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domingo, 24 de abril de 2011

PLATÃO E ARISTÓTELES, BASES DA PSEUDO-TEOLOGIA

Aristóteles (384-322 a.C.) discípulo de Platão e professor de Alexandre o grande, provavelmente foi o filósofo mais universal dos gregos. Todos os filósofos são unanimes em defender a necessidade de um deus para poderem elaborar suas filosofias, logo, deus ou deuses são seres necessários, sem eles, pensador algum consegue formular hipóteses quanto mais argumentar. O deus que Aristóteles criou foi o motor imóvel que move todas as coisas sem se mover, causador de todas as causas sem ser causado. Logo, o mundo não teve um começo, o universo sempre deve ter sido tal como é. Conclui-se então, que Aristóteles, tal qual Heráclito, deduz que o movimento, uma vez movido subsiste, e por si só o movimento é a causa das evoluções das diferentes formas. Aristóteles construiu a doutrina das quatro causas necessárias à compreensão de uma coisa qualquer. São elas: causa material; causa eficiente; causa formal; e causa final. Ele busca ilustrar o poder da natureza à habilidade do homem em construir algo, isto é, toda forma precisa de uma matéria, de um artífice e de um objetivo final.
Aristóteles não concordou com o mundo das idéias de Platão, para ele é possível compreendermos a nossa realidade sem precisar construir utopias, o nosso mundo não é feito de ilusões, pelo contrário, são as nossas limitações ou outro propósito que nos leva a construir utopias. Provavelmente para não discordar totalmente de seu mestre, valorizou e trabalhou melhor o conceito de alma, tirou-a do mundo das idéias e distribuiu-a entre os diversos entes mundanos.
Aristóteles observa: “os corpos vivos têm vida, mas não são vida. Os seres animados se diferenciam dos seres inanimados porque possuem um princípio que lhes dá a vida. E esse princípio é a alma. É necessário que a alma seja substância como forma de um corpo físico que tem vida em potência; mas a substância como forma é enteléquia (ato); a alma, portanto, é enteléquia de um corpo assim. (...) Portanto, a alma é enteléquia primeira de um corpo físico que tem a vida em potência. (...) A alma, que é princípio de vida, deve ter capacidades, funções ou partes que presidem essas operações e as regulam”. Ora, os fenômenos e funções fundamentais da vida são: a) de caráter vegetativo, como nascimento, nutrição e crescimento; b) de caráter sensitivo-motor, como sensação e movimento; c) de caráter intelectivo, como conhecimento, deliberação e escolha. Assim sendo, por essas razões, Aristóteles introduz a distinção entre: a) “alma vegetativa”, b) “alma sensitiva” e c) “alma intelectiva ou racional”.
As plantas possuem só a alma vegetativa, os animais a vegetativa e a sensitiva, ao passo que os homens a vegetativa, a sensitiva e a racional. Para possuir a racional, o homem deve possuir as outras duas; da mesma forma, para possuir a alma sensitiva, o animal deve possuir a vegetativa; no entanto, é possível possuir alma vegetativa sem possuir as almas sucessivas.
Platão e Aristóteles com a teoria das almas são os filósofos que influenciam até os dias atuais tanto as teologias quanto as filosofias panteístas e outras. Sem eles e suas utopias a humanidade estaria livre de muitos enganos teológicos e filosóficos e os espiritualistas ocidentais não se sustentariam com suas teorias da reencarnação das almas e seus deuses criados pela necessidade de anular o Deus criador bíblico que tem o plano de levar o homem novamente à eternidade.
DEUS, UM SER NECESSÁRIO
Há na bíblia a história de um Deus criador e mantenedor do cosmos, esse mesmo Deus deu leis eternas àqueles que O reconhecem como tal. Aceitar esse Deus como o orientador de nossa conduta significa reconhecer a vigência atual de sua legislação, pois ela é eterna e imutável. Como as condições do Criador são imutáveis, os homens criaram outros deuses, pois esses, criaturas dos próprios homens, seriam segundo a visão, vontade e caráter de seus criadores.
