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sábado, 12 de março de 2011

BRASIL MEDIEVAL

Nos séculos XIII a XV, o Feudalismo, poder político-religioso que marcou o fim da Idade Média entrou em decadência, isto é, a igreja católica européia perdeu o poder político, passando a preocupar-se apenas com assuntos relacionados à fé. O Estado, recentes nações européias tornaram-se laicos (separados da igreja). Assim, a perspectiva religiosa filosófica da igreja medieval, de harmonizarem os antagônicos conceitos razão e fé não foi mais possível. Tudo isso aconteceu graças à visão de mundo do filósofo grego Aristóteles, que até então não era estudado no Ocidente.
Coincidentemente, no séc. XV, os navegadores portugueses descobriram o Continente Americano, atual América do Sul, fixando-se no atual território brasileiro. Foi assim que o Brasil tornou-se o refúgio da política européia que a igreja perdera na Europa. Como ela detinha o conhecimento escolástico, filosófico e religioso, ficou fácil para o poder eclesiástico católico implantar sua cultura à futura nação brasileira. A principal política cultural dos líderes medievais sempre foi: ignorância generalizada à população, pois só assim conseguiriam formar rebanhos. Ensino de qualidade somente à elite dominadora, padres, burgueses ricos, empreendedores comerciais e latifundiários. À população somente a mão de obra, trabalho sem remuneração e isentos de direitos à cidadania.
Assim, oportunista, a igreja pegou carona nas caravelas portuguesas e com o ideal de evangelização além-mar, fincou sua cruz no território brasileiro. Com o discurso platônico cristão praticado no medievalismo fez e faz história político-religiosa em solo brasileiro. Todos nós pensamos que o Estado brasileiro é laico (separado da igreja), mas isso é apenas um discurso, tanto religioso quanto político. Na última eleição para presidente (2010) deu para percebermos que a igreja ainda faz a diferença na política. O candidato José Serra à presidência, desesperado pelo baixo desempenho político, apelou para as igrejas Católicas e protestantes, e por pouco não vira o jogo, forçando a presidente Dilma a compactuar com a política religiosa, ambas com grande bancada nas esferas políticas do país.
Somos um país cristão, mas pelos cristãos políticos a grande massa cristã brasileira é explorada, levando milhares de brasileiros sem direito a uma boa escola a serem moradores de rua, andarilhos pedintes, pois não receberam boa educação escolar, logo, não sabem administrar a própria vida, fazendo das praças públicas das cidades brasileiras, depósitos de seres humanos abandonados pela política dos políticos cristãos brasileiros. Todas as escolas privadas católicas e protestantes são construídas com o dinheiro das comunidades religiosas, mas os filhos dessas comunidades não têm o direito de nelas estudarem, somente as elites teológicas e empresariais servem-se do alto padrão educacional oferecidos por essas instituições. À comunidade pobre só o trabalho, o ofertar, o dizimar e o evangelizar. Isto é política medieval: Estado fundamentado na ignorância da maioria de seus cidadãos.
A educação pública brasileira possui o mesmo fundamento: formar um indivíduo semi-ignorante, útil apenas para o trabalho braçal. Um cidadão sem consciência política, filosófica e religiosa, fácil de ser arrebanhado, controlado, enganado. Todos, políticos, religiosos, empresários e latifundiários preferem esse cidadão, fácil de ser escravizado.
Representantes da Casa do Saber, Fundação Aprendiz, Fundação Bradesco, Fundação Educar, Instituto Ecofuturo, Instituto Natura, Instituto Unibanco e Parceiros da Educação reuniram-se, prepararam um documento (A TRANSFORMAÇÃO DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA NO BRASIL) e levaram à presidente da República, Dilma Rousseff. O documento propõe a privatização da educação brasileira. Essa nova escola irá avaliar os alunos e decidirá que disciplinas lhes serão úteis: matemática básica, ler e escrever, ciências e um curso profissionalizante, isto é, a maioria dos brasileiros serão apenas trabalhadores braçais, sem perspectiva de ascensão social e/ou intelectual; os mais interessados em aprender poderão aprofundar seus conhecimentos básicos e se preparem para o vestibular e cursar uma faculdade técnica. Se tal proposta for aceita será o fim da liberdade do sujeito pobre, a maioria jamais terá acesso às disciplinas humanas, serão os futuros humanos-robôs a serviço dos modernos patrocinadores do medievalismo contemporâneo brasileiro, isto é, um novo Brasil colônia a serviço da elite brasileira e mundial.
