Esses dois filósofos, Platão e Aristóteles, são os maiores e principais
filósofos do Ocidente. Platão foi o mestre de Aristóteles, mas, se há caso em
que o discípulo superou o mestre, este é um clássico da filosofia. Após a
condenação e morte de Sócrates, Platão, temendo a mesma sorte do mestre fugiu de Atenas rumo ao Oriente;
lá conheceu outras culturas, a mística dos pitagóricos foi a que mais lhe impressionou,
tanto, que, de volta à Atenas, fundou sua Academia, e assim, uma nova filosofia
foi implantada no Ocidente que decidira, décadas antes, por meio da filosofia, fundar
um conhecimento essencialmente antropocêntrico. isto é, sem interferência das
mitologias de Homero, da teogonia de Hesíodo e do monoteísmo dos Hebreus. Os
filósofos da natureza (physis), até aquele momento não tinham alcançado o que
procuravam. (um elemento natural que fosse o princípio de todas as coisas que
há na Terra) Por esse motivo, creio eu, os filósofos clássicos voltaram-se aos
reais problemas da humanidade, tais como, a política, a moral, a
ética, a própria mitologia até então questionada pelos naturalistas, a Deus,
como fez Sócrates e à razão, esta, enaltecida por toda tradição filosófica, e, com
Platão, à mística oriental.
Filosofia Mística de Platão:
Para Platão, nosso mundo, o planeta Terra, é o mundo das ilusões, isto
é, tudo o que há no momento, com o tempo deixa de existir, se deteriora. Por
isso ele teve a ideia de criar um mundo ideal, isto é, nascido de suas ideias,
o mundo das formas perfeitas, onde nada perece, tudo o que há é eterno. Daí,
para Platão, a realidade não é o que percebemos pelos sentidos e sim o que está
na mente, o que pensamos. Platão, para fazer o que pretendia precisou alterar o
conceito de indivíduo, como a própria palavra significa indivisível, ele
dividiu-o em corpo mortal e alma imortal, contrariando principalmente a ideia
bíblica que os hebreus-Israel-e-judeus acreditavam e ensinavam, de que a alma
não é algo separado do corpo, mas o próprio corpo em vida, o indivíduo, ou
pessoa, onde, com a morte, tudo deixa de existir. Platão filosofou contrariando
este princípio bíblico. Para ele, quando o indivíduo morre, o corpo, matéria se
decompõe, mas a alma sai do corpo e direciona-se para o mundo das formas perfeitas
que ele criara, lá, por mil anos contempla as formas perfeitas de tudo o que há,
pois, para cada coisa que há Terra têm um modelo perfeito no mundo das formas
perfeitas; após os mil anos de aprendizado a alma pega o caminho de volta para
a Terra, no caminho passa pelo lago do esquecimento, toma um banho e bebe daquela
água esquecendo tudo o que aprendera no mundo ideal. Ao reencarnar em um bebê,
na medida em que a criança vai crescendo a alma vai relembrando o que vira no
mundo das ideias, por isso, para Platão, aprender é relembrar, reminiscência. A
eternidade para o misticismo platônico e pitagórico se dá pela reencarnação,
sendo a alma a responsável pela eternidade. Com o passar do tempo, com os
neoplatônicos, a mística de Platão alcançou o status de teologia e com a
instituição do cristianismo católico romano sua filosofia foi sendo aceita
passando a ser uma “verdade bíblica”, fazendo as pessoas crerem que temos uma
alma além do corpo que vai para o céu ou para o inferno segundo as atitudes das
pessoas enquanto vivas. Por isso, Para Friedrich Nietzsche (1844-1900): “cristianismo
é platonismo”, segundo o próprio Nietzsche, cristão verdadeiro só houve um, Jesus Cristo. Assim, Platão
conseguiu fazer que as futuras gerações o seguisse pesando que está seguindo alguma verdade divina.
Aristóteles e a Ciência a Partir das Ideias do Mestre:
Aristóteles é o sistematizador da ciência, criador de métodos para fazer
ciência, conseguindo cientificar a partir dos conceitos de matéria, eternidade
e a própria alma que Platão alterou misticamente:
Ciência Básica:
As quatro causas, sem as quais não há ciência são: causa material, formal,
eficiente e final. Com a matéria informe ou sem forma, dá-se uma forma; quem é
capaz de dar forma à matéria informe é o artista eficiente que quer criar
alguma coisa útil, e essa utilidade é a causa final que move o cientista à execução
do pensado.
Eternidade Científica:
Os dois conceitos para fundamentar a eternidade científica são:
*Potência e *Ato. Em tudo que há vida está em potência no próprio ente do Ato (ser). Exemplos:
todos os vegetais que produz semente, a semente é um novo vegetal em potência;
assim, quando plantamos uma semente qualquer, a partir de sua germinação começa
o ato de aparecer um novo ente semelhante àquele que produziu a semente. Um
novo ente humano, ou animais em geral, estão em potência no espermatozoide e no
óvulo, a partir da fecundação um novo ente semelhante à sua espécie se dá em
ato, e assim se dá em todo organismo vivo, logo, a eternidade para a ciência
acontece através da manutenção das espécies e não pela reencarnação como quer
Platão e os místicos. Há um conceito significativo ao longo da história da filosofia que mantém a manutenção das espécies numa lógica, até o momento insuperável. Para Heráclito (V a. C.) tudo no universo se mantém através do *movimento, geração e corrupção; para Nietzsche (1844-1900) filólogo e filósofo alemão, adepto da filosofia de Heráclito, o movimento em Nietzsche é o *devir ("eterno retorno do mesmo"), isto é, na natureza nada se altera quando ao nascimento, manutenção e morte dos organismos. Pergunto aos teóricos e defensores da evolução: Segundo a própria
ciência aristotélica, e a filosofia de seus maiores expoentes na arte do refletir sobre a existência: *onde há espaço para a evolução e às outras teorias que buscam a origem da vida além das afirmações bíblica?
Aristóteles e a Racionalização do Conceito Alma:
Segundo Aristóteles existe a alma
vegetativa, a sensitiva e a intelectiva ou racional. A alma vegetativa está
presente nos vegetais condicionando-os à germinação, crescimento e produção. A
sensitiva está presente nos animais que sente fome, sede, dor, frio, calor
etc., somando-se as atribuições da vegetativa, isto é, os animais nascem
crescem e reproduzem. E a racional ou intelectiva que está presente nos
humanos, somando-se a sensitiva e a vegetativa. Para Aristóteles a alma não tem
vida, é a própria vida atuante nos organismos vivos. Aristóteles tirou os
homens das nuvens colocando-o de volta ao planeta Terra. Como para a filosofia
nada pode vir do nada, e tudo existe, e como nenhuma hipótese cientifica
confirmou de onde surgiu o inorgânico e o orgânico, a possibilidade de que
existe um Ser que É Criador de tudo continua sendo válido até o presente. Para
Aristóteles esse Deus é um motor imóvel causador de todas as causas sem ser
causado. Nos dias de Aristóteles os Judeus, apesar de serem cativos, tinham
grande influência entre os reinados da época, daí pode vir a Aristóteles a
ideia de um Deus Criador sem ser criado. com relação a alma ter vida em si como quer Aristóteles, isso continua sendo uma afirmação hipotética.
Finalizando deixo uma questão para
reflexão: Onde está a verdade com relação a gênese de tudo, com os escritos bíblicos, com a ciência ou com a filosofia?
Filósofo Isaías Correia Ribas