Pesquisar este blog

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A TRAGÉDIA GREGA

Desde a mais remota antiguidade, o homem como ser no e do mundo em meio e parte de todo o universo das *contingências (dúvidas e incertezas), não consegue conviver em plena paz com a dura realidade das finitudes temporais sem se perguntar, qual é a finalidade dessa existência a qual estou inserido? Em meio ao “silêncio” universal que nos estamos inseridos, o homem, único ser de razão, busca encontrar uma explicação racional para o fato da existência.
O livro mais antigo e ao mesmo tempo o mais atual, nos diz que o primeiro casal, Adão e Eva foram criados através do logos (palavra) de um Ser, O qual, na mesma semana literal criou toda forma de vida que envolve o planeta Terra e o universo astral. O mesmo livro nos relata que alguns dos descendentes desse primeiro casal, por causa da entrada do pecado, os questionaram quanto a esse Deus criador que eles tanto falavam e cultuavam. Então, para concretizar os seus questionamentos, numa atitude desafiadora, deixou o convívio do patriarca, mudaram-se para outra região e criaram uma pluralidade de deuses naturais para cultuarem. Em contra partida, o Patriarca e os que com ele ficou, continuaram cultuando o Deus único, O Criador. Logo, assim que o homem tomou consciência de seu estado de lançado ao mundo, fora do paraíso edênico (Jardim do Éden) buscou uma forma de transcender (tentativa de elevar-se além da realidade mundana), para amenizar a dura realidade das contingências existenciais que o angustiava.
A linha do tempo tem nos mostrado que o meio que nos leva à transcendência é a fé (crença), que pode ser depositada em um Deus criador, numa pluralidade de deuses criados, em hipóteses (teorias argumentativas), e às ciências empíricas (experimentos laboratoriais).
Os gregos, pai do racionalismo ocidental não foram diferentes, adotaram o politeísmo bíblico, tiraram deles a forma natural e lhes deram uma forma humana (*antropomorfa) e a partir desse novo modelo “divino” criaram uma nova forma de culto, a tragédia grega.
A tragédia nasceu de suas crenças no destino (moira), lei maior da natureza: todos estão condenados a morrer, isto é, nascer, crescer e desaparecer. Para os gregos antigos essa vida não tinha sentido lógico. Tudo na natureza está predestinado à destruição e assim também acontece com os homens, independentemente de suas escolhas ele chega lá, morre. O termo tragédia vem de Tragöi (coral), o som harmonioso do coro atinge o homem e é útil à sua formação emocional e moral, assim, associados aos sons, suas máscaras criavam o ambiente propício para o espetáculo da tragédia. Mas qual era o sentido da existência desse teatro trágico? É que para os gregos antigos, o viver era uma tragédia, não tinha sentido e onde não há sentido, busca-se, cria-se, inventa. A tragédia era para os gregos um tipo de cartase (purificação) dos sofrimentos, pois o modo de vida deles continha muito sofrimento.
O homem grego consultava os *Oráculos (velhos sábios), que o aconselhava e lhe previa o futuro, mas para quem crê na predestinação, essa postura é no mínimo paradoxo. Em toda Hélade (território) da Grécia antiga, suas Polis (cidades Estados), viviam em constante estado de lutas entre si, guerrear era parte de sua cultura, daí, para sobreviver, era preciso lutar e nesse estado a juventude era constantemente ceifada e suas famílias viviam em constante crise existencial. Então, diante dessa crise, os pensadores inventaram a tragédia grega, uma religião grega, onde todos, ao som do coral cantavam e os seus sofrimentos eram purificados em conjunto. Pode-se dizer que cada uma das Polis tinham a sua tragédia, o seu culto, e assim, das coisas sem sentido nasceu à tragédia grega que os ensinava como lidar com os sentimentos mais profundos e terríveis. Se não aprendessem a lidar com os seus sentimentos toda Grécia poderia perder o sentido de viver, perdendo-o, possivelmente sua história seria outra.
Os deuses gregos eram imortais, tinham a forma humana, estavam entre eles e habitavam na montanha mais alta da Grécia, o Olimpo. Qual era o papel do herói na tragédia grega? Imitar os deuses. Mas como ser imortal se morriam nos combates? Os heróis gregos eram diferentes dos heróis de Hollywood que são exaltados e honrados em vida pelos seus feitos. O herói grego é aquele que morria combatendo, já que não eram imortais como os deuses, aprenderam os guerreiros gregos que alguma coisa tinha que valer a pena naquele viver sem sentido. Por isso lutavam até a morte, pois, por meio de seus feitos seriam lembrados, tornavam-se imortais análogos aos habitantes do Olimpo. O guerreiro era ensinado pelos oráculos a não evitar a própria morte e jamais tentar fugir das previsões oraculares. Então, nunca pares de lutar, nem de combater, se morrer lutando estas morrendo pelos seus, pela sua Polis, só assim serás lembrado e eternizado. Deste modo era construído o sonho, ou melhor, a ideologia para os guerreiros gregos. Então, eis o sonho de todo jovem grego, o sonho de ser um herói: morrer em combate, lutar até a morte, pois, herói que é herói, morre lutando.
