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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

ISAQUE E ISMAEL


Deus prometera a Abrão que sua descendência herdaria a terra de Canaã, mas havia um problema, Sarai, sua mulher era estéril. Voltando do Egito com todos os seus bens e Ló com os seus, chegaram em Betel, onde havia construído sua tenda e o altar; ali invocou o nome do Senhor! As riquezas de Abrão, mais as de Ló e seus servos eram grande e as pastagens para o gado não eram suficientes para todos, por esse motivo houve contenda entre os servos de Abrão e os de Ló. Foi então que Abrão disse a Ló: que não haja contenda entre nós, pois somos irmãos. Toda a terra está a sua frente, escolhe a que quiser e eu ficarei com a que sobrar. Ló escolheu a região oriental que se parecia com as do Egito pois eram bem irrigadas, compostas de planícies com boas pastagens que se estendiam ao longo do Jordão chegando até as cidades de Sodoma e Gomorra, dois promissores centros urbanos da época. Assim, separaram e Abrão ficou em Canaã. Após a separação, Deus volta a se comunicar com Abrão dizendo: “Levanta agora os olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa terra que vês, te ei de dar a ti, e à tua descendência para sempre”. Após contemplar tudo, Deus disse que deveria percorrê-la; então, saindo de Betel foi para Hebrom, onde instalou sua tenda e edificou novo altar. Enquanto isso, Ló se meteu em contendas e foi levado cativo pelos reis da região, sabendo Abrão do ocorrido, guerreou contra os reis e resgatou o sobrinho da confusão que se metera. Depois desse ocorrido Deus voltou a falar com Abrão em visão dizendo: “Não temas, Abrão, sou o teu escudo, o teu galardão será grandíssimo”. Foi neste dia que Abrão indagou a Deus sobre sua descendência uma vez que seu herdeiro seria o damasceno Eliezer, pois Deus não havia lhe dado herdeiro nativo, que saíra de suas entranhas, um filho de Sarai. Foi onde Deus afirmou, Eliezer não será o herdeiro, mas um filho que sairá de suas entranhas. Olhe para o céu e conte as estrelas que vês se és capaz, entendes? Como as estrelas são inumeráveis, será assim a tua descendência. Em seguida Deus mostrou em sonho o que aconteceria com sua descendência: peregrinariam em terra alheia e por quatrocentos anos seriam escravizados, mas sairiam dessa escravidão com muitos bens e os da quarta geração voltariam para Canaã. Sarai sentira-se culpada por Abrão não poder ter herdeiros legítimos, então, consentira consigo mesma em dar sua serva egípcia para ter filho em seu lugar, falou de seu plano e Abrão que consentiu desposando Agar que gerara Ismael. Após o nascimento de Ismael, Agar desprezava sua senhora Sarai, irritada com a situação obrigou Abrão despedi-la com seu filho, Abrão deu liberdade para Sarai fazer o que quisesse com sua serva; diante de tanta irritação e maus tratos, Agar fugiu com seu filho para o deserto, onde o anjo do Senhor a encontrou e pediu que voltasse e se humilhasse à sua senhora que seu filho também seria pai de grandes nações: “Ele será como um jumento selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos”. Abrão tinha oitenta e seis anos quando Ismael nasceu. Depois desses ocorridos, quando Abrão tinha noventa anos Deus lhe aparece de novo para dar mais instruções quanto aos princípios legais que sua descendência teria que incorporar enquanto nação escolhida para uma determinada função dentre as demais nações. Abrão passou a ser chamado de Abraão e Sarai de Sara. Neste dia foi instituído a circuncisão, isto é, todos da casa de Abraão e seus futuros descendentes teriam que ser circuncidados como todos os servos, inclusive os comprados por dinheiro, quem não se circuncidasse seria extirpado dentre esse povo que Deus elegera para Si como representante cumpridores de Sua vontade entre os povos. Neste dia Deus prometeu a Abraão que seu herdeiro nasceria de Sara, ele sorriu por dentro, pois, aos cem anos e sua esposa com noventa não era mais possível gerar filhos, mas dissera Deus, na verdade sua esposa gerará um filho e o chamará Isaque; é com ele que estabelecerei meu pacto perpétuo. E assim, na época determinada pelos anjos Sara e Abraão tiveram Isaque. Em Ismael e Isaque, Deus revelara os futuros conflitos político-ideológico-e-religiosos que dominariam todas as futuros povos, reinos e nações entre o Oriente e o Ocidente. Atualmente, as cinco religiões e suas denominações aliados à política, unidos, têm na perspectiva anular a influência dos escritos bíblicos como dignos de serem postos em prática na atual sociedade. Então, não é por acaso que todas as religiões do Oriente Médio como as do Ocidente, ao buscarem suas origens, chegam ao patriarca Abraão. Porém, nenhuma dessas atuais religiões se enquadram dentro dos princípios bíblicos que os verdadeiros descendentes espirituais de Abraão têm por dever e privilégio de adotá-los.
