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quinta-feira, 25 de julho de 2013

FENOMENOLOGIA


     Estudo ou ciência dos fenômenos. Esta começou no início do século XX com alguns indícios no século XIX. Fenômeno é tudo o que aparece à nossa mente, logo, uma experiência própria, individual. Os fenômenos ou imagens aparecem-me dos objetos abstratos, concretos e metafísicos. Por exemplo: de um pensamento, de uma pedra e da ideia de deus com seus rituais. Em síntese, vivemos em meio aos fenômenos de toda natureza, e cada indivíduo, fundamentado em sua cultura e conhecimentos interpreta as imagens que lhe aparecem por meio dos sentidos. E essa interpretação é a sua verdade, mas o subjetivismo não deve ser, e não é, o fundamento universal e necessário da verdade. O subjetivismo é contingente, isto é, pode estar errado ou não, mas toda pretensa verdade deve ser submetida à validade universal e necessária. Mas, apesar da legalidade universal e necessária, cada indivíduo e grupos se orientam pela sua visão de mundo, a sua verdade, e assim, aparece as complexo fenômenos filosóficos-político-religioso nas diferentes partes do planeta, onde, cada um busca impor sua verdade aos outros como meio de saída das crises fenomênicas da atualidade.
O pensamento
     Eu penso ou o pensamento aparece para eu poder pensar? O ser humano difere de todos os outros entes animados do mundo. Somos mutáveis cognitivamente e essa mutação é a origem das diferentes culturas, mas independente de culturas, o homem é capaz de desenvolver o pensamento e executar o pensado; e nessa execução do pensado ocorre às evoluções e involuções sociais. Então, pensar é a chave do sucesso pessoal, familiar e comunitário. Quando os conhecimentos formal e informal estão associados, e não pode ser diferente, ao pensamento, a riqueza cognitiva aparece e muitos males que estão fundamentados na ignorância tendem a desaparecer da sociedade. Por isso, o Estado, para ser desenvolvido à luz do conhecimento contemporâneo, precisa valorizar e dar educação formal de qualidade para todos os seus indivíduos, cidadãos.
     Todos nós estamos condicionados e às vezes determinados por algo necessário, por exemplo: às necessidades fisiológicas, ao amor nas suas várias formas, à tristeza, a dor, à alegria, ao ódio, à empatia, à religiosidade, à curiosidade, às doenças, etc. e finalmente à morte. Porém, há algo superior em cada indivíduo que pode controlar alguns desses condicionamentos e determinações naturais, esse algo se chama razão, raciocínio, pensamento ou o logos.  Quanto mais conhecemos, a razão cognitiva se amplia e consequentemente teremos mais em que pensar; um grau de consciência maior e como desenvolver o pensamento. Então, autoconhecimento e autoconsciência estão descartados. Sábio é quem controla a si mesmo racionalmente, este, dificilmente será regido pelas paixões naturais e conhecimentos falaciosos.
Pedra
     Pegue uma pedra e tente vê-la de uma só vez em todos os ângulos. Quando olho para a pedra que está em minha mão, pelos sentidos ela aparece em minha mente e eu passo a perceber a sua dureza, sua cor e sua rusticidade, mas, é impossível apreendê-la de imediato em sua totalidade, mas, é possível apreendê-la por etapas; na medida em que vou girando a pedra em minha mão, a mente, que tem a capacidade de registrar os fenômenos vai interligando às diversas fases até que tenho consciência de toda a pedra e assim, o homem passa a conhecer os fenômenos mentais e as coisas. Melhor, conheço as coisas pelos fenômenos sensível-mentais. Pensando com maior profundidade, o homem, e suas constituições harmoniosa-psíquico-físico é o maior fenômeno desse universo finito-natural.
Metafísica
     Entende-se por metafísica qualquer discurso abstrato ou temas ligados a Deus, especialmente ao Deus bíblico, o Criador do Universo animado e inanimado, pois, não temos nenhuma ideia de como Ele é, a não ser àqueles que veem em Jesus Cristo a revelação deste Deus. Além deste Deus invisível, há outros milhares de deuses feitos pelos homens, os mitológicos, as imagens de esculturas religiosas e o próprio conhecimento. O fenômeno que pretendo apresentar, para a reflexão filosófica do leitor é: “os homens, entes de razão, têm atitudes irracionais quando se trata da metafísica religiosa, especialmente com relação a fé”. O homem, repito, é naturalmente religioso, isto é, ele precisa acreditar em algo superior, e esse algo é o seu deus, logo, o homem precisa transcender, ir além da simples natureza, pois, isso é muito pouco para um ser de razão, que se diz conhecer, que planeja e executa o planejado. O ateu é ateu por não acreditar em nenhuma forma de deus criador, mitológico e imagens de esculturas, mas ele não está livre das crenças. Quando se crê no conhecimento como a saída para todos os problemas da humanidade não deixa de ser uma crença, e quando ele percebe que o seu conhecimento não resolve todos os seus problemas e os do mundo, o ateu também se decepciona, ele também entra em crise existencial como qualquer outro crente, ele também passa a duvidar do conhecimento como a saída para todos os males e bens. Analisando friamente, todas as nações e povos estão fundamentados em uma crença, e muitas vezes crenças aparentemente absurdas quando olho a partir de minha ótica religiosa ou posição cognitiva. Logo, o Estado laico é uma invenção moderna, uma ilusão político-filosófica de uns poucos que pretendem viver dessa ilusão sem metafísica, ou melhor, sem o temor dos deuses, isso, para questionar, na prática, a política Medieval que dominava todos em nome dos deuses. O problema é, querem eliminar a fé, as crenças e os deuses, mas, continuam na prática da política Medieval, isto é, ignorância cognitiva generalizada aos trabalhadores e operários em geral. E assim, os princípios éticos e costumes morais estão sendo extintos e as nações estão entrando em crise existencial por ignorar, na prática, a existência dos deuses e principalmente do Deus Criador do Universo.
Analisarei a fenomenologia religiosa a partir da crise existencial do filósofo e teólogo de Copenhague, o dinamarquês, Kierkegaard, Sören Aabye (1813-1855).           
     Para Kierkegaard, na espécie animal, vale o princípio: o indivíduo é inferior ao gênero. Já, no gênero humano é o contrário: o indivíduo é superior ao gênero. Isto se dá porque cada pessoa é criada à imagem de Deus. É dentro do cristianismo, na defesa do indivíduo que se concretiza e desenvolve todo trabalho filosófico de Kierkegaard. Seu primeiro trabalho, Conceito de Ironia (1841), ele contrapõe o empenho ético da ironia socrática à ironia romântica. Ironia socrática: maiêutica (método de indagação ao indivíduo a partir de seu próprio pensamento para leva-lo a cair em contradição, percebendo assim, que nada sabia do que pensava saber); ironia romântica: filosofia de Hegel (que, em nome do Eu absoluto, não leva a realidade a sério). Segundo Kierkegaard, A vida finita do indivíduo é caracterizada pela escolha. É a vida da fé que constitui a forma verdadeiramente autêntica da existência finita, vida como o encontro do indivíduo com a singularidade Deus.