O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, preocupado com a situação de seus concidadãos e com a tendência de alguns partidos políticos de continuar usando os brasileiros somente como trabalhador braçal, acrescentou ao currículo do ensino médio a sociologia e filosofia, esperando conscientizar os jovens e seus pais que nós brasileiros podemos perder essa maldita cultura medieval: uma nação que baixa a cabeça para tudo e todos. Como filósofo e professor da rede pública estadual, percebo que a reação do governo federal pode ter sido tarde. Nossa educação pública é uma verdadeira barbaria. Chegou ao estágio que os patrocinadores da privatização queriam. Para contornar essa situação é preciso conscientizar a população e isso só será possível com altos investimentos por parte da federação através da mídia, pois, para a maioria dos pais brasileiros seus filhos estão recebendo boa educação escolar da rede pública estadual e municipal.
Para reverter esse estado caótico da educação não é preciso privatizar como querem os exploradores dos brasileiros, basta apenas querer educar os filhos do Brasil com amor, sinceridade e patriotismo. É só acabar com a aprovação continuada da pré-escola ao Ensino Médio, valorizar o trabalho do professor de tal forma que ele consiga tratar de seus filhos sem precisar trabalhar dia e noite em várias escolas: prefeitura, estado e escolas particulares; se os pais colaborarem com os professores, cobrando conhecimento e empenho de seus filhos para aprender, comparecendo às reuniões de pais e mestres para juntos nos empenharmos no desenvolvimento de nossos filhos, facilmente e sem muitos investimentos reverteremos essa situação. Educar é preparar para a vida útil. Os primeiros dezoito anos de vida bem administrado pelos pais e governos são suficientes para preparar a juventude para seguir seu caminho sem privá-los do direito de conhecer todas as matérias de humanas e exatas. Educador nenhum no mundo consegue trabalhar em diferentes instituições educando, ele acaba apenas enganando. Todos os governos sempre souberam que esse modelo de educação chegaria ao caus. Chegou, e agora eles, mais uma vez, querem fazer a revolução da elite governante: aumentar suas contas bancárias à custa da desgraça e ignorância do povo. Se nós, pais e alunos exigirmos que o governo não use a educação contra o nosso desenvolvimento intelectual e ascensão social ele não usará. Porém, se acharmos que eles vão fazer o melhor para nós, será o fim de um Brasil para os brasileiros.
Só chegamos a essa situação porque os instrumentos de conscientização e de educação informais que o Estado confia como sendo colaboradores, não fizeram o seu papel. Igrejas, sociedades amigos de bairros, sindicatos, associações e outros, sempre usaram a inocência e a bondade dos brasileiros para os explorarem e se enriquecerem. Para reverter essa situação e escaparmos da privatização do brasileiro, somente através de um levante popular contra os privatizadores do país. Se nos unirmos, pais, estudantes, professores e políticos que querem um cidadão brasileiro consciente, poderão voltar a ter uma boa escola pública para nossos filhos e anularemos essa nova proposta que é contra o desenvolvimento do brasileiro. Se agirmos, aumentaremos nossa capacidade intelectual e continuaremos sendo pessoas mais capazes de fazermos nossas próprias escolhas. Se isso não ocorrer, a robotização dos brasileiros será certa.
Nós brasileiros precisamos perder essa cultura de achar que no simples ato de votar já estamos fazendo nossa parte, porém, isso é apenas parte do muito que podemos fazer. Precisamos nos conscientizar de que as pessoas que colocamos no poder público dirigem a nossa vida e controlam nossas perspectivas de futuro. Se os que lá estão não fizeram nada para melhorar nossa situação, já é hora de tirarmos esses velhos políticos do poder e pôr no poder sangue novo, pessoas que pensam a cidade, o estado e a federação para todos os brasileiros. Você e eu, conscientes dessa realidade, poderemos fazer a diferença como políticos ou como cidadãos capazes de interferir por meio de protestos organizados e eficientes no destino de nossa nação.
A revolução só é possível pela divulgação de novas idéias, participe dessa revolução indicando este texto e o blog aos seus amigos.

Filósofo e professor Isaías Correia Ribas