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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

"LIVRE-ARBÍTRIO É DEVER - LIBERDADE É PENSAR POR SI MESMO"


Tese
Sem liberdade plena não há julgamento justo. Os racionais se revelam e pensam por si mesmos na liberdade. Então, caso queira conhecer o caráter de alguém, dê-lhe liberdade plena. (RIBAS, Isaías Correia)
Argumentação
O-Todo é um novo conceito sem preconceito às produções intelectuais referentes às epistemologias sensível e suprassensível de todos os tempos. Qualquer pessoa que queira conduzir o outro à maioridade moral, intelectual e espiritual a que ter entendimento do-Todo; caso não valorize O-Todo, é apenas mais um defensor e mestre em conduzir o outro à minoridade filosófica, política, religiosa, profissional e epistemológica segundo ele foi conduzido ou se autodeterminou. Pois, o fato de ser profissional especializado, mestre e doutor em conhecimentos específicos não é garantia de ter o conhecimento do-Todo. Os que pensam o contrário faz da parte O-Todo, caindo em um tipo de absolutismo; parece-me, ter sido esse o equívoco científico-filosófico-e-religioso de todos os tempos.      
"Livre-arbítrio"
          Segundo Santo Agostinho, “o livre-arbítrio é um dom de Deus concedido às criaturas racionais que as permite agir livremente de acordo com sua vontade. É o uso consciente da liberdade”. Esse conceito cunhado por Santo Agostinho é um esforço para definir o que é liberdade no contexto mundano onde já existem os antagonismos bem e mal, certo e errado, feio e bonito, gordo e magro, salvação e perdição, Deus e Satanás, etc.; isto é, eu devo escolher entre um e outro. Ora, se sou livre e de vontade própria e tenho que escolher, não há liberdade. Logo, o “livre-arbítrio” de Agostinho não é sinônimo de liberdade, mas de dever. Assim sendo, ignorar essa lógica do dever como meio de se excluir dessa responsabilidade já é uma escolha, e não é a das melhores. Daí, deduz-se, que: liberdade e autonomia da vontade, como dons divinos, só podem estar inseridos dentro de um contexto onde não existam os opostos.     
Liberdade em Kant
Contudo, é possível que um público se esclareça a respeito de si mesmo. Na verdade, quando lhe é dado a liberdade, é algo quase inevitável. Pois aí encontrar-se-ão alguns capazes de pensar por si, até mesmo entre os tutores instituídos para a grande massa, que, após se libertarem do jugo da menoridade, espalharão em torno de si o espírito de uma apreciação racional do próprio valor e da tarefa de cada ser humano, que consiste em pensar por si mesmo. (KANT p. 89)
          O-Todo. Este conceito não se limita a entender o que existe de concreto no planeta Terra, mas, inclusive, as forças suprassensíveis que envolvem o universo. Mas você deve estar indagando, como é possível conhecer O-Todo físico-metafísico universal se estamos limitado ao planeta Terra? Então, meu caro leitor (a), quando se parte da premissa de que não se pode conhecer além do que existe em nosso planeta, isso nos faz cair em erros sobre o que podemos conhecer e entender, nos tornando esclarecidos, deixando a minoridade e ingressando na maioridade; apto a seguir o lema do iluminismo Kantiano: “Tenha coragem em servir-te de teu próprio entendimento”!
          Os livros e outras ciências desenvolvidas nesses últimos séculos nos permitem ter a visão do-Todo das civilizações passadas. Um dos mais antigos livros denominado bíblia narra as histórias relacionadas à metafísica divina e é fonte primária para várias ciências contemporâneas na busca de compreender as civilizações e fatos de passados antes mesmos das civilizações; então, não devemos esquecer que é o único livro que revela a existência de algo maior como a origem do pecado e a ciência da salvação. Logo, ignorá-la como fonte de conhecimento do-Todo, induz-nos a deduções falaciosas a respeito do suprassensível Deus que pode salvar quem deseja viver em plena liberdade, possível apenas em um universo perfeito.   