     A questão do significado da fé está na obra “Temor e Tremor” (1843). A fé vai além do princípio ético da vida. Abraão, em nome da fé em Deus, levanta o punhal sobre seu próprio filho. A questão é: como sabia Abraão que era realmente Deus que lhe ordenava matar o próprio filho Isaac? Então, se aceitamos a fé, como Abraão, a autêntica vida religiosa é um paradoxo: pois a fé em Deus, que ordena matar o filho, e o princípio moral que ensina amar o próprio filho entra em conflito e leva o crente a ser posto diante da escolha trágica.  
     A fé é paradoxo, e a angústia deriva da possibilidade infinita que tenho diante de Deus. E é ao problema da angústia como modo de ser do indivíduo, sua existência, que kierkegaard dedica O conceito da angústia de 1844. “A angústia é a possibilidade da liberdade: somente essa angústia, através da fé, tem a capacidade de formar absolutamente, enquanto destrói todas as finitudes, descobrindo todas as suas ilusões”. A angústia forma o discípulo da possibilidade e prepara “o cavaleiro da fé”.
     Em 1844 ele publicou Migalhas Filosóficas onde examina a ideia de maiêutica religiosa, analisando o significado da categoria do possível. Entretanto, em 1843 a publicação de: A repetição, onde, ao ideal estético da vida, é contraposta a reconquista de si, isto é, a autêntica existência através da fé. E em: Estágios no caminho da vida (1845), também examina o mesmo tema. E em: A doença mortal (1849), analisando as obras anteriores, Kierkegaard contrapõe o desespero, que é a verdadeira doença mortal, à salvação da fé, sustentando que, fora da fé, só existe desespero.
     No último ano de sua vida ele publicou nove fascículos do periódico “Momento”, que pretendia, através do qual, restaurar o verdadeiro sentido do genuíno cristianismo. Em forte polêmica com os religiosos, Kierkegaard teve o último período de sua vida ainda mais amargurado em virtude de uma série de ataques quase cotidianos de um jornal humorístico “O Corsário”.
     Além disso, tem fundamental importância o seu Diário que ocupa quase cinco mil páginas dos vinte volumes que compõe a edição póstuma de suas “Cartas”. Essas cartas começaram ser escritas em 1833 quando ele tinha pouco mais de vinte anos, chegando até setembro de 1855, menos de dois meses antes de sua morte. Segundo Cornélio Fabro, o Diário revela o espírito e o pensamento de Kierkegaard melhor do que qualquer outro escrito seu, pela intimidade e sinceridade, pela vastidão de dimensões que o seu espírito alcança, pela profundidade de análise do homem interior e pela comoção de estilo que se aproximam das Confissões de santo Agostinho. Lendo suas obras não é difícil perceber que seu pensamento é essencialmente religioso: é a defesa da existência do indivíduo, existência que se torna autêntica diante da transcendência de Deus. O indivíduo e Deus e a relação do indivíduo com Deus, são estes os temas da filosofia de Kierkegaard, uma autobiografia teológica. Assim ele se expressou: “o cristianismo não existe mais aqui, mas, para que se possa falar em revê-lo, era preciso despedaçar o coração de um poeta – e esse poeta sou eu”. O poeta cristão que “não crê em si mesmo, mas somente em Deus”, afirma em “O Momento” que morria tranquilo: “a luta acabou e ele se declara infinitamente grato à Providência, que lhe concedeu de sofrer para propagar a ideia do cristianismo como “verdade sofredora”. E a verdade cristã, por meio da escola do sofrimento, o tornara livre: “Humilhado através da tremenda escola, também adquiri a franqueza””.
Crítica de Kierkegaard ao sistema hegeliano
     Com corajosa franqueza e em nome da realidade que é o indivíduo, ele ataca a filosofia especulativa, especialmente o sistema hegeliano. Diz ele: “A existência corresponde à realidade singular, ao Indivíduo (o que Aristóteles já ensinou): ela permanece de fora e de qualquer forma não coincide com o conceito (...). Um homem singular certamente não tem existência conceitual”. Mas, reafirma Kierkegaard, a filosofia pareceu somente interessada no conceito, ignorando o que eu e tu podemos ser como existentes concretos; a filosofia se preocupa com o homem em geral, com o conceito de homem. Mas a nossa existência não é em absoluto um conceito. O indivíduo é o ponto que Kierkegaard enfatiza para invalidar as pretensões do sistema. Confessa ele: “Se eu devesse encomendar um epitáfio para o meu túmulo, não pediria mais do que ‘aquele indivíduo’, ainda que, agora, essa categoria não seja compreendida. Mas o será mais tarde. Com essa categoria, ‘o Indivíduo’, quando tudo aqui era sistema em cima de sistema, eu tomei polemicamente o sistema como alvo e, agora, não se fala mais de sistema”.
     Kierkegaard ligava a sua própria importância histórica à categoria de “Indivíduo”, vinculando-a também ao descaramento da mentira contida nos sistemas filosóficos que, precisamente, se interessavam pelos conceitos e não pela existência. “Isso acontece com a maioria dos filósofos em relação aos seus sistemas, como se alguém construísse um enorme castelo e depois, por sua própria conta, fosse morar em celeiro. Eles não vivem pessoalmente em seus enormes edifícios sistemáticos. Essa é e permanece (...) acusação decisiva”. E essa acusação se dirige a Hegel, cuja pretensão de “explicar tudo” e demonstrar a “necessidade” de todo acontecimento. O sistema não consegue engaiolar a existência, revelando-se assim, uma contrafação, uma caricatura do que existe de singular na existência do indivíduo. A figura sistemática é cômica, a figura de Hegel é cômica. É cômica a situação do espírito sistemático, que acredita poder dizer tudo e está persuadido de que o incompreensível seja algo fácil e secundário. Por isso, diz Kierkegaard: “brandi a brincadeira da ironia (...) contra a horrorosa solenidade dos especuladores”.
     Kierkegaard é mais duro contra Hegel que Schopenhauer; ele chega dizer, o hegelianismo, “esse brilhante espírito de podridão, é a mais repugnante de todas as formas de libertinagem, uma murcha pompa, abominável pompa corruptora. Afirma ele: Antes de Hegel, (...) houve filósofos que tentaram explicar a história. E a Providência só podia sorrir ao ver essas tentativas. Mas não se entregou ao riso desenfreado, porque neles havia sinceridade humana e honestidade. Mas Hegel! Aqui, necessito da linguagem de Homero. A que explosão não devem ter-se entregado os deuses! Um professorzinho tão sem graça, que pretende simplesmente ter descoberto a necessidade de toda coisa (...) e ei-lo agora dedicado a tocar toda a sua música no seu organum-zinho: escutai, portanto, ó deuses do Olimpo”!
Segundo Schopenhauer,
Hegel, que se declarava fiel protestante e nunca foi membro de qualquer grupo esotérico ou sociedade secreta, recebia, no entanto, dinheiro de agremiações maçônicas interessadas em promover a ideia de uma Religião de Estado para se substituir à igreja cristã (católica ou reformada). Com requintada habilidade sofística, o autor da Filosofia da História argumenta, de fato, em favor do cristianismo, mas sublinhando que, como Estado moderno incorpora e realiza em suas leis a essência perfeita do cristianismo, a igreja tornou-se desnecessária e o Estado vem a ser a suprema autoridade religiosa. Isso não faz de Hegel um intelectual de aluguel, pois a opinião que ele aí expressa não é só de quem lhe paga, mas também a sua própria. (...) Ele acaba se colocando, meio às tontas, a serviço da causa que mais nitidamente caracteriza a política do Anticristo sobre a terra: investir o Estado de autoridade espiritual, restaurar o culto de César, banir deste mundo a liberdade interior que é o reino de Cristo.