A tragédia era um culto com coro musical que servia para educar moralmente os jovens, local onde as famílias unidas compartilhavam suas dores, seus sofrimentos do viver sem sentido, sofriam juntas suas “perdas” e conseguiam entrar em estado de purificação e limpeza. Assim, a tragédia alcançava o seu objetivo: dar “sentido” a vida, purificar os sentimentos e preencher o vazio que a vida lhes legava. Ideologia é um conjunto de ideias elaboradas por pensadores para dar sentido ao viver daqueles que estão perdendo a perspectiva de viver, com objetivo de mascarar a realidade, é uma mentira lógica, uma utopia.
A questão é, será que alguém consegue viver neste mundo sem se transcender? Alguns sim. Porém, lembremos que o homem é composto de algo além de si, ele não é apenas o que pensa ser, ele não está no controle de nada, ele é a sua própria incógnita. Então, a transcendência lógica, entendo, é a saída mais segura para o viver em paz enquanto se espera. Isto é, viver segundo o plano do Criador, e deste não faz parte as instituições religiosas Católicas, protestantes e espiritualistas, todos esses trabalham com a transcendência mística, antagônicos a transcendência lógica, todos são adeptos das falácias teológicas, eles são contrário ao desenvolvimento intelectual de seus rebanhos, pois somente assim poderão usá-los para construírem um céu aqui na Terra às suas elites institucionais. As teologias atuais, segundo Ludwig Feuerbach (1804- 1872), defensoras da teologia da prosperidade e da libertação são exemplos de teologias antropocêntricas. Marx e Nietzsche também criticaram a utilidade das religiões de seus dias: Karl Marx (1818-1883) classificou-a como “ópio do povo’ e Friedrich Nietzsche (1844-1900), disse que “A barbárie doentia aumentou até chegar ao poder como igreja”. Fazendo uma distinção entre Cristo e o cristianismo disse: “ninguém é suficientemente “convertido” ao cristianismo, basta ser suficientemente doente para tanto”. “Somente a prática cristã, uma vida como a dele, que morreu na cruz, é cristã” (...). Ainda uma vida assim é possível, para alguns homens até necessária: o cristianismo verdadeiro, o original, será possível em todas as épocas... Não uma fé, mas um agir, sobretudo não fazer muitas-coisas, ser de outra forma... Reduzir o ser-cristão à cristandade, ao ter por verdadeiro, a uma fenomenologia da consciência significa negar o cristianismo” (NIETZSCHE O Anticristo maldição do Cristianismo, pág. 59, 61 e 75, ed. 1905). Ellen G. White (1827-1915), profetiza contemporânea para as gerações dos últimos dias é, no meu entender, a única a apresentar uma transcendência lógica, sem máscaras. Caso queira investigar, leia a sua “principal” obra: O Conflito dos Séculos.
Isaías Correia Ribas, filósofo e professor de filosofia.

sábado, 9 de outubro de 2010

Ontologia

A filosofia ocidental nasceu na Grécia por volta do (séc. VII a. C.) com Tales de Mileto. Foi a partir dessa época que o modo de pensar e explicar a realidade começou a sofrer alterações, ou podemos dizer, surgia mais uma forma de explicar a vida, a existência, o que é real. Opondo-se as explicações míticas e monoteístas, a filosofia olha, ou podemos dizer, o homem volta-se exclusivamente à physis (natureza) como sendo o único objeto pelo qual podemos chegar à verdade da existência. Há grandes filósofos Contemporâneos que defende essa tese naturalista, Friedrich Nietzsche (1844-1900) é o maior deles. Mas, para decepção dos filósofos naturalistas, conhecidos como pré-socráticos, suas conclusões da análise da natureza foram frustrantes, não conseguiram explicar a gênese, o existir e a manutenção da realidade universal analisando apenas na natureza. Heráclito (séc. VI e V a. C.), um dos principais filósofos naturalista concluiu que tudo o que há no universo surgiu de causa natural, de um movimento sem causa primeira, o próprio movimento de geração à corrupção, nascimento e morte, oscilando em ser e não ser simultâneo, é a causa e a manutenção do equilíbrio universal.
