Este
é o momento para uma abordagem mais profunda sobre O-Todo dessas realidades
metafísicas que envolveram e continuam envolvendo todos os seres humanos da
atualidade. Só temos a visão do-todo se toda produção literária antropocêntrica
e teocêntrica forem analisadas. Caso contrário, todas as deduções religiosas e ateias não vão além de retóricas. Então, entende-se que a verdade
tão procurada sobre as origens não pode ser deduzida da fração Do-Todo.
As
temáticas deste livro seguem o seguinte método: detectando-se um problema ao
longo do desenvolvimento dos racionais no tempo e espaço, faz-se um recorte na
história e a partir de duas palavras antagônicas ou harmônicas analisa-se o
problema, e à medida do desenvolvimento novas intrigas surgem necessitando de
novos pares de conceitos para novas análises, possibilitando a reflexão sobre
as principais tramas desenvolvidas a partir da primeira discórdia surgida no
universo que dera origem ao mal e à todas as discórdias políticas, religiosas, filosóficas e bélicas de todos os tempos.
Como não poderia ser diferente, esta
análise não teria sentido se não fosse analisado uma fração de tempo fora de
nosso tempo terrestre, pois, se há um universo sendo desbravado pelos terráqueos,
deve-se começar analisando porque se desenrolou a primeira guerra no universo,
tendo como consequências a definição dos agentes do Bem e do Mal.
Não existe nada mais antagônico que esses
dois seres metafísicos, segundo a bíblia, é uma batalha entre Deus e Lúcifer, o
Criador e a criatura que se rebelara por querer ser igual ao Criador. Ambos são
seres suprassensíveis, mas caso quisessem se mostrar poderiam ser vistos
fisicamente, algumas pessoas tiveram esse prazer ou desprazer de ver Lúcifer
materializado aparentando ser como os humanos. Para a filosofia maniqueísta e
algumas crenças fundamentadas em seu princípio filosófico, o bem e o mal não representam
seres metafísicos, são duas forças opostas que dão equilíbrio ao movimento
universal, onde, “o mal é apenas a ausência do bem”. Os filósofos
maniqueístas, do qual santo Agostinho fora adepto, continuam crendo nesse
princípio. Agostinho, mesmo depois de convertido ao cristianismo neoplatônico e
eleito Bispo católico de Hipona, África, continuou ensinando que o mal é ausência
do bem. Com essa jogada retórica, o Bem e o Mal segundo
os escritos bíblicos, perderam a personalidade, passando representar energias
ou forças positivas e negativas, luz e trevas que mantém o universo em equilíbrio.
O
criador segundo a bíblia é um Ser Absoluto, Onipotente, Onisciente e Onipresente.
É aquele que É, o grande Eu Sou. A grande indagação
de todos é: Como um ser com todas essas características permitiu a origem do mal?
Para refletir sobre essa questão temos que retroceder ao passado antes que o
planeta terra fosse adaptado à vida. No céu, Deus, ao criar seres racionais, criou-os
em um ambiente onde não havia o antagonismo bem e mal, a liberdade acontecia em um
contexto onde havia somente o bem, o bom, o justo, o inefável, ou seja, a
perfeição. Outra questão: Como
em um ambiente perfeito surgiu o imperfeito mal? A liberdade dada aos
seres racionais não era determinada; racional algum fora criado programado para
ser o originador do mal. Então, pela terceira vez pergunto: Como
o mal surgiu?
O Bem
e o Mal na literatura bíblica são seres de personalidades antagônicas; onde, Deus é o bem e amor e Satanás, a sós, sem Deus, representa o mal e o ódio. Logo, o mal é ausência do bem. Os maniqueístas, para eliminar as personalidades de Deus e Satanás, definem o bem como sendo a luz e o mal as trevas. Isso é possível quando parte-se
da premissa de que a única fonte de energia positiva seja o sol e a noite o
polo negativo. No entanto, através do Bem e Mal metafísico é impossível esta dedução,
pois, as realidades Bem e Mal, segundo a bíblia referem-se a Deus e Lúcifer que
buscam anular um ao outro sem nenhuma intenção de harmonia. Logo, entende-se
que a harmonia universal só acontecerá com a anulação de um desses seres.
Como Deus é o Ser que É eterno, e Lúcifer o mal que
não é; Lúcifer é o não ser temporal que será eliminado, possibilitando a perfeição que
existira no princípio.
Segundo os escritos bíblicos Deus é um ser
com vida-em-si, assim é o filho Jesus. Pois Deus o pai Lhe concedeu esse poder.
