Introdução
Para Nietzsche
(1844-1900), filósofo alemão, “Deus morreu”. Mas Deus jamais pode ser
literalmente morto. Ele é um ser suprassensível, isto é, está além de nosso
alcance físico. Logo, logicamente falando, Deus só existe literalmente como ser
pensado, ou ainda, sua existência literal só pode ser defendida pela fé. Então,
em que sentido Nietzsche está dizendo que Deus morreu? Nietzsche está dizendo
que a existência de Deus, seja literal ou pela fé, não interfere mais no comportamento
humano. Deus é apenas um conceito para preencher a lógica religiosa, é um
produto que, aliado à esperança, vende muito; é uma fonte inesgotável de
lucros, meio pelo qual as instituições religiosas sustentam seus impérios.
Nietzsche tem razão, a sociedade política, filosófica, científica e religiosa
contemporânea, conseguiram o que é buscado a mais de dois mil e quinhentos anos.
Como? Em que contexto Nietzsche está afirmando isto? Em todos os contextos de
nossas ações, sejam políticas, filosóficas, comerciais, educacional, científica,
religiosas e pessoal. Sem dúvida, fisicamente é impossível alguém matar a Deus.
Portanto, esta afirmação só pode referir-se à extinção de Sua influência no
comportamento humano.
Filosofia
A filosofia nasceu por volta do século VI a. C., seu objetivo:
questionar o fundamento do conhecimento até então desenvolvido e construir
outras bases fundamentais para explicar a gênese, ou o princípio da ordem
existente. Até Tales de Mileto, primeiro filósofo grego, Deus estava no centro
do conhecimento (teocentrismo), isto é, ensinava-se que tudo que fora criado é
sustentado por esse ser Onipotente, Onisciente e Onipresente. A
filosofia pretendera pôr outro fundamento para o conhecimento, não mais em Deus,
mas no homem (antropocentrismo). Porém, para que isso acontecesse era
necessário que Deus fosse morto, eliminado do consciente humano. Depois de dois
mil e quinhentos anos, o filósofo Nietzsche, analisando as arquiteturas
filosóficas e seus propósitos aliado ao comportamento da humanidade e no que
ela acredita como sendo verdade, pode conscientemente declarar, “Deus está
morto”.
Contexto político
A macro política educacional do Estado brasileiro e outros, ao determinar
que a teoria da criação não pode ser ensinada nas escolas e universidades públicas,
eles estão autorizando os professores a matarem Deus como criador e mantenedor
de toda ordem existencial. Substituindo a teoria da criação por hipóteses
científicas, como as teorias hipotéticas da Evolução e do Big Ban, ambas do
século XIX e XX, a política, através da educação pública e dos professores que
as defendem como verdades, decretaram formalmente a morte de Deus.
Teoria da evolução
Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês, segundo sua teoria, a
luta pela vida (struggle for life) e a seleção natural são consideradas como os
mecanismos essenciais da evolução dos seres vivos. A ideia de seleção natural é
o cerne de seu pensamento, isto significa que, os organismos vivos formam
populações denominadas espécies e estas apresentam “variações” graças às quais
certos indivíduos são melhor “adaptados” a seu meio ambiente e geram uma
descendência mais numerosa; assim, a “seleção natural” designa o conjunto dos
mecanismos que triam (escolhem) os melhores indivíduos; e graças à “luta pela
vida”, as populações evoluem lentamente, vale dizer, se transformam e se
diversificam produzindo formas cada vez mais complexas. É na ordem das espécies
(1859) que se encontra a exposição “canônica” da teoria da evolução por seleção
natural.
Já dizia Thomas R. Malthus (1766-1834), o crescimento da população
mundial representa um perigo para a humanidade na medida em que é maior do que
o dos meios de subsistência. Os seguidores dessa teoria (os malthusianos),
sugerem que boa parte das chamadas “doenças modernas”, assim como a violência
nas grandes cidades, já seria sintoma de um superpovoamento. Na concepção de
alguns ideólogos sociais, pensa-se a concorrência econômica como uma
concorrência natural, a ponto de dizer que a exploração de uma classe por outra
também é natural e necessária ao bom funcionamento da sociedade. Em Darwin, a
expressão “concorrência vital” não possui essa conotação ideológica; para ele,
o melhor, o mais apto, não é outro senão aquele que encontra, por acaso, um
meio favorável à sua sobrevivência não considerado como o melhor em si. A
concorrência vital, diferente do darwinismo social, de cunho malthusiano, é
apenas o meio pelo qual a natureza opera a seleção: luta entre cada indivíduo e
seu meio.
