O espírito filosófico grego nasceu
como oposição às crenças Monoteísta e mitológica. O Monoteísmo defendido pelos
Hebreus-Israel-Judá acreditavam num Deus criador segundo relata as escrituras
sagradas (bíblia), e a Mitologia defendida pelo povo, sacerdotes, sacerdotisas
e os Oráculos representantes dessas divindades. Os gregos acreditavam que seus
deuses eram os causadores das catástrofes e bonanças naturais. Esses primeiros
filósofos, os Pré-socráticos, eram transparentes, foram categóricos e
explícitos: Vamos construir um conhecimento antropocêntrico, separado de
crenças, fundamentado na experiência sensível, nos sentidos, que possamos ver e
comprovar, e assim, buscaram por um ou alguns elementos que fossem a origem da
vida nesse planeta. Por aproximadamente duzentos anos (VII – V a. C) buscaram
comprovar suas hipóteses, porém, não conseguiram comprovar aos seus concidadãos
suas pretensões. Fato é que essas duas crenças continuam vivas e com adeptos
até hoje. Essa pretensão explícita, honesta, nasceu e morreu com eles mesmos.
A partir do segundo período
filosófico, o Clássico, com Sócrates Platão e Aristóteles, a filosofia deixou
de lado a natureza e voltou-se ao homem, à sua psique, e assim iniciaram uma
nova plataforma filosófica: filosofia argumentativa, sustentada por um discurso
coerente e posteriormente, lógico (silogismo aristotélico), que evoluiu
cognitivamente até a atual lógica formal. Esses três Clássicos são os
responsáveis pelo alicerce da cultura ocidental, sejam elas políticas,
filosóficas, religiosas e artísticas. Com eles, o homem uno de corpo e razão,
tornou-se dicotômico, foi dividido em corpo mortal e alma imortal, diferente do
uno bíblico; à semelhança de Deus. O uno bíblico é matéria mais vida dada por
Deus, fazendo-nos semelhantes ao criador, isto é, ente pensante. As outras
formas de vida vegetal e irracional, não possuem semelhança com Deus, são
criaturas Dele, porém, não raciocinam como Ele, apenas os entes humanos assemelham-se
ao Criador. E a ciência empírica assumiu o lugar dos filósofos da natureza, do
espírito Pré-Socrático, continuaram à busca de algo que justificasse a anulação
nas crenças bíblicas e mitológicas. E para isso, surgiram as teorias da
evolução e a do Big Bang entre outras.
Com o discurso transparente, as
evidências têm que ser fáceis de visualizar e compreender, logo, não seria
tarefa fácil para a filosofia continuar com os objetivos primeiros sem uma boa
argumentação lógica e “coerente”. Por isso, filosofia e ciência, “unidas”, com
ferramentas de análise distintas, continuam buscando formas empíricas e
argumentativas de anular a fé e as crenças em geral. Então, as ciências pelas
experiências e a filosofia da linguagem, através da lógica, buscam ainda hoje
suas pretensões primeiras.
A lógica é uma ferramenta traiçoeira,
nem sempre uma verdade lógica corresponde à verdade real, por isso os filósofos
brincam com as palavras, conseguindo por meio de discursos lógicos fazer das
falácias aparentes verdades e vice versa, “aceitas” pela comunidade acadêmica,
mas difícil de ser detectada pelas pessoas comum. Por isso, FILOSOFIA E BÍBLIA
são antagônicas. A primeira quer enganar e a segunda esclarecer.
Platão criou o mundo das ideias, e
desse mundo temos a filosofia das almas, teoria tão bem elaborada que Santo
Agostinho (IV d. C.) aplicou-a ao cristianismo como teologia da iluminação e
dessa surgiu teologia da reencarnação que Friedrich Nietzsche (1844 - 1900)
denomina-o, cristianismo platônico. Aristóteles, discípulo de Platão, não concordou
com o Mundo das Ideias de seu mestre, porém, aplicou o conceito de alma aos
vegetais e animais irracionais como sendo o responsável pela vida, desenvolvimento
e fonte da racionalidade humana. Baruch Spinoza (1632 – 1677) inspirado, fundamentado em Aristóteles
conceituou o Panteísmo (Deus um conjunto de tudo o que existe). E assim, Deus e
deuses vão sendo “anulados” do consciente da humanidade. Os próprios cristãos,
que se dizem seguir os princípios bíblicos caem em contradição quando rejeita
parte da bíblia, o Velho Testamento, preferindo o Novo Testamento que não traz
as inscrições dos Dez Mandamentos e outros princípios que Deus determinou.
Então, o que nos resta é afirmar que a filosofia conseguiu suas pretensões:
eliminar e confundir os que se dizem homens de fé, os próprios crentes.
Isaías Correia Ribas, filósofo e
professor.