Tese
Sem liberdade plena
não há julgamento justo. Os racionais se revelam e pensam por si mesmos na
liberdade. Então, caso queira conhecer o caráter de alguém, dê-lhe liberdade
plena. (RIBAS, Isaías Correia)
Argumentação
O-Todo é um novo conceito sem
preconceito às produções intelectuais referentes às epistemologias sensível e suprassensível
de todos os tempos. Qualquer pessoa que queira conduzir o outro à maioridade
moral, intelectual e espiritual a que ter entendimento do-Todo; caso não valorize
O-Todo, é apenas mais um defensor e mestre em conduzir o outro à minoridade
filosófica, política, religiosa, profissional e epistemológica segundo ele foi
conduzido ou se autodeterminou. Pois, o fato de ser profissional especializado,
mestre e doutor em conhecimentos específicos não é garantia de ter o
conhecimento do-Todo. Os que pensam o contrário faz da parte O-Todo, caindo em
um tipo de absolutismo; parece-me, ter sido esse o equívoco científico-filosófico-e-religioso
de todos os tempos.
"Livre-arbítrio"
Segundo Santo Agostinho, “o livre-arbítrio é um dom de Deus concedido
às criaturas racionais que as permite agir livremente de acordo com sua
vontade. É o uso consciente da liberdade”. Esse conceito cunhado por Santo Agostinho
é um esforço para definir o que é liberdade no contexto mundano onde já existem
os antagonismos bem e mal, certo e errado, feio e bonito, gordo e magro,
salvação e perdição, Deus e Satanás, etc.; isto é, eu devo escolher entre um e
outro. Ora, se sou livre e de vontade própria e tenho que escolher, não há
liberdade. Logo, o “livre-arbítrio” de Agostinho não é sinônimo de liberdade,
mas de dever. Assim sendo, ignorar essa lógica do dever como meio de se excluir
dessa responsabilidade já é uma escolha, e não é a das melhores. Daí, deduz-se,
que: liberdade e autonomia da vontade, como dons divinos, só podem estar
inseridos dentro de um contexto onde não existam os opostos.
Liberdade em Kant
Contudo, é possível que um público se
esclareça a respeito de si mesmo. Na verdade, quando lhe é dado a liberdade, é
algo quase inevitável. Pois aí encontrar-se-ão alguns capazes de pensar por si,
até mesmo entre os tutores instituídos para a grande massa, que, após se
libertarem do jugo da menoridade, espalharão em torno de si o espírito de uma
apreciação racional do próprio valor e da tarefa de cada ser humano, que
consiste em pensar por si mesmo. (KANT p. 89)
O-Todo. Este conceito
não se limita a entender o que existe de concreto no planeta Terra, mas,
inclusive, as forças suprassensíveis que envolvem o universo. Mas você deve
estar indagando, como é possível conhecer O-Todo físico-metafísico universal se
estamos limitado ao planeta Terra? Então, meu caro leitor (a), quando se parte
da premissa de que não se pode conhecer além do que existe em nosso planeta,
isso nos faz cair em erros sobre o que podemos conhecer e entender, nos
tornando esclarecidos, deixando a minoridade e ingressando na maioridade; apto
a seguir o lema do iluminismo Kantiano: “Tenha
coragem em servir-te de teu próprio entendimento”!
Os livros
e outras ciências desenvolvidas nesses últimos séculos nos permitem ter a visão
do-Todo das civilizações passadas. Um dos mais antigos livros denominado bíblia
narra as histórias relacionadas à metafísica divina e é fonte primária para várias
ciências contemporâneas na busca de compreender as civilizações e fatos de
passados antes mesmos das civilizações; então, não devemos esquecer que é o
único livro que revela a existência de algo maior como a origem do pecado e a ciência da salvação. Logo,
ignorá-la como fonte de conhecimento do-Todo, induz-nos a deduções falaciosas a
respeito do suprassensível Deus que pode salvar quem deseja viver em plena
liberdade, possível apenas em um universo perfeito.
Liberdade em Deus
A
liberdade no contexto divino expresso nas páginas da bíblia não se dá segundo as
visões de Kant: (um único senhor do mundo
pode dizer: raciocinai o quanto quiser e sobre o que quiser, mas obedecei!)