As questões que podem ser postas são: Quais seres evoluem? E se evolui,
como se dá o processo? Evolução e mutação é a mesma coisa? Não. Mutação ou
metamorfose é um processo natural, quando uma larva vira borboleta acontece uma
transformação, metamorfose. Geneticamente pensando e cientificamente comprovado,
é impossível de um único genótipo gerar seres ou espécies diferentes. Assim
sendo, a teoria da evolução que ensina que o homem evoluiu de um primata, no
caso, o macaco, é uma falácia. O que acontece no que Darwin define como
evolução é apenas mudanças de fenótipos, isto é, mudanças na aparência em
consequência do ambiente onde o indivíduo, por acaso, adaptou-se a um novo
ambiente. Nesse contexto, a camuflagem, características de alguns seres vivos,
não pode ser considerado evolução e nem elos do processo, pois, a capacidade de
camuflagem nestes entes vivos é natural.
Então, quando o Estado diz que deve ensinar apenas a teoria da evolução negando
que se ensine a teoria da criação nas escolas, ele, as escolas, as
universidades e os professores estão “matando Deus”, isto é, eliminando Deus
como criador e mantenedor da ordem existente do consciente humano. Os
principais conceitos “criados” pelos filósofos, utilizados para questionar a
ordem existente, são extraídos da bíblia, reinventados para, a partir de uma
nova perspectiva conceitual, criticar o conteúdo bíblico. Logo, a bíblia, como qualquer outro livro, é
indispensável à construção de novos conhecimentos. Assim sendo, ignorá-la como
fonte de conhecimento útil para a educação formal é um erro; ou, então, possa ser
que haja outro propósito, no caso, concordando com a filosofia de Nietzsche,
Deus deve ser extinto do consciente da humanidade para que os instintos e as
pulsões reprimidas pelo Deus judaico-cristão aflorem naturalmente e a humanidade
possa ser livre de toda moral bíblica.
Teoria do big bang
Georges Lemaître (1894-1966), padre e cosmólogo belga, a partir das
equações de campo de Einstein, propôs a “hipótese do átomo primordial”. Isto é,
em algum tempo finito no passado o universo estava quente e denso, desde então
tem se resfriado pela expansão ao estado diluído atual e continua se
expandindo. Segundo os dados “científicos” disponíveis pela observação, de
acordo com as melhores medições de 2010, as condições iniciais ocorreram por
volta de 13,3 a 13,9 bilhões de anos atrás. Segundo Lemaître, se fizer uma
regressão do estado atual, atingir-se-á o estado de temperatura e densidão de
onde ocorreu a explosão inicial. Quando tudo o que existe estava quente e
denso, compactado, não havia espaço e nem tempo, com a explosão térmica desse átomo
primordial, iniciou-se o tempo e o espaço infinito, consequentemente a expansão
constante, gênese do cosmos (ordem universal), da natureza vegetal, animal e
tudo o que existe no planeta Terra.
Violência atual
Uma vez que matamos Deus, não O reconhecendo mais como criador e
mantenedor da ordem existente, O caminho está aberto a todos os vícios até
então reprimidos, as drogas, engano, ódio, vingança, promiscuidades,
narcotráfico, infidelidade conjugal, desonestidade, legalidade conjugal
homossexual, desarmonia nas famílias, assassinatos, imoralidades e pessoas mais
amantes dos prazeres que amigos de Deus. Para a filosofia nietzschiana o homem
tem que ser livre, isto é, viver acima do bem e do mal; isto significa que a
moral presente na bíblia e em alguns filósofos, tem que ser ignorada. Para
Nietzsche, a única verdade que existe são nossos sentimentos e pulsões
hormonais, nossos instintos devem ser atendidos, transformados em ação, caso
contrário, ainda estamos agindo dentro de alguma moral cristã, mas esta tem que
ser abandonada em nome da liberdade. Então, conclui-se que a barbárie crescente
na sociedade atual, não é sem causa. Pois, uma sociedade sem princípios morais
está condenada à liberdade, livre para agir acima do bem e do mal. Isto é, o
suprassensível Deus não existe. Por isso, creio eu, já é passada a hora de
revermos os currículos escolares como
centro de educação e formação de cidadãos que sejam capazes de agirem
livremente para promover o bem, sendo um agente da paz em suas famílias, na
cidade, estado e mundial e não da barbárie generalizada.
Filósofo Isaías Correia Ribas