(SCHOPENHAUER, Artur. Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão Em 38 Estratagemas. (Dialética Erística) p. 51, Ed. TOPBOOKS. Rio de Janeiro – 2003)
     Kierkegaard: Hegel pretende ver as coisas com os olhos de Deus, de saber tudo, mas cai no ridículo; o seu sistema esquece a existência, isto é, o Indivíduo. Sua filosofia não se apoia em pressuposto equivocado, mas em “fundamento ridículo”: presume falar do absoluto e não compreende a existência humana. “O corvo que perde o queijo por culpa da eloquência – eis uma imagem da doutrina idealista, que, depois que tudo se perdeu nada mais mantém senão a si mesma”. Para Kierkegaard, todo sistema é ridículo, não valendo a pena discutir os princípios do sistema hegeliano. Um sistema que não interessa; que não tem importância. Ele não é importante para compreender a existência: “o Indivíduo”, a ética e a religiosidade, logo, está sempre e de qualquer modo fora do sistema.
     Kierkegaad não discute os princípios de Hegel. Ele procura deslocar os interesses da filosofia: Para ele, a filosofia não é sistema especulativo, e sim o diário íntimo de existência irrepetível. Em seu Diário, de 1844, perguntava-se Kierkegaard: “Por que, em nossos dias, a filosofia assumiu andamento tão enganoso e não diz palavra como os autores individuais se comportam? Não se consegue compreendê-los, porque não sabem como é que eles próprios existem. Assim, até as obras de primeira ordem escondem frequentemente a mentira: o autor não compreendeu a si mesmo, mas sim esta ou aquela ciência, coisa bem mais fácil do que compreender a si mesmo”.
Tempo e Eternidade
     O ‘Indivíduo’ é a categoria pela qual devem passar do ponto de vista religioso, o tempo, a história e a humanidade. Para Hegel, o que conta, como na espécie biológica, não é o Indivíduo, e sim a humanidade. Mas, para Kierkegaard, o Indivíduo conta mais que a espécie: o Indivíduo é a contestação e a rejeição do sistema. E, ao mesmo tempo, também é o Indivíduo – original, irredutível, insubstituível – que põem em xeque todas as formas de imanentismo e de panteísmo, com as quais se tenta reduzir, isto é, reabsorver o individual no universo. ‘O Indivíduo’: é com essa categoria que se mantém ou cai à causa do cristianismo (...). O Indivíduo é e permanece sendo a âncora que detém a confusão panteísta; é e permanece sendo o peso com o qual se pode comprimi-la.
     O “Indivíduo” e a fé são correlatos. Para Kierkegaard, a fé, isto é, o fato de ser cristão constitui o dado central da própria existência. Mas, uma vez assumido esse dado, logo se vê que a filosofia e o cristianismo nunca se deixam conciliar. Em outros termos, o crente não pode filosofar como se a Revelação não houvesse ocorrido. Com Cristo, tivemos a irrupção do eterno no tempo. E, para o conhecimento cristão, esse fato é absoluto, que, enquanto tal, não precisa ser demonstrado, pela simples razão de que os fatos não são para serem demonstrados, e sim para serem aceitos ou rejeitados. Quanto ao absoluto, “não podemos dar razões: no máximo, podemos dar razões que não existem razões”. Logo, a verdade cristã não é para ser demonstrada, mas testemunhada, reproduzindo assim, a Revelação na própria vida, “sem reservar, para o caso de necessidade, um esconderijo para si mesmo e um beijo de Judas para as consequências”. Logo, isso implica em testemunho total, porque, no que se refere a Deus, é impossível assumi-lo “até certo ponto”, pelo fato de que Deus é a negação de tudo o que é “até certo ponto”. Kierkegaard, “tanto para mim, tanto para a simples doméstica como para o professor, há em expectativa o sumo bem, a bem aventurança eterna”. Mas, eu ouvi dizer que o cristianismo é a condição para obter esse bem. E agora me pergunto: “Como posso eu reportar-me a essa doutrina”?
     Kierkegaard contesta a especulação do cristianismo; a tentativa de justificá-lo com a filosofia. O cristianismo não se trata de justificar, mas de crer. E, para crer, não é necessário ser contemporâneo de Jesus, pois, pelo fato de ver um homem não é suficiente para fazer-me crer que aquele homem é Deus. Afirma Kierkegaard: “os milhões de homens que têm como lei da existência o “antes ser como os outros” constitui uma massa de macacos que dá a impressão de ser alguma coisa, muito, uma força imensa. E, aparentemente, as coisas parecem ser assim, “mas idealmente toda essa massa, esses milhões, não conta nada: trata-se de existências desperdiçadas e perdidas”. Deus teve tal misericórdia dos homens a ponto de conceder a graça de querer se pôr em contato com cada Indivíduo. Por isso, quando os homens preferem ser como os outros, isso é delito de lesa-majestade contra Deus. A massa dos macaquinhos é culpada de lesa-majestade! E a punição será que Deus os ignorará”!
O princípio do Cristianismo
     O homem como Indivíduo, deve ter a coragem de relacionar-se com Deus, em relação com Deus e não com os outros. Isso significa que o homem não pode absolutamente nada, que é Deus quem dá tudo, que possibilita ao homem crer etc. Isso é a graça, e aí temos o princípio do cristianismo. Em suma, o cristianismo é a verdade por parte de Deus e não por parte do homem. Por isso, “professores” e “pastores” são unicamente canalhas: sua função seria a de satisfazer a eternidade, mas eles pretendem satisfazer o tempo; trata-se de “velhacos”, que consideram que é mais cômodo adular os contemporâneos. Esses canalhas, como Goethe, Hegel e, entre nós, Mynster, pregando ou pelo menos levando a efeito o princípio de que a verdadeira seriedade é satisfazer o tempo. Kierkegaard posicionou-se ao lado da vida cristã, não para demonstrá-la ou falar inutilmente sobre ela – coisa que os pastores e professores já fazem – Mas, muito mais para experimenta-la em sua própria existência: Eu me consagrei a esclarecer o que é o cristianismo, impelido por necessidade pessoal e também porque compreendi que era disso que o nosso tempo tinha necessidade (...). O cristianismo e o dever cristão constituíram a tarefa de minha vida, porque, com piedade profunda, compreendia que até a mais longa vida não seria demais para essa tarefa.
Possibilidade, Angústia e Desespero:
     O animal tem uma essência, portanto, ele é determinado; a essência é o reino do necessário, cujas leis a ciência procura. A existência, ao contrário é o reino do devir, do contingente e, portanto, da história. Em síntese, a existência é o reino da liberdade: o homem é o que ele escolhe ser, é o que se torna, logo, o modo de ser da existência não é a realidade ou a necessidade, e sim a possibilidade.
Segundo WHITE, G. Ellen (1827-1915), profetisa contemporânea:
“Lembrai-vos de que vossa responsabilidade não se mede por vossos recursos e aptidões atuais, mas pelas faculdades originalmente concedidas e as possibilidades de desenvolvimento”. (WHITE, G. Ellen. Testemunhos Seletos. V.. II. P. 159. ed. Casa Publicadora Brasileira – Santo andré, São Paulo, 1985)
