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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

NIETZSCHE E A VERDADE



     Nietzsche era filho de pastor luterano, até os quinze anos queria ser, como o pai, pastor. Após graduar-se em filologia e teologia, pelo contrário, tornou-se o filósofo crítico mais mordaz de toda genealogia da moral aristocrática ou dos nobres que se definiam como ‘bons’, opondo-se aos comuns, os plebeus e os pobres, seus explorados, como ‘ruins’. Porém, o prometido Messias através do povo de Israel, Jesus Cristo, quebrou a histórica lógica construída pelos aristocráticos, a elite da antiguidade. 
Mas que quer ainda você com ideais mais nobres! Sujeitemo-nos aos fatos: o povo venceu – ou ‘os escravos’, ou ‘a plebe’, ou ‘o rebanho’, ou como quiser chama-lo – se isto aconteceu graças aos judeus, muito bem! Jamais um povo teve missão maior na história universal. ‘Os senhores’ foram abolidos, a moral do homem comum venceu. (NIETZSCHE) (MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Ética De Platão A Foucault, p. 110)
Todos veem Nietzsche como o cético destruidor de toda arquitetura conceitual antropocêntrica arquitetada ao longo da antiga história ocidental. Porém, Nietzsche nunca abandonou o ideal metafísico protestante-judaico-cristão da família. Ele faz duas leituras de mundo para compor sua filosofia do martelo contra a moral judaico-cristã, à filosofia, à ciência, à política e em especial ao cristianismo católico protestante. Porém, os acomodados céticos, seus seguidores, mesmo desprezados por ele, põem em evidência apenas seu ceticismo à moral judaico cristã, mas, para Nietzsche, toda arquitetura antropocêntrica foi arquitetada para enganar, meios de controlar a todos pelo falso conhecimento ou mentira. Nietzsche quando diz que não quer seguidores fala acertadamente, pois, sabia que poucos o entenderiam na íntegra, pois, disfarçado de filósofo da desconstrução é um dos mais profundos teólogos contemporâneo. É um tipo de Balaão, profeta politeísta que fora chamado por Balaque para amaldiçoar o povo de Israel, mas na hora abençoava.
Primeira leitura de mundo de Nietzsche
Ele lê o mundo a partir do pecado, onde, o homem da antiguidade, segundo Pitágoras, passou a “ser a medida de todas as coisas”. Ou ainda, segundo imperativo categórico de Kant ao homem moderno: ‘Age como sua ação, através de tua vontade, seja uma lei universal. Assim, como somos pecadores e agimos segundo nossa vontade em detrimento da moral bíblica ou divina; quem reina em nossa vontade é o espírito do mal, da mentira, ou seja, o príncipe das trevas, o mestre do engano, Satanás. Mesmo Deus, por diversas maneiras, procurando ao longo da história fazer-se presente entre os homens, por preferirmos atender nossa vontade pecaminosa, pelo princípio de liberdade divina, os seres criados estão livres para através do uso da inteligência criar morais segundo a ótica de sua vontade, assim, por meio da linguagem, escolhendo bem as palavras, os aristocratas definiram que suas ações são boas e as do povo pobre, ruim. Quem seria capaz dessa proeza senão os nobres que sempre se sentiram além do bem e do mal? Logo, segundo a lei do pecado, Deus, Sua justiça e verdade ficariam em segundo plano, e o homem preferiria a mentira, a injustiça e o engano à verdade. Logo, a verdade preferida pelo pecador é a vontade do engano, a incerteza, a insciência e a mentira, assim, como a verdade, a justiça e a sabedoria poderiam nascer da vontade de enganar? Por isso Nietzsche indaga:
Certo, queremos a verdade: mas por que não, de preferência, a inverdade? Ou a incerteza? Ou mesmo a insciência? – O problema do valor da verdade apresentou-se à nossa frente – ou fomos nós a nos apresentar diante dele? Como poderia algo nascer de seu oposto? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade de verdade da vontade de engano? Ou a ação desinteressada do egoísmo? Ou a pura e radiante contemplação do sábio da concupiscência? Semelhante gênese é impossível; quem com ela sonha é um tolo, ou algo pior. (Ibid. p. 102)