E o dever contido no livre-arbítrio de Agostinho. No universo planejado por
Deus às suas criaturas o antagonismo bem e mal não existia e não existirá, mas
apenas o bem, o bom, a paz, o inefável, enfim, a perfeição; ambiente preparado
a quem quiser nele habitar fazendo uso da liberdade plena, consciente. Antes do
pecado de Lúcifer já era assim, mas, fazendo uso da liberdade plena, quis ser
igual a Deus; o Criador mostrou-lhe que, como criatura, embora inteligente,
jamais poderia ser igual a Deus (ter vida em si); então, aconselhou-o a
repensar seu projeto e voltar a seu posto de criatura e líder para não quebrar
a harmonia e paz existentes, mas, caso quisesse continuar com seu projeto lhe
seria dado tempo para desenvolvê-lo; Lúcifer preferiu voluntariosamente
prosseguir com seus ideais estabelecendo o mal em oposição à perfeição
existente. Nesse contexto, no céu, originou-se o pecado e tudo que é antagônico
a perfeição. Assim sendo, desdenhar e negar a existência do Deus bíblico e do
universo perfeito além das imperfeições terrestres, facilmente caem em falácias
filosóficas, científicas e religiosas como se fosse verdade.
A arte e técnicas
linguísticas para anular Deus e o conhecimento bíblico do consciente humano são
da filosofia
No período clássico, a partir do século
IV a. C., o Ser em Si ou Deus, é admitido pelo
racionalismo filosófico como um conceito destituído de personalidade, algo
inventado pelos líderes de Israel para o domínio das massas. Assim, a partir da
visão do racionalismo filosófico, com o discurso de fundamentar o conhecimento
em outras bases, iniciaram suas críticas lançando dúvidas ao modo de vida dos
judeus, à política teocêntrica, às escrituras dos profetas e à existência de
Deus que tudo criara. A estratégia planejada foi admitir Deus como sendo um
conceito inventado para fechar a lógica criacionista com o objetivo de dominar
a todos através do medo da morte e da esperança de viver em um mundo onde ela
não existirá. Analogamente os filósofos fundam uma sociedade que crê em suas
teorias como sendo a verdade e na existência do Deus bíblico como um conceito,
pré-julgando aqueles que creem na existência literal de Deus, como ignorantes.
Percebeu como a filosofia joga com todos, tanto com os que creem em Deus, como
os que não creem, mas os fazem crer no jogo conceitual elaborado por eles? Como
se faz tal proeza? Lançando pequenas dúvidas no que está estabelecido; por
acaso não foi esta a estratégia de lúcifer quando pretendera ser igual a Deus
enganando a terça parte dos anjos e à Eva e Adão comerem do fruto proibido?
Lúcifer continua elaborando novas artes do disfarce para, se possível for,
enganar até mesmo aqueles que conhecem o plano de salvação. Nestes últimos
séculos, a partir do esclarecimento ou iluminismo, astutamente, através das
universidades e outros seguimentos sociais, tem se mostrado capaz de enganar a
todos, seja pobre ou rico, letrado ou iletrado, ateu ou crente; para cada
seguimento ele tem seus disfarçados ilustres do saber, agentes que sabem manter
o poder da dúvida ativo em todos os meios.
Kant e o iluminismo
O Esclarecimento é a saída do homem da
condição de menoridade autoimposta. Menoridade é a incapacidade de servir-se de
seu entendimento sem a orientação de outro. Esta menoridade é autoimposta
quando a causa da mesma reside na carência não de entendimento, mas de decisão
e coragem em fazer uso de seu próprio entendimento sem orientação alheia.
Sapere aude! Tenha coragem em servir-te de teu próprio entendimento! Este é o
mote do Esclarecimento.
Preguiça e covardia são as causas que
explicam porque uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito após a natureza
tê-los declarado livres da orientação alheia (naturaliter maiorennes), ainda
permanecem com gosto e por toda vida, na condição de menoridade. As mesmas
causas explicam porque parece tão fácil outros afirmarem-se como seus tutores.
