Nietzsche
era filho de pastor luterano, até os quinze anos queria ser, como o pai,
pastor. Após graduar-se em filologia e teologia, pelo contrário, tornou-se o
filósofo crítico mais mordaz de toda genealogia da moral aristocrática ou dos
nobres que se definiam como ‘bons’, opondo-se aos comuns, os plebeus e os pobres,
seus explorados, como ‘ruins’. Porém, o prometido Messias através do povo de
Israel, Jesus Cristo, quebrou a histórica lógica construída pelos
aristocráticos, a elite da antiguidade.
Mas
que quer ainda você com ideais mais nobres! Sujeitemo-nos aos fatos: o povo
venceu – ou ‘os escravos’, ou ‘a plebe’, ou ‘o rebanho’, ou como quiser
chama-lo – se isto aconteceu graças aos judeus, muito bem! Jamais um povo teve
missão maior na história universal. ‘Os senhores’ foram abolidos, a moral do
homem comum venceu. (NIETZSCHE) (MARCONDES, Danilo. Textos
Básicos de Ética De Platão A Foucault, p. 110)
Todos
veem Nietzsche como o cético destruidor de toda arquitetura conceitual
antropocêntrica arquitetada ao longo da antiga história ocidental. Porém,
Nietzsche nunca abandonou o ideal metafísico protestante-judaico-cristão da
família. Ele faz duas leituras de mundo para compor sua filosofia do martelo
contra a moral judaico-cristã, à filosofia, à ciência, à política e em especial
ao cristianismo católico protestante. Porém, os acomodados céticos, seus
seguidores, mesmo desprezados por ele, põem em evidência apenas seu ceticismo à
moral judaico cristã, mas, para Nietzsche, toda arquitetura antropocêntrica foi
arquitetada para enganar, meios de controlar a todos pelo falso conhecimento ou
mentira. Nietzsche quando diz que não quer seguidores fala acertadamente, pois,
sabia que poucos o entenderiam na íntegra, pois, disfarçado de filósofo da
desconstrução é um dos mais profundos teólogos contemporâneo. É um tipo de Balaão,
profeta politeísta que fora chamado por Balaque para amaldiçoar o povo de
Israel, mas na hora abençoava.
Primeira leitura de mundo de Nietzsche
Ele
lê o mundo a partir do pecado, onde, o homem da antiguidade, segundo Pitágoras,
passou a “ser a medida de todas as coisas”. Ou ainda, segundo imperativo
categórico de Kant ao homem moderno: ‘Age como sua ação, através de tua vontade,
seja uma lei universal. Assim, como somos pecadores e agimos segundo nossa
vontade em detrimento da moral bíblica ou divina; quem reina em nossa vontade é
o espírito do mal, da mentira, ou seja, o príncipe das trevas, o mestre do
engano, Satanás. Mesmo Deus, por diversas maneiras, procurando ao longo da
história fazer-se presente entre os homens, por preferirmos atender nossa
vontade pecaminosa, pelo princípio de liberdade divina, os seres criados estão
livres para através do uso da inteligência criar morais segundo a ótica de sua
vontade, assim, por meio da linguagem, escolhendo bem as palavras, os
aristocratas definiram que suas ações são boas e as do povo pobre, ruim. Quem
seria capaz dessa proeza senão os nobres que sempre se sentiram além do bem e
do mal? Logo, segundo a lei do pecado, Deus, Sua justiça e verdade ficariam em
segundo plano, e o homem preferiria a mentira, a injustiça e o engano à verdade.
Logo, a verdade preferida pelo pecador é a vontade do engano, a incerteza, a
insciência e a mentira, assim, como a verdade, a justiça e a sabedoria poderiam
nascer da vontade de enganar? Por isso Nietzsche indaga:
Certo,
queremos a verdade: mas por que não, de preferência, a inverdade? Ou a
incerteza? Ou mesmo a insciência? – O problema do valor da verdade
apresentou-se à nossa frente – ou fomos nós a nos apresentar diante dele? Como
poderia algo nascer de seu oposto? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade
de verdade da vontade de engano? Ou a ação desinteressada do egoísmo? Ou a pura
e radiante contemplação do sábio da concupiscência? Semelhante gênese é
impossível; quem com ela sonha é um tolo, ou algo pior. (Ibid. p. 102)
A
humanidade do século XXI está em crise, diversas crises naturais, psicológicas,
políticas, religiosas, preconceituosas entre tantas outras. Por que chegamos a
esse ponto se houve tantos desenvolvimentos tecnológicos e epistemológicos?
