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sábado, 20 de outubro de 2012

FOMOS CRIADOS À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS


          O fundamental para entendermos essa afirmação bíblica é compreendermos os dois conceitos: *IMAGEM E SEMELHANÇA.
IMAGEM: Para alguns filósofos a imagem mental não representa o real. “A ideia é uma imagem mental do objeto externo, isto é, um retrato ou figuração desde que aparece em nossa mente”. E a discussão acaba quando se pede a definição real de virtude, já que temos a imagem de uma pessoa virtuosa em nossa mente. “Para os psicólogos o termo “imagem” designa toda representação sensível (auditiva, tátil ...). Assim, podemos ter a imagem de uma melodia em nossa cabeça, ou imagem de nosso corpo. Essa imagem (objeto do espírito), se distingue desse outro objeto do espírito que é a ideia, na medida em que possui um ponto de partida uma percepção sensorial. A faculdade de produzir imagens mentais constitui a *imaginação. Até aqui, baseando-se em imagens mentais, não é possível aplicá-la para defendermos o relato bíblico de que fomos criados à imagem de Deus.
          A arte que trabalha com as cópias (mimética), pode nos ajudar nessa definição, pois um bom artista mimético define-se pela sua capacidade de representar a realidade a partir da imitação daquilo que já existe na natureza. Deus, o artífice por excelência, decidiu povoar o planeta Terra com entes criados a partir de sua própria forma, por isso criou-nos à sua imagem, cópia. Mas que prova há de que somos cópias da forma divina? A encarnação de Cristo, o Deus tornando-se homem e vindo habitar entre nós. “Quem vê a mim vê o Pai”; “Eu e o pai somos um”. Então, o Cristo histórico que morreu na cruz é a prova racional de que somos a imagem (cópia) fiel de Deus.
          O filósofo Friedrich W. Nietzsche (1844-1900), Ateu, defensor de que somos produtos da natureza, sendo esta autogerada e geradora de tudo sem finalidade alguma, diz assim sobre o Cristo: “Somente a prática cristã, uma vida como a dele, que morreu na cruz, é cristã... Ainda uma vida assim é possível, para alguns homens até necessária: o cristianismo verdadeiro, o original, será possível em todas as épocas... Não uma fé, mas um agir, sobretudo não-fazer-muitas-coisas, ser de outra forma [...] Reduzir o ser cristão à cristandade, ao ter-por-verdadeiro, a uma fenomenologia da consciência significa negar o cristianismo”. (No contexto nietzschiano ele está condenando o cristianismo platônico).
O Cristo que morreu na cruz ressuscitou dentre os mortos e após quarenta dias subiu ao céu é, para os que têm fé, o Deus encarnado que veio revelar o pai e demonstrar Seu amor aos pecadores. Para outros Ele foi apenas um revolucionário e para a maioria, um homem fora do comum. Independente de nossas conclusões particulares Ele existiu e está confirmado na história, inclusive pelos racionalistas filosóficos.
SEMELHANÇA: este segundo conceito vai completar a semelhança (outros atributos divinos) à imagem, cópia do Criador, o homem. Somos semelhantes a Ele porque pensamos, raciocinamos, projetamos e executamos o projetado. Temos o *logos (palavra), a capacidade de falar, explicar e criar raciocínios, de dominar sobre todas as outras criaturas irracionais e às outras formas de vida, dominamos porque Deus nos criou semelhantes a Ele, e para isso Ele nos deu inteligência!
Mas alguém questionou: Se somos criados à imagem e semelhança de Deus, como aceitar essa argumentação se Deus é espiritual e nós somos carnais, não deveria ser o homem também um ente espiritual, vestido de luz? Sim, e foi assim mesmo que aconteceu, o casal estava vestido de luz, falavam pessoalmente com o Criador! O pecado levou-os, de imediato, a perderem essa característica divina, percebendo prontamente que estavam nus, Deus, que os visitava diariamente percebeu que o casal se escondia Dele, foi quando vestiu-os com falhas de palmeiras e até hoje, para cobrir nossa nudez fazemos nossas roupas, suamos para ganhar nosso alimento diário e as mulheres passaram a ter dores de parto...
         Contrariando a argumentação de que a humanidade está melhorando com o passar do tempo diz Nietzsche: “A humanidade não representa uma evolução para melhor, para o mais forte ou o mais elevado, da forma como costuma-se acreditar atualmente. O “progresso” é apenas uma ideia Moderna, isto é uma ideia falsa. O europeu de hoje permanece em seu valor abaixo do europeu da Renascença. O desenvolvimento progressivo não constitui simplesmente, de forma necessária, elevação, crescimento, fortalecimento. Num outro sentido, nos mais diversos cantos da terra e vindo das mais diversas culturas, existe um êxito constante de casos isolados, em que se manifesta, de fato, um tipo superior: algo que em comparação com toda a humanidade é uma espécie de super-homem. Tais ocorrências ocasionais de grande êxito têm sido sempre possíveis e, talvez, sempre continuem possíveis. E mesmo gerações inteiras, tribos, povos podem sob certas circunstâncias representar um desses acertos afortunados”.
          Deus é o autor da fé e da razão, logo, fé e razão completam-se, explicam, se harmonizam. Sábio é quem busca o conhecimento para prestar a Deus um “culto racional”. A história do pecado é apenas um parêntese na eternidade. A restauração da imagem e semelhança edênica dar-se-á por ocasião da 2ª volta de Cristo ao planeta Terra!
 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: NIETZSCHE, O Anticristo, Maldição do Cristianismo. 1905-1906. CLÁSSICOS ECONÔMICOS NEWTON.

Filósofo e professor Isaías Correia Ribas.