Esse modo de pensar filosófico deu ao mundo ocidental uma nova perspectiva para entender e explicar o que existe, o que é o real. Daí, para nós ocidentais, o que existe é o que se “vê”, que podemos “pegar”, “sentir”, seja concreto ou abstrato. Por isso Parmênides, contemporâneo de Heráclito, questionou-o ao formular a filosofia ontológica (estudo do ser), concluindo que o ser é, e o não ser não é, contrapondo a filosofia obscura de Heráclito que afirmava que as coisas são e não são ao mesmo tempo.
Vem desse novo modo de pensar ocidental a nossa dificuldade para aceitarmos a existência daquilo que não vemos e não sentimos a sua concretude. Partindo da filosofia naturalista, tanto os pré-socráticos quanto os empiristas renascentistas a contemporâneos, questionam a existência de um Deus criador e mantenedor do universo: é impossível a existência daquilo que não vemos, que não podemos apalpar, afirmam eles. Logo, Deus não existe. É lamentável, mas os empiristas e cientistas em geral, optaram pelo pensamento limitado, valorizando apenas as finitudes naturais, esquecendo que o homem não é apenas físico, mas um composto de polis-físicos, emocionais, psíquicos racionais, que até hoje os pensadores buscam compreender. Cada indivíduo é um composto de limitadas forças com infinitas possibilidades de combinações potenciais.
René Descartes (1596-1650), com o seu cogito ergo sum, “penso, logo existo”, já questionava essa limitação empirista. Charles Sanders Pierce (1839-1914), por meio de sua arquitetura filosófica fundamentada na semiótica (teoria dos signos), nos tira dessas limitações ocidental: o que existe está além daquilo que vemos e apalpamos, concluindo: Deus não existe, porém, é real. Isto é, a existência de algo não pode estar limitada a concretude física, aos laboratórios. Fazendo isso o homem está anulando seus sentimentos, sua razão, inferiorizando-se, buscando “compreender” somente o que é sensível, negando assim, sua inteligência.
Os sentimentos que há em nós como o amor, a tristeza, o ódio, a felicidade são qualidades que estão além do que vemos e apalpamos, porém, são reais e ninguém duvida disso. Logo, podemos afirmar que os sentimentos não existem, porém, são reais. Eles fazem parte de uma conclusão lógica, indubitável. É justamente nesta esfera que se encontra Deus, o criador do universo, defendido pelo pensamento bíblico. Por isso o apóstolo João diz: Deus é amor. (I São João 4:8). Então, podemos concordar e afirmar, Deus não existe à nossa realidade filosófica, porém, é real.
Os orientais não têm essa dificuldade para compreender e aceitar a realidade metafísica porque não foram, até o momento, limitados pela filosofia ocidental.
Isaías Correia Ribas, filósofo e professor de filosofia.

domingo, 26 de setembro de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O ESTADO DE ISRAEL DE 1948 - E O ATUAL IRÃ

Será que existe alguma relação desse atual Estado de Israel com o Israel dos tempos bíblicos? E o Irã, qual a sua relação com os escritos bíblicos dos Hebreus e o seu papel político neste mundo globalizado?
Com que propósito fora criado esse Estado de Israel, é um desafio aos escritos bíblicos ou é apenas um meio de imposição da política Ocidental aos povos do Oriente Médio?
Para dar meu parecer a essa questão, terei que consultar os historiadores da antiguidade, a bíblia, a história do verdadeiro Israel segundo Flávio Josefo, fazer uma reflexão sobre os fundamentos da filosofia grega, e de lá viajar a atualidade.
Vou iniciar situando dois historiadores em seu tempo e espaço, o primeiro é o pai da História, Heródoto (485-430 a. C.). Nasceu em Helicarmasso, cidade da Grécia Antiga, atual Bodrum na Turquia. Sua principal obra está dividida em nove volumes, escrita por volta de 440 a. C., que ganhou o nome de História.
O segundo é Flávio Josefo, em latim, Flavius Josephus e em hebraico, Yosef bem Matityahu. Nasceu em Jerusalém no ano 37 ou 38 e morreu em 103 d. C., soldado e historiador Judeu. Seu pai era sacerdote e sua mãe descendia da casa real hasmaneana. Escreveu a história dos Judeus que está contada em português em nove volumes.