Liberdade em Deus
          A liberdade no contexto divino expresso nas páginas da bíblia não se dá segundo as visões de Kant: (um único senhor do mundo pode dizer: raciocinai o quanto quiser e sobre o que quiser, mas obedecei!) E o dever contido no livre-arbítrio de Agostinho. No universo planejado por Deus às suas criaturas o antagonismo bem e mal não existia e não existirá, mas apenas o bem, o bom, a paz, o inefável, enfim, a perfeição; ambiente preparado a quem quiser nele habitar fazendo uso da liberdade plena, consciente. Antes do pecado de Lúcifer já era assim, mas, fazendo uso da liberdade plena, quis ser igual a Deus; o Criador mostrou-lhe que, como criatura, embora inteligente, jamais poderia ser igual a Deus (ter vida em si); então, aconselhou-o a repensar seu projeto e voltar a seu posto de criatura e líder para não quebrar a harmonia e paz existentes, mas, caso quisesse continuar com seu projeto lhe seria dado tempo para desenvolvê-lo; Lúcifer preferiu voluntariosamente prosseguir com seus ideais estabelecendo o mal em oposição à perfeição existente. Nesse contexto, no céu, originou-se o pecado e tudo que é antagônico a perfeição. Assim sendo, desdenhar e negar a existência do Deus bíblico e do universo perfeito além das imperfeições terrestres, facilmente caem em falácias filosóficas, científicas e religiosas como se fosse verdade.  
A arte e técnicas linguísticas para anular Deus e o conhecimento bíblico do consciente humano são da filosofia
No período clássico, a partir do século IV a. C., o Ser em Si ou Deus, é admitido pelo racionalismo filosófico como um conceito destituído de personalidade, algo inventado pelos líderes de Israel para o domínio das massas. Assim, a partir da visão do racionalismo filosófico, com o discurso de fundamentar o conhecimento em outras bases, iniciaram suas críticas lançando dúvidas ao modo de vida dos judeus, à política teocêntrica, às escrituras dos profetas e à existência de Deus que tudo criara. A estratégia planejada foi admitir Deus como sendo um conceito inventado para fechar a lógica criacionista com o objetivo de dominar a todos através do medo da morte e da esperança de viver em um mundo onde ela não existirá. Analogamente os filósofos fundam uma sociedade que crê em suas teorias como sendo a verdade e na existência do Deus bíblico como um conceito, pré-julgando aqueles que creem na existência literal de Deus, como ignorantes. Percebeu como a filosofia joga com todos, tanto com os que creem em Deus, como os que não creem, mas os fazem crer no jogo conceitual elaborado por eles? Como se faz tal proeza? Lançando pequenas dúvidas no que está estabelecido; por acaso não foi esta a estratégia de lúcifer quando pretendera ser igual a Deus enganando a terça parte dos anjos e à Eva e Adão comerem do fruto proibido? Lúcifer continua elaborando novas artes do disfarce para, se possível for, enganar até mesmo aqueles que conhecem o plano de salvação. Nestes últimos séculos, a partir do esclarecimento ou iluminismo, astutamente, através das universidades e outros seguimentos sociais, tem se mostrado capaz de enganar a todos, seja pobre ou rico, letrado ou iletrado, ateu ou crente; para cada seguimento ele tem seus disfarçados ilustres do saber, agentes que sabem manter o poder da dúvida ativo em todos os meios.
Kant e o iluminismo
O Esclarecimento é a saída do homem da condição de menoridade autoimposta. Menoridade é a incapacidade de servir-se de seu entendimento sem a orientação de outro. Esta menoridade é autoimposta quando a causa da mesma reside na carência não de entendimento, mas de decisão e coragem em fazer uso de seu próprio entendimento sem orientação alheia. Sapere aude! Tenha coragem em servir-te de teu próprio entendimento! Este é o mote do Esclarecimento.
