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sexta-feira, 8 de junho de 2012

3° período filosófico: Helenismo x monoteismo



No helenismo novas escolas filosóficas surgiram, algumas questionaram alguns pontos da filosofia clássica, mas, ao mesmo tempo, fizeram da filosofia um exercício espiritual. A filosofia platônica dá essa abertura para a ascese. As principais escolas filosóficas helenísticas foram: cinismo, epicurismo, estoicismo, ceticismo e ecletismo. Novas ciências particulares nasceram; e novos paradigmas para direcionar o conhecimento natural e sobrenatural que influenciava a população de modo geral foram conceituados. Conviviam juntos, monoteístas (judeus), politeístas mitológicos, cientistas e filósofos. O individualismo nascia e novas religiosidades se formavam, isto é, o monoteísmo fora de tal forma contaminado que a doutrina judaica dividira-se e novas crenças surgira. Filósofos e teólogos racionalistas platônicos contaminaram a pura fé monoteísta. Era o racionalismo filosófico se impondo ao monoteísmo, dessa união resultou a divisão social entre os judeus, num total de três, a saber: a) Fariseus: a grande massa urbana; b) Saduceus: os sábios, a elite burocrática; c) Essênios: os lavradores; havia também os Dácios, outra seita fundada por Judas, suas crenças eram parecidas a dos fariseus, porém, eram mais zelosos.
“Havia entre nós três seitas diversas, relativas às ações humanas. A primeira, a dos fariseus: a segunda, a dos saduceus e a terceira a dos essênios. Os fariseus atribuem certas coisas ao destino, não, porém, todas e creem que as outras dependem de nossa liberdade, de sorte que nós podemos fazê-las. Os essênios afirmam que tudo geralmente dependem do destino e de que nada nos acontece a não ser o que ele determina. Os saduceus, ao contrário, negam absolutamente o poder do destino, dizem que ele é uma quimera e que nossas ações dependem tão absolutamente de nós, que nós somos os únicos autores de todos os bens e dos males que nos acontecem, segundo nós seguimos um bom ou mau conselho”. “Mas eu tratarei particularmente desta matéria no segundo livro das guerras dos judeus” (Flávio Josefo. HISTÓRIA DOS HEBREUS Vol. IV. pág. 137-138. Ed. Das Américas, 1956).
            Os fariseus: seu modo de viver era simples, respeitavam os mais velhos que nem ousavam contradizê-los, atribuem certas coisas ao destino, mas não eliminam o consentimento humano; mesmo tudo sendo feito por ordem de Deus, depende de nós, cedermos ou não ao vício. As almas são imortais e são julgadas em outro mundo, recompensadas ou castigadas segundo os vícios e virtudes; umas são eternamente prisioneiras nesse outro mundo e outras voltam a esta vida.
Os saduceus: acreditavam que as almas morrem com os corpos; são obrigados a observar a lei e é um ato de virtude não pretender saber mais que os que ensinam. Negam o poder do destino e afirmam: “tudo o que acontece com o homem depende absolutamente dele, tanto o bem quanto o mal”.
Os essênios: atribuem e entregam todas as coisas, sem exceção, à providência de Deus. As almas são imortais e acham que tudo devem fazer para praticar a justiça, porém, contentam-se em enviar as ofertas sem precisar ir ao templo para sacrificá-las; possuem todos os bens em comum, sem que os ricos tenham maior parte que os pobres; não tem mulheres nem criados, eles acham que as mulheres não contribuem para o descanso da vida; quanto aos criados, é ofender a natureza, que fez todos os homens iguais.
Os dácios, seguidores de Judas: que não é o traidor de Jesus, seu modo de vida e crenças é parecido a dos fariseus, mas são mais zelosos, mais pacientes, desprezam as dores, são mais corajosos, afirmam que há um só Deus, ao qual se deve reconhecer por senhor e rei e amam a liberdade.
Os plistes, que vivem entre os dácios têm um modo de viver parecido ao dos essênios. O número dos seguidores dessa seita era de aproximadamente quatro mil.
A seita dos essênios é uma mistura de judaísmo com a filosofia dos pitagóricos. A dos fariseus misturou-se com os platônicos e aos seguidores de Judas somam o desprezo pelas dores dos estoicos. Os saduceus, a sua minoria, eram os únicos que estavam de acordo com os legítimos princípios bíblicos. Do exposto, deduz-se: o pensamento filosófico desenvolvido até então, estava influenciando toda aquela sociedade que antecedera o nascimento de Cristo.

   Quando Jesus nasceu Herodes era o rei dos Judeus, mas Herodes não era judeu. Seu pai Antípatro, era da Iduméia, casado com uma árabe de nome Cipron. Tiveram quatro filhos e uma filha: Fazael, Herodes, José, Feroras e a filha Salomé. O que Herodes mais temia era perder o reinado sobre os judeus, pois ele sabia que os judeus não o aceitavam no trono, porque não descendia deles e muito menos da linhagem de Davi. Ele estava sempre atento ao surgimento de legítimos príncipes judeus que poderiam tomar-lhe o trono. Por isso matou afogado Aristóbulo, filho de Alexandra que descendia da linhagem de Davi com apenas dezoito anos. Matou seus próprios filhos Alexandre e Aristóbulo estrangulados porque buscavam assumir o trono enquanto ele ainda vivia.
Quando os magos e os pastores vieram visitar o menino Jesus, “rei dos judeus”, que acabara de nascer, buscaram com Herodes informações, o que causou preocupações ao rei que jamais aceitou perder o poder absoluto que tinha sobre os judeus. Disposto a matar Jesus, pediu aos visitantes que lhe informasse o exato lugar que nascera que queria também adorá-lo. Deus, por meio do anjo avisou-os da falsidade de Herodes e os fez voltar por outro caminho e a José, “pai” de Jesus, aconselhou-o a fugir para o Egito e lá ficar até segunda ordem.
Flavio Josefo (38-103 d. C.), soldado e historiador judeu: “Nesse mesmo tempo apareceu JESUS, que era um homem sábio, se devemos considerá-lo simplesmente um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o CRISTO. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele o crucificou. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome”.  Idem Vol. V, pág. 275.

Isaías Correia Ribas, filósofo e professor.