A humanidade do século XXI está em crise, diversas crises naturais, psicológicas, políticas, religiosas, preconceituosas entre tantas outras. Por que chegamos a esse ponto se houve tantos desenvolvimentos tecnológicos e epistemológicos? Será que não está na hora de reavaliarmos as máximas de Pitágoras e Kant? É o homem, realmente a medida de todas as coisas? Deve nossas ações egoístas ser o princípio de legislações universais?
O bom e o ruim no Brasil
Em 1.500 a aristocracia europeia, na busca de terras para impor sua visão de bondade, por acaso, descobriram novas terras ricas em pau-brasil, surgindo posteriormente o Estado brasileiro. De início, a bondade europeia tentou escravizar os índios habitantes nessas terras, como não foi fácil procurou exterminá-los matando-os. Como sua bondade queria fazer destas “terras em que se plantando tudo dá”, região exportadora de riquezas para a Europa, compraram africanos para escraviza-los, fazendo os bondosos cada vez mais ricos, enquanto os africanos morriam de tanto trabalhar para os conscientes e bondosos europeus engordar suas contas bancárias na Europa. Isto aconteceu com a invasão dos espanhóis na América do Sul e Central e com os ingleses protestantes que invadiram a América do Norte entre outras invasões europeias pelo mundo. Mas, no Brasil, em janeiro de 2003, o povo escravizado, com o sindicalista Lula chegando à presidência da República, quebrou-se a lógica da bondade europeia instituída no Brasil! É onde começa a força dos fracos pobres minar o império escravocrata estrangeiro imposto aos brasileiros que só entendia que trabalho são apenas ocupações braçais. Os pobres não tinham direitos a estudar para não poder pensar e executar trabalhos intelectuais. Com um sindicalista na presidência, mais universidades federais foram construídas e abertas aos pobres, somando-se às federais, bolsas de estudos foram pagas via PROUNI a quem conseguisse boa pontuação no novo modelo de vestibular ENEM, foi quando tive o privilégio de terminar o que sempre busquei desde jovem, o conhecimento. Mas os aristocratas não estão passivamente vendo o Brasil ser território para os brasileiros. A postura dos aristocráticos políticos do PSDB, alas do PMDB e os nanicos partidos sanguessugas de plantão, querem o fim da democracia brasileira, que através do PT, em consonância com os ideais democráticos desenvolvidos pelas investigações da Lava Jato, estão passando o Brasil a limpo, mas isto não é bom para os bondosos escravocratas que querem a qualquer custo o poder federal para impedir que os pobres continuem tendo direitos além do dever de escravos ou idiotas.
Nietzsche vai concluir sua analogia da moral e da verdade como fez Balaão que teria que amaldiçoar o povo de Israel e Seu Deus:
Segunda visão de mundo
As coisas de valor mais elevado devem ter uma origem que seja outra, própria – não podem derivar desse fugaz, enganador, sedutor, mesquinho mundo, desse turbilhão de insânia e cobiça! Devem vir do seio do ser, do intransitório, do deus oculto, da ‘coisa em si’ – nisso e em nada mais, deve estar sua causa! (Ibid. p. 103)

Por essas contradições, Nietzsche não queria seguidores, pois ele estava a fim de confundir ou zombar de todos, crentes e céticos. O filósofo era traumatizado pelas frustrações religiosas da família que aguardara a segunda vinda de Cristo para 1844 segundo pregara o batista Guilherme Miller, por isso esse fugaz espírito de se levantar contra tudo e todos meio as tontas, caindo em constantes contradições, negando e exaltando a religiosidade judaico-cristã.
Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Ética De Platão a Foucault. Ed. ZAHAR. RJ, 2007