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terça-feira, 8 de maio de 2012

FILOSOFIA X BÍBLIA


          O espírito filosófico grego nasceu como oposição às crenças Monoteísta e mitológica. O Monoteísmo defendido pelos Hebreus-Israel-Judá acreditavam num Deus criador segundo relata as escrituras sagradas (bíblia), e a Mitologia defendida pelo povo, sacerdotes, sacerdotisas e os Oráculos representantes dessas divindades. Os gregos acreditavam que seus deuses eram os causadores das catástrofes e bonanças naturais. Esses primeiros filósofos, os Pré-socráticos, eram transparentes, foram categóricos e explícitos: Vamos construir um conhecimento antropocêntrico, separado de crenças, fundamentado na experiência sensível, nos sentidos, que possamos ver e comprovar, e assim, buscaram por um ou alguns elementos que fossem a origem da vida nesse planeta. Por aproximadamente duzentos anos (VII – V a. C) buscaram comprovar suas hipóteses, porém, não conseguiram comprovar aos seus concidadãos suas pretensões. Fato é que essas duas crenças continuam vivas e com adeptos até hoje. Essa pretensão explícita, honesta, nasceu e morreu com eles mesmos.
          A partir do segundo período filosófico, o Clássico, com Sócrates Platão e Aristóteles, a filosofia deixou de lado a natureza e voltou-se ao homem, à sua psique, e assim iniciaram uma nova plataforma filosófica: filosofia argumentativa, sustentada por um discurso coerente e posteriormente, lógico (silogismo aristotélico), que evoluiu cognitivamente até a atual lógica formal. Esses três Clássicos são os responsáveis pelo alicerce da cultura ocidental, sejam elas políticas, filosóficas, religiosas e artísticas. Com eles, o homem uno de corpo e razão, tornou-se dicotômico, foi dividido em corpo mortal e alma imortal, diferente do uno bíblico; à semelhança de Deus. O uno bíblico é matéria mais vida dada por Deus, fazendo-nos semelhantes ao criador, isto é, ente pensante. As outras formas de vida vegetal e irracional, não possuem semelhança com Deus, são criaturas Dele, porém, não raciocinam como Ele, apenas os entes humanos assemelham-se ao Criador. E a ciência empírica assumiu o lugar dos filósofos da natureza, do espírito Pré-Socrático, continuaram à busca de algo que justificasse a anulação nas crenças bíblicas e mitológicas. E para isso, surgiram as teorias da evolução e a do Big Bang entre outras.
          Com o discurso transparente, as evidências têm que ser fáceis de visualizar e compreender, logo, não seria tarefa fácil para a filosofia continuar com os objetivos primeiros sem uma boa argumentação lógica e “coerente”. Por isso, filosofia e ciência, “unidas”, com ferramentas de análise distintas, continuam buscando formas empíricas e argumentativas de anular a fé e as crenças em geral. Então, as ciências pelas experiências e a filosofia da linguagem, através da lógica, buscam ainda hoje suas pretensões primeiras.
          A lógica é uma ferramenta traiçoeira, nem sempre uma verdade lógica corresponde à verdade real, por isso os filósofos brincam com as palavras, conseguindo por meio de discursos lógicos fazer das falácias aparentes verdades e vice versa, “aceitas” pela comunidade acadêmica, mas difícil de ser detectada pelas pessoas comum. Por isso, FILOSOFIA E BÍBLIA são antagônicas. A primeira quer enganar e a segunda esclarecer.
          Platão criou o mundo das ideias, e desse mundo temos a filosofia das almas, teoria tão bem elaborada que Santo Agostinho (IV d. C.) aplicou-a ao cristianismo como teologia da iluminação e dessa surgiu teologia da reencarnação que Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) denomina-o, cristianismo platônico. Aristóteles, discípulo de Platão, não concordou com o Mundo das Ideias de seu mestre, porém, aplicou o conceito de alma aos vegetais e animais irracionais como sendo o responsável pela vida, desenvolvimento e fonte da racionalidade humana. Baruch Spinoza (1632 – 1677) inspirado, fundamentado em Aristóteles conceituou o Panteísmo (Deus um conjunto de tudo o que existe). E assim, Deus e deuses vão sendo “anulados” do consciente da humanidade. Os próprios cristãos, que se dizem seguir os princípios bíblicos caem em contradição quando rejeita parte da bíblia, o Velho Testamento, preferindo o Novo Testamento que não traz as inscrições dos Dez Mandamentos e outros princípios que Deus determinou. Então, o que nos resta é afirmar que a filosofia conseguiu suas pretensões: eliminar e confundir os que se dizem homens de fé, os próprios crentes.

Isaías Correia Ribas, filósofo e professor.