Heródoto falou também das guerras entre Israel e os outros povos. Registrando os fatos que ocorreram por ocasião da invasão dos egípcios à Jerusalém, enquanto Roboão era rei, ele disse que o nome do rei do Egito era Sosester. Flávio Josefo disse que em tudo ele registrou corretamente, apenas equivocou-se com relação ao nome do rei que não era Sosester e sim Susac. “Nesta ocasião, Susac temendo o rei egípcio, covardemente entregou-lhe todos os tesouros do templo” (Flávio Josefo, História dos Hebreus, Vol. III. pág. 75, Editora das Américas, 1956).
Desde a antiguidade edênica (Jardim do Éden), a humanidade dividiu-se em duas classes, politeístas e monoteístas. O exemplo primeiro é Caim. Naqueles idos, quando o indivíduo se rebelava aos princípios monoteístas, ele abandonava a comunidade mono e fundava comunidades com princípios politeístas, onde podiam, sem limite algum, estabelecer os seus princípios imanentes, sugeridos pelos impulsos das paixões vis (carnais). “Então, saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do jardim. Caim edificou uma cidade e deu-a o nome de seu filho, Enoque”. Gên. 4: 16 e17.
Essa primeira fase histórica findou-se com o dilúvio que ocorreu 1662 anos após a criação que, culminou com a destruição de toda aquela sociedade politeísta salvando apenas Noé e sua família monoteísta (Flávio Josefo, História dos Hebreus, VOL.III. pág. 23).
Com Noé e sua família houve o recomeço. Porém, a história se repetiu. Cão ou Cam, e sua descendência, a exemplo de Caim, foram os responsáveis pelo ressurgimento do politeísmo, que culminou com a construção da torre de Babel, que fora construída com a intenção de livrarem-se de outro possível dilúvio. Só que, para a frustração deles o segundo dilúvio não veio, mas sim, a divisão do único idioma falado. Assim, os vários idiomas causaram as diásporas, dispersão dos vários grupos linguísticos a encontrarem uma região própria, forçando o povoamento de todo o planeta Terra.
Seiscentos e quarenta e dois anos após o dilúvio, o politeísmo predominara entre todos os povos novamente. E agora, o que fazer para conscientizar a humanidade quanto aos princípios do monoteísmo, sem uma intervenção sobrenatural, como ocorrera antes do dilúvio e aos construtores da torre de Babel? Foi então que Deus, segundo a bíblia nos relata, deu origem a uma nação politicamente organizada para representá-lo. “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação. Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera” (Gên. 12: 1-9). Essa nação eleita foi legalmente organizada segundo o plano divino, até a morte de Cristo, ou segundo alguns teólogos, até a morte de Estevão (34 d. C.). Historicamente falando, eles foram descaracterizados como nação eleita por ocasião da destruição de Jerusalém pelo poder romano, sob o comando do General Tito (70 d. C.), causando assim, a diáspora judaica.
Quando ouvimos falar em templo a Júpiter, templo a Hércules, automaticamente já nos remetemos aos povos antigos, romanos e gregos, porém, esses templos e essas divindades já pertenciam a outros povos. Hiram, rei dos Tiros, contemporâneo de Salomão rei de Israel, que reinou por volta do séc. X a. C., já prestara culto a Júpiter, a Hércules e a Astarte, (essa Astarte é a Afrodite dos gregos), o entre parentes não está em Flávio Josefo, Hiram foi o primeiro ou um dos, a erguer uma estátua a Hércules, no mês de fevereiro. Nessa época ele já estava reformando esses templos. Suas reformas foram inspiradas na suntuosa obra que Salomão estava construindo a seu Deus, o criador de tudo. Hiram, rei de Tiro, adepto do politeísmo quisera fazer o mesmo aos seus deuses (Josefo, História dos Hebreus, vol. III Pág. 45).
A partir da instituição da nação dos Hebreus (Israel) por iniciativa divina, o antagonismo entre politeístas e monoteístas “afastam-se” do campo estritamente religioso e mitológico, para fundir-se às políticas estatais.
A filosofia grega, a clássica, é a expressão máxima do politeísmo bíblico, responsável pela estatização do politeísmo. Essa expressão máxima deu-se com o racionalismo filosófico, ou o antropocentrismo. Isto é, o conhecimento deixou de ser fundamentado na revelação divina e na oralidade mitológica, para estabelecer-se sobre a argumentação filosófica, que articula entre “Deus”, ser necessário, a mitologia e o misticismo oriental, em especial, dos pitagóricos.