É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim,
um pastor que tem consciência por mim, um médico que me prescreve a dieta etc.:
então não preciso me esforçar. Não me é necessário pensar quando posso pagar;
outros assumiram a tarefa espinhosa por mim; a maioria da humanidade (aí
incluído todo o belo sexo) vê como muito perigoso, além de bastante difícil o
passo a ser dado rumo a maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de
bom grado a sua supervisão. Após terem previamente embrutecido e cuidadosamente
protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem dar qualquer
passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo
que as ameaça caso queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é
assim tão grande, pois, após algumas quedas aprenderiam facilmente a andar;
basta, entretanto, o exemplo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por
completo para que não façam novas tentativas. – Para o esclarecimento, porém,
nada é exigido além da liberdade; e mais especificamente a liberdade menos
danosa de todas, a saber: utilizar publicamente sua razão em todas as
dimensões. Mas agora escuto em todos os cantos: não raciocineis! O oficial diz:
não raciocineis, exercitai-vos! O Conselho de Finanças: não raciocinais, pagai!
O líder espiritual: não raciocineis, credes! (um único senhor do mundo pode
dizer: raciocinai o quanto quiser e sobre o que quiser; mas obedecei!) Por todo
canto há restrição da liberdade. E qual restrição serve de obstáculo para o
esclarecimento? Qual não o impede e até mesmo o sustenta? Respondo: o uso
público do entendimento deve ser livre em qualquer momento, e só ele pode gerar
o esclarecimento entre os seres humanos; o uso privado do mesmo pode
frequentemente ser bastante restrito, sem que, todavia, o progresso do
esclarecimento seja, por si só, impedido. (...) – . (KANT)
Danilo Marcondes. Textos básicos de Ética de Platão A Foucault, p. 88 e 89.
É sabido que, independentemente de
líderes religiosos, o ser humano a sós ou em grupos isolados das influências de
outras culturas, naturalmente, busca saídas metafísicas para solucionar seus
problemas físicos, literais. Mesmo as sociedades consideradas
desenvolvidas, diante de catástrofes naturais, acidentais e atentados
criminais, de imediato, a tendência natural é buscar socorro em entidades
metafísicas, ou seja, em Deus. Logo, na busca por socorro imediato, revelamo-nos
a dependência que temos de um Ser suprassensível, esquecendo toda argumentação,
certezas e eficácia dos aprendizados científico-filosóficos nos tempos de
bonanças. Independentemente das religiões e seus seguimentos materializados nas
diversas denominações religiosas, a bíblia foi o primeiro livro a sistematizar
e revelar os fundamentos do monoteísmo e do politeísmo; onde, Deus é revelado
como único Ser criador de tudo que há na Terra e no universo e o politeísmo
como forma de imitar ou negar os atributos do monoteísmo. Assim sendo,
ignorá-la, tentar anular sua influência, alterar seus escritos e dar
interpretações falaciosas a fim de fundamentar teologia, filosofia e ciências
particulares é perder a visão do-Todo, se tornando mestres na formação de pessoas
na menoridade. Não devemos esquecer que os relatos bíblicos é inspiração e
motivação para pesquisadores de várias áreas do conhecimento em busca de
comprovação dos fatos expressos em suas páginas. Logo, Kant, fazendo uso de seu
próprio entendimento; com o intuito de se declarar ter saído da menoridade; especialmente
a religiosa, doravante condutor à maioridade; em seu afã por negar a existência
de Deus e zombar dos que creem, é apenas mais um que se autodeclara adepto,
amante e condutor à minoridade.
Kant está equivocado ao avaliar as prerrogativas de Deus
sob as finitudes e finalidades mundana. Alcançamos a maioridade quando temos
O-Todo como premissa e não as partes. Kant, ao negar o conhecimento bíblico como
parte do-Todo faz de seu entendimento, conhecimento o esclarecido absoluto.
Porém, assim fazendo, se autodetermina amante da minoridade, passando a ideia
de que a maioridade se dá apenas através do conhecimento científico-filosófico
excluindo O-Todo físico-metafísico.
Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
MARCONDES, Danilo.
Textos Básicos De Ética De Platão A Foucault, Rio de Janeiro – RJ: Ed. Zahar,
2009.