 Kierkegaard: “a possibilidade é a mais pesada das categorias”. É verdade que se ouve dizer o contrário, que a possibilidade é muito leve comparada com a realidade, sendo esta muito pesada. Mas esses discursos provêm de “homens miseráveis”, que confundem a possibilidade com aquela “invenção falaz que os homens, em sua corrupção, brandem para terem menos um pretexto para lamentarem-se da vida e da providência e para terem uma oportunidade de se tornarem importantes aos seus próprios olhos”. “Na possibilidade, tudo é igualmente possível”. A existência é liberdade, é poder ser, isto é, possibilidade: possibilidade de não escolher, de ficar paralisado, de escolher e de se perder – possibilidade como “ameaça do nada”. A realidade é que a existência é possibilidade e, portanto, angústia. A angústia é o puro sentimento do possível, é o sentido daquilo que pode acontecer e que pode ser muito mais terrível que a realidade. Logo, a realidade é muito mais leve que a possibilidade.
O possível corresponde ao futuro. Para a liberdade o possível é o futuro. E, para o tempo, o futuro é o possível. Por isso, angústia e futuro estão conjugados. Logo, a angústia caracteriza a condição humana: Quem vive consciente no pecado, quer se arrepender; quem se arrependeu vive na angústia de não recair; o importante é compreender que a angústia é a forma de destruir todas as finitudes, descobrindo todas as suas ilusões. Nenhum juiz sabe examinar o acusado tão fundo quanto à angústia, que não o deixa escapar nunca, nem na diversão, nem na algazarra, nem no trabalho, nem de dia ou de noite. A angústia pode levar à tentação do suicídio, mas isso significa submeter-se à angústia, não aprender em sua escola.
“O que verdadeiramente importa, ao contrário, é dar boas vindas à angústia, fazê-la entrar no espírito, deixar que o perquira e permitir-lhe esmagar “todos os pensamentos finitos e mesquinhos”. E é desse modo que “Deus, que quer ser amado, desce, com a ajuda da inquietude, à caça do homem”. E, enquanto a angústia é típica do homem na sua relação com o mundo, o desespero é próprio do homem na sua relação consigo mesmo”.
     Kierkegaard, o desespero é a culpa do homem que não sabe se aceitar a si mesmo em sua profundidade. Algumas vezes, odiando a existência quer ser tão plenamente ele mesmo a ponto de transformar em horrível deus, outras vezes, sai de si mesmo e dissipa na distração. Em ambos os casos, há um mal-entendido consigo mesmo. E tanto buscando quanto fugindo, ele não se possui. E daí o desespero. O desespero é doença mortal: “eterno morrer, sem, no entanto morrer”, “autodestruição impotente”. Do ponto de vista cristão, “sequer a morte é ‘doença mortal’, muito menos qualquer sofrimento terreno e temporal, pobreza, doença, miséria, tribulações, adversidades, tormentos, penas espirituais, lutos e fadigas”. A morte pode ser o fim da doença, mas, no sentido cristão, a morte não é o fim. A doença mortal só pode ser a morte quando a morte for o fim. E aí está precisamente o desespero. Segundo Kierkegaard, “o desespero é viver a morte do eu”. Assim, todo homem é desesperado; talvez aquele que não sente nenhum desespero, seja o mais desesperado.
A ciência e o cientificismo
     Segundo Kierkegaard, “é Deus que tem a precedência”, antecedência no tempo, na ordem ou no lugar. Consequentemente, a ciência deste mundo não tem muita importância; para o cristão, a existência autêntica estabelece-se no plano da fé: como forma de vida, logo, *a ciência é existência inautêntica. “Considerar a descoberta ao microscópio como pequeno passatempo ou uma pequena perda de tempo, tudo bem, mas considera-la como coisa séria é tolice”. E a “Hipocrisia” consiste em dizer que as ciências levam a Deus. O que Kierkegaard combate é a apologética “científica”. A revolta de dele é contra os homens que se dizem superiores, que gostariam fazer de Deus um artista fenomenal que nem todos estão em condições de compreender. Mas ninguém, absolutamente ninguém, pode compreender Deus: o mais sábio deve se ater humildemente à “mesma coisa” que o ingênuo. Esta é a profundidade da ignorância socrática: ‘conhece-te a ti mesmo’.
Se o naturalista que quer compreender a Deus com a sua ciência é hipócrita, também é verdade que é funesto e perigoso levar tal cientificidade para a esfera do espírito: que se trate desse modo as plantas, as estrelas e as pedras; mas tratar assim o espírito humano serve somente para enfraquecer a ética e a religiosidade, pois estes problemas não podem ser resolvidos pela observação ao microscópio. Tais naturalistas escreve Kierkegaard em seu Diário, “querem liquidar Deus completamente, como supérfluo, substituindo-O pelas leis naturais” e presumindo que, “no fundo o homem se transforma em Deus”. A presunção dos cientistas se expressa na luta contra Deus e tende a criar “toda uma multidão de homens que fará das ciências naturais a sua religião”. Isso, porém, é pura loucura. As ciências naturais não podem dar mais do que a si próprias – e não são nem ética e nem religião. O que realmente esses querem é gozar a vida de forma pagã. Deus não se preocupou em revelar aos homens a máquina a vapor ou a arte de impressão, precisamente para levar os homens a alguma confusão, com o propósito de servir de escândalo para todos os naturalistas, para todo o distinto público científico, para todas as sociedades pela difusão das ciências naturais, para todos juntos – ‘um por todos e todos por um’.
Teologia científica
     Sendo assim, é evidente a situação cômica e trágica em que se encontra a teologia. A ciência teológica também deseja muito ser ciência, mas também nisso deverá perder a aposta. Se não fosse séria seria cômico pensar a penosa situação da ciência teológica; mas ela merece, pois isso é consequência de sua cobiça em querer se arvorar em ciência. Para Kierkegaard, “a teologia é incrédula”, carece de franqueza diante de Deus e age de má fé em relação à sagrada escritura. Lutero fez um decreto no seguinte teor “Nosso Senhor pouco se importa com as ciências naturais”. É insensato propor uma teologia científica, como também, é insensato, uma teologia sistemática (isto é, hegeliana).  Faz se desse modo só porque tem medo e não tem fé.  Por mais que as ciências naturais tenham razão do ponto de vista da ciência, erram o alvo da religião; e os teólogos ou religiosos precisam de coragem pessoal para ousar temer a Deus mais que aos homens. A pesquisa científica não tem fim, não se conclui nunca. E, “se o naturalista não sente esse tormento, significa que ele não é pensador”. O pensador experimenta as pena do inferno enquanto não conseguir experimentar a certeza do espírito. A esfera da fé está onde se trata de que ‘tu deves crer’ (ainda que todo o mundo ardesse em chamas e todos os elementos se fundissem). Aqui, não se deve ficar esperando pelas últimas notícias do correio ou pelas novidades dos navegantes; (porque observar ao microscópio é tão aristocrático!), é, no entanto, a única certeza.
Kierkegaard levanta-se contra o cientificismo positivista: “Não se pode absolutamente pensar que o homem que tenha refletido sobre si mesmo como espírito possa ter a ideia de escolher as ciências naturais (com matéria empírica) como tarefa das suas aspirações”. Quando se trata de homem de talento, o naturalista tem faro e é engenhoso, mas não se compreende a si mesmo. Logo, para que serve a genialidade científica, se esta não consegue levar-me a compreender a mim mesmo, fazendo-me sábio para este mundo e ao mesmo tempo fazer-me ver a realidade que transcende a ciência? Isto é, a ética e a religião como realidades do espírito, e todos os fenômenos que a envolvem.