Os racionalistas Pré-socráticos se preocuparam em filosofar sobre a Physis (natureza), queriam eles que em algum elemento natural estivesse uma substância, o elemento constituinte originador de tudo o que compõe o Cosmo (ordem natural do universo). Heráclito foi o filósofo pré-socrático que destruiu toda pretensão filosófica natural, deduziu ele: todo o Cosmo está contido num eterno (movimento) de geração à corrupção (nascimento à morte) e nada mais, isto é, o movimento por si só se sustenta. Heráclito, embora argumentasse obscuramente, sua conclusão filosófica foi simplista e óbvia. O filósofo contemporâneo Nietzsche (1844-1900) e seus admiradores pretendem eternizar Heráclito e sua filosofia natural, são obscuros e ao mesmo tempo simplistas, eles não filosofam a partir do movimento, criaram outro conceito, o devir, tudo está no devir e este é o eterno retorno.
Parmênides, seu contemporâneo e antagonista direto, protestou a conclusão de Heráclito e deu novos rumos à filosofia grega, criando a Ontologia (estudo do ser), e posteriormente, Platão, vislumbrou uma realidade metafísica, além do mundo natural, dimensão além da física. Metafísica, que originalmente em grego significa sobrenatural (sobre a Physis), a qual ele próprio determina a “segunda Navegação”, isto é, indo além da primeira navegação, a filosofia da natureza, que não dera conta de explicar a realidade do Cosmo.
Todo filósofo que faz escola é, em sua essência, um sacerdote do racionalismo politeísta, pois o objetivo primeiro é negar o monoteísmo apresentado no Gênesis bíblico. Para os filósofos, deus é apenas um conceito necessário, e quando se referem a um deus, nunca se referem ao Criador, mas sempre ao deus ou deuses que eles criaram.
O Estado de Israel na sua origem era o representante do monoteísmo criacionista, o resto do mundo representava o politeísmo que se opunham a ele. Além disso, nesse contexto, estava também envolvida a guerra espiritual entre o bem e o mal, a salvação e a perdição do indivíduo. Então, não é por acaso que a história dos israelitas é uma constante de altos e baixos, pois no seu contexto está envolvido a mais intricada trama, guerra composta de elementos físicos e metafísicos ou, como diz o Apóstolo Paulo, as Potestades celestiais e deste mundo... .
Salomão, construtor do templo sagrado de Israel em Jerusalém destinado ao culto divino, foi o rei que também trouxe as práticas politeístas a Israel. Ele só não foi punido por seus atos politeístas por causa do amor que Deus tinha por seu pai, Davi. Porém, como consequência, após a sua morte, o reino foi dividido em dois, o de Israel e o reino de Judá. O reino de Israel somava dez tribos, cujo rei era Jeroboão. O reino de Judá ficou com duas tribos e o seu primeiro rei foi Roboão, filho de Salomão e sua capital era Jerusalém onde estava o sagrado templo que Salomão construíra. Jeroboão, rei de Israel, por causa da briga que tivera com Roboão, resolveu construir dois outros templos para que seus súditos não adorassem a Deus no mesmo recinto, e assim, construiu um na cidade de Bethel e outro em Dan e mandou fazer dois vitelos de ouro, ídolo que “representava Deus”, e colocou nos templos com o propósito de impedir que os seus súditos se encontrassem com seus irmãos judeus que adoravam o Deus criador sem um ídolo mediador.
Um bom percentual de israelitas percebendo a cilada que Jeroboão estava lhes impondo: queria ele que nenhum de seus súditos voltasse às práticas monoteístas então, os que descendiam pela fé de Abraão e queriam cultuar segundo o patriarca lhes ensinara, emigrava para o reino de Judá e iam servir ao criador. Foi por esse motivo que houve um grande crescimento demográfico entre os judeus naqueles idos.
O FIM DO REINO DE ISRAEL
Segundo Josefo, o reino de Israel, após a divisão da nação israelita, durou apenas duzentos e quarenta anos, sete meses e sete dias, depois que eles haviam se revoltado contra Roboão. Foi assim que aquele infeliz povo foi castigado por ter desprezado a lei de Deus e a voz dos profetas, que tantas vezes predisse às desgraças que eles cairiam se continuassem em tal impiedade. Jeroboão foi-lhe o ímpio e infeliz autor, quando tendo subido ao trono, levou o povo, a seu exemplo, à idolatria e atraiu contra si e ao povo a cólera de Deus que os castigou como mereciam.
