“Mito (gr. mythos: narrativa, lenda) 1.
Narrativa lendária, pertencente à tradição cultural de um povo, que explica
através do apelo ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do
universo, o funcionamento da natureza e a origem e os valores básicos do
próprio povo. Ex.: o mito de Ísis e Osíres, o mito de Prometeu etc. O
surgimento do pensamento filosófico-científico na Grécia antiga (séc. VI a.C.)
é visto como uma ruptura com o pensamento mítico, já que a realidade passa a
ser explicada a partir da consideração da natureza pela própria, a qual pode
ser conhecida racionalmente pelo homem, podendo essa explicação ser objeto de
crítica e reformulação; daí a oposição tradicional entre mito e *logos.
2. Por extensão, crença não
justificada, comumente aceita e que, no entanto, pode e deve ser questionada do
ponto de vista filosófico. Ex.: o mito da neutralidade científica, o mito do
bom selvagem, o mito da superioridade da raça branca etc. a crítica ao mito,
nesse sentido, produziria uma desmistificação dessas crenças.
3. Discurso alegórico que visa
transmitir uma doutrina através de uma representação simbólica. Ex.: o mito ou
alegoria da caverna e o mito do sol, na República de Platão. Ver caverna,
alegoria da.
Utopia 1. Termo criado por tomas
*Morus em sua obra Utopia (1516), significando literalmente “lugar nenhum” (gr.
ou: negação, topos: lugar), para designar uma ilha perfeita onde existia uma
sociedade imaginária na qual todos os cidadãos seriam iguais e viveriam em
harmonia. A alegoria de Tomas Morus serviu de contraponto através do qual ele
criticou a sociedade de sua época, formulando um ideal político-social
inspirado nos princípios do humanismo renascentista.
2. Em sentido mais amplo, designa
todo projeto de uma sociedade ideal perfeita. O termo adquire um sentido pejorativo
ao se considerar esse ideal como irrealizável e portanto fantasioso. Por outro
lado, possui um sentido positivo quando se defende que esse ideal contém o
germe do progresso social e da transformação da sociedade. No período moderno
são formuladas várias utopias como as de *Campanella e*Fourier”. (DICIONÁRIO
BÁSICO DE FILOSOFIA; HILTON JAPIASSÚ/ DANILO MARCONDES; Ed. ZAHAR. RIO DE
JANEIRO 2008).
Santo Agostinho (1354-1430) criou
duas utopias: a cidade dos homens e a cidade de deus; ironicamente, o bairro
onde está instalada a sede administrativa do banco Bradesco na cidade de
Osasco, SP, recebeu o nome cidade de deus.
É prática nas universidades fazer os
graduandos pensar que idealizar utopias e mitos continua sendo a saída para
criar perspectivas para a sociedade; por isso, ainda hoje, mestres e doutores
debruçam-se sobre livros à busca de conhecimento para manter viva essa mentira
social. Parece que os doutos, presos em seus gabinetes e egos, vivem num mundo
à parte da atual realidade do poder da mídia, que, à velocidade nunca vista,
desmistifica a massa em pouco tempo; o progresso que demorava cem anos a partir
do renascimento, atualmente dá-se em quatro dias.
Outro engano utópico é a prática
da péssima educação do ensino público para manter a exploração dos pobres e
desafortunados, prática estendida aos religiosos e donos das escolas privadas
que enriquecem na exploração da educação daqueles que podem comprá-la,
marginalizando os pobres. Se o ministério da educação e secretarias não mudar
suas políticas para o ensino público, e fazer com que as instituições
educacionais particulares se interessem mais pela educação dos pobres que
querem estudar, todos, independentemente de boa ou má educação, estão, através
da mídia popular se conscientizando que foram, por séculos e milênios, apenas
massa de manobra em benefício dessa elite espertalhona, que continua entendendo
que podem manter essa prática sem sofrer consequência alguma; enganam-se, todos
os seguimentos sociais estão em busca das “benesses” capitalistas, e vão a
qualquer custo tentar desfrutar da lógica consumista que embala o mundo, nem
que para isso tenham que aderir ao engano, aliar-se ao narcotráfico, desafiar o
Estado legal, roubar e matar. Estamos assistindo e sendo alvos dessa nova
lógica onde, não apenas as elites políticas, religiosos e ricos de modo geral
vivem da exploração, mas, todos os seguimentos sociais querem e agem na mesma
lógica de desconsideração pelo outro. Isto é, a lei do mais “forte e/ou
esperto” vai dominar.
