FILOSOFIA PLATÔNICA
Platão foi o primeiro filósofo pós-socrático a filosofar a partir das estruturas místicas, mítica e racionalista. Sua intenção era mostrar ao mundo ocidental que todas essas estruturas são apenas construções antropocêntricas. Para os três filósofos clássicos: Sócrates, Platão e Aristóteles, impossível a existência de tudo o que há sem que houvesse um ser superior que fosse o organizador do universo. O que eles questionavam era a possibilidade de tudo o que existe ter vindo do nada, sob o comando apenas das palavras do Deus criador segundo ensinava os judeus. Para Sócrates esse ser era uma inteligência superior, única, da qual se dizia missionário: o deus de Platão era o Demiurgo, plasmador e não criador, isto é, moldou o que existe a partir de alguma matéria. Aristóteles admitiu a possibilidade de um deus-motor imóvel que pôs tudo em movimento sem se mover e se sustenta. A cultura ocidental está estruturada segundo a ótica desses filósofos. A partir do humanismo e do renascimento essas estruturas místicas, mítica e racionalista foram questionadas e “derrubadas”, porém, apenas parte da sociedade tem consciência desse redirecionamento. Por isso, ainda hoje, a grande massa vivem sob controle das ideologias estruturadas sobre essa antiga ótica. Platão, impossibilitado de compreender a realidade das contingências do mundo sensível, optou por construir um mundo perfeito a partir de suas próprias ideias, denominou-o, Hiperurâneo, mundo das formas perfeitas, eterno, habitat das almas que ele criara ao dividir o homem em corpo mortal e alma imortal. O mundo racional que Platão idealizara foi tão bem elaborado que Santo Agostinho (354-430 d.C.) adaptou-o ao cristianismo, e a exemplo de Platão criou duas cidades utópicas: a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens e como filósofo, atrás da cortina do cristianismo negou o grande conflito sobrenatural ao negar a não existência de Satanás segundo os ensinamentos bíblicos, dizendo que o mal é apenas a ausência do bem. Logo, não existindo um ser sobrenatural, Satanás que se rebelara no céu e aqui está para enganar os homens como fizera no Jardim do Éden com Eva e Adão. Tomás Campanella (1568-1639) adepto das ideologias utópicas criou a “Cidade do Sol”, onde o sol é o deus invisível, símbolo do intelecto, Campanella seguiu as tradições do mágico Hermes Trismegisto, personagem mítico que nunca existiu. O mais drástico é o que os filósofos-cristãos, elaboradores da teologia da libertação estão elaborando, ou melhor, estão questionando: o futuro estabelecimento do reino de Cristo por ocasião de sua segunda volta. Eles estão ensinando que o reino de Cristo é uma utopia de Jesus Cristo, e que o estabelecimento de seu reino se dará por meio de uma revolução política liderada pelos movimentos sociais.
Isaías Correia Ribas, filósofo e professor de filosofia.