Salmanazar, rei da Assíria, tendo sabido que Ozéias, rei de Israel tinha mandado secretamente ao rei do Egito, embaixadores, para convidá-lo a tomar parte na aliança contra ele, marchou com um grande exército para Samaria, no sétimo ano do reinado deste soberano e depois de um cerco de três anos, apoderou-se da cidade, no nono ano do reinado desse príncipe e no sétimo ano do reinado de Ezequias, Rei de Judá; aprisionou Ozéias, destruiu inteiramente o reino de Israel e levou todo o povo escravo para a Média e para a Pérsia; mandou à Samaria e a todos os outros lugares do reino de Israel, colônias de chutueeses, que são povos de uma província da Pérsia, que tem esse nome por causa do rio Chuth, ao longo do qual habitam.
Foi assim que as dez tribos que compunham o reino de Israel foram expulsas de seu país, novecentos e quarenta e sete anos depois que seus antepassados o haviam conquistado, após a saída do Egito, pela força das armas, oitocentos anos depois da dominação de Josué, duzentos e quarenta anos, sete meses e sete dias, depois que eles haviam se revoltado contra Reboão, neto de Davi (II reis 17 e Flávio Josefo, História dos Hebreus, Vol. III. pág. 217 e 218).
Esses novos habitantes da Samaria, que se chamavam chuteenses, pela razão que dissemos, eram de cinco nações diferentes, que tinham cada uma um deus particular e eles continuaram a adorá-los, como faziam em seu país... . Esses povos, que os gregos chamavam de samaritanos, continuam ainda hoje na mesma religião. Mas eles mudam com relação a nós, segundo a diversidade dos tempos, pois, quando a nossa situação é boa, eles protestam que nos consideram como irmãos, porque sendo uns e outros descendentes de José, nós temos nossa origem de um mesmo ramo. Quando a sorte nos é contrária, eles dizem que não nos conhecem e que não são obrigados a nos amar, pois tendo vindo de um país tão afastado para se estabelecer naquele em que habitam nada tem de comum conosco (Idem, pág. 219 e 220).
Após a extinção do reino de Israel, por Salmanazar, rei da Assíria, o reino de Judá passou a ser o povo eleito o representante do culto monoteísta neste planeta. Doravante, toda referência a Israel está no passado, servindo apenas de exemplo aos que queiram aventurar-se na desobediência às leis do criador.
O reino de Judá, dois séculos após a extinção do reino de Israel, foi também cativo do Rei da Babilônia, Nabucodonosor, por causa de sua desobediência aos princípios divinos. Por setenta anos foram cativos dos babilônios, mas Nabucodonosor não colocou estrangeiros no território dessa tribo como fizera Salmanazar aos israelenses, preferiu deixar Jerusalém deserta. Findo o cativeiro, já nos dias de Ciro, Rei da Pérsia, este permitiu que eles voltassem para reconstruir Jerusalém e o sagrado templo que Salomão construíra. Foi nesta ocasião que eles começaram a serem chamados de judeus, e ao país foi dado o nome de Judéia (Idem, pág. 343).
Outro documento que prova a extinção dos israelitas vem do maior conquistador de todos os tempos, O macedônio, Alexandre Magno, o Grande. Próximo do fim de suas conquistas, Alexandre foi aconselhado a marchar contra Jerusalém pelos inimigos destes. Aproximando sozinho do Grão-sacrificador judeu, adorou aquele augusto nome e saudou o Grão-sacrificador, ao qual ninguém ainda havia saudado. Então os judeus reuniram-se em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes, que o acompanhavam, ficaram surpresos, de tal espanto que julgaram que ele tinha perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado por todo o mundo, adorava o Grão-sacrificador dos judeus. Não era a ele, respondeu Alexandre, ao Grão-sacrificador, que eu adoro, mas é a Deus de quem ele é ministro. Pois quando eu ainda estava na Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, ele me apareceu em sonhos com esses mesmos hábitos e me exortou a nada temer, disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria à frente de meu exército e me faria conquistar o império dos Pérsas e todas as coisas suceder-me-ão segundo meus desejos. Alexandre, depois de ter assim respondido a Parmênio, abraçou o grão-sacrificador e os outros sacrificadores, caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o Grão-sacrificador lhe dissera devia fazer. O Soberano Pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos Persas e disse-lhe de que não duvidava de que era dele de quem a profecia fazia menção. Alexandre ficou muito contente; no dia seguinte, mandou reunir o povo e ordenou-lhe que dissesse que favores desejava receber dele. O Grão-Sacrificador respondeu-lhe que eles lhe suplicavam permitir-lhes viver segundo suas leis, e as leis dos antepassados e isentá-los no sétimo ano, do tributo que lhes pagariam durante os outros. Ele concedeu-lhe. Tendo-lhe, porém, eles pedido que os judeus que moravam em Babilônia e na Média, gozassem dos mesmos favores, ele prometeu com grande bondade e disse que se alguém desejasse servir em seus exércitos ele o permitiria viver segundo sua religião e observar todos os costumes. Vários se alistaram.
