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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

"PLATÃO, O MÍSTICO X ARISTÓTELES, O CIENTISTA"


     Esses dois filósofos, Platão e Aristóteles, são os maiores e principais filósofos do Ocidente. Platão foi o mestre de Aristóteles, mas, se há caso em que o discípulo superou o mestre, este é um clássico da filosofia. Após a condenação e morte de Sócrates, Platão, temendo a mesma sorte do mestre fugiu de Atenas rumo ao Oriente; lá conheceu outras culturas, a mística dos pitagóricos foi a que mais lhe impressionou, tanto, que, de volta à Atenas, fundou sua Academia, e assim, uma nova filosofia foi implantada no Ocidente que decidira, décadas antes, por meio da filosofia, fundar um conhecimento essencialmente antropocêntrico. isto é, sem interferência das mitologias de Homero, da teogonia de Hesíodo e do monoteísmo dos Hebreus. Os filósofos da natureza (physis), até aquele momento não tinham alcançado o que procuravam. (um elemento natural que fosse o princípio de todas as coisas que há na Terra) Por esse motivo, creio eu, os filósofos clássicos voltaram-se aos reais problemas da humanidade, tais como, a política, a moral, a ética, a própria mitologia até então questionada pelos naturalistas, a Deus, como fez Sócrates e à razão, esta, enaltecida por toda tradição filosófica, e, com Platão, à mística oriental.
Filosofia Mística de Platão:
     Para Platão, nosso mundo, o planeta Terra, é o mundo das ilusões, isto é, tudo o que há no momento, com o tempo deixa de existir, se deteriora. Por isso ele teve a ideia de criar um mundo ideal, isto é, nascido de suas ideias, o mundo das formas perfeitas, onde nada perece, tudo o que há é eterno. Daí, para Platão, a realidade não é o que percebemos pelos sentidos e sim o que está na mente, o que pensamos. Platão, para fazer o que pretendia precisou alterar o conceito de indivíduo, como a própria palavra significa indivisível, ele dividiu-o em corpo mortal e alma imortal, contrariando principalmente a ideia bíblica que os hebreus-Israel-e-judeus acreditavam e ensinavam, de que a alma não é algo separado do corpo, mas o próprio corpo em vida, o indivíduo, ou pessoa, onde, com a morte, tudo deixa de existir. Platão filosofou contrariando este princípio bíblico. Para ele, quando o indivíduo morre, o corpo, matéria se decompõe, mas a alma sai do corpo e direciona-se para o mundo das formas perfeitas que ele criara, lá, por mil anos contempla as formas perfeitas de tudo o que há, pois, para cada coisa que há Terra têm um modelo perfeito no mundo das formas perfeitas; após os mil anos de aprendizado a alma pega o caminho de volta para a Terra, no caminho passa pelo lago do esquecimento, toma um banho e bebe daquela água esquecendo tudo o que aprendera no mundo ideal. Ao reencarnar em um bebê, na medida em que a criança vai crescendo a alma vai relembrando o que vira no mundo das ideias, por isso, para Platão, aprender é relembrar, reminiscência. A eternidade para o misticismo platônico e pitagórico se dá pela reencarnação, sendo a alma a responsável pela eternidade. Com o passar do tempo, com os neoplatônicos, a mística de Platão alcançou o status de teologia e com a instituição do cristianismo católico romano sua filosofia foi sendo aceita passando a ser uma “verdade bíblica”, fazendo as pessoas crerem que temos uma alma além do corpo que vai para o céu ou para o inferno segundo as atitudes das pessoas enquanto vivas. Por isso, Para Friedrich Nietzsche (1844-1900): “cristianismo é platonismo”, segundo o próprio Nietzsche, cristão verdadeiro só houve um, Jesus Cristo. Assim, Platão conseguiu fazer que as futuras gerações o seguisse pesando que está seguindo alguma verdade divina.
Aristóteles e a Ciência a Partir das Ideias do Mestre:
     Aristóteles é o sistematizador da ciência, criador de métodos para fazer ciência, conseguindo cientificar a partir dos conceitos de matéria, eternidade e a própria alma que Platão alterou misticamente:
Ciência Básica:
     As quatro causas, sem as quais não há ciência são: causa material, formal, eficiente e final. Com a matéria informe ou sem forma, dá-se uma forma; quem é capaz de dar forma à matéria informe é o artista eficiente que quer criar alguma coisa útil, e essa utilidade é a causa final que move o cientista à execução do pensado.
Eternidade Científica:
     Os dois conceitos para fundamentar a eternidade científica são: *Potência e *Ato. Em tudo que há vida está em potência no próprio ente do Ato (ser). Exemplos: todos os vegetais que produz semente, a semente é um novo vegetal em potência; assim, quando plantamos uma semente qualquer, a partir de sua germinação começa o ato de aparecer um novo ente semelhante àquele que produziu a semente. Um novo ente humano, ou animais em geral, estão em potência no espermatozoide e no óvulo, a partir da fecundação um novo ente semelhante à sua espécie se dá em ato, e assim se dá em todo organismo vivo, logo, a eternidade para a ciência acontece através da manutenção das espécies e não pela reencarnação como quer Platão e os místicos. Há um conceito significativo ao longo da história da filosofia que mantém a manutenção das espécies numa lógica, até o momento insuperável. Para Heráclito (V a. C.) tudo no universo se mantém através do *movimento, geração e corrupção; para Nietzsche (1844-1900) filólogo e filósofo alemão, adepto da filosofia de Heráclito, o movimento em Nietzsche é o *devir ("eterno retorno do mesmo"), isto é, na natureza nada se altera quando ao nascimento, manutenção e morte dos organismos. Pergunto aos teóricos e defensores da evolução: Segundo a própria ciência aristotélica, e a filosofia de seus maiores expoentes na arte do refletir sobre a existência:  *onde há espaço para a evolução e às outras teorias que buscam a origem da vida além das afirmações bíblica?
Aristóteles e a Racionalização do Conceito Alma:
     Segundo Aristóteles existe a alma vegetativa, a sensitiva e a intelectiva ou racional. A alma vegetativa está presente nos vegetais condicionando-os à germinação, crescimento e produção. A sensitiva está presente nos animais que sente fome, sede, dor, frio, calor etc., somando-se as atribuições da vegetativa, isto é, os animais nascem crescem e reproduzem. E a racional ou intelectiva que está presente nos humanos, somando-se a sensitiva e a vegetativa. Para Aristóteles a alma não tem vida, é a própria vida atuante nos organismos vivos. Aristóteles tirou os homens das nuvens colocando-o de volta ao planeta Terra. Como para a filosofia nada pode vir do nada, e tudo existe, e como nenhuma hipótese cientifica confirmou de onde surgiu o inorgânico e o orgânico, a possibilidade de que existe um Ser que É Criador de tudo continua sendo válido até o presente. Para Aristóteles esse Deus é um motor imóvel causador de todas as causas sem ser causado. Nos dias de Aristóteles os Judeus, apesar de serem cativos, tinham grande influência entre os reinados da época, daí pode vir a Aristóteles a ideia de um Deus Criador sem ser criado. com relação a alma ter vida em si como quer Aristóteles, isso continua sendo uma afirmação hipotética.
Finalizando deixo uma questão para reflexão: Onde está a verdade com relação a gênese de tudo, com os escritos bíblicos, com a ciência ou com a filosofia?
    
  
Filósofo Isaías Correia Ribas