Nas últimas décadas o Brasil passou por profundas mudanças no campo da educação, tanto no ensino médio quanto no ensino superior. O fenômeno da democratização do ensino, por sua vez, abriu a possibilidade das classes mais baixas da sociedade ingressar no ensino superior, algo que era quase que restrito a uma minoria. Assim, a demanda nas faculdades cresceu significativamente, e nesse jogo dialético, novos problemas e desafios surgiram na área pedagógica, envolvendo a relação professor – aluno, professor – professor, professor – instituição. Os valores que mediavam essas relações sofreram grandes e profundas inversões e muitas vezes até se extinguindo, causando o que chamo de niilismo educacional.
O conceito de niilismo aqui é usado para designar a “ausência de sentido” que a pratica pedagógica adquiriu durante esse período de passagem da escola tradicional para a escola nova, onde o construtivismo invadiu as nossas escolas. Nesse novo modelo, o aluno é o protagonista de sua própria construção intelectual, sendo o professor apenas um meio para o aluno atingir os seus objetivos. Mas a questão que se coloca é: Como o educando pode atingir algo que nem ele mesmo sabe o que está galgando?
Com essa nova visão capitalista de educação, o recrutamento de pessoas cada vez menos pensantes tem um sabor especial para quem usa da ignorância alheia para dela tirar proveito. A escola, por sua vez, aderiu a esse novo estilo de ensinar, levando até mesmo ao docente a ideia de que ele só pode mediar e que o resultado desse processo é o conhecimento. Conhecimento? (...) Através disso, o potencial revolucionário e reacionário da escola se foi por água abaixo!
Se o professor não se vislumbrar como um agente político capaz de discutir, problematizar ideias com seus alunos, e ao mesmo tempo treiná-los para serem verdadeiros cidadãos, no sentido de imergi-los nas mais diversas dimensões do saber, jamais mudanças na sociedade poderão ocorrer.
A ausência de sentido na escola só terminará quando os educadores tomarem consciência da sua importância, mas isso é um trabalho que só terá eficácia se realizado coletivamente, que é, antes de tudo, uma escolha pessoal.
Filósofo, Fernando de Jesus Nascimento.