Os samaritanos, cuja capital, então, era Siquem, situada sobre o monte Garizim, habitada por judeus desertores de sua nação, vendo que o conquistador tinha tratado com tanta bondade os de Jerusalém, resolveram dizer-lhe que também eram judeus. Pois, como dissemos a pouco, eles não nos reconhecem por compatriotas, quando nossas coisas vão mal e então falam segundo a verdade... . Perguntou-lhes Alexandre, se eles eram judeus, responderam-lhe que não e, então, lhes disse: eu concedi esse favor somente aos judeus (Idem, pág.380-383).
Em 168 a. C., o Império romano conquistou a soberania sobre o Império macedônio e a partir de 63 a.C., o general romano Pompeu anexou a Judéia (Palestina) ao já extenso Império romano. Agora, sob o controle romano, o último Império da antiguidade, Jesus Cristo nasceu. Era esta a condição de sua nação eleita, perdera a autonomia, a soberania, e a missão para qual foram eleitos e aguardavam por um livramento miraculoso prometido através de um salvador, descendente da linhagem da casa de Davi e dos fiéis adoradores monoteístas. Só que, para decepção dos Judeus, Jesus veio para salvar qualquer indivíduo que nele cresse e não mais um povo, ou uma igreja como querem os cristãos modernos e contemporâneos. Instituição religiosa alguma é um barco seguro para a salvação. Há uma igreja cristã, simbólica, que por um período de tempo determinado, seria depositária e defensora da verdade contida na bíblia. Esses períodos, segundo o Apocalipse, chamam-se: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia (Apocalipse: 2 e 3).
Laodicéia, segundo o livro de Apocalipse é último período da igreja cristã antes do segundo retorno de Cristo à Terra, e esse período é o Contemporâneo, notem que coincide com o bum do capitalismo e todas as igrejas e seitas estão apenas preocupadas em acumular riquezas e o que é pior, enriquecem-se a custa da exploração e do engano de seus fiéis.
Por ora, construirei um argumento fundamentado na bíblia que mostra uma das características daqueles que estarão de pé para recepcionar o Salvador, citarei alguns versos bíblicos que deixa claro as características dos laodiceanos, remanescentes que representam os cristãos que compõe a sua igreja dos últimos dias.
A característica primeira desde a antiguidade edênica foi, adorar o criador do universo no dia em Ele próprio estabeleceu para culto, descanso e reconhecimento de que há um criador. “Abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de sua obra que criara e fizera”. Gên. 2:3
“Lembra-te do dia do sábado, para santificar. Seis dias trabalharás e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado”... Êxodo 20:8-11
Jesus morreu na sexta-feira, dia de preparação para o santo sábado. “As mulheres que o seguiam, viram onde Ele foi sepultado, voltaram a preparar unguentos e no sábado repousaram segundo o mandamento”. Luc. 23: 54-56
“Apóstolo Paulo e seus companheiros, passando por Perge, chegaram a Antioquia da Pisídea; e entrando na sinagoga, no dia de sábado, sentaram-se”. Atos 13: 14; 16: 13; 17: 2; 18: 4
O que é o sábado entre o homem e Deus? “Entre mim e os filhos de Israel, será ele um sinal para sempre, porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e no sétimo dia descansou, e achou refrigério”. Êxodo 31: 16 e 17
“Certamente guardareis os meus sábados; por quanto isso é um sinal entre mim e vós pelas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor que vos santifica”. Êxodo 31: 13 e Ezequiel 20: 20
“E o Dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra aos demais filhos dela, os que guardam os mandamentos, e mantêm o testemunho de Jesus. Então me lancei aos seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”. Apoc. 12: 17 e Apoc. 19: 10
Dizem os cristãos: todas as religiões e seitas levam a Deus. Então, todos são eleitos?
O povo eleito por Deus guardou o sábado.
Os discípulos de Cristo e Ele próprio guardou o sábado.
Os cristãos primitivos guardaram o sábado.
Jesus foi sepultado na sexta-feira, passou o sábado na sepultura, e o anjo O ressuscitou no primeiro dia da semana em reverência ao Criador do universo que santificara a sétimo dia da semana.
Logo, quem não santifica o sábado, não pode fazer parte entre aqueles que representam o povo de Deus, nem todos os caminhos levam a Deus, nem todas as religiões e seitas são eleitas por Deus. Vou retomar o assunto anterior.