O “pensador” brasileiro está
sendo formado, direcionado a reproduzir o discurso dos alienadores e
dominadores do passado, toda sua formação é engessada para aliená-lo de uma
leitura pessoal, nova, revolucionária; é a superestrutura acadêmica a serviço
da alienação dos graduandos, mestres e doutores. Assim sendo, a massa popular
continuará à mercê das elites escravocratas, todo descendente de estrangeiro
que aqui nasce é brasileiro nato, porém, se chega ao poder e continua nesse
ideal, tem índole escravocrata, e se insistirem nesse ideal do engano o século
XXI vai ser turbulento. Logo, a barbárie instalar-se-á.
Pensam as elites que podem
initerruptamente enganar a todos através do assistencialismo barato,
mendicante, e o natal é o marco histórico do engano, da mentira; durante 364
dias do ano exploramos e ignoramos o outro, e queremos em apenas um dia sob o
manto de um espirito religioso apagar todos os nossos pecados, “acalmar a
consciência”, mas mesmo assim, aos embalos sentimentais do Papai-Noel,
exploramos o máximo o pobre para arrancar dele o 13º salário, para que este
continue serviçal, dependente. Para mim, o Natal deveria comemorar o dia mundial da hipocrisia.
Nietzsche (1844-1900) indaga: “como
poderia algo nascer do seu oposto? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade
de verdade da vontade de engano? Ou a ação desinteressada do egoísmo? Ou a pura
e radiante contemplação do sábio da concupiscência? Semelhante gênese é
impossível; quem com ela sonha é um tolo, ou algo pior; as coisas de valor mais
elevado devem ter uma origem que seja outra, *própria__ não podem derivar
desse fugaz, enganador, sedutor, mesquinho mundo, desse turbilhão de insânia e
cobiça! Devem vir do seio do ser, do intransitório, do deus oculto, da *“coisa
em si” __ nisso e nada mais, deve estar
sua causa!” (FRIEDRICH NIETZSCHE__ Além do bem e do mal__ Companhia De
Bolso_ SP- 2007). Aforismo 02.
A Microfísica do Poder de
Michel Foucault (1926-1984): judiciário, legislativo, partidos políticos,
universidades, gestão escolar, ministérios, secretarias, autarquias, igrejas
católicas e protestantes, espíritas e outras seitas ocultas, o próprio crime
organizado, o comércio, a indústria, o sistema bancário [...] são o que dá
sustentabilidade ao poder político central. Com o apoio dessa rede estendida, a
sociedade pode ser boa ou má, justa ou injusta, altruísta ou egoísta, então,
tudo depende do comportamento humano. Será? Se assim fosse haveria sociedades
perfeitas, mas como toda organização social é imperfeita, exploradora do outro,
seu semelhante; fica comprovado que não estamos sozinhos nesse planeta, mas
forças opostas lutam para o bem ou para o mal, logo, Deus e Satanás existem e
são suas influências sobre os homens que faz com que nossas atitudes sejam boas
ou más. Então, amigo leitor, nossas atitudes diz a quem servimos, de quem somos
ferramentas de Deus ou do Diabo.
Quando a elite dominadora vai
entender que, de premissas falaciosas não se chega à verdade; que nem todo
discurso, por ser lógico é verdadeiro, pode até ser válido, mas o que é válido
nem sempre é verdadeiro, então, se a antiga perspectiva utópica, mítica e
mística continuar sendo a lógica para a evolução da sociedade, começou, a pesar
da evolução cognitiva e tecnológica, o regresso à ignorância Medieval, com um
diferencial: a massa não é passiva. A sociedade mundial está alicerçada sobre a
mentira política, teológica, filosófica e técnica, logo, é impossível chegar à
verdade, à honestidade, à justiça e ao altruísmo. Então, se assim continuarem
os místicos, os mitológicos-utópicos-políticos, os cristãos, outros religiosos
e ateus; temos que concordar com a máxima nietzschiana: “é melhor querer o nada a nada
querer”.
Filósofo e professor Isaías
Correia Ribas.