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sexta-feira, 12 de julho de 2013

NEOCRITICISMO OU NEOKANTISMO


      O neocriticismo é o retorno a Kant em busca de fundamentos sobre os métodos e limites da ciência; pretendendo também combater o fetichismo positivista do ‘fato’ e a ideia de ciência metafisicamente absoluta. Logo, o neocriticismo é contrário a qualquer metafísica, tanto do tipo espiritualista como idealista. Para o neocriticismo, a filosofia deve voltar a ser o que era em Kant: análise das condições de validade da ciência e dos outros produtos humanos, como a moral, a arte ou a religião. Assim, ao neokantiano não interessam as situações de fato (psicológicas, institucionais ou econômicas) que podem se entrelaçar com a produção e difusão de uma teoria científica: só lhe interessa a validade da teoria, isto é, as condições dessa validade.
A escola de Marburgo
      Principais expoentes hermeneutas-fenomenológos da filosofia crítica de Marburgo: Hermann Cohen (1842-1918), Paul Natorp (1854-1924) e Ernest Cassirer (1874-1945).
     Hermann Cohen foi defensor de um socialismo não materialista. A ciência, física matemática, assume papel de máxima importância na concepção de Cohen; ele aceita a ciência como válida e concebe a filosofia exatamente como estudo das condições de validade da ciência. Para os positivistas o valor da ciência é um fato sagrado, absoluto e intocável. Em suma, objetivo é o fato, objetiva é a sensação, isto é, o a posteriori. Cohen retorna a Kant para subverter a concepção positivista. Como escreve ele em A teoria de Kant da experiência pura, o fundamento da objetividade está no a priori. Portanto, a interpretação lógica de Kant prevalece: a crítica é metodologia da ciência. É essa a condição para que a filosofia conserve seu caráter rigoroso sem ceder às tentações da metafísica idealista (que, segundo Cohen, reconduziu a filosofia à Idade Média), das reduções psicologistas ou dos erros positivistas.
     Paul Natorp, a exemplo de Cohen, afirma que a filosofia não é a ciência das coisas: das coisas falam precisamente as ciências, ao passo que a filosofia é a teoria do conhecimento. Natorp recorda a frase do Fausto, de Goethe, “Im Anfang war die Tat” (“no princípio era a ação”) e escreve: O processo e o método são tudo. Por conseguinte, o ‘fato’ da ciência deve ser entendido somente como ‘fazer’. O que importa é o que se vai fazendo, não o que é fato. Cohen, platônico, conclui: A ideia é ideal normativo.
     Ernst Cassirer relaciona substância e função: os conhecimentos matemático, geométrico, físico e químico não buscam o comum, isto é, a substância, e sim a lei, a relação, isto é, a função. Em suma, o desenvolvimento do pensamento científico nos leva a passar do conceito de substância ao de função. Cassirer observa que as ciências progrediram porque se matematizaram (na matemática não entra o conceito substância, senão o de função): progrediram porque deixaram de buscar substâncias e voltaram-se à busca de relações funcionais entre os objetos. As relações funcionais que instituem e vinculam objetos do conhecimento científico é produto do pensamento, que o torna “possível a priori”, estabelecendo suas condições de possibilidade.
As formas simbólicas
     Além de submeter às ciências à análise filosófica, Cassirer pretendeu compreender o mundo por meio das formas simbólicas como o mito, a arte, a linguagem e também o conhecimento. Somos nós que plasmamos o mundo com nossa atividade simbólica, criando e fazendo mundos de experiências, pois, o homem, além de viver a realidade, produz símbolos, culturas, vamos além dos sinais comuns aos animais. A linguagem, o mito, a arte e a religião são partes integrantes desse universo, os fios que constituem o tecido simbólico, a intricada trama da experiência humana. Todo progresso no campo do pensamento e da experiência fortalece e adensa essa rede. “Todas as funções se completam e se integram mutuamente. Cada qual descerra novo horizonte e mostra novo aspecto da humanidade. O dissonante está em harmonia consigo mesmo; os contrários não se excluem reciprocamente, mas dependem um do outro; é a ‘harmonia no contraste, como entre o plectro e a lira’.” Geovanni Reale/Dario Antiseri. História da filosofia. Vol. III; pág. 446 – Paulus – São Paulo, 1991.