(Reale, Geovanni/ANTISERI, Dario. História da Filosofia. V. III. p. 237-250. Ed. PAULUS, São Paulo, 2007).

Filósofo: Isaías Correia Ribas.
  


  
  


quarta-feira, 17 de julho de 2013

APOCALIPSE, MISTÉRIO OU REVELAÇÃO? II


     As sete igrejas do Apocalipse não se refere a nenhuma denominação religiosa, mas sim, às pessoas que buscam fazer a vontade de Deus, logo, essa igreja é espiritual e não tem uma denominação. É a história dos seguidores de Cristo em oposição ao inimigo de Cristo e de Seu povo. É a luta do bem contra o mal; das potestades do céu e as de Satanás; entre os verdadeiros e falsos cristãos; dos que buscam a salvação e os que a rejeitam, enfim, é a última batalha entre fieis e não fieis que precederá a segunda volta de Cristo. O homem, independente da época em que vive seus sentimentos, desejos, paixões e perspectivas são análogos. Por isso, as revelações bíblicas, que trata de nossas tribulações em relação a nossos problemas existenciais entre fé e razão, são úteis ao qualquer um independente de épocas e culturas. Bem aventurados os que leem, ouvem e guardam as palavras desse livro! O Apocalipse é a história do cristianismo unido à história-política, por isso, o conselho: bem aventurado quem lê, estuda as revelações desse livro, pois, os que não fazem esse exercício, podem facilmente ser enganados.
1ª Igreja, Éfeso - ‘Desejável’ (31-100 d. C.).
     Jesus Cristo nada escreveu para ficar à posteridade cristã. A única escrita foi registrada na terra quando reprovara os acusadores de Maria Madalena que fora acusada de adultério: quem não tiver pecados que atire a primeira pedra. Essa inscrição, ainda hoje continua sendo motivo de reflexão às pessoas, todos temos a natureza pecadora, mas quando aceitamos viver segundo a vontade de Cristo, uma nova natureza, a de Cristo, começa ser implantada em nós, esta é antagônico a carnal; qual das duas sobressairá depende de minha vontade racional, de decisão, assim, conscientemente posso seguir a Cristo ou Satanás por isso, quando ignoramos o estudo da palavra de Deus, facilmente desviamos os olhos de Cristo e Suas palavras, podendo assim cairmos em pecado.
     Quanto Cristo ressuscitou, foi levado ao céu para interceder e preparar moradas para aqueles que estariam aguardando e trabalhando pelo Seu retorno. Esse foi o início da igreja primitiva, a igreja dos apóstolos e outros zelosos pela causa do mestre, a pregação do evangelho à humanidade. Todos os que queriam se engajar como apóstolos e mestre nessa obra teriam que dar prova de sua fidelidade a Deus, muitos, ao serem provados mostraram-se mentirosos. Esta primeira igreja sofreu por amor a Deus e a missão confiada a eles, mas não desfaleceram. Porém, com o passar do tempo aquele primeiro amor foi se acabando e Cristo os reprovou advertindo-os; lembra-te de onde caíste, arrepende-te e pratique as primeiras obras, se caso não Me ouvirdes removerei de seu lugar o seu candeeiro. Porém, reconheço que aborreces a obra dos nicolaítas, as quais Eu as aborreço.
Etimologia
Nico significa "conquistar" em grego e laíta significa "pessoas" (ou "povo"); daí, a palavra pode significar "conquistador de pessoas" ou "conquistador das pessoas". Todavia, "Nicolaíta" é o nome dado aos seguidores do herético Nicolas (grego: Nikolaos) - o nome por si significando "vitorioso sobre as pessoas" (do grego "Nike" - vitória) ou "vitória das pessoas", que teria recebido ao nascer.1 Versão alternativa: Em Grego "Nikao" significa "conquistar" e "laíta" é uma derivação "laikos" que vem de "laos" que significa "os "leigos", povo, a massa, a plebe2 , aquele que não tem conhecimento aprofundado em determinada área"3 , o nome significa "conquistando os leigos"4.

2ª Igreja – Esmirna – “Mirra” (100 -323 d. C.).
     A igreja desse período, continuação da anterior, demonstra que o apelo feito por Cristo foi atendido: conheço a tua pobreza (mas és rica), isto é, voltaram a praticar as primeiras obras e os hipócritas que diziam ser judeus eram tidos, certamente, como sinagoga de Satanás. Não temas porque Satanás fará com que muitos de vós sejais lançados na prisão e tereis aflições por dez dias, mas, se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida, e quem vencer de modo algum sofrerá o dano da segunda morte.

Há uma testemunha invisível de toda ação praticada na vida. “Eu sei as tuas obras”, diz Aquele que “anda no meio dos sete castiçais de ouro.” Sabe-se que oportunidades foram negligenciadas, e quão infatigáveis têm sido os esforços do Bom Pastor em buscar os que estavam errantes por caminhos tortuosos, e trazê-los de volta à senda segura da paz. [...] E quando a sentença for dada aos achados em falta, toda boca se calará. ... Ellen G. White. Testemunhos Seletos vol. II, pág. 140. Ed. Casa Publicadora Brasileira – Tatuí – São Paulo – 1985.

Esmirna, dez dias de tribulação:
     Dia em profecia é igual a ano: um dia um ano; dez dias dez anos. (Ezequiel 4:7) Esmirna sofreria grande tribulação incitada pelo Diabo. O cumprimento dessa profecia deu-se aproximadamente do ano 300 a 311 d. C., quando os cristãos sofreram perseguições, foram queimados vivos e decapitados por ordem do Imperador Diocleciano; esta perseguição terminou quando Imperador Constantino assinou o Edito de tolerância aos cristãos.

3ª Igreja – Pérgamo – “exaltação, Altura” (323 – 538).  
     Sei onde habitas que é onde está o trono de Satanás, mas, não negaste meu nome e nem minha fé, Antipas, minha fiel testemunha foi morto entre vós, onde Satanás habita. Porém, há entre vós os que seguem a doutrina de Balaão, que ensina meu povo a comerem coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem e têm os que continuam seguindo a doutrina dos nicolaítas.

Origem dos nicolaítas
     Esta era uma heresia que se formava já no fim da era apostólica, com os falsos mestres deturpando a Pureza da Doutrina de Cristo e seus Apóstolos. A doutrina nicolaíta concebeu a ideia de uma casta especial e superior na Igreja, ou seja, o chamado Clero. Indo além, formou-se a ideia de uma hierarquia eclesiástica dentro deste mesmo clero. Há uma grande probabilidade, lógica e historicamente, de que estes nicolaítas, dos quais muito pouco se sabe, sejam os formadores do pensamento Católico Romano e, portanto, seus antecessores. Eles estavam no final do séc. I infiltrados nas igrejas, como podemos ver no texto base. Evidentemente, este desejo de exercer poder sobre o povo disseminou, entre muitos homens de liderança nas igrejas, movidos pelo instinto de domínio, pela soberba e pela torpe ganância de posição e riquezas. Especialmente entre os pastores das grandes igrejas, nos grandes centros, com congregações numerosas, tornava-se uma tentação estabelecer uma ostentação de poder sobre o rebanho e outros pastores de rebanhos menores. Eis o porquê de estabelecer-se o "centro da igreja" e o "trono do Papa", como o maioral e chefe máximo do Catolicismo em Roma. Sendo ela a capital e maior centro urbano de sua época, Roma permitia que seus pastores nutrissem uma imagem de mais poderosos e importantes que os demais. É claro que, com o apoio de Constantino (no começo do séc. IV) definitivamente o Bispo de Roma conquistou esta supremacia. Não fora os nicolaítas, não existiria o erro de uma Igreja Universal, [...].
Pr. Waldir Ferro; Igreja Batista livre de Sud Mennucci
4ª Igreja – Tiatira – “Cheiro Suave” (538 até a Reforma, por volta de 1563).
     Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que a primeira. Porém, tenho contra ti que toleras a mulher de Jezabel que se diz profetisa; ela mesma ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos; dei tempo para se arrepender, mas ela não quer arrepender-se da sua prostituição. Se não se arrependerem, lançá-los-ei num leito de dores e numa grande tribulação os que cometem adultério com ela. E mais, ferirei de morte a seus filhos e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e corações e darei a cada um segundo as suas obras. Digo aos que estão em Tiatira e a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga não vos porei; mas o que tendes retende-o até que eu venha.
     Mulher em profecia significa igreja. Apocalipse 12: 17; Ezequiel 23:2-4; Apocalipse. 17: 3-6, 15 e 18. Logo, a profecia indica a luta entre duas igrejas, ou dois grupos de pessoas, as que querem fazer a vontade de Deus segundo revelado na bíblia e as que, apesar de dizerem-se cristãos seguem doutrinas, filosofias dos homens.
     Estas quatro primeiras igrejas cobrem a história cristã por aproximadamente mil e quinhentos anos. Então, a veracidade profética não está mais dependendo de fundamentação histórica, mas de interpretação da história do cristianismo. Quanto aos nicolaítas e a divisão periódica das igrejas, em nada influi na conclusão de quem ou que instituições opõem-se às pessoas ou à igreja que guarda os mandamentos de Deus segundo revelado na bíblia. Qual é a igreja ou igrejas que são contrárias aos mandamentos e outros ensinamentos bíblicos? Qual igreja que se aliou à política para dominar e enganar a sociedade levando as pessoas a adorarem ídolos em lugar de Deus? Qual a igreja que através do “conhecimento”, negou o conhecimento às pessoas para mantê-las alienadas? Quais igrejas, semelhante a grande meretriz, prefere uma sociedade ignorante para escraviza-la e explora-la?  Caríssimo amigo e irmão leitor, Deus salvará pessoas e não instituições religiosas, cuidado! Quando instituições religiosas e suas interpretações teológicas tomam o lugar de Deus em nossa vida, levando-nos a agirmos em harmonia aos costumes mundanos, o perigo está iminente. 

