.” Mas os que Cristo veio salvar, não quiseram
saber dEle. “Veio para os seus e os seus não O receberam.” S. João 1: 14 e 11.
Entregando-se ao domínio de Satanás rejeitaram o messias, e buscaram
oportunidade para O matar.
Satanás e seus anjos resolveram tornar o mais humilhante possível a
morte de Cristo. Encheram o coração dos guias judeus de sentimentos de amargo
ódio ao Salvador. Dominados pelo inimigo, sacerdotes e príncipes instigaram a
multidão a postar-se contra o filho de Deus. Além das declarações de Sua
inocência por parte de Pilatos, ninguém disse em Seu favor uma única palavra. E
o próprio Pilatos, conhecendo-Lhe a inocência, entregou-O às afrontas de homens
dominados por Satanás. (WHITE p. 392)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
JOSEFO, Flavio, História dos Hebreus.
Vol. IV. Ed. das Américas 1956.
REALE/ANTISERI. História da
Filosofia, V. I,. Antiguidade e Idade Média. Ed. Paulus. São Paulo, SP, 8°
edição, 2003.
WHITE, G. Ellen. Testemunhos Seletos V. III, p. 392. Ed. Casa - Tatuí - São Paulo, 1985.
WHITE, G. Ellen. Testemunhos Seletos V. III, p. 392. Ed. Casa - Tatuí - São Paulo, 1985.
Filósofo Isaías Correia Ribas