A fé, a inteligência, o amor, os desejos, os sentimentos e tudo mais que faz parte de nossa composição física, mental e espiritual são dons de Deus. Nossa composição física não é alterada ou moldada por nossa vontade. Porém, a fé, o uso da inteligência, dos desejos espirituais ou carnais estão sujeitos à ação de nossa vontade pessoal. Eu posso desejar e planejar ser um malfeitor, um bandido aterrorizador do outro, mas na medida em vou me especializando nessa prática, posso, devido as consequências, abandonar esse desejo e recomeçar uma vida totalmente oposta ao que eu desejava. Também, alguém que desejou ser um adepto de alguma religião, e, diante das exigências de fidelidade, abandonou sua fé e buscou se realizar na prática de algo oposto. Isso é comum às pessoas que buscam ter identidade própria, com consciência, uma experiência de vida. Outros, talvez a maioria das pessoas preferem viver como ovelhas tangidas ou guiadas por pastores e outros líderes que dizem constantemente o que devem fazer para serem “felizes”, ou melhor, sem se preocupar em ser autênticas, responsáveis por suas ações; o problema que vejo com esse grande grupo é que ele não desenvolve nunca, está sempre em busca de migalhas que caem das mesas alheias para saciarem seus falsos e mesquinhos desejos, estão sempre reclamando e esperando que o outro resolva seus problemas, esse grupo é um peso para o desenvolvimento pessoal, de uma família, de uma verdadeira religião, de uma cidade e de uma nação, esses nunca querem passar pelo processo do aprendizado, detestam estudar e analisar a própria vida para tirar suas próprias conclusões. Abraão é nos apresentado como o pai da fé, mas, para isso, pacientemente passou pela escola do aprendizado, aprendendo duramente que o homem, naturalmente, desconfia da capacidade ilimitada de Deus, ele é o exemplo de pai da fé porque pacientemente compreendeu suas fraquezas e humildemente continuou querendo aprender, assim, Deus revelou-lhe ser capaz de realizar o que promete independente das circunstâncias, o grande problema para Deus é o próprio homem que confia, mas, na prática desconfia do poder de Deus.
A Fé e a Razão
A fé é demonstrada pela ação, não depende de argumentação para justificar-se, a ação fala por si mesma. Já, a esperança é retórica, abre espaço para dúvidas, questionamentos e interpretações pessoais das verdades absolutas. O racionalismo filosófico-científico-religioso, pela esperança, controla as massas explorando-as por meio da fé que exige ação, mas, esta, segundo os líderes religiosos, devem ser desenvolvidas na prática de seus dogmas institucionais, nunca em direção ao assim diz o Senhor explícito nos escritos bíblicos. Discursos que pregam a esperança sem ação rumo ao assim diz o Senhor são falaciosos. Jesus disse que era o filho de Deus, fez muitos milagres aos olhos do povo, por isso alguns creram, outros que se sentiam prejudicados O rejeitava expulsando-O de suas vilas. Quando Ele estava pendurado na cruz muitos exigiram que Ele descesse para provar que era o filho de Deus, como o Seu propósito era outro, morrer para salvar a todos os que crescem, muitos não creram. Os líderes religiosos sabem disso, por isso associam à esperança algum milagre. Não há nenhum santo sem atos milagrosos, como também, a igreja Católica não canoniza nenhum benfeitor (santo) sem que seja comprovado algum milagre. Os protestantes e pentecostais associam sua teologia às curas espirituais e até físicas. Não há pastor protestante que não têm uma história de chamado para o ministério pastoral; eles sabem que o povo depende desses discursos místicos para validar e justificar sua profissão. Esses profissionais “sacros” e políticos sabem que o povo gosta de ser visto como galera; entendem que é muito difícil alguém querer se desligar do geral para ser autêntico, consciente e auto suficiente para ser diferente, um quebrador de paradigmas; por isso é muito difícil para estabelecer uma denominação religiosa autêntica, verdadeira segundo a ótica divina. Como também, é difícil para uma nação chegar ao status de primeiro mundo. Quando eu era criança no estado do Paraná, (1954-1972) a família que dominava a política era a dos Richas, até hoje eles continuam dominando a política daquele estado, isso se dá porque a maioria dos paranaenses não têm espírito autêntico, quebrador de paradigmas, aceitam ser dominados pelos mesmos que os exploram a mais de cinquenta anos, são dominados pelo espírito de rebanho, são gratos a Deus por ter alguém que os domine e esse dominador é tratado como se ele fosse o dono do estado. Isto não é característica apenas dos paranaenses, mas dos brasileiros, a educação que esses políticos dão ao povo é a educação que nos prepara para ser comandados, por isso nosso país continua sendo terra de escravos, podes crer, só há escravos enquanto houver escravocratas. Para agravar nossa situação, somos vítimas também dos líderes religiosos que fazem questão de colaborar para que a escravidão perdure o máximo possível, tanto que as escolas dos religiosos são apenas para suas elites e para quem possa pagar. Como o pobre depende da educação pública, e esta existe apenas como máscara, estamos condenados a comer o pão que o Diabo amassa com os próprios pés. Parece que a presidenta Dilma quer quebrar esse paradigma diabólico nesse seu último mandato, se ela conseguir pôr a educação de qualidade para todos e conseguir conscientizar os estudantes e seus pais que esse é o único caminho que liberta o pobre das amarras da exploração, em pouco tempo o Brasil será um país de primeiro mundo!     