Filósofo Isaías Correia Ribas



sexta-feira, 12 de julho de 2013

NEOCRITICISMO OU NEOKANTISMO


      O neocriticismo é o retorno a Kant em busca de fundamentos sobre os métodos e limites da ciência; pretendendo também combater o fetichismo positivista do ‘fato’ e a ideia de ciência metafisicamente absoluta. Logo, o neocriticismo é contrário a qualquer metafísica, tanto do tipo espiritualista como idealista. Para o neocriticismo, a filosofia deve voltar a ser o que era em Kant: análise das condições de validade da ciência e dos outros produtos humanos, como a moral, a arte ou a religião. Assim, ao neokantiano não interessam as situações de fato (psicológicas, institucionais ou econômicas) que podem se entrelaçar com a produção e difusão de uma teoria científica: só lhe interessa a validade da teoria, isto é, as condições dessa validade.
A escola de Marburgo
      Principais expoentes hermeneutas-fenomenológos da filosofia crítica de Marburgo: Hermann Cohen (1842-1918), Paul Natorp (1854-1924) e Ernest Cassirer (1874-1945).
     Hermann Cohen foi defensor de um socialismo não materialista. A ciência, física matemática, assume papel de máxima importância na concepção de Cohen; ele aceita a ciência como válida e concebe a filosofia exatamente como estudo das condições de validade da ciência. Para os positivistas o valor da ciência é um fato sagrado, absoluto e intocável. Em suma, objetivo é o fato, objetiva é a sensação, isto é, o a posteriori. Cohen retorna a Kant para subverter a concepção positivista. Como escreve ele em A teoria de Kant da experiência pura, o fundamento da objetividade está no a priori. Portanto, a interpretação lógica de Kant prevalece: a crítica é metodologia da ciência. É essa a condição para que a filosofia conserve seu caráter rigoroso sem ceder às tentações da metafísica idealista (que, segundo Cohen, reconduziu a filosofia à Idade Média), das reduções psicologistas ou dos erros positivistas.
     Paul Natorp, a exemplo de Cohen, afirma que a filosofia não é a ciência das coisas: das coisas falam precisamente as ciências, ao passo que a filosofia é a teoria do conhecimento. Natorp recorda a frase do Fausto, de Goethe, “Im Anfang war die Tat” (“no princípio era a ação”) e escreve: O processo e o método são tudo. Por conseguinte, o ‘fato’ da ciência deve ser entendido somente como ‘fazer’. O que importa é o que se vai fazendo, não o que é fato. Cohen, platônico, conclui: A ideia é ideal normativo.
     Ernst Cassirer relaciona substância e função: os conhecimentos matemático, geométrico, físico e químico não buscam o comum, isto é, a substância, e sim a lei, a relação, isto é, a função. Em suma, o desenvolvimento do pensamento científico nos leva a passar do conceito de substância ao de função. Cassirer observa que as ciências progrediram porque se matematizaram (na matemática não entra o conceito substância, senão o de função): progrediram porque deixaram de buscar substâncias e voltaram-se à busca de relações funcionais entre os objetos. As relações funcionais que instituem e vinculam objetos do conhecimento científico é produto do pensamento, que o torna “possível a priori”, estabelecendo suas condições de possibilidade.
As formas simbólicas
     Além de submeter às ciências à análise filosófica, Cassirer pretendeu compreender o mundo por meio das formas simbólicas como o mito, a arte, a linguagem e também o conhecimento. Somos nós que plasmamos o mundo com nossa atividade simbólica, criando e fazendo mundos de experiências, pois, o homem, além de viver a realidade, produz símbolos, culturas, vamos além dos sinais comuns aos animais. A linguagem, o mito, a arte e a religião são partes integrantes desse universo, os fios que constituem o tecido simbólico, a intricada trama da experiência humana. Todo progresso no campo do pensamento e da experiência fortalece e adensa essa rede. “Todas as funções se completam e se integram mutuamente. Cada qual descerra novo horizonte e mostra novo aspecto da humanidade. O dissonante está em harmonia consigo mesmo; os contrários não se excluem reciprocamente, mas dependem um do outro; é a ‘harmonia no contraste, como entre o plectro e a lira’.” Geovanni Reale/Dario Antiseri. História da filosofia. Vol. III; pág. 446 – Paulus – São Paulo, 1991.
     A filosofia é antropocentrismo puro. Os filósofos são preparados, conscientes ou não, para dominar e influenciar a sociedade nos propósitos cognitivos-antropocêntricos. Os religiosos, como instituições e pessoas dos dias atuais, têm sua fé abalada pelo ensino filosófico imposto a todos os estudantes do ensino médio e superior. A fé e a religião, segundo a visão filosófica, são apenas fenômenos universais e necessários de controle, domínio e exploração. Analise o comportamento moral e religioso dos atuais pretensos seguidores de Cristo, não há mais distinção entre crentes e descrentes, todos buscam a unidade entre os dissonantes, os contrários não se excluem, mas dependem um do outro, buscam a harmonia pelos mesmos princípios filosóficos. Por ventura quando vier o filho do homem achará fé na terra? Fé na palavra revelada e em seus ensinamentos? Por acaso salvaram-se muitos no dilúvio e em Sodoma e Gomorra? Assim será também nos últimos dias. Nesses dias finais nenhuma segurança institucional garantirá a minha e sua salvação. Pessoas que exercitam a fé em Deus sob quaisquer circunstâncias e seguem o Cordeiro serão selados, separados para a vida eterna. Pertencer a uma igreja e por meio dela colaborar para a pregação do evangelho não tem nenhum mal, mas isso não nos garante a salvação, então, é bom que cada um compreenda o plano de salvação e seja um autêntico representante de Jesus nestes últimos dias, pois a luta será indescritível. A saída é: além de conhecer o plano de salvação, não subestime Satanás, ele conhece e é através do conhecimento que ele está enganando a todos. A dissertação filosófica, de propósito, é para filósofos. Embora a filosofia disserte sobre conceitos populares, isto é, do senso comum, sua linguagem é idealista, transcendental, tornando-se difícil para o leitor comum detectar seu verdadeiro propósito. 1º, O conhecimento filosófico é antropocêntrico; 2°, a filosofia nasceu para descartar e se possível, anular do consciente humano a ideia de um Deus criador do universo. Nestes quase três mil anos essa batalha intelectual não foi fácil, porém, nesses últimos dois séculos a filosofia está concretizando seu objetivo primeiro, a saber, eliminar Deus e Seu plano de salvação do consciente da humanidade, e ele, Satanás, está conseguindo seu objetivo, se possível for, enganar os próprios escolhidos.
A escola de Baden
     Expoentes mais prestigiosos e críticos foram Wilhelm Windelband (1848-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936). Ambos trataram também do historicismo, no que se refere às suas reflexões sobre a fundação da história como ciência. Veremos, a propósito, da filosofia dos valores, que, embora sendo expoentes de primeiro plano do neocriticismo, os diferencia, porém, da escola de Marburgo.
     Windelband em seu retorno a Kant atribui à filosofia a função de buscar os princípios a priori que garantem a validade do conhecimento. Para Wildelband, a filosofia pesquisa se existe ciência, ou seja, pensamento, que possua o valor de verdade com validade universal e necessária; pesquisa se existe moral, isto é, valor e agir, que possua o valor de bem com validade universal e necessária; pesquisa se existe arte, vale dizer, intuir e sentir, que possua valor de beleza com validade universal e necessária. Em todas essas três partes, a filosofia não se coloca diante de seus objetos como faz as outras ciências que se colocam diante de seus objetos particulares, mas sim, criticamente, isto é, de modo a comprovar o material objetivo do pensamento, da vontade e do sentimento diante do objetivo da validade universal e necessária e de modo a separar e rejeitar aquilo que não consegue passar por essa prova. Então, conclui-se: a filosofia não tem por objetivo os juízos de fato, mas valorativo do tipo, “esta coisa é verdadeira”, “esta coisa é boa”, ”esta coisa é bela”. E é assim que os valores – que têm precisamente validade normativa – distinguem-se das leis naturais é a validade de Müssen, a validade empírica de não poder ser de outro modo; a validade das normas ou valores é a de Sollen, isto é, do dever ser.
Algumas afirmações de Wildelband: “Por meio das leis naturais nós apreendemos os fatos, ao passo que segundo as normas devemos aprová-los ou desaprová-los. A norma nunca é princípio de explicação, como, ademais, a lei natural nunca é princípio de avaliação. O sol da necessidade natural brilha igualmente sobre justo e injusto, mas a necessidade que percebemos na validade das determinações lógicas, éticas e estéticas é necessidade ideal”.
Heinrich Rickert: conhecer é julgar com base no valor de verdade.
     Conhecer quer dizer julgar, isto é, aceitar ou rejeitar, aprovar ou reprovar, o que implica no reconhecimento de um dever ser que está na base do conhecimento. Negar o dever ser, isto é, a norma, equivaleria a ratificar a impossibilidade de qualquer juízo, inclusive daquele que nega. Um juízo não é verdadeiro porque expressa aquilo que é; pode-se afirmar muito mais que algo é somente que o juízo que o expressa é verdadeiro por força de seu dever ser. E o dever ser, isto é, os valores, ou seja, as normas são transcendentes em relação às simples consciência empírica.