     A filosofia é antropocentrismo puro. Os filósofos são preparados, conscientes ou não, para dominar e influenciar a sociedade nos propósitos cognitivos-antropocêntricos. Os religiosos, como instituições e pessoas dos dias atuais, têm sua fé abalada pelo ensino filosófico imposto a todos os estudantes do ensino médio e superior. A fé e a religião, segundo a visão filosófica, são apenas fenômenos universais e necessários de controle, domínio e exploração. Analise o comportamento moral e religioso dos atuais pretensos seguidores de Cristo, não há mais distinção entre crentes e descrentes, todos buscam a unidade entre os dissonantes, os contrários não se excluem, mas dependem um do outro, buscam a harmonia pelos mesmos princípios filosóficos. Por ventura quando vier o filho do homem achará fé na terra? Fé na palavra revelada e em seus ensinamentos? Por acaso salvaram-se muitos no dilúvio e em Sodoma e Gomorra? Assim será também nos últimos dias. Nesses dias finais nenhuma segurança institucional garantirá a minha e sua salvação. Pessoas que exercitam a fé em Deus sob quaisquer circunstâncias e seguem o Cordeiro serão selados, separados para a vida eterna. Pertencer a uma igreja e por meio dela colaborar para a pregação do evangelho não tem nenhum mal, mas isso não nos garante a salvação, então, é bom que cada um compreenda o plano de salvação e seja um autêntico representante de Jesus nestes últimos dias, pois a luta será indescritível. A saída é: além de conhecer o plano de salvação, não subestime Satanás, ele conhece e é através do conhecimento que ele está enganando a todos. A dissertação filosófica, de propósito, é para filósofos. Embora a filosofia disserte sobre conceitos populares, isto é, do senso comum, sua linguagem é idealista, transcendental, tornando-se difícil para o leitor comum detectar seu verdadeiro propósito. 1º, O conhecimento filosófico é antropocêntrico; 2°, a filosofia nasceu para descartar e se possível, anular do consciente humano a ideia de um Deus criador do universo. Nestes quase três mil anos essa batalha intelectual não foi fácil, porém, nesses últimos dois séculos a filosofia está concretizando seu objetivo primeiro, a saber, eliminar Deus e Seu plano de salvação do consciente da humanidade, e ele, Satanás, está conseguindo seu objetivo, se possível for, enganar os próprios escolhidos.
A escola de Baden
     Expoentes mais prestigiosos e críticos foram Wilhelm Windelband (1848-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936). Ambos trataram também do historicismo, no que se refere às suas reflexões sobre a fundação da história como ciência. Veremos, a propósito, da filosofia dos valores, que, embora sendo expoentes de primeiro plano do neocriticismo, os diferencia, porém, da escola de Marburgo.
     Windelband em seu retorno a Kant atribui à filosofia a função de buscar os princípios a priori que garantem a validade do conhecimento. Para Wildelband, a filosofia pesquisa se existe ciência, ou seja, pensamento, que possua o valor de verdade com validade universal e necessária; pesquisa se existe moral, isto é, valor e agir, que possua o valor de bem com validade universal e necessária; pesquisa se existe arte, vale dizer, intuir e sentir, que possua valor de beleza com validade universal e necessária. Em todas essas três partes, a filosofia não se coloca diante de seus objetos como faz as outras ciências que se colocam diante de seus objetos particulares, mas sim, criticamente, isto é, de modo a comprovar o material objetivo do pensamento, da vontade e do sentimento diante do objetivo da validade universal e necessária e de modo a separar e rejeitar aquilo que não consegue passar por essa prova. Então, conclui-se: a filosofia não tem por objetivo os juízos de fato, mas valorativo do tipo, “esta coisa é verdadeira”, “esta coisa é boa”, ”esta coisa é bela”. E é assim que os valores – que têm precisamente validade normativa – distinguem-se das leis naturais é a validade de Müssen, a validade empírica de não poder ser de outro modo; a validade das normas ou valores é a de Sollen, isto é, do dever ser.
Algumas afirmações de Wildelband: “Por meio das leis naturais nós apreendemos os fatos, ao passo que segundo as normas devemos aprová-los ou desaprová-los. A norma nunca é princípio de explicação, como, ademais, a lei natural nunca é princípio de avaliação. O sol da necessidade natural brilha igualmente sobre justo e injusto, mas a necessidade que percebemos na validade das determinações lógicas, éticas e estéticas é necessidade ideal”.
Heinrich Rickert: conhecer é julgar com base no valor de verdade.
     Conhecer quer dizer julgar, isto é, aceitar ou rejeitar, aprovar ou reprovar, o que implica no reconhecimento de um dever ser que está na base do conhecimento. Negar o dever ser, isto é, a norma, equivaleria a ratificar a impossibilidade de qualquer juízo, inclusive daquele que nega. Um juízo não é verdadeiro porque expressa aquilo que é; pode-se afirmar muito mais que algo é somente que o juízo que o expressa é verdadeiro por força de seu dever ser. E o dever ser, isto é, os valores, ou seja, as normas são transcendentes em relação às simples consciência empírica.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Giovanni Reale / Dario Antiseri. História da filosofia, vol. III. Ed. PAULUS. São Paulo, 1986.