É comum, ainda hoje, após o ano letivo, os professores aplicar uma prova final de avaliação. Essa didática remonta à antiguidade, é um método divino, quando Deus chamou Abraão para uma tarefa específica, para ser reconhecido como o pai da fé teria que passar por essa última prova. Um teste prático, nada de teoria. “Ele teria que deixar o geral e ingressar no absoluto, como um astronauta que abandona as limitações da terra para, de improviso, sentir-se apossado pelas forças básicas do universo que ele quer desvendar – e então descobre que essas forças cósmicas, que sustentam toda criação, são as mesmas que compõem o seu espírito! Porque, se nós não existíssemos, o próprio Deus não poderia ter existência real, e a sua criação é, assim, a sua mesma justificativa”. (KIERKEGAARD)
A lição que precisamos apreender é, o comportamento social simplório, de gado que precisa ser tangido, não é característica dos religiosos apenas, mas de todos que se contentam ser “espertos” ou ignorantes por opção, se esquivando da educação formal, preferindo viver no geral que ser autêntico quebrador de paradigmas, renovador do ultrapassado para que o movimento ascendente da educação seja uma realidade constante. Estado que não provoca no espírito de suas crianças e jovens esse espírito empreendedor está fadado à barbárie generalizada. Para os brasileiros sair desse marasmo de valorização da ignorância a que se unir forças de todos: políticos, religiosos e famílias, se isso não estiver no ideal dos responsáveis pela educação de nossas crianças e jovens a batalha não vai ser fácil, pois, há muitos que dependem da ignorância generalizada para enriquecer-se e dominar.  
A Abraão, como exame final, Deus pediu que ele oferecesse o filho da promessa em holocausto. Abraão foi preparado para essa prova final pelo próprio Deus, mas para o homem Abraão tal pedido poderia ser um absurdo, uma loucura, nada que ele pensasse racionalmente justificaria tal pedido. Ele poderia duvidar que Deus parecesse contraditório, que tal pedido fosse uma tentação do inimigo. Abraão estava pisando no lagar sozinho, ninguém que ele contasse tal pedido o apoiaria. Mas ele tinha certeza que o pedido procedera de Deus, ele estava familiarizado com o modo de Deus se comunicar com ele. ¹
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¹ Portanto, justifica-se o silêncio de Abraão. Ele não pode falar, compete-lhe apenas obedecer aos secretos desígnios de Deus, e oferecer seu próprio filho em holocausto, ainda que seu coração se rompa de angústia no peito. No alto da montanha de Morija, que lembra tantas outras montanhas onde Deus se comunicou aos homens, Abraão, como indivíduo, está sozinho diante do eterno. Não lhe pode a sua sabedoria, e sua hierarquia social, nem os ritos religiosos existentes (e os que venham a existir, se cada um de nós se colocar no papel de Abraão) – porque a opção é inteiramente sua. Ele deve realizar-se, deve escolher a sua diretriz e dar o seu salto no desconhecido. Essa decisão, que é um comportamento existencial ditado pela vontade individual, constitui a prova. Em que instante, porém, de sua existência, o homem vence a sua prova: quando a recebe, com ânimo disposta a cumpri-la, ou quando a cumpre, independente de todas as injunções que seu espírito sofra, das relações humanas e do conflito de seus próprios sentimentos?  (Ibid)
A filosofia existencialista não é filosofia porque está conectada com a divindade e, como tal, não cria sistematização filosófica. Segundo Hegel, a reflexão sobre a existência, não garante o conhecimento da verdade, porque, em seu entender, ela não é uma coisa que possa conhecer, mas sim que deve ser vivida em toda sua substância. Então, filosofia só é sistema filosófico quando anula a fé e exalta a razão; é nesse jogo de intenções subjacentes que os líderes religiosos usam sistemas filosóficos para negar princípios bíblicos, exaltando a razão em detrimento do explícito na bíblia. Atualmente, os discursos fundamentados no “bom senso” mundanizam as igrejas protestantes com modas que, num passado bem próximo, eram tidas como abomináveis. Gostaria de ver os modernos pastores sendo capazes de, através do bom senso defender os princípios bíblicos e não negá-los como fazem em benefício de uma massa que pensa estar praticando a verdadeira religião se adaptando às práticas mundanas e introduzindo-as às normas cristãs protestantes, fazendo-as aliadas ao mundanismo católico que nega os princípios bíblicos.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

KIERKEGAARD, Soren. TEMOR E TREMOR. Livraria exposição do livro. Gráfica Urupês –São Paulo, 1964