Filósofo Isaías Correia Ribas

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Giovanni Reale / Dario Antiseri. História da filosofia, vol. III. Ed. PAULUS. São Paulo, 1986.

domingo, 7 de julho de 2013

APOCALIPSE, MISTÉRIO OU REVELAÇÃO? I


     Compreender o último livro da bíblia é entender toda história do cristianismo, início meio e fim; caso você não sabe, estamos vivenciando os últimos atos dessa história político-religiosa, e o planeta Terra é o palco desse espetáculo onde eu e você direta ou indiretamente, conscientes ou não, somos atores.
     Embora este livro tenha uma linguagem figurada, aparentemente misteriosa, seu título, Apocalipse, significa revelação. Então, não há mistérios e sim uma linguagem figurada para a proteção das profecias e mensagens do próprio livro.
     O Apocalipse foi escrito no final do primeiro século pelo Apóstolo João. Por causa da perseguição aos cristãos primitivos, João, após lançado em um tambor de óleo fervendo para silenciar seu testemunho a respeito do Cristo, morto, ressuscitado e assunto ao céu, como o óleo nada causou ao apóstolo, foi levado prisioneiro à ilha de Patmos para morrer de fome ou pelos animais ferozes. Na ilha, no dia do Senhor, logo, no sábado, João começou receber as visões sobre o que aconteceria aos seguidores de Cristo até que Ele volte.
     Participaram dessa revelação Deus, o pai; Jesus Cristo e Seu anjo assistente que as notificou a João, que registrou tudo à posteridade, os futuros seguidores de Cristo. Bem-aventurado aquele que lê e os que ouvem as palavras desta profecia e guardam o que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. (Apoc. 1: 1-3)
     O livro é dedicado às sete igrejas que estão na Ásia, e quem dedica é o próprio Cristo: o Alfa e o Ômega; o princípio e o fim; aquele que é, que era e que há de vir, o todo poderoso. Eis que vem com as nuvens e todo olho verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele. O que há de interessante nestes versos é a revelação de que aqueles que participaram diretamente na morte de Cristo O verão voltando nas nuvens do céu. Que triste experiência será ver que mataram Aquele que viera dar lhes a oportunidade de vida eterna.  (Apoc. 1: 4-8)
    As sete igrejas da Ásia são Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Quando João virou-se para ver quem falava com ele, viu o filho do homem em meio a sete candeeiros de ouro com trajes reluzentes. Quando João percebeu quem era, caiu como morto, mas Cristo despertou e identificou-se ao apóstolo, confortando-o, disse: o que tem visto escreve, e as que são, e as que depois destas ao de suceder. (Apoc. 1: 9-19)
     No último versículo (20) o anjo esclarece todo o aparente mistério: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, o os sete candeeiros são as sete igrejas.
     As mensagens de Cristo às sete igrejas não era para as igrejas literais que existiam na Ásia, aquelas igrejas serviram como símbolos de futuras épocas do desenvolvimento espiritual ou não da igreja de Cristo; esta igreja também não tem uma denominação, mas está formada por um conjunto de pessoas que fazem a vontade de Deus custe o que custar, e a vontade de Deus é que estudemos a bíblia, pois fazendo isto descobriremos como servi-Lo.  
     Vou analisar todos os capítulos do Apocalipse, mas não vou comentar verso por verso, quando houver algo mais complexo acrescentarei algum comentário, então, é bom que aqueles que se interessarem pelo estudo que leiam o capítulo na íntegra. Caso aja alguma abordagem ou curiosidade filosófica correspondente à época, farei.
        Nesse período, primeiro século cristão, viveu o soldado e historiador judeu, Flávio Josefo. Quem imperava na época era Roma pagã (168 a. C. – 476 d. C.), a Roma cristã, catolicismo-imperial ainda não surgira. Exista sim, como escola filosófica denominada Patrística, o que não existia era essa hierarquia católica como conhecemos hoje. Porém, desenvolvia-se nessa época o neoplatonismo, isto é, a filosofia de Platão estava se tornando teologia, e isso foi possível porque Platão dividira o indivisível indivíduo em corpo mortal e alma imortal. Com essa filosofia platônica foi possível fundamentar o espiritismo e outros espiritualistas religiosos que creem na imortalidade da alma. Mas, segundo a bíblia, a alma é a própria pessoa, logo, com a morte, vai-se também a alma que nada mais é que a psique, ou sopro divino que tornou possível a vida em ato, em palavras, pensamentos lógicos e a cognição, o (*Logos). Com a morte tudo isso cessa. (Eclesiastes 9:5)
     A patrística representa a síntese da filosofia grega clássica com a religião cristã, tendo seu início com a escola de *Alexandria, que revela um pensamento influenciado pelo espiritualismo neoplatônico e pela doutrina ética do estoicismo. Destacam-se: são Justino Mártir (c. 150-c.165). Clemente de Alexandria (c.150-c.215) e Orígenes (c.185-c.254). A escola de Capadócia desenvolveu-se no Império Romano do Oriente (Constantinopla), com são Basílio (330-389), são Gregório Nazianzeno (c.329-c.390) e são Gregório de Nissa (c.335-c.395). Temos ainda na tradição grega do Oriente, o Pseudo-Dionísio, o Areopagita (séc. VI), são Máximo, o confessor (580-662) e são João Damasceno (c.674-c.749), todos de influência neoplatônica. O principal filósofo de tradição patrística, pelo grau de elaboração de sua obra, por sua originalidade e influência durante o desenvolvimento da filosofia cristã no período medieval, foi sto. Agostinho, sendo seu tratado Sobre a doutrina cristã um dos mais representativos dessa tradição. A principal fonte para o conhecimento de textos de patrística é a Patrologia grega latina, editada por J.P. Migne no séc. XIX, publicada em Viena. (Dicionário Básico de Filosofia Hilton Japiassú/Danilo Marcondes. Ed. Zahar. Rio de Janeiro 1989)