Os judeus acompanharam a trajetória de Jesus Cristo, porém, não O reconheceram como o filho de Deus. Tal qual Pilatos, preferiram sofrer as consequências que aceitá-lo como o enviado de Deus. Disseram por ocasião do julgamento da Salvador: “o sangue dele caia sobre nós e nossos filhos”. E assim, mais uma vez as influências politeístas levou a grande maioria a rejeitarem os caminhos régios do monoteísmo. Com o consentimento da morte de Estevão, por aqueles que perseguiam os seguidores de Cristo, e a destruição de Jerusalém pelos romanos, como citado anteriormente, os judeus, últimos descendentes da nação de Israel perderam também o seu posto de povo escolhido, passando a ter status comum entre as nações.
Com a destruição de Jerusalém, deu-se a diáspora judaica fazendo com que os judeus fossem para outros países da Ásia Menor, ou sul da Europa. As comunidades judaicas estabelecidas nos países do leste Europeu ficaram conhecidas como Asquenaz (netos de Noé). Os judeus do Norte da África (Sefardim) migraram para a Península Ibérica. Expulsos de lá pelo crescente cristianismo do século XV, migraram para os países baixos, Balcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização europeia, chegaram ao continente Americano.
De acordo com a bíblia, a diáspora judaica foi consequência da idolatria e rebeldia do povo de Judá para com Deus, o que fez com que Este os tirasse da terra que lhes prometera e os dispersasse pelo mundo, restando para eles à mesma oportunidade que há para qualquer indivíduo ser salvo: buscar individualmente a salvação em Cristo, através de uma busca consciente, separado de qualquer instituição religiosa, como porta de entrada ao reino de Cristo.
A ONU criou em 1948 um novo Estado de Israel. Esse novo Israel é obra do racionalismo, fruto do antropocentrismo e não é mais obra do teocentrismo, toda e qualquer semelhança como pretensão análoga ao Israel bíblico é falaciosa.
Qualquer aspiração político-cristã-democrática àquela região dar-se-á em frustrações, e o Ocidente sofrerá as consequências.
O modo de vida daqueles povos foi traçado desde a antiguidade pelo Onisciente doador da vida, Deus. Residem naquela região os descendentes de Abraão por parte de seu filho Ismael que ele tivera com sua serva Agar. Assim disse o anjo a Agar: Ele será como um jumento selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos. Gên. 16: 12
Graças ao amor divino demonstrado na cruz do calvário, qualquer indivíduo, de tribos, nações e etnias espalhadas entre os cinco continentes deste planeta, se assim preferir, ser herdeiro com Cristo e de seu eterno reino que Ele resgatara das mãos de Satanás por ocasião de Sua morte na cruz. Esse Novo reino, dará início por ocasião de seu próximo retorno literal à Terra conforme Ele prometera quando por aqui passou.
Dentro desse contexto de Gênese e finalidade dos fatos históricos, está em jogo, às revelações divinas contidas na bíblia e as interpretações filosóficas: a primeira é essa que acabo de apresentar que vem, segundo a bíblia, desde a eternidade. E a filosófica que nasceu no (século VII a. C.), ambas, filosofia natural e as revelações bíblicas, são os instrumentos que dividem, separam os que fazem a vontade de Deus dos que fazem a dos homens. Mesmo entre os filósofos Metafísicos de todos os tempos, inclusive a filosofia cristã Medieval, a finalidade não poderia de forma alguma sair do eixo do movimento de Heráclito, e do eterno-devir de Nietzsche, pois se assim fizessem estariam descaracterizados como filósofos.
ATUALIDADES
Todos os países do mundo estão hoje de olhos voltados ao Oriente Médio, especificamente para o Irã. Nosso país, o Brasil, está diretamente envolvido para encontrar uma saída racional e humanizada para os impasses que envolvem aquela nação e o resto do mundo. Mas no jogo político internacional, sempre o que impera nessas negociações são os jogos do poder, principalmente o bélico e o econômico. Logo, o discurso emotivo dificilmente será respeitado pelas principais potências detentoras desses poderes. Parabéns ao Brasil pela nossa política de paz e amor. Mas, infelizmente o mundo é movido pela filosofia de Heráclito: “a guerra e o poder bélico é o caminho da paz”. É um erro, mas fazer o quê? Mas é sempre bom alguém mostrar outro caminho. Todavia, as nações preferem os princípios antropocêntricos que os teocêntricos. Então, estamos todos com Jean-Paul Sartre (1905-1980), o homem está condenado a ser livre, a fazer conscientemente as suas próprias escolhas e se responsabilizar por elas.
Isaías Correia Ribas, professor de filosofia.