Será que não está na hora de reavaliarmos as máximas de Pitágoras e Kant? É o
homem, realmente a medida de todas as coisas? Deve nossas ações egoístas ser o
princípio de legislações universais?
O bom e o ruim no Brasil
Em
1.500 a aristocracia europeia, na busca de terras para impor sua visão de
bondade, por acaso, descobriram novas terras ricas em pau-brasil, surgindo
posteriormente o Estado brasileiro. De início, a bondade europeia tentou
escravizar os índios habitantes nessas terras, como não foi fácil procurou
exterminá-los matando-os. Como sua bondade queria fazer destas “terras em que
se plantando tudo dá”, região exportadora de riquezas para a Europa, compraram
africanos para escraviza-los, fazendo os bondosos cada vez mais ricos, enquanto
os africanos morriam de tanto trabalhar para os conscientes e bondosos europeus
engordar suas contas bancárias na Europa. Isto aconteceu com a invasão dos
espanhóis na América do Sul e Central e com os ingleses protestantes que
invadiram a América do Norte entre outras invasões europeias pelo mundo. Mas, no
Brasil, em janeiro de 2003, o povo escravizado, com o sindicalista Lula
chegando à presidência da República, quebrou-se a lógica da bondade europeia
instituída no Brasil! É onde começa a força dos fracos pobres minar o império
escravocrata estrangeiro imposto aos brasileiros que só entendia que trabalho
são apenas ocupações braçais. Os pobres não tinham direitos a estudar para não
poder pensar e executar trabalhos intelectuais. Com um sindicalista na
presidência, mais universidades federais foram construídas e abertas aos pobres,
somando-se às federais, bolsas de estudos foram pagas via PROUNI a quem
conseguisse boa pontuação no novo modelo de vestibular ENEM, foi quando tive o
privilégio de terminar o que sempre busquei desde jovem, o conhecimento. Mas os
aristocratas não estão passivamente vendo o Brasil ser território para os
brasileiros. A postura dos aristocráticos políticos do PSDB, alas do PMDB e os
nanicos partidos sanguessugas de plantão, querem o fim da democracia
brasileira, que através do PT, em consonância com os ideais democráticos
desenvolvidos pelas investigações da Lava Jato, estão passando o Brasil a
limpo, mas isto não é bom para os bondosos escravocratas que querem a qualquer
custo o poder federal para impedir que os pobres continuem tendo direitos além
do dever de escravos ou idiotas.
Nietzsche
vai concluir sua analogia da moral e da verdade como fez Balaão que teria que
amaldiçoar o povo de Israel e Seu Deus:
Segunda visão de mundo
As
coisas de valor mais elevado devem ter uma origem que seja outra, própria – não
podem derivar desse fugaz, enganador, sedutor, mesquinho mundo, desse turbilhão
de insânia e cobiça! Devem vir do seio do ser, do intransitório, do deus
oculto, da ‘coisa em si’ – nisso e em nada mais, deve estar sua causa! (Ibid. p. 103)
Por essas contradições, Nietzsche não queria seguidores,
pois ele estava a fim de confundir ou zombar de todos, crentes e céticos. O filósofo
era traumatizado pelas frustrações religiosas da família que aguardara a
segunda vinda de Cristo para 1844 segundo pregara o batista Guilherme Miller, por
isso esse fugaz espírito de se levantar contra tudo e todos meio as tontas,
caindo em constantes contradições, negando e exaltando a religiosidade
judaico-cristã.
Filósofo Isaías Correia Ribas
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
MARCONDES,
Danilo. Textos Básicos de Ética De Platão a Foucault. Ed. ZAHAR. RJ, 2007