Agora, se tiveram a mesma origem, não nos é revelado, o que sabemos é que o Pai
Lhe concedeu o poder de criar a partir da vida que há em si e o Filho era um
com o pai desde princípio. (João 14) Logo, O pai e O filho podem criar qualquer
coisa pelo poder do logos (palavra). Entre as criaturas que habitavam o
céu, Lúcifer (anjo de luz), como todos os outros era belo e inteligente. Lúcifer
comandava e regia o coral que louvava a Deus por criá-los à semelhança divina.
Lúcifer
no céu, antes de sua rebelião fora um elevado e exaltado anjo, o primeiro em
honra depois do amado filho de Deus. Seu semblante, como o dos outros anjos,
era suave e exprimia felicidade. A testa era alta e larga, demonstrando grande
inteligência. Sua forma era perfeita, o porte nobre e majestoso. Uma luz
especial resplandecia de seu semblante e brilhava a seu redor, mais viva do que
ao redor dos outros anjos; todavia, Cristo, o amado filho de Deus tinha preeminência
sobre toda hoste angélica. Ele era um com pai antes que os anjos fossem
criados. Lúcifer invejou a Cristo, e gradualmente pretendeu o comando que
pertencia a Cristo unicamente. (WHITE.
História da redenção. p. 13)
Quando Deus planejou adaptar o planeta
Terra à vida, quis ele, Lúcifer, ser o agente criador; mas Deus lembrou-lhe que
ele, apesar de ser inteligente e comandante, era um ente criado, e, como tal,
não tinha vida em si; logo, jamais poderia criar seres vivos a partir de si.
Triste! Em pensamentos, questionou a liberdade que Deus lhes dera: não existe
liberdade e sim ditadura. Fomos criados apenas para servi-Lo, sou sim capaz de
criar seres vivos a partir da vida que está em mim, pensava Lúcifer. Deus em sua
Onisciência fez Lúcifer entender de sua incapacidade natural de ser igual ao
criador, de ser Deus. O criador mostrou-lhe que era melhor voltar atrás de suas
pretensões continuando em seu posto de líder; mas, caso quisesse continuar com
seu projeto de rebelião lhe seria dado tempo para desenvolvê-lo livremente.
Foi
então que, com espírito voluntarioso, seguiu seus próprios ideais assumindo as
consequências, pois entendia que nada poderia limitá-lo de suas pretensões.
Assim iniciara sua rebelião no céu: chegou aos anjos que comandava e comunicou-lhes
que Deus os criara apenas para o serviço, que não havia liberdade e sim
ditadura. Novamente o Onisciente Deus reuniu a todos e explicou-lhes o que estava
acontecendo e até onde eles poderiam ir com a rebelião. Mas caso alguém
quisesse voltar atrás, seu lugar estava garantido; todavia, quem quisesse
continuar estava livre para rebelar-se, mas teriam consequências, seriam expulsos
do céu e em alguma parte do universo teriam tempo determinado para desenvolver
e apresentar seus planos de um mundo melhor aos racionais, justificando o
porquê da rebelião, provando que Deus é injusto, um ditador de regras que
estava errado e Lúcifer certo.
O
grande Criador convocou as hostes celestiais, para na presença de todos os
anjos conferir honra especial a seu Filho. O Filho estava assentado no trono
com o pai, e a multidão celestial de santos anjos reunida ao redor dEles. O pai
então fez saber que por sua própria decisão Cristo, Seu Filho, devia ser
considerado igual a Ele, assim em qualquer lugar que estivesse presente Seu
Filho, isto valeria pela Sua própria presença. A palavra do Filho devia ser
obedecida tão prontamente como a palavra do pai. Seu filho foi por Ele
investido com autoridade para comandar as hostes celestiais. Especialmente
devia Seu Filho trabalhar em união com Ele na projetada criação da Terra e de
cada ser vivente que devia existir sobre ela. O filho levaria a cabo Sua
vontade e Seus propósitos, mas nada fazia por Si mesmo. A vontade do Pai seria realizada
nEle. (Ibid. p, 13 e 14)
Muitos anjos voltaram a trás, apenas a
terça parte preferiu seguir Lúcifer na rebelião. Foi então que houve guerra no
céu e os rebeldes foram lançados de lá para o planeta Terra que continha apenas
trevas e água à vista. Com a rebelião e expulsão de Lúcifer do céu, ele
aprendera utilizar a força da dúvida para enganar. Que faria Deus? Continuaria
com o projeto de adaptar o planeta Terra à vida? O mal deixara de ser potência e tornara uma realidade
no universo, se Deus continuasse criando seres à sua semelhança e livres como
eram as criaturas do céu correria o risco de Lúcifer se vingar enganando-as e
levando-as a terem a mesma condenação que ele e os anjos que o seguiram. Foi
dentro desse contexto que Deus adaptou o planeta terra às diversas formas de