A) Os adeptos do politeísmo bíblico criaram representações divinas, deuses de paus, pedras e barros para preencher o vazio, a crise existencial causada pela rejeição das leis do criador.
B) Os gregos criaram deuses antropomorficos, divindades com a forma humana, e para cada deus forjaram uma alegoria, pois tudo o que acontecia aos gregos acontecia pela “vontade” desses deuses.
C) O deus dos filósofos pré-socráticos é o ‘devir’ (movimento), pois este se auto-originou e se auto-sustenta.
D) Os filósofos da Grécia clássica, Sócrates, Platão e Aristóteles criaram deuses racionais, pois segundo o pensamento filosófico, é impossível a ordem cosmológica e a vida terrestre sem a existência de um ser superior que a organizasse. O deus de Sócrates era uma inteligência superior; o deus de Platão era o demiurgo, deus que plasma, que dá forma a partir da matéria existente e o deus Aristóteles é o motor imóvel.
E) A maçonaria, organização mística da atualidade, segue a mesma lógica filosófica: deus é o arquiteto universal.
F) O cristianismo segue o princípio do ecletismo, isto é, adaptou-se às diferentes formas de deuses e santos.
G) Os espíritas e espiritualistas em geral se sustentam graças às idéias panteístas de Aristóteles e Spinoza (1632-1677).
H) Os ateus seguem a doutrina dos filósofos pré-socráticos que está sintetizada na filosofia de Heráclito (séc. VI e V a.C), que tem como principal expoente o filósofo Contemporâneo Friedrich W. Nietzsche (1844-1900).
I) Os Protestantes cristãos, embora rejeitem algumas práticas do catolicismo, na essência, negam e rejeitam os dez Mandamentos da lei do Deus criador, como fazem os seguimentos que criaram deuses particulares. Se Platão e Aristóteles não houvessem criado e trabalhado o conceito de alma como fizeram, possivelmente a falsa teologia não teria tanta força na arte de enganar.
Diz René Descartes (1596-1650): “Caindo os princípios, as conseqüências não poderão mais se manter. Posso supor, portanto, que exista não um verdadeiro Deus, que é fonte soberana de verdade, mas certo gênio maligno, não menos astuto e enganador do que poderoso, que tenha empregado todos os seus recursos em me enganar”. Descartes foi excelente matemático e mecânico, porém, péssimo teólogo. Desconstruiu brilhantemente a teoria das almas de Platão e Aristóteles, mas não conseguiu eliminá-la da composição do homem, pelo contrário, criou a glândula ‘pineal’, alojada ao cérebro como o habitat da alma. Na minha concepção a teoria da glândula foi criada por pressão da igreja, com a intenção de continuar válida a filosofia de Santo Agostinho de que o mal é a ausência do bem e o cristianismo platônico. Diante da indagação do teólogo Henry More: onde se encontra Deus? Que nullibi, isto é, em lugar nenhum. René Descartes concluiu seu filosofar como ateu, onde Deus era apenas um ser necessário, pano de fundo para suas pesquisas. A idéia de Deus não é inata ao homem como afirma Descartes, Deus faz parte de nosso imaginário porque há uma cultura milenar de um povo e de um livro que nos ensina que houve um Deus criador e que é mantenedor de todo o Cosmos até os dias atuais e de que há um plano divino por trás dessa cultura.As Mônodas de Wilhelm leibniz (1646-1716), força mística de partículas metafísicas, representa o desespero filosófico moderno de continuar viva a vida da alma platônica-aristotélica. Isto é, o cristianismo católico procurando manter a validade racional da teoria das almas fundamentada no racionalismo antropocêntrico filosófico.
Referências bibliográficas
Bíblia
História da Filosofia. Giovanni Reale/Dario Antiseri. Ed. Paulus. Vol. I.2003 e II 2007.