Nos últimos duzentos anos, após as
críticas de David Hume, a filosofia metafísica entrou em crise; forçando os
filósofos saírem da cômoda situação de que eram os donos da verdade, capazes de
provarem a existência de Deus através de argumentos lógicos. O que estava
acontecendo naquele momento era o fim da filosofia platônica que “enganara” os
próprios acadêmicos por mais de dois mil anos. No entanto, o povo, sob o
controle das igrejas, continua refém do platonismo, isto é, seguem a teologia
platônica e não a bíblica.
Deus, apesar de se revelar pelas
obras criadas, é “silêncio”, não dá espetáculo, logo, o “silêncio” divino é o
espaço para a fé. Mas qual é o fundamento da fé? Tem que ser o próprio Deus;
pois sem fé é impossível agrada-Lo. O que é o livre-arbítrio? não é liberdade,
mas sim, ‘imperativo categórico’ (“age de tal forma que a norma de tua
conduta possa ser tomada como lei universal”). Logo, todos são
obrigados a escolher entre o certo e o errado; o bom e ruim; o bem e o mal; às
orientações divinas (bíblicas) ou não; buscar a entender ou não o plano de
salvação etc. Então, todas as decisões são válidas e verdadeiras porque, no
homem, Deus implantou condições de escolhas e deveres; e se está na pessoa,
nada externo é justificativa diante do juízo universal. Logo, toda arquitetura
filosófica é uma tentativa de tirar o que está no homem, para pô-la fora dele.
Isto é, no conhecimento científico-filosófico; numa argumentação lógica formal
ou não, enfim, um esforço para tirar Deus e Seu plano de salvação da consciência do homem.
Fé, todos nós a temos; a questão é, a quem
ou a que a direcionamos. Estamos numa guerra entre as potestades, forças
espirituais, há quase seis mil anos, e esta não durará muito mais que isto.
Deus em Sua misericórdia, amor e longanimidade deseja salvar-nos, e para isso
deu-nos Seu filho Jesus para tornar essa salvação possível àqueles que a
desejarem. Satanás, o oponente a Deus e aos que desejam servi-Lo é o autor e
inspirador de tudo o que vai contrario a vontade de Deus. Desviar o foco do
homem do que é justo e divino é o trabalho de Satanás e seus anjos; ele e seus
agentes são astutos; sempre se disfarçam em obreiros da luz para envolver o
homem em trevas, em sábio para promover a ignorância cognitiva e religiosa; em
teólogo para promover o racionalismo antropocêntrico, enfim, nunca se apresenta
como o antagônico Satanás, pelo contrário, a estratégia que tem dado certo é
incutir no consciente do homem sua inexistência, assim, consegue enganar a
todos, e se possível for, os próprios escolhidos (sinceros seguidores dos
princípios divinos, bíblicos).
O nada, para a análise filosófica,
especificamente a filosofia analítica, refere-se a conceitos efêmeros, aquilo
que não tem realidade física: Deus, o bem, o mal, enfim, às entidades metafísicas
que não são passíveis de experiências concretas. Logo, um conhecimento
filosófico, lógico, tem que descartar qualquer metafísica mística. A filosofia
transcendental de Kant refere-se apenas a argumentação a priori, base
epistemológica para o empirismo científico. David Hume, com suas críticas à
metafísica platônica, forçou a filosofia voltar-se ao seu objetivo primeiro,
eliminar do consciente da humanidade a ideia de um Deus criador e mantenedor do
Universo. E nesses últimos duzentos anos, a filosofia Moderna e Contemporânea
têm buscado aperfeiçoar-se numa epistemologia sem Deus, antropocentrismo puro.
Como a filosofia trabalha para o poder político-religioso, suas teses são implantadas
à sociedade via esses poderes de controle. Vivemos atualmente numa sociedade
sem Deus, no máximo trabalha-se com a ideia de Deus, assim, a bíblia é apenas
um pano de fundo para as falsas teologias, para o controle e exploração da
população em nome de Deus. Dessa visão surgem os movimentos: teologia da
libertação e da prosperidade. O primeiro sendo a base para as revoluções
sociais e o segundo, o trabalho incansável, sem limites, em busca de bens
materiais, e nessa busca ignoram a santificação do sábado, dia que Deus instituiu para adoração, mas para o crente que quer mais e mais bens materiais dizem: todos os dias são santos, dia de trabalho etc, etc. Assim, satanás faz os homens
voltar-se a si, a seus interesses e problemas, sem considerarem a possibilidade de uma
salvação segundo a visão divina. Jesus, nesses casos, é apenas um fenômeno, uma
ideia de salvador, um revolucionário; e a fé não vai além de um fenômeno, é apenas um movimento sem as obras, seguindo apenas as orientações humanas e não as bíblicas, segundo a vontade de Deus.
Ainda no campo da filosofia da linguagem, especificamente a Semi-Ótica, a realidade não é apenas o concreto, as qualidades também são reais, e estas podem
transformar-se em fatos reais. O mal existe ou não? O bem é ou não uma
realidade? Logo, o mal não pode ser a ausência do bem como quer os filósofos, e sim, consequência do trabalho de seu agente primeiro, Satanás. Essas qualidades metafísicas, bem ou Deus; e mal ou Satanás, podem estar expressas em nós e em
instituições místicas. Então, Deus e Satanás existem como qualidades e suas
realidades estão manifestadas entre nós.
Nietzsche (1844-1900), negando toda
metafísica divina e toda estrutura política-filosófica-científica, qualificando-as
como mentiras que engana a todos, valoriza apenas a realidade mundana. Para ele
somos apenas vontade em potência determinados pelos sentimentos e paixões.
A profetisa Ellen G. White (1827-1915),
fala: “Muitos cometem em sua vida religiosa um erro sério, por manterem a
atenção fixa nos sentimentos próprios, julgando assim seu progresso ou
declínio. Os sentimentos não são critério seguro. Não devemos olhar para nosso
interior em busca de prova de nossa aceitação para com Deus. Aí nada
encontraremos senão para nos desanimar. Nossa única esperança está em olhar “a
Jesus, Autor e Consumador de nossa fé” e ânimo. Ele é nossa justiça, nossa
consolação e regozijo. Os que olham para dentro de si mesmos em busca de
conforto fatigar-se-ão e ficarão decepcionados. [...]” (Ellen G. White;
Testemunhos Seletos Vol. II, pág. 59. Ed. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí,
São Paulo, 1985.)
Deus, Aquele que está além do nada é
Onisciente, Onipresente e Onipotente. Como tal, deu-nos o Espírito de Profecia
através da profetisa Ellen G. White para iluminar-nos com o devido conhecimento, capacitando-nos à enfrentarmos os ataques de todo tipo de racionalismo dos últimos dias,
pena que a instituição Adventista do Sétimo Dia, através de seus líderes e
pastores não dá mais o devido valor aos escritos da profetisa que Deus estabeleceu para ajudar a todos, “doutos” ou não, para que possamos ser sábios; e pela fé na sabedoria divina
alcancemos a perfeição exigida para a salvação e vida eterna.
Filósofo Isaías Correia Ribas.