vida, e entre elas, criou um casal à Sua semelhança com o mesmo livre-arbítrio dado
aos anjos, isto é, criaturas não determinadas, não programadas para a
fidelidade e nem para a infidelidade. Logo, não há predestinação para ser fiel
ou opor-se a Deus, mas livre-arbítrio e responsabilidade, pois estes são os
únicos meios para os seres inteligentes mostrarem o que são e pretendem ser, agindo
como bem lhes apraz, condição necessária para que haja justo julgamento, seja
para a aplicação da justiça entre os homens, ou para o julgamento final, onde
Deus com justiça julgará todos os seres racionais segundo a lei da liberdade
universal. Logo, entende-se que os seres humanos foram criados dentro do mesmo contexto
de livre-arbítrio dado aos anjos; isto é, são livres para fazer suas escolhas, sendo responsáveis pelas
ações que determinarão seu futuro eterno. O contexto atual que vivemos está
dentro do tempo determinado por Deus para Satanás e os anjos que o seguiram
mostrar ao universo racional que o plano deles é melhor que o de Deus. Logo, eu
e você estamos inseridos nesse conflito entre o bem e o mal. Aqui aparece uma
questão intransponível para os questionamentos filosóficos. Se não foi Deus
quem criou de modo especial o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança, como aprendemos
a falar, se comunicar? É sabido que, se uma criança ao nascer, for isolada de
seus pais, deixando-a entre outras espécies, mesmo que ela sobreviva jamais
aprenderá a falar, mas a imitar o jeito de ser da espécie onde ela está
inserida. Como a filosofia e nem mesmo a ciência conseguem dizer com
certeza como o homem aprendeu a falar, o mais lógico é aceitar o relato bíblico
de que houve um criador que se comunicou através da fala com a criatura feita à
Sua semelhança, capacitando-a a falar, compreender, pensar e executar o
pensado. Voltemos ao tema principal.
Quando Deus acabou a obra de adaptação do
planeta Terra à vida criando as diversas formas de vida vegetal e animais irracionais,
coroou-a criando o homem racional e sua companheira. Ao casal fora dado o
privilégio de gerar filhos e educá-los segundo a vontade do Criador. Terminada
a obra, Deus advertiu o casal sobre a existência de Lúcifer no universo e o que acontecera no céu; e que Lúcifer e seus anjos continuavam livres para
fazer sua obra, tentando provar para todo o universo racional que ele estava certo
e Deus errado, que o Criador não passa de um ditador, um Ser destituído
de amor que joga com suas criaturas, criando-as apenas para Sua diversão, e que
eles também iriam ter que passar pela mesma prova de fidelidade que houve no
céu. Por isso, plantou Deus no jardim do Éden duas árvores especiais, uma que se
chamava árvore da vida e a outra, árvore do conhecimento do bem e do mal, desta
última eles não deveriam comer, nem mesmo tocar em seus frutos, todas as outras
estavam lá para servir-lhes de alimento e eles poderiam comer livremente.
Porém, da árvore do conhecimento do bem e do mal, caso comessem, morreriam. Deus
advertiu-os que ficassem juntos, pois Lúcifer iria tentá-los a partir daquela
árvore. O que aconteceu, todos nós sabemos e serve até de piadas na boca dos incrédulos.
Eva comeu e fez com que Adão também comesse, e assim as finitudes, o pecado, a morte
e o mal foram introduzidos no planeta Terra. O tempo que vivemos hoje
corresponde ao mesmo período de graça dado por Deus a Lúcifer e os anjos até
que eles fizessem suas escolhas. Esse é o período de graça para que todos,
homens e mulheres possam compreender o amor de Deus e o mal de Lúcifer que quer
vingar-se de Deus. Com o nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo,
todos podem compreender o amor de Deus e o mal de Lúcifer. O fim do mal
acontecerá com o fim de Satanás, dos anjos que o seguiram e de todas as pessoas
que rejeitarem o plano de salvação providenciado por Deus.
O último ato dessa trama ocorrerá mil anos após a segunda vinda de Cristo. Nesse período os salvos estarão no céu e Satanás e seus anjos presos pelas circunstâncias aqui na terra contemplando as consequências de sua rebelião que resultará na morte de todos os seres humanos que os seguiram. No dia do juízo final, todos os seres inteligentes de todos os mundos, inclusive Satanás e seus anjos reconhecerão que Deus é amor e justiça. Mas Satanás e todos que o seguiram tentarão mais uma vez destruir Deus, os salvos e a cidade santa; mas Deus fará descer fogo do céu que consumirá a todos, restabelecendo a paz e a perfeição que haviam antes das pretensões e rebelião de Lúcifer!