     Neoplatonismo, corrente filosófica do séc. III da era cristã, fundada por Amônio Sacas e divulgada por Plotino e seus seguidores Porfírio, Iâmblico e Proclo (séc. V). O neoplatonismo se caracteriza por uma interpretação espiritualista e mística das doutrinas de Platão, com influência do estoicismo e do pitagorismo. Segundo o neoplatonismo, o real é constituído por três hipóstases – o Uno, a inteligência (Nous) e a alma, sendo que as duas últimas procederiam da primeira por emanação. É considerado um sistema um tanto obscuro, embora tenha tido grande influência no início da formação do pensamento cristão, sobre tudo devido a seu espiritualismo. (Idem)

Filósofo Isaías Correia Ribas.  
      


terça-feira, 2 de julho de 2013

AGIR CONSCIENTE NO MUNDO


     Parece uma proposição com conclusão simples, mas não é. Ter consciência de estar inserido no mundo, planeta Terra, é aparentemente fácil, até porque este é nosso habitat. Mas agir consciente em relação ao que se passa no mundo, com o meu “EU” conectado e fazendo parte deste, requer conhecimento e reflexão com relação às estruturas políticas-religiosas-científicas e filosóficas que me envolvem determinando-me. Os poderes buscam determinar os indivíduos segundo seus interesses particulares e na medida do possível a um todo conjunto dominante. Então, enquanto trabalhamos, estudamos, adoramos e/ou defendemos um ponto de vista, inconscientemente ou não, estou defendendo um ou todos os poderes que me envolvem para me determinar. Então, se sou determinado por agentes externos, como posso entender o que é liberdade de ação? Parece que só me resta o dever escolher a quem ou a que servir.  Assim sendo, sou apenas serviçal, no máximo, agente reconhecido dos dominadores institucionais, servidor dos escravocratas dominantes. O que “EU” sou? Livre ou determinado? Se se sou determinado, onde se fundamenta a liberdade tão exaltada pela democracia, filosofia e religião? Se tudo isso procede, sou escravo, herança da cultura brasileira que os colonizadores implantaram e os atuais políticos a mantêm por meio da péssima educação pública oferecida aos trabalhadores. Mas, graças à “pequena” mídia popular (internet), a população brasileira, em rede, está se libertando dessa herança maldita e novas perspectivas políticas já são possíveis visualizar!    
     A liberdade de agir consciente no mundo não pode ter seu fundamento nas estruturas externas ao homem, mas em seu interior, em seu consciente cognitivo, na estrutura mental que deve ser preenchida com conhecimento. Assim sendo, quanto mais conheço, mais próximo estou da liberdade, sendo livre posso colaborar para o fim da escravidão imposta pelas instituições de poderes alienantes e/ou escravocratas brasileira.  
     A sociedade mundial clama por mais direitos constitucionais e liberdade. Mas a indagação dos poderes em exercício que sempre alienou e escravizou é: já existe consciência nesses que clamam por liberdade? Porque, se sou livre, sou livre em relação ao outro, logo, a minha liberdade deve respeitar o mesmo direito ao outro. Mas o que causa temor aos poderes dominantes é que a sociedade que se acha consciente não tem consciência e nem conhecimento para reconhecer o outro em si mesmo e isso pode ser causa de problemas de ordem social em todo o mundo.
     Liberdade e deveres confluem-se, isto é, é impossível um sem o outro. Mas o meu “EU” é egoísta tal quais às instituições que alienam e escravizam. Percebo então que está se aproximando a hora de cada um como pessoa e instituição provar de sua receita egoísta. Não há nada mais bárbaro que uma sociedade inconsciente agir em nome da consciência popular; como essa “consciência” mostra-se crescente, estamos diante de iminentes problemas sociais em muitos países, assim, indícios de barbáries civis já podem ser detectadas; os poderes dominantes não têm outra saída que fazer a vontade dessa consciência; então, uma nova ordem mundial de dominação deve se levantar, e se assim for, adeus ideais democráticos. Como sempre aconteceu na história da humanidade um novo poder político-religioso, semelhante ao Medieval, deve se impor para estabelecer a ordem mundial. As portas para os anunciados poderes apocalípticos se instalarem se abrem. As profecias bíblicas nunca falharam e jamais falharão. Mas a questão é: eu estou pronto para encará-lo e defender as razões de minha consciência social, política, filosófica e religiosa, ou simplesmente, as razões de minha fé?
     O poder político-religioso medieval fora ferido de “morte” pelos ideais Renascentistas e Modernos. Mas, segundo a bíblia, essa ferida seria curada e um poder renovado, nascido da terra, isto é, a América do Norte, se levantaria e restauraria o poder Medieval. Em outras palavras: Por causa dos muitos problemas que surgirão em diversas regiões do planeta ao mesmo tempo, os Estados alicerçados na democracia não darão conta de governar essa sociedade que clama por mais direitos, mais liberdade e menos princípios morais. Então, só restará uma saída: a união do catolicismo, do protestantismo apóstata e dos espiritualistas para formar um novo poder absoluto segundo o modelo Medieval; encabeçado pelo USA, darão poder à autoridade papal para impor-se às sociedades, restabelecendo assim, a “paz mundial”.  Apocalipse 13: 11-18
     Os últimos acontecimentos da história das nações serão rápidos; muitos correrão de uma parte para outra em busca de consciência (conhecimento) sobre o que está acontecendo com a desorientada sociedade e poderes dominantes, muitos nesse momento se lamentarão por não ter feito o que deveria enquanto havia liberdade para fazer. Mas, o que não fora feito em tempo de bonança terá que se fazer em meio às tribulações. Vencer o “EU” e ter consciência é obra que está além do egoísmo social, político, filosófico e principalmente religioso. Conhecer a Jesus e Seu plano de salvação são as saídas para a paz interior e a vida eterna!  
Filósofo Isaías Correia Ribas