Preguiça e covardia são as causas que explicam porque uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia (naturaliter maiorennes), ainda permanecem com gosto e por toda vida, na condição de menoridade. As mesmas causas explicam porque parece tão fácil outros afirmarem-se como seus tutores. É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim, um pastor que tem consciência por mim, um médico que me prescreve a dieta etc.: então não preciso me esforçar. Não me é necessário pensar quando posso pagar; outros assumiram a tarefa espinhosa por mim; a maioria da humanidade (aí incluído todo o belo sexo) vê como muito perigoso, além de bastante difícil o passo a ser dado rumo a maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é assim tão grande, pois, após algumas quedas aprenderiam facilmente a andar; basta, entretanto, o exemplo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo para que não façam novas tentativas. – Para o esclarecimento, porém, nada é exigido além da liberdade; e mais especificamente a liberdade menos danosa de todas, a saber: utilizar publicamente sua razão em todas as dimensões. Mas agora escuto em todos os cantos: não raciocineis! O oficial diz: não raciocineis, exercitai-vos! O Conselho de Finanças: não raciocinais, pagai! O líder espiritual: não raciocineis, credes! (um único senhor do mundo pode dizer: raciocinai o quanto quiser e sobre o que quiser; mas obedecei!) Por todo canto há restrição da liberdade. E qual restrição serve de obstáculo para o esclarecimento? Qual não o impede e até mesmo o sustenta? Respondo: o uso público do entendimento deve ser livre em qualquer momento, e só ele pode gerar o esclarecimento entre os seres humanos; o uso privado do mesmo pode frequentemente ser bastante restrito, sem que, todavia, o progresso do esclarecimento seja, por si só, impedido. (...) – . (KANT) Danilo Marcondes. Textos básicos de Ética de Platão A Foucault, p. 88 e 89.
É sabido que, independentemente de líderes religiosos, o ser humano a sós ou em grupos isolados das influências de outras culturas, naturalmente, busca saídas metafísicas para solucionar seus problemas físicos, literais. Mesmo as sociedades consideradas desenvolvidas, diante de catástrofes naturais, acidentais e atentados criminais, de imediato, a tendência natural é buscar socorro em entidades metafísicas, ou seja, em Deus. Logo, na busca por socorro imediato, revelamo-nos a dependência que temos de um Ser suprassensível, esquecendo toda argumentação, certezas e eficácia dos aprendizados científico-filosóficos nos tempos de bonanças. Independentemente das religiões e seus seguimentos materializados nas diversas denominações religiosas, a bíblia foi o primeiro livro a sistematizar e revelar os fundamentos do monoteísmo e do politeísmo; onde, Deus é revelado como único Ser criador de tudo que há na Terra e no universo e o politeísmo como forma de imitar ou negar os atributos do monoteísmo. Assim sendo, ignorá-la, tentar anular sua influência, alterar seus escritos e dar interpretações falaciosas a fim de fundamentar teologia, filosofia e ciências particulares é perder a visão do-Todo, se tornando mestres na formação de pessoas na menoridade. Não devemos esquecer que os relatos bíblicos é inspiração e motivação para pesquisadores de várias áreas do conhecimento em busca de comprovação dos fatos expressos em suas páginas. Logo, Kant, fazendo uso de seu próprio entendimento; com o intuito de se declarar ter saído da menoridade; especialmente a religiosa, doravante condutor à maioridade; em seu afã por negar a existência de Deus e zombar dos que creem, é apenas mais um que se autodeclara adepto, amante e condutor à minoridade.             
Kant está equivocado ao avaliar as prerrogativas de Deus sob as finitudes e finalidades mundana. Alcançamos a maioridade quando temos O-Todo como premissa e não as partes. Kant, ao negar o conhecimento bíblico como parte do-Todo faz de seu entendimento, conhecimento o esclarecido absoluto. Porém, assim fazendo, se autodetermina amante da minoridade, passando a ideia de que a maioridade se dá apenas através do conhecimento científico-filosófico excluindo O-Todo físico-metafísico.
Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos De Ética De Platão A Foucault, Rio de Janeiro – RJ: Ed. Zahar, 2009.